«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

1º Domingo do Advento - Ano C - Homilia

Evangelho: Lucas 21,25-28.34-36

Naquele tempo, 
25 Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 
26 Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 
27 Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 
28 Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 
34 Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 
35 Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 
36 Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

INDIGNAÇÃO E ESPERANÇA


Uma convicção indestrutível sustenta, desde o início, a fé dos seguidores de Jesus: animada por Deus, a história humana encaminha-se para a sua libertação definitiva. As contradições insuportáveis do ser humano e os horrores que se cometem em todas as épocas não devem destruir a nossa esperança.

Este mundo que nos sustenta não é definitivo. Um dia a criação inteira dará "sinais" de que chegou ao seu fim para dar lugar a uma vida nova e liberta que nenhum de nós pode imaginar nem compreender.

Os evangelhos recolhem a recordação de uma reflexão de Jesus sobre este final dos tempos. Paradoxalmente, a sua atenção não se concentra nos “acontecimentos cósmicos” que se possam produzir naquele momento. O seu principal objetivo é propor aos seus seguidores um estilo de viver com lucidez diante desse horizonte.

O final da história não é o caos, a destruição da vida, a morte total. Lentamente, no meio de luzes e trevas, escutando as chamadas do nosso coração ou deixando o melhor que há em nós, vamos caminhando em direção ao mistério último da realidade que aqueles que creem  chamam “Deus”.

Não temos que viver dominados pelo medo ou a ansiedade. O “último dia” não é um dia de ira e de vingança, mas de libertação. Lucas resume o pensamento de Jesus com estas palavras admiráveis: “Levantai-vos, erguei a cabeça; aproxima-se a vossa libertação”. Só então conheceremos com profundidade como Deus ama ao mundo.

Temos de reavivar a nossa confiança, levantar o ânimo e despertar a esperança. Um dia os poderes financeiros se afundarão. A insensatez dos poderosos acabará. As vítimas de tantas guerras, crimes e genocídios conhecerão a vida. Os nossos esforços por um mundo mais humano não se perderão para sempre.

Jesus esforça-se por sacudir as consciências dos seus seguidores. “Tende cuidado: que a vossa mente não fique insensível”. Não vivais como imbecis. Não vos deixeis arrastrar pela frivolidade e os excessos. Mantei viva a indignação. “Estai sempre despertos”. Não vos relaxeis. Vivei com lucidez e responsabilidade. Não vos canseis. Mantei sempre a tensão.

Como vivemos este tempo difícil para quase todos, angustiante para muitos, e cruel para quem se afunda na impotência? Estamos despertos? Vivemos dormindo? A partir das comunidades cristãs, temos de alentar a indignação e a esperança. E só há um caminho: estar junto aos que estão ficando sem nada, mergulhados no desespero, na raiva e na humilhação.

NÃO MATAR A ESPERANÇA


Jesus foi um criador incansável de esperança. Toda a sua existência consistiu em contagiar os outros com a esperança que ele mesmo vivia a partir do mais profundo de seu ser. Hoje escutamos o seu grito de alerta: "Reanimai-vos, levantai vossa cabeça; aproxima-se vossa libertação. Porém, tendes cuidado: que a vossa mente não se enfraqueça com o vício, a bebida e a preocupação com o dinheiro".

As palavras de Jesus não perderam a atualidade, pois também hoje continuamos matando a esperança e estragando a vida de muitas maneiras. Não pensemos naqueles que, à margem de toda fé, vivem segundo aquele princípio: "comamos e bebamos, pois amanhã morreremos", mas naqueles, chamados cristãos, que podem cair numa atitude não muito diferente: "Comamos e bebamos, pois amanhã virá o Messias".

Quando uma sociedade tem por objetivo, quase único da vida, a satisfação cega dos apetites e se fecha cada um em seu próprio prazer, ali morre a esperança.

Aqueles que estão satisfeitos não buscam nada, realmente, novo! Não trabalhar em profundidade vai muito bem. A partir desta perspectiva, ouvir falar que um dia tudo pode desaparecer "soa" a "visões apocalípticas" nascidas do desvario de mentes tenebrosas. 

Tudo muda quando, o mesmo Evangelho, é lido a partir do sofrimento do Terceiro Mundo. Quando a miséria é insuportável e o momento presente é vivido somente como sofrimento destruidor, é fácil sentir, exatamente, o contrário. "Graças a Deus isto não durará para sempre".

Os últimos da Terra são quem melhor podem compreender a mensagem de Jesus: "Felizes os que choram, porque deles é o reino de Deus". Estes homens e mulheres, cuja existência é de fome e miséria, estão esperando algo novo e diferente que responda aos seus anseios mais profundos de vida e de paz.

Um dia "o sol, a lua e as estrelas tremerão", isto é, tudo aquilo que cremos poder confiar para sempre se afundará. Nossas ideias de poder, segurança e progresso se abalarão. Tudo aquilo que não conduz o ser humano à verdade, à justiça e à fraternidade entrará em colapso, e "na terra haverá angústia das pessoas".

Porém, a mensagem de Jesus não é de desesperança para ninguém: Assim então, no momento da verdade última, não vos desespereis, ficai despertos, "mantende-vos de pé", colocai vossa confiança em Deus. Vendo de perto o sofrimento cruel daqueles povos da África, me surpreendi, a mim mesmo, sentindo algo que pode parecer estranho num cristão. Não é, propriamente, uma oração a Deus. É um desejo ardente e uma invocação diante do mistério da dor humana. É isto que me saía de dentro: "Por favor, que haja Deus!".

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Terça-feira, 27 de novembro de 2012 - 09h25 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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