«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

QUATRO NOTÍCIAS DE TIRAR O SONO DOS BRASILEIROS!

Brasil deve ter pior desaceleração da economia
em mais de duas décadas, diz FMI

Altamiro Silva Junior

Relatório do Fundo Monetário Internacional defende que Dilma continue o processo de ajuste fiscal para conter o crescimento da dívida pública
Fachada do edifício-sede do
Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, D.C. - Estados Unidos
O Brasil pode ter em 2015 a pior desaceleração da economia em mais de duas décadas, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), que volta a recomendar que mesmo com a atividade enfraquecida, a presidente Dilma Rousseff siga em frente com o ajuste fiscal e monetário, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira, 29 de abril, chamado "Perspectiva Econômica Regional: Hemisfério Ocidental".

"O Brasil está passando por sua desaceleração mais grave em mais de duas décadas, mas terá de perseverar com os recentes esforços para conter o aumento da dívida pública e repor a confiança no quadro da política macroeconômica", afirma o FMI no documento. Na reunião de primavera do Fundo, que terminou no último dia 19 em Washington, a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde, elogiou o ajuste na economia e ainda recomendou reformas estruturais no Brasil.

A previsão dos economistas do FMI é que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil vai encolher 1% em 2015, um dos piores desempenhos entre as principais economias mundiais. Para 2016, a expectativa é de uma recuperação moderada, com o PIB crescendo 1%.

O aperto na política fiscal que vem sendo conduzido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ajuda a enfraquecer a atividade no curto prazo, mas é "criticamente necessário" para conter a piora da dívida pública e restaurar a confiança dos agentes. "As autoridades agora têm pouca escolha a não ser apertar a política fiscal em meio a uma recessão", afirma o documento. "O ajuste em curso no Brasil é fundamental para evitar a piora da dívida e restaurar a confiança na economia brasileira", disse hoje o diretor do departamento para o Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner, ao comentar o relatório.

A mesma análise vale para a alta de juros que vem sendo promovida pelo Banco Central para conter a inflação. O aperto na política monetária desde 2014 é adequado, afirma o documento do FMI. Mesmo com a elevação das taxas, o BC continua enfrentando a tarefa de reforçar a credibilidade do arcabouço de política monetária, já que a inflação persiste em patamar alto, ressalta o texto. A previsão do FMI é que o IPCA suba 8% este ano, acima dos 7,8% em um relatório divulgado pelo FMI durante a reunião de primavera. Para 2016, a previsão é de alta de 5,4%, abaixo dos 5,9% do documento anterior.

O FMI volta a afirmar que vários fatores estão contribuindo para o fraco desempenho da economia brasileira. Entre eles, a baixa confiança dos empresários, que por isso não investem. Além disso, o escândalo de corrupção na Petrobrás é outro fator, que levou a petroleira e empresas do setor a cortar investimentos e ainda contribui para aumentar a incerteza na economia. Pelo lado dos consumidores, o estudo do FMI ressalta que os brasileiros têm segurado os gastos, em meio à inflação alta, expectativa de piora do mercado de trabalho e com os bancos segurando o crédito.

Pelo lado externo, o FMI ressalta que o fim do boom das commodities no mercado internacional, com a desaceleração da economia da China, também contribui para esfriar a atividade no Brasil e em outros países da América Latina.

O FMI avalia que a desaceleração do Brasil e em outros países da América Latina, como o Chile, tem sido pior que o antecipado. As projeções de expansão do PIB brasileiro vêm sendo rebaixadas a cada novo documento divulgado pela instituição desde 2012.

Para conhecer e entender melhor as medidas do ajuste fiscal
que o governo Dilma vem fazendo, clique aqui.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Economia & Negócios – 29 de abril de 2015 – 14h09 – Internet: clique aqui.

Em março, desocupação atingiu o maior nível desde maio de 2011 e a renda real teve a queda mensal mais acentuada em 12 anos

Idiana Tomazelli e Carla Araújo

Taxa de desemprego sobe para 6,2%
Em frente ao prédio do Ministério do Trabalho, no centro do Rio de Janeiro,
fila para obter carteira profissional e seguro-desemprego.
Foto: Adriana Lorete / O Globo/ 16-03-2015
O mercado de trabalho parou de absorver o número cada vez maior de pessoas que buscam trabalho nas seis principais regiões metropolitanas do país. Pelo contrário, há registro de demissões, e o resultado dessa combinação é o aumento da taxa de desemprego para 6,2% em março – a maior desde maio de 2011, informou nesta terça-feira (28/04) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve ainda uma queda de 2,8% na renda média real dos trabalhadores em relação a fevereiro, o maior tombo mensal desde janeiro de 2003.

A perda do poder de compra pode levar mais pessoas a sair em busca de uma colocação. “Se a pessoa precisa compor renda, ela pode se sujeitar a trabalhar por um salário menor”, disse Maria Lúcia Vieira, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. “Isso pode fazer com que pessoas aceitem trabalhos menos qualificados”, afirmou.

Uma parte na queda dos rendimentos é provocada pela inflação, que registrou em março a maior alta para o mês desde 1995. Outra parte, porém, é fruto de pagamentos menores em termos nominais. “São de fato pessoas recebendo remunerações menores em seus trabalhos. Não temos como afirmar se é menor poder de barganha do trabalhador, se são as pessoas que foram demitidas e acharam outra vaga com salário menor, ou se as pessoas estão se inserindo no mercado de trabalho já com remuneração mais baixa”, explicou a gerente.

Queda recorde de renda

Em termos anuais, a renda real também teve uma baixa recorde, a mais intensa desde fevereiro de 2004. A perda de 3% em relação a março do ano passado espalhou-se por todas as atividades, da indústria aos serviços. “Não há uma atividade ou posição que se destaque. Todos parecem ter perdido um pouco”, disse Maria Lúcia.

O mais preocupante é que a soma de todas as remunerações dos trabalhadores – a chamada massa de rendimento real – também encolheu em todas as comparações. “Isso pode agravar o processo recessivo. O corte da massa de renda terá reflexo no sentido de reduzir a demanda das famílias”, alertou o economista João Sabóia, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, percebe o resultado como consequência do ajuste promovido pelo governo. “Esse efeito vai ser ainda mais forte até o final deste ano”, previu. “O remédio é amargo.”

Fila do desemprego

No começo de cada ano, a taxa de desemprego costuma subir, seguindo um movimento sazonal, em função da dispensa de trabalhadores temporários contratados para o Natal. Acontece que, em 2015, as demissões ocorreram de forma mais intensa, e a taxa de desemprego mudou para um patamar mais elevado em função da conjuntura econômica, reconheceu o IBGE. Em março do ano passado, a taxa estava em 5%.

No período de um ano até março, 280 mil pessoas se somaram às filas por um emprego nas regiões metropolitanas pesquisadas. Parte dessa população estava atrás de recolocação após o corte de 197 mil vagas no período (a maior parte com carteira assinada), enquanto outros integravam antes o grupo de inativos – gente que não estava procurando trabalho e não podia ser considerada desempregada, pela metodologia das pesquisas sobre trabalho.

“O mercado de trabalho entrou num período de piora nítida. O clima geral no país está muito negativo e a tendência é aprofundar mais até o fim do ano”, analisou Saboia, para quem o quadro se assemelha ao início de 2009. Naquela época, também houve deterioração rápida no emprego após a crise internacional.

A despeito do quadro ruim, o Brasil está longe do fundo do poço. A perspectiva é que a busca por emprego continue aumentando, o que pressionará a taxa de desemprego para cima e representará uma inversão do cenário visto entre 2013 e 2014, quando a redução da procura por trabalho intrigava economistas.

Além disso, os rendimentos dos trabalhadores devem ficar ainda menores, sacrificados pela inflação elevada e pela conjuntura desfavorável.

“Imagino o desemprego chegando a 7% ou 7,5% no final do ano”, avaliou André Perfeito.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Quarta-feira, 29 de abril de 2015 – Pg. B5 – Internet: clique aqui.

Caixa vai passar a financiar apenas a metade do valor dos imóveis usados

Aline Bronzati e Renée Pereira

Com a queda nos recursos da caderneta de poupança, principal fonte de financiamento imobiliário, banco reduziu de 80% para 50% a parcela a ser financiada nos imóveis do SFH e de 70% para 40% nos imóveis do SFI; é o terceiro aperto no crédito em duas semanas
Em menos de duas semanas, a Caixa anunciou três medidas que vão dificultar a vida do brasileiro na compra da casa própria:

·        Primeiro reduziu o limite de financiamento para imóveis em geral de 90% para 80% e elevou a taxa de juros.
·        Ontem, diante da escassez de dinheiro por causa da queda nos depósitos da caderneta de poupança (principal fonte de recursos do crédito imobiliário), o banco foi mais radical e derrubou de 80% para 50% o limite de crédito para quem quiser comprar um imóvel usado dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH); e
·        de 70% para 40% para imóveis usados enquadrados no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI).

No SFH, o valor máximo do imóvel financiado é de R$ 750 mil nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal; nos demais Estados, o valor é de R$ 650 mil. No SFI, estão os financiamentos que não se enquadram no SFH, como os imóveis com valores superiores ao estabelecido pela lei. A mudança nos porcentuais da Caixa – que financia 70% do crédito imobiliário do País – vale a partir de 4 de maio, para operações com recursos da poupança no chamado Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, financiadas pelo Sistema de Amortização Constante (SAC).

Os empréstimos de habitação popular, como o Minha Casa Minha Vida, continuam com a regra anterior, assim como as operações da Caixa que usam a linha de crédito formada por recursos do Fundo de Garantia (FGTS) para financiar imóveis. Para os empréstimos do SFH que seguem o sistema de amortização da tabela Price, a cota máxima de financiamento já havia sido reduzida de 70% para 50% em meados do mês.

“A medida anunciada ontem dever e tirar do mercado um número grande de famílias que estava planejando a compra de imóvel de menor valor”, afirma o vice-presidente de Habitação Econômica do Secovi-SP, Flávio Prando. Na avaliação dele, a redução nos limites de financiamento faz uma diferença  enorme no planejamento da população de renda menor.

“Punição dobrada”

Antes, uma família poderia comprar um imóvel de R$ 500 mil dando apenas R$ 100 mil de entrada e financiando R$ 400 mil. “Agora ele tem de ter em mãos R$ 250 mil e financiar outros R$ 250 mil”, afirma o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. “O brasileiro preferia pagar um pouco mais de juros e dar uma entrada menor. Agora ele está sendo punido duas vezes: tem de pagar mais juros e ainda ter mais dinheiro para dar de entrada.”

Uma das explicações para o corte no financiamento foram os saques feitos na poupança nos últimos meses. Apenas no primeiro trimestre, as retiradas somaram R$ 23,2 bilhões.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Terça-feira, 28 de abril de 2015 – Pg. B1 – Internet: clique aqui.

Banco Central eleva juro para 13,25% ao ano,
maior nível em mais de 6 anos

Redação

Alta de 0,50 ponto porcentual já era esperada pelo mercado financeiro
Edifício-sede do Banco Central do Brasil
Brasília (DF)
O Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira, 29 de abril, para 13,25% ao ano. É o maior patamar do juro desde dezembro de 2008, quando estava em 13,75%. A decisão foi unânime e já era esperada pelo mercado financeiro. O BC repetiu o comunicado das reuniões anteriores (veja abaixo).

O aumento foi decidido em meio à alta da inflação, que bateu em 8,13% no acumulado em 12 meses até março, e apesar do ritmo já enfraquecido da economia.

Declarações recentes do presidente do BC, Alexandre Tombini, e do diretor de Política Econômica, Luiz Awazu Pereira, vêm reiterando que a autoridade monetária está e permanecerá "vigilante" no combate à inflação. Na visão do BC, os efeitos dos reajustes dos preços administrados ficarão circunscritos ao primeiro trimestre de 2015 e a inflação deve convergir para o centro da meta de 4,5% no fim de 2016.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, recentemente também se alinhou ao discurso, ao afirmar que o BC precisa seguir vigilante e conduzindo ajustes para que a inflação caia e a expectativa seja ancorada em 4,5%.

Veja a íntegra do comunicado:

"Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 13,25% a.a., sem viés.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê:

Alexandre Antonio Tombini (Presidente),
Aldo Luiz Mendes,
Altamir Lopes,
Anthero de Moraes Meirelles,
Luiz Awazu Pereira da Silva,
Luiz Edson Feltrim,
Otávio Ribeiro Damaso,
Sidnei Corrêa Marques e
Tony Volpon."

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Economia & Negócios – 29 de abril de 2015 – 19h48 – Internet: clique aqui.

Sete razões para a escola se conectar com a comunidade

Danilo Mekari

Salas grandes com carteiras enfileiradas e alunos de costas uns para os outros. Do colega da frente só se vê a nuca – e pelas próximas quatro horas as conversas e trocas estão proibidas. No Brasil, esse modelo de educação em massa, surgido no final do século dezenove, está desgastado e envelhecido. Perdeu seu tempo histórico e sua razão de existir.
MARIA DO PILAR LACERDA é
diretora da Fundação SM e ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC),
cargo que exerceu entre 2007 e 2012
Ao menos essa é a opinião de duas especialistas em educação, Maria do Pilar Lacerda e Heloísa Mesquita. “É por isso que a maioria prefere sentar na turma do fundão”, brincou Pilar, ao notar que o público do debate A escola conectada à comunidade se comportava da mesma maneira. O evento foi organizado pelo Núcleo de Inovação e Desenvolvimento Profissional (NIDP) da Escola Lourenço Castanho e aconteceu em um auditório da unidade de Ensino Médio do colégio na segunda-feira (27/4).

Para essa transformação acontecer, Pilar não tem dúvidas: “A comunidade é absolutamente transformadora nesse processo”. A partir do debate entre Pilar e Heloísa, o Portal Aprendiz enumerou sete razões para incentivar a conexão entre os espaços de aprendizagem formais com a comunidade.
HELOÍSA MESQUITA é
gestora do Programa Estratégico Ginásio Experimental Carioca, da Secretaria Municipal da Educação
Foto: Guarim de Lorena
#1 Reconhecer o outro

Mesmo em bairros de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte existem muitas disparidades entre as pessoas. Ao invés de ser baseado em medo e distanciamento, o convívio social entre os moradores pode estimular a troca de conhecimentos e ensinar as crianças e adolescentes a reconhecer e respeitar e valorizar as diferenças. “Educação comunitária é importante para aprender a reconhecer o outro. Temos que pensar que a sociedade só sobreviverá se passar os seus conhecimentos para os mais jovens”, aponta Pilar.

Conhecer o outro é a melhor forma de a pessoa se formar, fazer percursos para reconhecer o território e estabelecer relações que humanizam”, acrescenta.

#2 Mapear os gostos dos estudantes

Heloísa acredita que a palavra Experimental dá um caráter mágico aos ginásios cariocas, pois transforma o projeto em um laboratório que o libera de burocracias estatais, mesmo sem abrir mão de monitoramento e organização. Uma das pesquisas realizadas pela escola elencou os interesses, desejos e vontades dos estudantes, desde o músico e banda que mais ouviam até as suas preferências alimentares. “A escola precisa ir além do ensino – precisa ouvir e se conectar ao jovem atual”, defende Heloísa.

#3 Descobrir os conhecimentos da comunidade e levá-los para dentro da escola

Em minha trajetória, percebi que trazer a família para a escola impacta muito o aprendizado”, revela Heloísa. No processo de mapeamento da comunidade, um dos GECs descobriu a mãe de um aluno que, sendo bancária e trabalhando com números, passou a ajudar estudantes com dificuldades em matemática. “Qual a vocação daquela população no entorno da escola?” Essa é uma das questões que, segundo Heloísa, devem ser feitas por toda instituição de ensino.

A mesma pesquisa revelou uma habilidade manual presente na maioria dos estudantes: a de fazer reparos domésticos como consertar tomadas e instalar antenas de televisão. O Ginásio, então, criou matérias eletivas extracurriculares contemplando as áreas de mecânica, eletrônica e elétrica. “Nós, como gestores, temos que sair da escola, conhecer onde o aluno mora, o que ele vive”, observa Pilar.

#4 Reconhecer o território como espaço educador

Já pensou que o padeiro pode ajudar o professor de química? Fortalecendo os laços comunitários e abrindo espaço para a escola circular nos espaços públicos e os moradores também entrarem na escola, cria-se a possibilidade daquele território ser reconhecido como espaço educador.

A ex-secretária do Ministério da Educação (MEC) cita o programa BH para Crianças, que oferece transporte aos alunos e professores para visitar museus, cinemas, teatros, parques e galerias de arte, entre outros espaços culturais da cidade. “A escola precisa abrir o portão simbolicamente e fazer o diálogo começando por onde está inserida. Isso refresca o cotidiano escolar, hoje tão envelhecido”, avalia Pilar.

#5 Conectar as escolas da comunidade

Localizada na Gávea, a Escola Americana do Rio de Janeiro fica muito próxima a uma das entradas da comunidade da Rocinha, a maior favela da cidade. A diretora de um Ginásio Experimental descobriu que, no currículo do colégio privado, havia a obrigatoriedade de cumprir ações sociais. Propôs então que os alunos da Escola Americana ensinassem inglês aos estudantes da escola pública da Rocinha. Deu certo.

#6 Ouvir as crianças

“Se a gente escutasse mais a criança veria que ela tem a resposta para fazer a mobilização e a conexão com a comunidade. Nós, adultos, temos medo de violência, o mundo está complicado, mas se a gente chamar um guri pra ajudar alguém e fazer algo por aquela comunidade ele vai topar. Porém, sempre arrumamos ‘senões’ para isso. Precisamos dar a chance de o próprio aluno abrir a porta”, propõe Heloísa.

#7 Pelo direito à cidade

“Sem utopia: a educação transforma a cidade. Ou seja, toda essa discussão que estamos tendo na verdade diz respeito ao direito à cidade”, argumenta Pilar. “A escola é essencial para um futuro no qual a cidade seja desenhada para as pessoas.”

Fonte: Portal Aprendiz – Aprender na Cidade – 28/04/2015 – Internet: clique aqui.

Papa é o líder mais influente do Twitter

Jamil Chade

Pontífice tem menos seguidores que Barack Obama,
mas suas mensagens repercutem mais
Aproveitando a popularidade do papa Francisco, o Vaticano mergulhou em novas tecnologias de comunicação e conseguiu transformar o pontífice no líder mais influente no Twitter. Um levantamento da empresa Burson-Marsteller que está sendo publicado nesta terça-feira revela que líderes mundiais passaram a aderir ao formato de mensagens para se comunicar e até fazer anúncios importantes.

Assim como já ocorreu em 2013, o líder mais seguido do mundo em 2014 continua sendo Barack Obama: 57 milhões de pessoas acompanham @BarackObama. Ele abriu sua conta em 2007, quando ainda era senador, e foi o primeiro a entrar na busca de eleitores por meio do Twitter. Em termos de números de seguidores, o papa vem apenas na segunda posição, com 20 milhões, nas nove línguas usadas no Twitter da Santa Sé.

O link em língua portuguesa para o Twitter do Papa é:
@Pontifex_pt

Mas, quando se mede o impacto das mensagens do pontífice, fica claro quem é o mais influente na rede. Em média, cada tuíte papal é retuitado por 10 mil pessoas. No caso de Obama, não passa de 1,2 mil.

Conhecido como "Twiplomacy" (jogo de palavras com Twitter e diplomacia), o estudo tenta avaliar o uso do site de mensagens por governos e chancelarias. No total, 699 governos de 166 países possuem contas no Twitter. Chefes de Estado, por meio de contas pessoais, são 172. Apenas 27 países, principalmente na África, estão fora da rede. O terceiro líder mais seguido é o primeiro ministro indiano, @NarendraModi, seguido pelo turco Recep Tayyip Erdogan (@RT_Erdogan). Embora o líder de Ancara seja usuário do Twitter, em seu país a ferramenta é alvo de censura.

Líderes mundiais já postaram mais de 2,6 milhões de mensagens pela rede, com uma média de quatro tuítes por dia. Um dos maiores usuários é o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, com 41 mensagens por dia e um total de 60 mil tuítes. Na América Latina, porém, o mais seguido é o mexicano Enrique Peña Nieto, seguido por @JuanManSantos da Colômbia e a argentina Cristina Fernández de Kirchner, com mais de 3,6 milhões de seguidos cada. A presidente Dilma Rousseff aparece na quarta posição, com 3,3 milhões de seguidores.

"O estudo ilustra como governos estão ficando mais espertos e mais profissionais no uso de mídias sociais", declarou Jeremy Galbraith, CEO da Burson-Marsteller para a Europa. Hoje, as mensagens dos líderes já incluem fotos, selfies e vídeos. No total, mais de 4,1 mil embaixadas e embaixadores também são ativos no Twitter.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia / link – Terça-feira, 28 de abril de 2015 – Pg. B16 – Internet: clique aqui.

Concluída a encíclica do Papa sobre o clima. Publicação no final de maio.

Redação

O anúncio foi feito por Mons. Sorondo, diretor da Academia de Ciências.
Em espera pela publicação, Greenpeace escreve ao Papa
para agradecê-lo pelo compromisso com o meio ambiente.
PAPA FRANCISCO
concluiu a redação de sua mais nova encíclica.
Ela tratará sobre a criação de Deus e a preservação da natureza, do meio ambiente.
A tão aguardada encíclica do Papa sobre a criação está pronta e será publicada ainda este mês. A notícia foi dada pelo chanceler da Pontifícia Academia de Ciências, Mons. Marcelo Sanchez Sorondo, aos microfones da Rádio Vaticano, à margem do Workshop internacional promovido pela Pontifícia Academia das Ciências sobre o tema: "Protect the Earth, Dignify Humanity. The Moral Dimensions of Climate Change and Sustainable Development”, (Proteger a Terra, dignificar a Humanidade. A dimensão moral das mudanças climáticas e do desenvolvimento sustentável).

"O Papa disse esta manhã que a encíclica está pronta, que estão realizando as traduções e que provavelmente será publicada no final de maio ou no começo de junho”, afirmou Sorondo, explicando que o documento terá, naturalmente, uma abordagem mais “pastoral” com relação a estes temas descritos principalmente pelas ciências naturais e sociais.

Na expectativa pela publicação, por sua vez, a organização ambientalista Greenpeace enviou uma carta aberta ao Papa para agradecê-lo pelas iniciativas "em defesa do clima global, assumidas também tendo em vista a Encíclica anunciada". Na carta assinada por Giuseppe Onufrio, diretor-executivo do Greenpeace Itália - entre os participantes no encontro de hoje no Vaticano – se recorda que os efeitos das mudanças climáticas “já afetam milhões de pessoas, especialmente entre os pobres: os mais vulneráveis ​​e menos responsáveis pelo aquecimento global".

"Uma das maiores ameaças para o clima da Terra vem da exploração irresponsável do carvão e do petróleo", diz a carta. "Os governos mostram pouca sabedoria neste campo e grandes interesses industriais ainda estão ligados a essas fontes de energia, destrutivas para o ambiente, para o clima e objeto de conflitos sangrentos”.
Dom Marcelo Sanchez Sorondo
da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano concedeu entrevista
anunciando a finalização da encíclica do Papa Francisco
Para Greenpeace as consequências para a vida humana são "desastrosas" e muitas vezes "não são entendidas profundamente”. "No entanto - nota Onufrio - os sinais são muitos:

·        condições meteorológicas extremas,
·        derretimento do gelo,
·        secas,
·        inundações,
·        tempestades,
·        fome.
·        E também aumento da migração de inteiras populações em busca de condições ambientais mais favoráveis".

Se, por um lado, tem-se “o dever de ajudar e dar alívio imediato aos migrantes”, por outro não se deve negar “a ligação com as razões profundas que motivam as pessoas a migrar: fome, pobreza, violência, conflitos para ter acesso aos recursos”. “Todas questões que podem ser exacerbadas pelas mudanças climáticas em andamento", diz a associação.

Por isso se dirige ao Papa Francisco, pedindo-lhe para fazer “um apelo a todos os governos e líderes da indústria para que se comprometam concretamente no sentido contrário do aquecimento global, por um sistema de energia baseado 100% nas fontes renováveis, que seja acessível a todas as pessoas do planeta".

Fonte: ZENIT.ORG – Roma, 28 de abril de 2015 – Internet: clique aqui.

terça-feira, 28 de abril de 2015

ESTE ASSUNTO CHEIRA MAL . . . MAS É ESSENCIAL!

Estamos na merda porque nos recusamos a falar da merda

Denis Russo Burgierman

Perdoe o linguajar, mas foi por querer.
Precisamos perder o medo de falar sobre a merda – ou o Brasil jamais vai sair de dentro dela.
DENIS RUSSO BURGIERMAN
Jornalista
Merda não é um palavrão. Na verdade, é uma palavra clássica, do latim, que viajou intacta até nós desde a Roma Antiga. Sempre significou excremento: as sobras de nutrientes que o corpo não consegue processar, diluídos em 75% de água. Não tem nada de feio na palavra, ela é praticamente feita de mármore. Feio é o significado dela.

Não gostamos de ouvir a palavra “merda” pelo mesmo motivo que não gostamos de sentir o cheiro dela, ou de avistar na calçada um encaracolado toroço marrom: a ideia nos causa repulsa. Graças a essa repulsa estamos vivos. Se nossos ancestrais não se incomodassem com cocô espalhado pela caverna, as bactérias teriam chacinado todos eles. Mas, agora, esse velho hábito de negar a merda está matando o Brasil.

Merda não é ofensa é uma realidade da vida. O papa Francisco caga, assim como Gisele Bündchen. Lula e Fernando Henrique Cardoso cagam. Cago eu e – por favor me perdoe a indiscrição – você também. Certeza. Cada humano dá à luz 55 quilos de malcheiroso barro por ano [isso em média!].

Por sorte, nascemos num planeta que veio com sistema autolimpante. O nome desse sistema é ciclo da água. Como se fosse uma gigantesca lava-louças esférica, nossa atmosfera fica cheia d’água, que é esguichada para lá e para cá por jatos de calor. Água gasosa, flutuando pelos céus, água sólida, escorregando de geleiras e, principalmente, água líquida, rolando em rios e enchendo a imensa piscina oceânica que dá cor à Terra.

Água é uma tecnologia incrível. Tem a propriedade de dissolver as coisas: é o tal “solvente universal”. Por isso vai carregando tudo enquanto a lava-louças funciona. Graças a ela, os quase 400 milhões de toneladas de cocô que a humanidade produz ao ano não ficam empilhados na frente da sua casa.

E não falo só de fezes. Não são só as pessoas que excretam – as máquinas, as casas, as fábricas, as cidades também soltam seus maldigeridos excedentes para a água levar embora, solvente universal que é. É a merda industrial.

Nós no Brasil somos muito limpos e educados. Segundo pesquisa do Euromonitor que a revista SUPER publicou mês passado, lideramos fácil o ranking mundial de banhos: tomamos impressionantes 12 por semana, mais que o dobro de ingleses, japoneses e franceses. E evitamos falar a palavra “merda” – que grosseria. Mas, enquanto não falamos, tampouco lidamos com ela.

Veja o caso de São Paulo, orgulhosa metrópole cosmopolita, que no entanto julgou ser boa ideia erguer seu distrito empresarial às margens de um grande lago de merda. Sim, lago de merda – e o que o Rio Pinheiros é. Deixou de ser um rio nos anos 1990, quando parou de correr, para evitar que o cocô se espalhasse pelo mundo (nem os moradores da Represa Billings nem as cidades do vale do Tietê queriam lidar com o esgoto que escorria viscoso da megalópole). Hoje um megaprojeto hidráulico mantém a água suja quase parada, movendo-a só um tiquinho para cá, um tiquinho para lá, para reduzir o risco de enchente.

São Paulo não é caso isolado. Quase todos os brasileiros, literalmente do Oiapoque ao Chuí, estabeleceram uma relação doentia com as águas de sua cidade. As matas que cercam as margens são arrancadas, o fundo se enche de areia, resíduos industriais são despejados. Paramos de nadar nos rios, negando a nós mesmos um dos maiores prazeres que a evolução nos legou, e paramos de navegá-los, atravancando a economia. Pântanos e manguezais, os sistemas naturais de limpar água, são destruídos. Em seguida vem o esgoto, muito esgoto – inclusive provavelmente o seu (já que só um terço é tratado no Brasil). Aí, como não gostamos de ver merda, a cidade vira as costas para seus rios – e tentamos parar de pensar neles.

Isso é grave. Ainda mais se lembrarmos que o Brasil depende de água. Quer dizer, todo mundo depende, mas o Brasil mais que os outros. Somos a maior potência global em termos de água doce – uma a cada oito gotas do mundo pinga aqui. Por causa disso, o Brasil vive de água. A Unesco estima que exportamos todos os anos 112 trilhões de litros de água doce para o exterior – água que escoa para fora do País embutida na carne, na soja, no alumínio, no café. São 3,5 milhões de litros d’água exportados a cada segundo – para comparar: a população do Brasil consome 2,4 milhões de litros por segundo.

Enfim, para resumir: nosso sistema autolimpante está entupido de cocô e vazando a cântaros. O resultado é fácil de perceber: o Brasil está imundo. É uma máquina emperrada, que fica pingando uma nojenta água marrom. Não é de se estranhar que as coisas aqui estejam cheirando tão mal.

O Brasil está na merda, como sabemos. A economia parou, o emprego evapora, a infraestrutura esfarela, as cidades travaram, o custo de tudo alto demais, a crise hídrica ameaçando todos. A política virou luta de vale-tudo, com grupos rivais que não concordam em nada chafurdando na corrupção financiada pelas construtoras. Uma “crise de tudo” vai nos devorando.

Pois talvez haja resposta para cada um desses problemas onde menos se espera: na merda. Se o País se engajasse de verdade num imenso projeto coletivo de limpar a merda da água, veríamos os efeitos em todos os lados. É simples: basta usar o nutriente, tirar a merda industrial e deixar a água fluir limpa, movendo tudo. Teríamos que reflorestar as margens, refazer pântanos e manguezais, em todos os leitos de todos os rios de todas as cidades.

Com isso, nossa lava-louças funcionaria, o que aqueceria a economia e refrescaria o clima. Nosso nó logístico desataria e as cidades destravariam, com riso fazendo o trabalho de estradas e avenidas de maneira muito mais rápida, barata e segura. A terra valorizaria, enriquecendo todos. Teríamos mais para beber e mais para exportar. As crianças teriam onde nadar. Seria o tipo de projeto capaz de dar agenda comum para correntes políticas rivais, ocupação a milhares de brasileiros e uma obra útil para as construtoras realizarem em troca do dinheiro que já tomam de nós.

Mas, primeiro, precisamos ter coragem de falar sobre merda. E a palavra é essa mesma. Não é cocô – termo infantil, indigno das possibilidades escondidas nele. Não é fezes – palavra técnica, que soa como se nada tivesse a ver conosco. A merda é de cada um de nós. Chegou a hora de arregaçar as mangas e meter as mãos nela.

Fonte: Revista SUPER INTERESSANTE – Edição 346 – Maio 2015 – Páginas 10 e 11 – Edição impressa.

FIQUE SABENDO QUE . . .

Nunca se viu tanto pornô

Passamos a maior parte do nosso tempo na internet, em média 9 horas por dia, segundo pesquisa recente.
E a maior parte da internet, ou pelo menos uma grande parte, é conteúdo erótico. Junte uma coisa com outra, e o resultado é óbvio: a humanidade nunca consumiu tanto pornô.
E isso gera uma reação em cadeia. O marido vê vídeos escondido da mulher; e a mulher usa um app [aplicativo] para descolar um amante. A mãe xereta o computador da filha; a filha parte para o WahtsApp, onde o pior acontece...
(Fonte: Bruno Garattoni – revista SUPER)

TV faz crianças mentirem

Mais de 10 mil mães britânicas anotaram o tempo que seus filhos (todos com 5 anos) passavam vendo TV.
Reportaram ainda como estava a saúde psicológica e a habilidade social das crianças – dois anos depois refizeram a mesma análise.
Quem via três horas diárias de TV mentia, trapaceava e brigava mais.
(Fonte: A. Parkes e outros. Universidade de Glasgow, Escócia)



Beber cerveja dá dengue

Pesquisadores colocaram 43 voluntários em tendas na África – 25 tomaram cerveja e os outros 18 beberam água.
Por meio de tubos, o odor deles era direcionado para caixas com mosquitos Aedes aegypti da malária [e dengue], que podiam escolher que cheiro preferiam.
Não se sabe o porquê, mas cerveja agrada: aumenta em 20% o risco de ser picado.
(Fonte: A. Karraker e outros. Universidade do Estado de Iowa, Estados Unidos)

Adoecer é motivo de divórcio

Doença grave entre as esposas representa um risco 6% maior de separação. Já a saúde deles não afeta o casamento.
A descoberta vem de um estudo feito com 2,7 mil casais durante 20 anos.
Pesquisadores suspeitam que homens não sabem cuidar das esposas enfermas – e a insatisfação delas acaba em divórcio.
(Fonte: C. Lefèvre e outros. Universidade de Aix-Marseille, França)

Fonte: Revista SUPER INTERESSANTE – Edição 346 – Maio 2015 – Páginas 22 e 73 – Edição impressa.

BISPOS SÃO CONTRÁRIOS À REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL E DA TERCEIRIZAÇÃO GERAL DO TRABALHO

CNBB critica terceirização e redução da maioridade penal

Agência Brasil
25-04-2015

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou no dia 24 de abril último nota sobre a conjuntura do país, com críticas ao projeto de lei que regulamenta a terceirização de mão de obra nas empresas e à proposta de redução da maioridade penal. A nota foi divulgada no encerramento da 53ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP). Na reunião também ocorreu a cerimônia de posse de Dom Sérgio da Rocha na presidência da CNBB.
Mesa-diretora da 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
De acordo com a nota, a entidade avaliou “com apreensão” a realidade brasileira, “marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do país”. A nota acrescenta que “a retomada de crescimento do país, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres”.

Sobre o projeto que trata da terceirização, o texto expressa que ele não deve restringir direitos. “A lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise”, registra.

Na avaliação dos bispos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 171/1993), que propõe redução da maioridade penal para 16 anos, é um “equívoco que precisa ser desfeito”. Para a CNBB, a redução da maioridade penal não é solução para a violência no país. “Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência”, aponta.

Outro tema abordado na nota é o projeto de lei que altera o Estatuto do Desarmamento. A avaliação é de que se trata de ilusão a ideia de que facilitando o acesso da população à posse de armas se combate a violência.

Ao final do texto, a CNBB salienta que muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos de solução, uma reforma política. A reforma política também foi tratada pelo recém-empossado presidente da conferência, dom Sérgio da Rocha, em entrevista a jornalistas.

Ele disse que “o fato de a Igreja falar da reforma política, mostrar a importância da palavra política, não quer dizer que esteja adotando uma posição que seja do governo que aí está, ou então de um partido ou outro. Nós fazemos isso [falar da reforma política] com sentimento de corresponsabilidade e de responsabilidade na vida social”.
Dom Raymundo Damasceno Assis - Presidente da CNBB
Eis a nota da CNBB sobre o momento nacional.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida em sua 53ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, no período de 15 a 24 de abril de 2015, avaliou, com apreensão, a realidade brasileira, marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País. Desta avaliação nasce nossa palavra de pastores convictos de que “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (Papa Francisco, Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 183).

O momento não é de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum. Os três poderes da República, com a autonomia que lhes é própria, têm o dever irrenunciável do diálogo aberto, franco, verdadeiro, na busca de uma solução que devolva aos brasileiros a certeza de superação da crise.

A retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres. Projetos, como os que são implantados na Amazônia afrontam sua população, por não ouvi-la e por favorecer o desmatamento e a degradação do meio ambiente.

A lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise.

A corrupção, praga da sociedade e pecado grave que brada aos céus (cf. Papa Francisco, O Rosto da Misericórdia, n. 19), está presente tanto em órgãos públicos quanto em instituições da sociedade. Combatê-la, de modo eficaz, com a consequente punição de corrompidos e corruptores, é dever do Estado. É imperativo recuperar uma cultura que prima pelos valores da honestidade e da retidão. Só assim se restaurará a justiça e se plantará, novamente, no coração do povo, a esperança de novos tempos, calcados na ética.

A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte dos políticos exerce seu mandato, não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres.

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, por exemplo, é uma afronta à luta histórica dos povos indígenas que até hoje não receberam reparação das injustiças que sofreram desde a colonização do Brasil. Se o prazo estabelecido pela Constituição de 1988 tivesse sido cumprido pelo Governo Federal, todas as terras indígenas já teriam sido reconhecidas, demarcadas e homologadas. E, assim, não estaríamos assistindo aos constantes conflitos e mortes de indígenas.

A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos, já aprovada pela Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara, também é um equívoco que precisa ser desfeito. A redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de encarceramento num país que já tem a quarta população carcerária do mundo. Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em vigor há 25 anos, responsabiliza o adolescente, a partir dos 12 anos, por qualquer ato contra a lei, aplicando-lhe as medidas socioeducativas. Não procede, portanto, a alegada impunidade para adolescentes infratores. Onde essas medidas são corretamente aplicadas, o índice de reincidência do adolescente infrator é muito baixo. Ao invés de aprovarem a redução da maioridade penal, os parlamentares deveriam criar mecanismos que responsabilizem os gestores por não aparelharem seu governo para a correta aplicação das medidas socioeducativas.

O Projeto de Lei 3722/2012, que altera o Estatuto do Desarmamento, é outra matéria que vai na contramão da segurança e do combate à violência. A arma dá a falsa sensação de segurança e de proteção. Não podemos cair na ilusão de que, facilitando o acesso da população à posse de armas, combateremos a violência. A indústria das armas está a serviço de um vigoroso poder econômico que não pode ser alimentado à custa da vida das pessoas. Dizer não a esse poder econômico é dever ético dos responsáveis pela preservação do Estatuto do Desarmamento.

Muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos de solução, uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, se coloca nessa direção.

Urge, além disso, resgatar a ética pública que diz respeito “à responsabilização do cidadão, dos grupos ou instituições da sociedade pelo bem comum” (CNBB – Doc. 50, n. 129). Para tanto, “como pastores, reafirmamos ‘Cristo, medida de nossa conduta moral’ e sentido pleno de nossa vida” (Doc. 50 da CNBB, Anexo – p. 30).

Que o povo brasileiro, neste Ano da Paz e sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, supere esse momento difícil e persevere no caminho da justiça e da paz.

Aparecida, 21 de abril de 2015.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida, Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão, Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília, Secretário Geral da CNBB”

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 27 de abril de 2015 – Internet: clique aqui.