«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Sete razões para a escola se conectar com a comunidade

Danilo Mekari

Salas grandes com carteiras enfileiradas e alunos de costas uns para os outros. Do colega da frente só se vê a nuca – e pelas próximas quatro horas as conversas e trocas estão proibidas. No Brasil, esse modelo de educação em massa, surgido no final do século dezenove, está desgastado e envelhecido. Perdeu seu tempo histórico e sua razão de existir.
MARIA DO PILAR LACERDA é
diretora da Fundação SM e ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC),
cargo que exerceu entre 2007 e 2012
Ao menos essa é a opinião de duas especialistas em educação, Maria do Pilar Lacerda e Heloísa Mesquita. “É por isso que a maioria prefere sentar na turma do fundão”, brincou Pilar, ao notar que o público do debate A escola conectada à comunidade se comportava da mesma maneira. O evento foi organizado pelo Núcleo de Inovação e Desenvolvimento Profissional (NIDP) da Escola Lourenço Castanho e aconteceu em um auditório da unidade de Ensino Médio do colégio na segunda-feira (27/4).

Para essa transformação acontecer, Pilar não tem dúvidas: “A comunidade é absolutamente transformadora nesse processo”. A partir do debate entre Pilar e Heloísa, o Portal Aprendiz enumerou sete razões para incentivar a conexão entre os espaços de aprendizagem formais com a comunidade.
HELOÍSA MESQUITA é
gestora do Programa Estratégico Ginásio Experimental Carioca, da Secretaria Municipal da Educação
Foto: Guarim de Lorena
#1 Reconhecer o outro

Mesmo em bairros de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte existem muitas disparidades entre as pessoas. Ao invés de ser baseado em medo e distanciamento, o convívio social entre os moradores pode estimular a troca de conhecimentos e ensinar as crianças e adolescentes a reconhecer e respeitar e valorizar as diferenças. “Educação comunitária é importante para aprender a reconhecer o outro. Temos que pensar que a sociedade só sobreviverá se passar os seus conhecimentos para os mais jovens”, aponta Pilar.

Conhecer o outro é a melhor forma de a pessoa se formar, fazer percursos para reconhecer o território e estabelecer relações que humanizam”, acrescenta.

#2 Mapear os gostos dos estudantes

Heloísa acredita que a palavra Experimental dá um caráter mágico aos ginásios cariocas, pois transforma o projeto em um laboratório que o libera de burocracias estatais, mesmo sem abrir mão de monitoramento e organização. Uma das pesquisas realizadas pela escola elencou os interesses, desejos e vontades dos estudantes, desde o músico e banda que mais ouviam até as suas preferências alimentares. “A escola precisa ir além do ensino – precisa ouvir e se conectar ao jovem atual”, defende Heloísa.

#3 Descobrir os conhecimentos da comunidade e levá-los para dentro da escola

Em minha trajetória, percebi que trazer a família para a escola impacta muito o aprendizado”, revela Heloísa. No processo de mapeamento da comunidade, um dos GECs descobriu a mãe de um aluno que, sendo bancária e trabalhando com números, passou a ajudar estudantes com dificuldades em matemática. “Qual a vocação daquela população no entorno da escola?” Essa é uma das questões que, segundo Heloísa, devem ser feitas por toda instituição de ensino.

A mesma pesquisa revelou uma habilidade manual presente na maioria dos estudantes: a de fazer reparos domésticos como consertar tomadas e instalar antenas de televisão. O Ginásio, então, criou matérias eletivas extracurriculares contemplando as áreas de mecânica, eletrônica e elétrica. “Nós, como gestores, temos que sair da escola, conhecer onde o aluno mora, o que ele vive”, observa Pilar.

#4 Reconhecer o território como espaço educador

Já pensou que o padeiro pode ajudar o professor de química? Fortalecendo os laços comunitários e abrindo espaço para a escola circular nos espaços públicos e os moradores também entrarem na escola, cria-se a possibilidade daquele território ser reconhecido como espaço educador.

A ex-secretária do Ministério da Educação (MEC) cita o programa BH para Crianças, que oferece transporte aos alunos e professores para visitar museus, cinemas, teatros, parques e galerias de arte, entre outros espaços culturais da cidade. “A escola precisa abrir o portão simbolicamente e fazer o diálogo começando por onde está inserida. Isso refresca o cotidiano escolar, hoje tão envelhecido”, avalia Pilar.

#5 Conectar as escolas da comunidade

Localizada na Gávea, a Escola Americana do Rio de Janeiro fica muito próxima a uma das entradas da comunidade da Rocinha, a maior favela da cidade. A diretora de um Ginásio Experimental descobriu que, no currículo do colégio privado, havia a obrigatoriedade de cumprir ações sociais. Propôs então que os alunos da Escola Americana ensinassem inglês aos estudantes da escola pública da Rocinha. Deu certo.

#6 Ouvir as crianças

“Se a gente escutasse mais a criança veria que ela tem a resposta para fazer a mobilização e a conexão com a comunidade. Nós, adultos, temos medo de violência, o mundo está complicado, mas se a gente chamar um guri pra ajudar alguém e fazer algo por aquela comunidade ele vai topar. Porém, sempre arrumamos ‘senões’ para isso. Precisamos dar a chance de o próprio aluno abrir a porta”, propõe Heloísa.

#7 Pelo direito à cidade

“Sem utopia: a educação transforma a cidade. Ou seja, toda essa discussão que estamos tendo na verdade diz respeito ao direito à cidade”, argumenta Pilar. “A escola é essencial para um futuro no qual a cidade seja desenhada para as pessoas.”

Fonte: Portal Aprendiz – Aprender na Cidade – 28/04/2015 – Internet: clique aqui.

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