"A Igreja precisa ouvir a voz do povo", diz novo presidente da CNBB
Entrevista
com Dom Sérgio da Rocha
Presidente eleito da CNBB
Presidente eleito da CNBB
José Maria
Mayrink
Em referência às
manifestações de rua,
dom Sérgio afirma que
é justo as pessoas se expressarem
Dom Sérgio da Rocha Presidente eleito da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) |
O novo presidente da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d.
Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, que tomará posse na sexta-feira,
afirmou nesta terça-feira, 21 de abril, ao jornal O Estado de S. Paulo que vai procurar ter com o governo um diálogo
produtivo, apresentando proposições e sugestões, em vez de apenas escutar. “Devemos escutar os clamores do povo, as
situações difíceis que as pessoas vivem na sociedade”, disse o arcebispo,
acrescentando que a Igreja tem sempre de ouvir a voz do povo.
Referindo-se às manifestações e aos protestos de rua dos
últimos meses, d. Sérgio considera ser
justo que as pessoas possam expressar aquilo que sentem, reivindiquem e se organizem. “Só
pedimos que isso seja feito com uma atitude de diálogo, uma atitude de
respeito, de paz, pois manifestações que não preservarem isso prejudicam as
causas que defendem.” A seguir, os principais trechos da entrevista.
Nova presidência, nova CNBB?
D. Sérgio: Nós
temos a continuidade da CNBB nestes últimos quadriênios. É uma história muito
bonita que continua conosco. Não é que nós iniciamos uma nova etapa, mas a CNBB
deve sempre crescer para cumprir a sua missão. Teremos a tarefa que nos está
sendo confiada pelo episcopado nas condições que estamos vivendo hoje na Igreja
e na sociedade, no pontificado do papa Francisco.
O senhor disse que a CNBB estará à
escuta. O que significa?
D. Sérgio: A
escuta deve ser ampla. Em primeiro lugar, escutar
o episcopado. A CNBB é um serviço à Igreja no Brasil, ao episcopado. Para
ser efetivo, esse serviço precisa ter a escuta como partida, uma escuta que não
se cansa. Também devemos escutar os
clamores do povo, as situações difíceis que as pessoas vivem na sociedade
e, ainda, aquilo que as pessoas vivem na comunidade eclesial. Além de ouvir os
bispos, a Igreja precisa sempre ouvir a voz do nosso povo, o que significa
ouvir a voz do povo nesse momento de crise, de manifestações. Também devemos
escutar os clamores do povo, as situações difíceis que as pessoas vivem na
sociedade. A CNBB já tem escutado esse clamor. Essa escuta não é uma simples acolhida, mas também a recordação dos
valores éticos que devem orientar a forma de expressar esse clamor. Temos
insistido no diálogo e na paz. É justo que as pessoas possam expressar aquilo
que sentem. Só pedimos que isso seja feito com diálogo, uma atitude de respeito
e paz. Manifestações que não preservarem isso prejudicam as causas que
defendem.
Como arcebispo de Brasília, o senhor
está geograficamente próximo do governo. O senhor tem diálogo com o governo?
D. Sérgio: De
modo geral, espero que essa proximidade favoreça o diálogo. O fato de o
presidente da CNBB residir em Brasília pode favorecer isso. É preciso ter uma
pauta que brote das necessidades da Igreja no Brasil. A CNBB deve ser cada vez mais propositiva em relação ao dia a dia da
sociedade e do País. Não queremos ser controladores da vida social, mas
nossa contribuição tem de ser dada. Queremos iluminar para ajudar a
transformar. Que seja o diálogo que tenha algo a escutar, mas também a propor.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Metrópole – Quarta-feira, 22 de abril de 2015 – Pg. A15 – Internet:
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