«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Desperdício de recursos no Brasil e no Mundo

Quem paga o desperdício?
Quem pode menos

Washington Novaes

A quantidade de ouro em lixões pode ser maior do que em minas
de onde ele é extraído.
Lembremos que, no Brasil, cada pessoa produz em média
330 quilos de lixo por ano!
Há muita riqueza na reciclagem do lixo - esse é o futuro ! ! !

Relatório divulgado há poucos dias na Europa informa que o velho continente poderia economizar mais de US$ 1,8 trilhão por ano com avanços na gestão do lixo. E um terço disso seria resultado apenas da economia no consumo de recursos naturais. O Brasil, segundo a empresa consultora (McKinsey), também poderia ganhar muito, já que cada pessoa produz em média 330 quilos anuais de resíduos.

Um dos exemplo apontados de desperdício no lixo é o da quantidade de ouro em lixões, que pode ser maior que a existente em minas de onde o metal é extraído. A vantagem poderia ser ainda maior para recicladores se se reduzisse a carga tributária sobre produtos reciclados, em alguns casos maior que a aplicada a materiais virgens.

É um sinal de avanço, por isso a apresentação em Santa Catarina do primeiro documento declaratório de resíduos industriais, por um acordo entre a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes e a Fundação do Meio Ambiente. Já aderiram ao sistema 18 mil empresas da região. E foram emitidos 328,7 mil manifestos de transporte de resíduos (retoquejor.com.br). Com isso, é possível acompanhar todas as etapas da cadeia de destinação de resíduos sólidos no Estado – influenciando a produção, o transporte, o destino e o aproveitamento desses resíduos.

A iniciativa é importante por muitos ângulos. Por exemplo: as emissões de gases do efeito estufa no Brasil provenientes do setor de resíduos sólidos continuam a crescer e, segundo o relatório lançado em setembro, atingiram o maior número nos últimos 44 anos, com 68,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalentes – com aumento de 80% entre 2000 e 2014 e de 500% desde 1970. Embora essas emissões representem apenas 3,7% do total dos vários setores geradores (mudanças no uso da terra, energia, agropecuária e processos industriais), têm grande impacto na atmosfera por causa da geração de gases com maior potencial de aquecimento, como o metano (21 vezes mais potente que o dióxido de carbono) e o óxido nitroso (310 vezes mais potente). [Isso é um absurdo!]

Curiosamente, diz o estudo, as emissões de gases de efeito estufa em 2014 no País permaneceram estáveis em relação ao período anterior, apesar da queda de 18% na taxa de desmatamento na Amazônia. O Brasil emitiu 1,558 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente – uma redução de 0,9% em relação a 1,571 bilhão de toneladas emitidas em 2013. As razões ainda não foram explicitadas.

Exemplos de desperdício e irracionalidade no Brasil:

1. Florestas

É possível que mais à frente os cientistas se deparem com dificuldades diante das taxas de desmatamento na Amazônia entre 2014 e 2015, que aumentaram 24%, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe (amazonia.org, 27/9). São dados a serem divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente na primeira semana de outubro.

De agosto de 2014 a junho de 2015 foram desmatados 6.207 quilômetros quadrados, ou 6,45% acima do estimado em fins de novembro. Os Estados que mais desmataram, pela ordem, foram Pará, Mato Grosso e Rondônia. Uma das hipóteses é a de que os sistemas de controle já não funcionem com a mesma eficácia – embora haja diferenças entre alguns Estados e outros.

Uma revisão recente realizada pelo Inpe mostra que a perda florestal, com base nos dados de 2015, é de 6.207 quilômetros quadrados, quando em novembro se calculava em 5.835 km2 (16% mais que em 2014). O novo número é 4,1 vezes a área da cidade de São Paulo (Observatório do Clima, 27/9). Um exemplo mais das altas taxas de desperdício de patrimônios valiosos.

2. Automóvel e transporte particular

Há poucos dias foram publicados (Folha de S. Paulo, 26/9, texto de Leão Serva) dados sobre o desperdício num setor como o de veículos. Segundo o texto, “a propaganda de carros continua oferecendo virilidade e glamour, enquanto entrega congestionamento, estresse, doenças e aquecimento global”. E por isso mesmo “metade dos moradores da maior cidade do Brasil buscam jeitos de usar menos o automóvel”, diante das “irracionalidades deste: gasta cerca de 95% do combustível para ‘levar a si mesmo’; um veículo médio pesa cerca de 1,5 mil quilos, o motorista 75 kg (5%); e os carros levam geralmente só uma pessoa: quer coisa mais irracional?” E segue “o desfile de irracionalidades”: o carro só é usado para rodar 20 km diários; a desvalorização é rápida; são altos os custos com IPVA obrigatório, seguro, manutenção – um total de 10%, fora a desvalorização de 20%. Ainda é possível falar em incentivos fiscais. E outro estudo assegura que a gasolina deveria custar cinco vezes mais que seu preço.

3. Energia térmica

Para quem achar que são os únicos desperdícios, depois de não ter êxito na venda de suas empresas de energia térmica (altamente poluidoras) a Petrobrás está tentando agora (Folha de S. Paulo, 27/9) agrupar todas as unidades numa única empresa, “para oferecer depois uma participação a outro investidor”. O plano prevê investimentos de US$ 74,1 bilhões nos próximos cinco anos e estabelece nova metade vendas de ativos, de US$ 19,5 bilhões entre 2017 e 2018. Nesse processo, deixará de atuar nos segmentos de petroquímica, fertilizantes e biocombustíveis. Mas continuará com a energia térmica, “para usar quando o nível dos reservatórios das hidrelétricas estiver baixo”. [Absurdo dos absurdos! Estamos na contramão da política de energia limpa e renovável!]

4. Obras do PAC paralisadas ou inacabadas

Mais desperdício? A Fundação Getúlio Vargas mostra que “46% das 851 obras contratadas com recursos do FGTS no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não foram concluídas, estão paralisadas” ou nem sequer foram iniciadas (Danielle Nogueira, O Globo, 26/9). Dos R$ 28,6 bilhões em financiamentos, R$ 17,5 bilhões foram para 398 contratos cujas obras estão pendentes.

Desmatamento, destinação do lixo sem nada pagar ao poder público, nenhum pagamento de custos pela poluição do ar, etc., etc. – assim vamos, desperdiçando sem cobrar custos. O poder público paga, transfere para quem não tem poder.

Fontes: O Estado de S. Paulo – Espaço aberto – Sexta-feira, 30 de setembro de 2016 – Pág. A2 – Internet: clique aqui.

A decadência econômica do Brasil

A decadência que Dilma legou

Editorial

Os relatórios dos últimos cinco anos sobre a competitividade global preparados pelo Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) mostram de maneira evidente a rápida decadência do Brasil no cenário internacional

São, por isso, um retrato em números da desgraça que, de maneira sistemática e eficaz, a gestão Dilma Rousseff impôs à economia brasileira com suas irresponsáveis políticas fiscais e supostamente desenvolvimentistas. Embora tradicionalmente pouco competitivo em razão de problemas estruturais há muito conhecidos, o Brasil vinha recuperando posições na classificação mundial até o primeiro ano do governo Dilma. Desde então, porém, vem despencando. Perdeu 33 posições entre 2012 e 2016, ano em que ficou em 81.º lugar entre 138 países. É o pior desempenho do País desde 2007, quando a pesquisa foi iniciada.

Ao desastre que a gestão dilmista foi para a economia brasileira e para as finanças públicas somou-se, nos últimos anos, a revelação do imenso esquema de pilhagem de recursos que o governo do PT instalou na Petrobrás e em outras empresas controladas pelo Estado, para financiar o projeto do partido de manter-se indefinidamente no poder. O bilionário desvio de dinheiro beneficiou o principal partido do governo e seus aliados, além de dirigentes partidários, funcionários públicos e empresas que prestaram serviços ao governo federal.

Desse modo, aos problemas tradicionalmente enfrentados pelos investidores para atuar na economia brasileira a gestão lulopetista, sobretudo durante o governo Dilma, acrescentou outros, citados com destaque no relatório de competitividade de 2016 entre os fatores negativos que fizeram cair a classificação do Brasil, como a deterioração da qualidade da administração do setor público. Obviamente, quanto mais corrupto o governo, menos confiança ele inspira nas pessoas que precisam tomar decisões sobre projetos de longo prazo. Assim, no quesito instituições, um dos utilizados na pesquisa do WEF, o Brasil ocupa apenas a 120.ª posição entre os países relacionados.
NO ÚLTIMO ANO DO GOVERNO DILMA ROUSSEFF, EM 2015, O PIB CAIU 3,8%
O PIOR RESULTADO DE NOSSA ECONOMIA DESDE 1990 ! ! !

O fracasso da política econômica do governo Dilma, expresso de maneira óbvia na longa e intensa recessão em que o País continua mergulhado, igualmente afetou, e muito, a classificação brasileira no ranking mundial de competitividade. A retração dos mercados de trabalho (com o desemprego atingindo atualmente mais de 11 milhões de trabalhadores), de bens e serviços e financeiro tornou pior a avaliação do Brasil em vários itens utilizados pelo WEF. Quanto ao ambiente de negócios, um dos principais itens para se avaliar a competitividade de uma economia, o Brasil é apenas o 128.º colocado. Em eficiência do mercado de trabalho, ocupa o 117.º lugar. Esta última classificação é mais um fator a demonstrar a urgência da reforma da legislação trabalhista, para torná-la mais adequada às profundas transformações por que passou e vem passando o mercado de trabalho em todo o mundo.

Problemas antigos, como:
* excesso de burocracia,
* precariedade da infraestrutura (rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e redes de telecomunicação),
* altos encargos trabalhistas,
* estrutura tributária complexa e
* baixa capacidade de inovação,
também tiveram alguma influência na péssima classificação do Brasil no ranking de competitividade.

Agora, o País é o pior entre os Brics (grupo que inclui Rússia, Índia, China e África do Sul). Na América Latina, o Brasil está à frente apenas da Argentina (104.º colocado) e da Venezuela (130.º).

Se há um lado positivo no relatório de 2016 do WEF é o fato de que os recentes e poderosos fatores que fizeram despencar a classificação do Brasil tendem a perder força com o afastamento definitivo do PT do poder e a posse de Michel Temer na Presidência da República. Eliminou-se de imediato um forte elemento de instabilidade institucional e criou-se a expectativa de que, com a nova gestão, os graves erros do passado recente serão corrigidos e mudanças para melhorar o ambiente para a atividade econômica serão feitas.

População desempregada alcança recorde de
12 milhões, afirma IBGE

Daniela Amorim

Taxa de desemprego fica em 11,8% no trimestre até agosto maior resultado já registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 

A taxa de desocupação no Brasil ficou em 11,8% no trimestre encerrado em agosto de 2016, o maior resultado já registrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).  A série histórica da pesquisa foi iniciada em 2012 pelo instituto. O resultado ficou dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego entre 11,40% e 11,90%, com mediana de 11,70%.

O País alcançou o patamar recorde de 12,024 milhões de desempregados no trimestre encerrado em agosto, dentro da série histórica da pesquisa. O resultado representa um aumento de 36,6% em relação ao mesmo período de 2015, o equivalente a 3,220 milhões de pessoas a mais em busca de uma vaga.

A população ocupada encolheu 2,2% no trimestre encerrado em agosto, como consequência do fechamento de 1,991 milhão de postos de trabalho.

Em igual período do ano passado, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 8,7%. No trimestre encerrado em julho deste ano, o resultado ficou em 11,6%.

A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.011 no trimestre até agosto de 2016. O resultado representa queda de 1,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A taxa de desemprego só não aumentou mais porque a população inativa cresceu 1,3%, o que significa que 809 mil pessoas optaram por deixar a força de trabalho em vez de procurar emprego.

A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 177 bilhões no trimestre até agosto, queda de 3% ante igual período do ano anterior.

Desde janeiro de 2014, o IBGE passou a divulgar a taxa de desocupação em bases trimestrais para todo o território nacional. A nova pesquisa substitui a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), que abrangia apenas as seis principais regiões metropolitanas, e também a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) anual, que produz informações referentes somente ao mês de setembro de cada ano.

Fontes: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Sexta-feira, 30 de setembro de 2016 – Pág. A3 – Internet: clique aqui; e Economia & Negócios – Sexta-feira, 30 de setembro de 2016 – 09h17 [Horário de Brasília – DF] – Internet: clique aqui.

Eleições violentas no Brasil

Crimes políticos vitimaram 96 neste ano

Leonencio Nossa

Levantamento em registros policiais e documentos de processos mostra
maior índice de mortes desde o período da ditadura 
GILBERTO FERREIRA DO AMARAL
De camisa branca e pistola em punho, atira contra o veículo que transportava, entre outros,
o candidato a prefeito de Itumbiara (GO), José Gomes da Rocha, o governador em exercício José Éliton.
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Levantamento realizado pelo O Estado de S. Paulo aponta que ao menos 96 pessoas, entre prefeitos, secretários municipais, candidatos e militantes, foram executadas por motivações políticas entre janeiro e setembro deste ano. Os dados têm como base registros policiais, em sua maioria, além de documentos de fóruns, denúncias do Ministério Público e processos nos Tribunais de Justiça.

Uma série de 13 assassinatos de pré-candidatos e candidatos a vereador e cabos eleitorais no Rio de Janeiro, neste ano, contribuiu para tornar 2016 o mais sangrento na política desde a Lei de Anistia, em 1979.

O levantamento não inclui as três mortes ocorridas nesta quarta-feira, 28 de setembro, na cidade goiana de Itumbiara. A polícia ainda investiga o motivo que levou o funcionário público Gilberto Ferreira do Amaral a matar o candidato a prefeito José Gomes da Rocha (PTB) e ferir o governador em exercício José Éliton (PSDB) durante uma carreata. Amaral e o policial Vanilson João Pereira morreram após o tiroteio.

Entre os motivos para as mortes de políticos neste ano está o controle do dinheiro dos municípios. Foram mortos Cícero Lopes, de Maraã (AM), Gilmar Pinheiro, de Praia Norte (TO), e José Gomes, de Goianésia (PA). Com saída apenas pelo Rio Japurá, Maraã, a 630 quilômetros de Manaus, viveu dias de guerra civil em fevereiro, quando o prefeito do PROS, de 65 anos, foi alvejado com um tiro de espingarda nas costas, numa emboscada. O vice-prefeito Magno Moraes, 24 anos, do PT, que tinha divergência com Cícero, assumiu o poder. A família de Cícero o acusa pelo assassinato.
Velório de Marcos Vieira de Souza, o FALCON
Madureira - Rio de Janeiro - RJ

A Polícia Civil, no entanto, indiciou quatro comerciantes que tinham dívida a receber da prefeitura. Destes, dois admitiram o crime: Lázaro e Anderson Moraes, primos de Magno.
A lista de políticos mortos neste ano inclui também candidato a vereador pelo PP do Rio e presidente da tradicional escola de samba Portela, Marcos Vieira de Souza, o Falcon, de 52 anos. Ele foi assassinado a tiros, no dia 26 de setembro, por dois homens que invadiram o seu comitê de campanha, em Madureira. A série de mortes de políticos no Estado nestas eleições é quase a mesma das disputas municipais de quatro anos atrás, quando 11 pessoas morreram.

A busca do poder por meio de crimes de mando ocorre também em cidades pacatas. É o caso de Luiziana, de sete mil habitantes, no Paraná, a 328 quilômetros de Curitiba, onde o secretário municipal de Fazenda, Lindolfo Angelo Cardoso, de 31 anos, foi morto dentro de casa e diante de um filho.

Números oficiais

Desde a redemocratização, entidades de direitos humanos cobram dos três Poderes dados oficiais. Desta vez, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresentou um número de 20 assassinatos políticos nos últimos nove meses, um avanço nas divulgações da Justiça, que sempre apresentou versões genéricas e números ainda mais baixos.

De agosto de 1979 para cá, 1.269 pessoas morreram por motivações de disputas pelo poder político no País. Este número é fruto de um monitoramento dos homicídios na política feito pelo Estado há três anos. Em 2013, o jornal O Estado de S. Paulo publicou o caderno especial Sangue Político que mostrou as conexões entre os mandantes dos assassinatos e grupos políticos estaduais e nacionais.

Faroeste caboclo das eleições deixa 28 mortos
em três meses

Marcelo Soares

O maior número de vítimas é formado por candidatos a vereador.
Chama a atenção a violência dos assassinatos: muitos tiros;
e o fato de não haver motivações políticas.
FORÇAS ARMADAS
Auxiliarão na segurança durante o final de semana de eleições municipais no Brasil.
Serão mais de 20.000 homens distribuídos por mais de 400 municípios do país.

Desde junho, antes do registro de candidaturas, ao menos 28 aspirantes a cargo eletivo foram mortos. José Gomes da Rocha, o candidato a prefeito morto na última quarta-feira em Itumbiara (GO), foi o mais recente, até o fechamento deste texto.

Esta eleição está mais violenta do que outras? Difícil saber. O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, manifestou preocupação ao ver ocorrer uma morte numa região que conhece bem, mas a situação já estava preocupante antes.

A Justiça Eleitoral contabilizava nesta semana 100 candidatos que morreram após se candidatarem. É normal: o coração, o câncer e acidentes variados não escolhem hora para matar. Mas 15 desses 100 estão entre os que sabemos terem morrido assassinados. Os outros 12 do levantamento morreram antes do prazo de candidatura. Um desistiu.

Na maior parte dos casos, os mortos são candidatos a vereador – apenas Gomes da Rocha chegou a fazer campanha para prefeito. Devido à quantidade de candidatos, a disputa para vereador atrai gente de todo tipo de perfil.

Parte das mortes pode estar ligada à criminalidade urbana:
* ao menos um quarto dos mortos tinha carreira como policial e
* pelo menos proporção semelhante tinha acusação prévia de envolvimento com crime organizado.
Isso ocorre especialmente no Rio de Janeiro, Estado que concentra mais de um terço das mortes detectadas. [Isso nos leva a estar bem atentos em quem escolhemos para vereador de nosso município!]
PRÉ-CANDIDATOS E VEREADORES DA BAIXADA FLUMINENSE ASSASSINADOS NESTE ANO

O que chama mais a atenção no levantamento, feito com o monitoramento de sites de notícias regionais, é a quantidade de tiros nas execuções. Só em 23 de agosto, foram mortos dois candidatos com 15 tiros cada um, no interior do Maranhão e no litoral de São Paulo. Em algumas notícias, menciona-se apenas “vários” tiros. Às vezes de armas com três ou quatro calibres diferentes.

É raro que a polícia veja motivação política nos crimes. Já houve assassinato em disputa por lugar em fila, em Aragominas (TO). No Rio, considerando aspirantes a vereador mortos desde 2015, a polícia só havia encontrado motivação política em duas de 13 mortes. A situação na região da Baixada Fluminense está tão complicada que em uma cidade um candidato a prefeito desistiu de concorrer e noutra um passou a andar de carro blindado.

Na Bahia, um homem que teria ficado rico com a Telexfree e queria concorrer a prefeito foi morto por encomenda de uma namorada que também saía com um traficante, segundo a polícia. Outro morto fora acusado de ter um desmanche de carros roubados. Um terceiro, segundo a polícia, foi morto por uma dívida de drogas.

Ainda que de fato não haja motivação política nos assassinatos, eles de qualquer maneira refletem um grau de violência preocupante. Como desarmar isso?

Veja um infográfico que mostra onde ocorreram os atentados políticos:
em quais municípios, em quais Estados e os
nomes dos candidatos que foram vítimas.
Clique aqui.

Fontes: O Estado de S. Paulo – Política – Sexta-feira, 30 de setembro de 2016 – Pág. A10 – Internet: clique aqui; e Folha de S. Paulo – blog Afinal de Contas / Marcelo Soares – Quinta-feira, 29 de setembro de 2016 – 14h26 [Horário de Brasília – DF] – Internet: clique aqui.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A reforma que Francisco quer para a Igreja

Os planos de Francisco para a reforma da Igreja
(Parte I)

Massimo Faggioli*
Commonweal
28-09-2016

Já há sinais de que as coisas estão indo numa direção ainda mais interessante, para além da redução de dicastérios curiais e da criação de novos departamentos
SEMINÁRIO SOBRE A REFORMA DA IGREJA E AS REFORMAS NA IGREJA
Promoção: Revista CIVILTÀ CATTOLICA (Jesuítas)
Roma (Itália), setembro de 2015

Desde o pontificado de Bento XVI, passando pelo conclave e entrando no papado de Francisco, a reforma da Cúria e o comando da Igreja constituíram temas de grandes debates. Então, o ano de 2015 passou sem um novo documento que substituísse a constituição apostólica de João Paulo II de 1988, Pastor Bonus. Isso, porém, não significou o fim diálogo: Papa Francisco continua a se reunir com o Conselho dos Cardeais assessores (o C9) a cada dois meses – em si uma mudança substancial no modus operandi do papado –, além de solicitar conselhos de especialistas na Cúria ao mesmo tempo em que lança mão do Sínodo dos Bispos e das conferências episcopais nacionais para comandar a Igreja de uma maneira diferente da de seus antecessores.

Já há sinais de que as coisas estão indo numa direção ainda mais interessante, para além da redução de dicastérios curiais (como a Congregação para a Doutrina da Fé) e da criação de novos departamentos (como o dicastério para o desenvolvimento humano integral e um outro, para os leigos, a família e a vida, ambos anunciados em agosto deste ano).

Um primeiro sinal de uma ampla renovação veio com a publicação, em setembro, de um volume com mais de 600 páginas em italiano intitulado La riforma e le riforme nella chiesa (A reforma da Igreja e as reformas na Igreja, em tradução livre). Publicado pela Queriniana, uma das editoras de estudos teológicos mais importantes da Europa, o volume é editado por dois dos assessores mais próximos a Francisco: o teólogo argentino Carlos María Galli e o editor da Civiltà Cattolica, Antonio Spadaro, padre jesuíta.

A obra reúne trinta trabalhos apresentados e discutidos num seminário especial, com duração de uma semana, organizado pela Civiltà Cattolica e realizado na sede histórica da revista jesuíta em Villa Malta, em Roma, no mês de setembro de 2015. Os autores e autoras vêm de todos os continentes e incluem leigos/as e ordenados; quatro são mulheres, e três são da América do Norte: John O’Malley (da Universidade de Georgetown), Gilles Routhier (da Universitè Lavalm, de Quebec) e eu próprio, Massimo Faggioli.

Previsto para ser lançado em inglês pela Paulist Press no ano que vem, o livro está dividido em sete partes:
1. a renovação da Igreja à luz do Vaticano II;
2. o que a história da Igreja tem a nos ensinar sobre reforma;
3. comunhão sinodal e renovação do Povo de Deus;
4. a reforma da Igreja nas igrejas locais e na Igreja universal;
5. ecumenismo e reforma da Igreja;
6. a partir de uma Igreja dos pobres, da fraternidade e inculturada; e
7. espiritualidade e reforma da Igreja segundo o Evangelho.

No geral, a obra propõe uma redescoberta do Vaticano II para o caminho da reforma do catolicismo romano:
* uma Igreja mais descentralizada, pronta a transformar o papel e a estrutura da Cúria Romana a fim de ser mais missionária;
* uma Igreja aberta a um debate sério sobre o papel da mulher na Igreja; e
* uma Igreja em que o magistério interage com a teologia e com a experiência vivida dos cristãos, onde a sinodalidade e a colegialidade não são empregadas para legitimar os procedimentos da Igreja, mas para mudá-los, e onde a inculturação da fé é um agente de mudança da Igreja para além do nível simbólico.

Em sua maioria, os autores e autoras vêm do campo de pesquisa em história do Vaticano II, sua eclesiologia e a virada ecumênica do catolicismo no – e depois do – Vaticano II. Em certo sentido, o volume é apenas um entre muitos exemplos de um novo papel para o Concílio Vaticano II no Vaticano do Papa Francisco.

O livro é importante por outros motivos também, a começar pelos autores incluídos, que são representantes da obra teológica feita para apoiar o pontificado de Francisco:
* Carlos María Galli (Argentina),
* Antonio Spadaro (Itália) e
* Víctor Manuel Fernández (Argentina),
por exemplo, estão entre os mais próximos de Francisco em suas atividades diárias.

Isso é significativo, visto que, de certa forma, Francisco ainda trabalha à sombra de Bento quando se trata de estender a mão a teólogos e acadêmicos católicos. Além disso, a recepção de Francisco ainda é mais avaliada no nível jornalístico, com a quantidade de análise teológica mais profunda sendo sequer comparável à quantidade despendida no período de seu antecessor.

Uma das leis não escritas da teologia católica no hemisfério norte – mesmo se falsa – é que “a teologia alemã é teologia católica, mas a teologia latino-americana é teologia latino-americana”. O mesmo vale para as teologias católicas africanas e asiáticas: elas tendem a ser consideradas teologias católicas regionais, não exatamente universais. Este volume é uma interpretação teológica do – e uma contribuição ao – pontificado de Francisco, em parte por apresentar propostas práticas para as reformas, em parte por fornecer um apoio às consequências eclesiológicas da reorientação teológica incorporada por Francisco.

O que faz do livro uma leitura necessária para os observadores do Vaticano e aos que querem compreender Francisco é o fato de que o seu conteúdo circulou no Vaticano e dentro do Conselho dos Cardeais de Francisco antes da publicação. Sabemos disso porque Dom Marcello Semeraro, secretário do C9 e o único membro da Cúria que integra o grupo, cita por extenso passagens centrais em um ensaio recente sobre a reforma católica como pensada pelo papa. Uma análise do plano detalhado de reforma delineado por Semeraro, que apareceu na revista católica italiana Il Regno uma semana depois da publicação do livro, será o cerne de meu próximo artigo na revista Commonweal.

L I V R O

Título: La riforma e le riforme nella Chiesa
Responsáveis: Antonio Spadaro; Carlos María Galli (Editores)
Grupo de autores e autoras que contribuiu para o livro:
Alphonse Borras (Bélgica); Piero Coda (Itália); Mario de França Miranda, sj (Brasil); Peter de Mey (Bélgica); Severino Dianich (Itália) Massimo Faggioli (Estados Unidos); Joseph Famerée, sci (Bélgica) Diego Javier Fares, sj (Argentina); Víctor Manuel Fernández (Argentina); José Mario C. Francisco, sj (Filipinas); Carlos María Galli (Argentina); William Henn, ofm cap (Estados Unidos); Hervé Legrand, op (França) Angelo Maffeis (Itália); Mary Melone, sfa (Itália); Serena Noceti (Itália) John W. O’Malley, sj (Estados Unidos); Giancarlo Pani, sj (Itália); Salvador Pié-Ninot (Espanha); Hermann J. Pottmeyer (Alemanha); Andrea Riccardi (Itália); Gilles Routhier (Canadá); Léonard Santedi Kinkupu (Rep. Dem. do Congo); Jorge A. Scampini, op (Argentina); Juan Carlos Scannone, sj (Argentina); Silvia Scatena (Itália); Carlos Schickendantz (Chile); Antonio Spadaro, sj (Itália); Dario Vitali (Itália); Myriam Wijlens (Holanda)
Coleção: “Biblioteca di teologia contemporânea”, 177
Editora: Queriniana (Brescia, Itália)
Data de publicação: Setembro de 2016
Páginas: 624
Preço de capa: Euro 53,00

Traduzido do inglês por Isaque Gomes Correa. Acesse a versão original deste artigo, clicando aqui.

* MASSIMO FAGGIOLI, professor de teologia e estudos religiosos na Villanova University, na Pensilvânia, Estados Unidos.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 29 de setembro de 2016 – Internet: clique aqui.

Shimon Peres: 1923 – 2016

 De perdedor a lenda-viva, Peres personificou
os dilemas de Israel

Marcelo Ninio
Washington (EUA)

Mantinha-se o mesmo otimista incorrigível sobre a paz com os vizinhos.
“As pessoas dizem que é impossível, mas isso é nonsense”, disse.
SHIMON PERES

Não há israelense, vivo ou morto, cuja biografia se confunde mais com a do Estado de Israel do que Shimon Peres. Foi membro de 12 gabinetes, duas vezes primeiro-ministro, um dos pais do programa nuclear israelense e do processo de paz com os palestinos, mas só aproximou-se do consenso em seu país quando deixou a política ativa para tornar-se peça viva da história.

Nascido na Polônia em 1923, imigrou aos nove anos com os pais na onda sionista, aos 20 já era próximo do líder da independência de Israel, David Ben Gurion, e antes dos 30 tornou-se diretor do Ministério da Defesa.

Último sobrevivente da geração de fundadores do Estado de Israel, foi testemunha ocular e símbolo dos dilemas, sucessos e fracassos de um país que, desde o estabelecimento em 1948, jamais deixou de estar em estado de guerra.

Sua biografia personifica a trajetória do movimento sionista que criou Israel:
* da luta pela fundação do Estado,
* passando pela construção de uma potência militar,
* até a busca por uma solução para o conflito com os árabes.

Exigiu uma mudança de rumo para Peres, que chegou a apoiar a construção dos primeiros assentamentos nos territórios palestinos ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967, para depois tentar um acordo para acabar com a ocupação.

Para as novas gerações de israelenses, Peres tem a imagem de um vovô sábio e apaziguador, sempre pronto a dizer frases de efeito, mas sua carreira política foi marcada por disputas renhidas, não apenas com os partidos opositores, mas também dentro de seu Partido Trabalhista.

Sua reputação era a de um político carismático, mas manipulador. A rivalidade com o companheiro de legenda Yitzhak Rabin foi uma das mais intensas da política israelense, até virar parceria quando os dois fecharam o primeiro acordo de paz com os palestinos, em 1993.

O acordo rendeu o Nobel da Paz a Rabin, Peres e ao líder palestino Yasser Arafat, porém mais de 20 anos se passaram e a visão de dois Estados para dois povos que moveu as negociações está longe de se tornar realidade. 
RECEBIMENTO DO PRÊMIO NOBEL DA PAZ EM 1994 - OSLO
Da esquerda para a direita, temos:
Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin

Com o mundo mais preocupado com a guerra na Síria e a facção terrorista Estado Islâmico, não há pressão externa por uma solução. Assim, os palestinos não têm força para retomar a negociação e os israelenses se conformaram com o status quo.

Peres foi personagem de um dos momentos-chave da derrocada do processo de paz, quando assumiu o governo após o assassinato de Rabin, em 1995, por um fanático judeu.

Chocado com o atentado, o país se moveu à esquerda na direção aos trabalhistas e do processo de paz, mas Peres não quis realizar uma eleição imediatamente e aproveitar a onda de apoio.

Marcou a votação para seis meses depois, e nesse meio tempo o cenário político mudou, com uma série de atentados terroristas palestinos. Peres perdeu uma eleição que parecia garantida para o direitista Binyamin Netanyahu.

Sem a dupla Rabin-Peres no poder, o processo de paz jamais voltaria aos trilhos. Peres saiu daquela derrota para Netanyahu com o estigma de jamais ter vencido uma eleição. Admirado no exterior, virou celebridade — suas festas de aniversário tinham de Nelson Mandela a Bono.

No país que ajudou a criar, porém, carregava uma aura de perdedor e de propagar o sonho impossível do "novo Oriente Médio", título do livro que ele lançou no auge da euforia com o processo de paz.

A tardia reabilitação pública ocorreu quando foi aprovado pelo Parlamento para ser o presidente de Israel. Aos 84 anos, longe do fogo cruzado da política partidária e ocupando um cargo cerimonial, finalmente passou a ser ouvido em casa e a ser reconhecido como uma das grandes personalidades da história do país.

Virou lenda-viva, e continuou usando o status depois de deixar a Presidência para promover seu legado como defensor da paz com os palestinos.

Em entrevista à revista "Time" no início do ano, mantinha-se o mesmo otimista incorrigível sobre a paz com os vizinhos. "As pessoas dizem que é impossível, mas isso é nonsense", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo – Mundo / Análise – Terça-feira, 27 de setembro de 2016 – 23h13 [Horário de Brasília – DF] – Internet: clique aqui.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Como escolher seu candidato a Vereador e Prefeito

Como escolher um vereador e prefeito?

Movimento Voto Consciente

Ninguém escolheria uma pessoa tímida para ser vendedor em sua loja. Tampouco contrataria um funcionário que tem dificuldade em fazer contas para tomar conta do caixa. Do mesmo modo, não podemos nos aventurar a escolher um vereador sem saber quais sãos suas funções e o que ele não pode fazer!

Escolher um vereador não é uma tarefa simples que possa ser resolvida em poucos minutos. Podemos e devemos avaliar os programas de todos os candidatos a prefeito. No entanto, para escolher um vereador, esta empreitada é inviável. Isso porque há muitos candidatos disputando uma vaga para vereador.

Por isso vamos apresentar para você, eleitor, algumas dicas para a escolha do seu candidato.

O vereador é eleito pelo sistema proporcional de votos para ser membro do Poder Legislativo Municipal, a Câmara Municipal, para um período de 4 anos.

As principais funções do vereador são:

1. LEGISLAR
– aprimorar as leis na esfera municipal: não precisamos necessariamente de novas leis, mas de leis melhores, mais organizadas, que atendam a todos de maneira democrática, respeitando a constituição.
– votar projetos de leis

2. FISCALIZAR
– fiscalizar os gastos públicos, inclusive os do prefeito e seus secretários
– Deve verificar se as obras não estão superfaturadas, se os hospitais, postos de saúde, escolas e demais serviços públicos estão servindo adequadamente à população.
– encaminhar denúncias
– participar de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito)

3. REPRESENTAR A POPULAÇÃO
– O vereador não é eleito para representar sua própria vontade, mas a do povo. Está ali para servir de ponte entre a voz da população e os ouvidos do governo, cobrando por ações em prol da comunidade.

Vereador não tem competência para:

1. Realizar obras e serviços. 
    Como, por exemplo:

– Asfaltamento de ruas, tapagem de buracos;
– Construção, reforma ou modificações de quadras esportivas;
– Saneamento básico (distribuição de água encanada, esgoto);
– Construção de escolas, creches, hospitais, casas populares;
– Distribuição de cestas-básicas;
– Iluminação de ruas, praças, avenidas;
– Abertura de novas ruas;
– Segurança pública, sua ampliação ou modificação administrativa.
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO
Palácio do Anhangabaú - Edifício Matarazzo

As principais funções do prefeito são:

– Desenvolver as funções sociais da cidade e garantir o bem estar dos seus habitantes;
– Organizar os serviços públicos de interesse local;
– Proteger o patrimônio histórico-cultural do município;
– Garantir o transporte público e a organização do trânsito;
– Pavimentar ruas, preservar e construir espaços públicos, como praças e parques;
– Promover o desenvolvimento urbano e o ordenamento territorial;
– Buscar convênios, benefícios e auxílios para o município que representa;
– Apresentar projetos de lei à Câmara Municipal, além de sancionar ou vetar leis;
– Intermediar politicamente com outras esferas do poder, como o Estado e a União, sempre com intuito de beneficiar a população local;
– Zelar pelo meio ambiente, pela limpeza da cidade e pelo saneamento básico (esgoto, tratamento de água, aterros sanitários etc.);
– Implementar e manter em boas condições de funcionamento: postos de saúde, escolas e creches municipais, além de assumir o transporte escolar das crianças;
– Arrecadar, administrar e aplicar os impostos municipais e os repasses do Estado e da União da melhor forma possível, atendendo as necessidades da maioria da população;
– Planejar, comandar, coordenar, controlar, entre outras atividades relacionadas ao cargo.

No Brasil, o prefeito é eleito a cada quatro anos, podendo ser reeleito mais uma vez em sequência ou por mais vezes em mandatos não consecutivos.

Dicas para escolher seu candidato

1) PESQUISE O HISTÓRICO PESSOAL

A primeira coisa a se fazer é obter o maior número de informações sobre o seu possível candidato. Para isso, basta um simples serviço de busca, como o Google, que já é um meio muito prático de se obter as informações necessárias.

Mas é preciso saber escolher boas fontes, que tragam informações confiáveis. Dê preferência para os sites oficiais da Justiça Eleitoral [clique aqui – há acesso aos Tribunais Eleitorais de cada Estado da Federação], ou páginas de meios de comunicação mais conhecidos.

Procure se informar sobre o histórico pessoal e profissional do candidato, sua postura ética e a forma com que ele se relaciona com a sociedade. Este é um caminho que vai lhe ajudar a descobrir se o discurso enunciado realmente condiz com a atuação dele em outros momentos da vida, fora do período eleitoral.

Se você for de São Paulo, capital, pode conferir a atuação dos atuais vereadores (muitos são candidatos novamente à reeleição), clicando: aqui.

Observe também a situação do candidato perante a justiça. Pela internet é possível identificar se há algum processo criminal contra ele. É importante que ele não tenha um histórico de mau uso do dinheiro público ou outras práticas ilegais. Um bom candidato é aquele que respeita a nossa legislação, especialmente aqueles concorrendo a cargos legislativos, uma vez que eles trabalharão diretamente na manutenção das nossas leis.

Confira nossas sugestões de fontes confiáveis por onde você pode pesquisar o histórico dos candidatos. Clique aqui.

2) PESQUISE O HISTÓRICO POLÍTICO

Em muitos casos, o candidato nestas eleições ocupa ou já ocupou alguma função parlamentar. Este é um segundo ponto muito importante, já que para saber se o seu candidato irá desenvolver bem esse trabalho, nada melhor do que descobrir como ele desempenhou a função anteriormente.

Caso seu candidato tenha ocupado um cargo legislativo, veja se ele foi um parlamentar ausente, faltando a muitas sessões, que projetos ele apresentou, como ele votou em outros projetos, especialmente aqueles mais polêmicos. O eleitor pode acompanhar estas informações nos portais de transparência das câmaras e assembleias legislativas. Para os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, capital, consulte a atuação de cada um, clicando aqui. O projeto Excelências, desenvolvido pelo Portal Transparência também reúne informações sobre os parlamentares do Congresso Nacional [clique aqui  ótimo site de pesquisa caso o candidato seja deputado federal ou senador, há informações se ele responde a algum processe na Justiça e como foi a atuação dele. Há dados de todos os Estados da Federação].

Se o candidato exerceu um cargo no poder executivo, analise quais investimentos ele realizou, se foram bem executados, como foi usado o dinheiro público em sua gestão e como as pesquisas de opinião o avaliaram, se com alto ou baixo índice de aprovação. Estas informações também são fornecidas nos portais de transparência, das prefeituras e dos governos estaduais.

Se o candidato está concorrendo a um primeiro mandato parlamentar, veja quais temas ele trata em sua vida profissional. Se ele é médico, que tipo de serviço presta? Se é advogado, atua para quais organizações? A forma com que ele exerce sua profissão é um bom indicador de como ele desempenhará o cargo ao qual está concorrendo. Essas informações podem ser encontradas nos sites do partido político do candidato, no Google e em sites de jornais, revistas e outros órgãos da imprensa.

3) BUSQUE AFINIDADE DE PENSAMENTO

Outro fator importante é que os seus candidatos possuam os mesmos valores que você, que eles compartilhem do seu ponto de vista ideológico. Lembre-se que ele será o seu representante, portanto, é indispensável que vocês defendam as mesmas causas. Por isso, antes de votar, reflita sobre o que você gostaria de ver ser colocado em prática, e escolha alguém que possua as mesmas prioridades. 

4) CONHEÇA O PARTIDO DO CANDIDATO (E A COLIGAÇÃO)

Além de saber sobre o histórico dos candidatos, é necessário conhecer também o passado do partido ao qual ele é filiado. Analise qual é conjunto de ideias que o partido defende, que programa ele tem para a sua cidade. Pesquise também se a legenda tem algum histórico de corrupção ou envolvimento em outros crimes eleitorais. Lembre-se que se o seu candidato for eleito, ele terá que governar seguindo os ideais do partido do qual ele faz parte.

Considere estes mesmos critérios quando for pesquisar os outros partidos da coligação, caso a sigla do seu candidato esteja em alguma. Isso porque em nosso sistema eleitoral, partidos coligados funcionam como um único partido. Nas eleições proporcionais, as coligações influenciam no cálculo do quociente eleitoral, isto é, uma transferência de votos entre candidatos de uma mesma coligação.

Na prática, funciona da seguinte forma: o partido que faz parte de uma coligação não conta somente com os votos destinados ao seu partido, mas também com os votos destinados aos partidos coligados. Os mais votados dessa coligação é que serão eleitos. Assim, o seu voto pode ajudar a eleger candidatos dos outros partidos políticos.

Além disso, a composição das coligações é um bom indicio de quais legendas o partido do seu candidato tem mais afinidade, e com quais partidos ele provavelmente fará alianças caso seja eleito.

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5) CONHEÇA AS PROPOSTAS

Depois de conferir o histórico do candidato, chegou a hora de analisar suas promessas de campanha. As propostas devem ser POSSÍVEIS de realização, bem elaboradas e é preciso constar quais mecanismos serão usados para colocar os projetos em prática, informando de onde será destinada a verba para sua execução. Normalmente, os candidatos disponibilizam suas ideias em suas redes sociais e sites. O Google ou outro mecanismo de busca pode ser útil para encontrar essas páginas dos candidatos nas redes sociais e seus blogs ou sites.

Através destes meios, assim como dos atos de campanha, é possível que você os questione sobre temas que sejam do seu interesse. Ao fazer suas perguntas, observe se o candidato fornece respostas genéricas, e se ele foge das questões polemicas. É importante saber de que forma ele se posiciona, e também se ele tem receio de opinar sobre aquilo que você considera importante.

É possível também acompanhar as propostas por meio da propaganda eleitoral gratuita e pelos debates. Assim você pode comparar as promessas que o seu candidato faz com as promessas feitas pelos outros candidatos.

6) ENTENDA AS ATRIBUIÇÕES DE CADA CARGO

Para saber identificar se as promessas do seu candidato são válidas, é preciso que você conheça quais as funções do cargo que ele está disputando. Por exemplo, é necessário entender que um candidato a vereador, caso eleito, terá a função de legislar e fiscalizar o trabalho do prefeito. Se o seu candidato está prometendo realizar obras ou ampliar as vagas em creches, saiba que esta promessa não é válida, pois ambas são atribuições do prefeito. Além disso, as promessas devem ser possíveis de serem cumpridas no período de mandato, que é de quatro anos.

Promessas como esta podem significar duas coisas: ou o candidato não tem conhecimento do cargo que pretende ocupar, ou ele está agindo de má fé, fazendo promessas simplesmente porque ele sabe que dão mais votos. Ambos os casos são sinais de que o candidato não é o mais indicado para assumir uma função tão importante.

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7) OBSERVE OS GASTOS DE CAMPANHA

Com a Reforma Eleitoral realizada em 2015, ficou determinado o fim das doações empresariais para as campanhas. Isto implica em uma drástica redução no financiamento das corridas eleitorais. Agora as campanhas dependem somente do Fundo Partidário e das doações de pessoas físicas, desde que dentro de um limite de gastos.

Com a redução das doações, as campanhas deverão ser muito menores do que eram até as eleições passadas. Por isso, o eleitor deve ficar atento. Sinais de que uma campanha está sendo muito cara pode indicar uso de dinheiro indevido, como nos casos de Caixa 2.

Você pode verificar quanto gastou e de onde veio o dinheiro que financiou a campanha dos candidatos a prefeito e vereador nas eleições passadas, clicando aqui (informações de todos os Estados e municípios do Brasil). Essas informações podem ser úteis, pois há muitos que se candidataram novamente neste ano.

É possível, também, acompanhar quanto cada candidato a prefeito está recebendo de doações para as eleições deste ano (2016), basta pesquisar aqui (por regiões do país, por Estado e município).

Neste ano de 2016, há um limite para gastos de campanha eleitoral tanto para os candidatos a vereador como para prefeito. Saiba qual é esse limite em seu município, clicando aqui.

8) COBRE UM DIAGNÓSTICO DA CIDADE

Uma outra forma de avaliar o seu candidato é saber se ele tem um bom conhecimento acerca das necessidades do seu município, uma vez que as promessas devem ser baseadas naquilo que a cidade e os moradores precisam.

Observe quais problemas ele considera prioritários, e se esses problemas convergem com aquilo que as enquetes elaboradas pelos institutos de pesquisa afirmam. Se o seu candidato faz um diagnóstico errado das necessidades da cidade, é sinal de que ele não está bem preparado para assumir o cargo. É preciso haver compatibilidade entre as necessidades da cidade e aquilo que o candidato propõe.

Vamos deixar nossas cidades em melhores mãos! Boa escolha consciente!
POR ISSO É BOM SABER ONDE PESQUISAR PARA OBTER INFORMAÇÕES CORRETAS

Conheça outros canais para acompanhar as atividades
de nossos políticos

Todos os meios de veiculação de informação são válidos, contudo, atualmente, a melhor ferramenta para auxiliar o cidadão é a Internet, pois nada escapa à rede mundial de computadores. Nas páginas dos órgãos do Legislativo, da Justiça Eleitoral, de algumas ONGs ou simplesmente em sites de busca, é possível obter informações sobre os candidatos e políticos.

A seguir, alguns dos principais sites que podem auxiliar nessa pesquisa:

1) Justiça Eleitoral – clique aqui (informações sobre prestação de contas de candidatos, comitês e direção partidários);

2) Presidência da República – clique aqui (informações sobre os atos do presidente, agenda, notícias, espaço para enviar mensagens);

3) Senado Federalaqui (informações sobre a atuação dos senadores e sobre os projetos de lei);

4) Câmara dos Deputados – clique aqui (informações sobre os deputados federais, atividades legislativas e projetos de lei. Há, inclusive, a opção “Acompanhe o seu deputado” em que o cidadão pode se cadastrar e receber boletins por e-mail);

5) ONG Transparência Brasil – clique aqui (informações sobre os parlamentares brasileiros);

6) Projeto “Às Claras” – clique aqui (informações sobre o financiamento eleitoral destinado aos prefeitos e vereadores, bem como a quantidade de votos que receberam);

7) Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – clique aqui (informa os sindicatos de trabalhadores e a sociedade sobre os projetos em curso no Congresso Nacional e oferece elementos sobre a atuação parlamentar, contribuindo para que haja transparência e para que o cidadão tenha, afinal, meios de conferir se há coerência entre discurso eleitoral e prática legislativa de cada representante do povo);

8) Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – clique aqui (O MCCE é integrado por 51 entidades nacionais que atuam em três eixos principais: a fiscalização, que visa assegurar o cumprimento da Lei nº 9.840/1999 e da LC no 135/2010 (Ficha Limpa); a educação, que visa contribuir com a consolidação de uma consciência dos eleitores de que “voto não tem preço, tem consequências”; e o monitoramento das ações do parlamento brasileiro em relação à Lei no 9.840 e à LC no 135/2010, como o controle social do orçamento público e da máquina administrativa.

Fontes: Movimento Voto Consciente – Notícias – 4 de outubro de 2012 – Internet: clique aqui; Politize! – Eleições 2016 / Isabela Souza – Internet: clique aqui; e Tribunal Superior Eleitoral – Escola Judiciária Eleitoral – Revistas da EJE > Artigos > Revista eletrônica EJE n. 2, ano 4 > Como escolher o seu candidato? – Roselha Gondim dos Santos Pardo – Internet: clique aqui.