«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 31 de maio de 2015

OS RISCOS DE UMA VIDA SEXUAL LIBERTINA!

Aplicativos e sexo de risco

Jairo Bouer
Psiquiatra

Vários parceiros, uso de álcool e drogas e encontros anônimos
são combinação perigosa
O amplo uso dos aplicativos de encontro para celulares, como Tinder e Grindr, pode estar contribuindo para o aumento do número de casos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) nos Estados Unidos. Pelo menos essa é uma das justificativas dadas pelas autoridades de saúde para explicar a explosão de casos de sífilis, gonorreia e HIV na população de adultos jovens americanos.

Múltiplos parceiros, baixa adesão ao preservativo, sexo sob a influência de álcool e drogas e encontros anônimos, arranjados rapidamente pelas redes sociais e pelos aplicativos, formariam uma combinação perigosa para as práticas sexuais de risco.

Dados de Rhode Island (EUA), divulgados na última semana pelo jornal britânico Daily Mail, mostram que de 2013 para 2014 os casos de sífilis tiveram um salto da ordem de 79%, os de gonorreia aumentaram 30% e os de HIV cresceram 33%. Os especialistas afirmam que essa é uma tendência vista na maior parte do país.

O aumento tem sido mais agudo na população de homens que fazem sexo com outros homens do que na população geral. Os mais jovens também estão sob maior risco.

No Brasil podemos estar assistindo a um fenômeno semelhante. Pesquisas mais recentes mostram que, por aqui, há um aumento no número de parcerias sexuais ao longo da vida, uma resistência crescente ao uso regular de camisinha, a associação entre álcool, drogas e sexo sem proteção é comum e os casos de DSTs (inclusive HIV) não dão trégua.

Nos últimos anos há, por exemplo, um aumento preocupante do número de infecções por sífilis [ver reportagem abaixo]. A população mais jovem, sobretudo dos homens que fazem sexo com outros homens, é um grupo de atenção do Ministério da Saúde, porque a taxa de infecção por DSTs cresce em um ritmo mais acelerado. E a tecnologia também tem um peso importante nos encontros sexuais casuais dos brasileiros. O País (até recentemente) só perdia para os EUA no número de acessos no Tinder.

É interessante pensar por que um encontro que começa em um aplicativo faz com que as pessoas se cuidem menos. A pressa por sexo imediato, o anonimato, a falsa sensação de segurança que a tecnologia proporciona, a dificuldade de separar o real do virtual e o “namoro” intencional com o risco são algumas das possíveis explicações.

Uma das possibilidades para tentar reverter esse peso da tecnologia nas práticas de risco seria usar cada vez mais as plataformas de encontro para levar informações sobre sexo seguro.

HIV: quando tratar?

Outro estudo divulgado pelo Daily Mail na última semana concluiu que o tratamento para o vírus HIV, causador da aids, deve começar assim que o diagnóstico for feito, independentemente do estágio da infecção. A orientação em muitos países ainda é esperar por uma queda das células de defesa (CD4+) como indicador para o uso de medicação. No Brasil, já está autorizado o início do tratamento a qualquer momento.

O estudo Start (Strategic Timing of AntiRetroviral Treatment) foi feito em 215 centros de 35 países, desde 2011, e avaliou 4.685 homens e mulheres com mais de 18 anos. Foi o maior estudo controlado já feito no mundo sobre o tema, com metade das pessoas infectadas recebendo tratamento desde o início do diagnóstico e a outra metade esperando o momento de queda do CD4+ para níveis inferiores a 350 para tomar os remédios. A investigação, que deveria terminar no fim de 2016, foi interrompida 18 meses antes, dados os benefícios evidentes do início precoce dos antivirais.

Os pesquisadores avaliam que tratar logo cedo diminui as chances de evolução e gravidade da doença. Além disso, trabalhos anteriores demonstram que pessoas que estão em tratamento têm risco menor de transmitir o HIV para seus parceiros.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole – Domingo, 31 de maio de 2015 – Pg. A18 – Internet: clique aqui.

Notificações de casos de grávidas com sífilis aumentam 1.047%

Fabiana Cambricoli

Registros em 2005 eram de 1.863 e passaram para 21.382 em 2013; número de bebês detectados com a doença subiu 135%
Em oito anos, explodiu o número de notificações de sífilis em bebês e em gestantes no País, conforme dados do Ministério da Saúde. Segundo especialistas, a alta está associada à melhoria nos sistemas de diagnóstico, mas, principalmente, ao aumento do sexo desprotegido.

O número de grávidas com a doença passou de 1.863 em 2005 para 21.382 em 2013, alta de 1.047%. Já o número de notificações de sífilis congênita, quando a mãe passa a doença para o bebê, subiu de 5.832 para 13.705 no mesmo período, crescimento de 135%.

Segundo o Ministério da Saúde, a alta se deve ao maior acesso das gestantes ao pré-natal, o que aumenta o número de casos diagnosticados. “Estamos em um processo de aprimoramento do sistema de detecção, então não posso concluir automaticamente que o aumento de notificações significa aumento da incidência da doença. Nosso compromisso principal é fortalecer a atenção básica para detectar a doença precocemente e oferecer o tratamento à gestante”, diz Lumena Furtado, secretária de Atenção à Saúde do ministério. Ela cita um estudo feito pela pasta que mostra queda de quase 50% na prevalência da doença em gestantes entre 2004 e 2011.


Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Jr.
Médico infectologista - Instituto Emílio Ribas
Para infectologistas, no entanto, embora a melhoria no sistema de detecção tenha contribuído para o aumento de notificações, o número de pessoas infectadas de fato vem crescendo. “Eu cuido de crianças com sífilis e esse aumento é verdadeiro. Ele está relacionado com a maior prática do sexo casual sem o uso da camisinha, o que deixa a pessoa mais exposta à sífilis e a outras doenças sexualmente transmissíveis”, diz Regina Célia de Menezes Succi, infectologista pediátrica e professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.

Adultos

Para Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior, infectologista e supervisor da equipe médica do ambulatório do Instituto Emílio Ribas, o crescimento de notificações entre gestantes e bebês indica uma alta de casos também na população em geral. “Embora não tenha estatísticas da doença em adultos, a gente sabe que está crescendo por meio da prática clínica, com o aumento de casos tanto no ambulatório do Emílio Ribas quanto nos relatos de colegas de diversas especialidades que têm feito esse diagnóstico”, diz. A notificação de sífilis em adultos só passou a ser obrigatória em outubro do ano passado.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Saúde – 29 de maio de 2015 – 03h00 – Internet: clique .

Sífilis

Sífilis pode ser uma das doenças mais perigosas transmitidas aos bebês
O que é

É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. Podem se manifestar em três estágios. Os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.

Todas as pessoas sexualmente ativas devem realizar o teste para diagnosticar a sífilis, principalmente as gestantes, pois a sífilis congênita pode causar aborto, má formação do feto e/ou morte ao nascer. O teste deve ser feito na 1ª consulta do pré-natal, no 3º trimestre da gestação e no momento do parto (independentemente de exames anteriores). O cuidado também deve ser especial durante o parto para evitar sequelas no bebê, como cegueira, surdez e deficiência mental.

Formas de contágio

A sífilis pode ser transmitida de uma pessoa para outra durante o sexo sem camisinha com alguém infectado, por transfusão de sangue contaminado ou da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou o parto. O uso da camisinha em todas as relações sexuais e o correto acompanhamento durante a gravidez são meios simples, confiáveis e baratos de prevenir-se contra a sífilis congênita.

Sinais e sintomas

Os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas (ínguas), que surgem entre a 7 e 20 dias após o sexo desprotegido com alguém infectado. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Mesmo sem tratamento, essas feridas podem desaparecer sem deixar cicatriz. Mas a pessoa continua doente e a doença se desenvolve. Ao alcançar um certo estágio, podem surgir manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e queda dos cabelos.

Após algum tempo, que varia de pessoa para pessoa, as manchas também desaparecem, dando a ideia de melhora. A doença pode ficar sem apresentar sintomas por meses ou anos, até o momento em que surgem complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos, podendo, inclusive, levar à morte.

Fonte: Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – Internet: clique aqui.

E BOM SABER... ISLAMISMO CRESCE NO BRASIL!

Cresce número de brasileiros que se convertem ao islã

Tulio Kruse

Já são 11,4 mil muçulmanos só na região metropolitana, segundo Censo 2010; gaúcho se torna primeiro sheikh brasileiro do País em mesquita administrada por libaneses
Sheik Rodrigo de Oliveira Rodrigues (gaúcho, 39 anos) lidera a Mesquita do Pari (São Paulo)
Todos os sábados, um grupo de aproximadamente 60 fiéis ocupa o terceiro andar da mesquita do Pari, no centro de São Paulo, para uma aula de duas horas sobre o Alcorão. São comerciantes, médicos, artistas, dentistas, estudantes, ricos e pobres, de 18 a mais de 60 anos de idade. À esquerda da sala ficam os homens, enquanto as mulheres sentam-se à direita, e todos escutam o que tem a dizer um gaúcho de 39 anos, Rodrigo de Oliveira Rodrigues. À frente da Liga da Juventude Islâmica Beneficente do Brasil, instituição sunita, ele é o primeiro líder em São Paulo a fazer cerimônias em português.

A maior parte das mulheres já está à procura de alguma religião quando chega ao islã, mas os homens vêm mais por curiosidade, gostam e ficam”, diz Rodrigues sobre o perfil dos muçulmanos brasileiros não árabes.

Filho de pais católicos, o sheik converteu-se por volta dos 14 anos em uma mesquita de Porto Alegre. Depois de um curso na Arábia Saudita, ele se tornou referência religiosa no Sul e há menos de dois anos foi chamado para ser o primeiro sheik brasileiro em uma mesquita administrada por libaneses. Rodrigues diz que, em média, dez pessoas por mês são convertidas ao Islã apenas no Pari.

Hoje são cada vez mais brasileiros não árabes. A religião está se estruturando nas periferias, crescendo nos centros e misturando-se com outras culturas. Só na região metropolitana, há um total de 11.400 muçulmanos, segundo o Censo 2010 – em todo o País são mais de 35 mil fiéis. São Bernardo do Campo e Guarulhos tem grandes comunidades, e Embu das Artes e Francisco Morato são conhecidas por ter as maiores formadas por brasileiros convertidos, em vez de descendentes de imigrantes.

Eu queria entender o que se passava na cabeça dos muçulmanos, então fui procurar conhecê-los e tive um choque muito grande”, diz o estudante de Ciências Contábeis Antonio Pires, 28, de Itaquaquecetuba. Pires diz que esperava encontrar radicais quando começou a pesquisar sobre a religião há três anos, movido inicialmente pela curiosidade por política do Oriente Médio. Encontrou, porém, uma religião com bases semelhantes às do cristianismo e do judaísmo. “Eu passei a estudar o Alcorão, comecei a procurar na internet, sites, vídeos, e eu não tinha conhecimento nenhum (sobre a religião) aqui no Brasil.” Em aproximadamente um ano, estava convertido, com o nome árabe Ali, e frequentando o curso do sheik Rodrigo.

A trajetória do universitário é um exemplo típico da história mais contada em comunidades do centro e da periferia para explicar o crescimento do islã entre brasileiros. Intrigados pelo estigma da religião associado ao terrorismo desde o ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, os curiosos encontram um universo diferente nas mesquitas.

Vários recém-chegados à religião enfrentam resistência em casa. “Eles (parentes) não entendiam e pensavam que fosse me tornar um extremista, porque a religião aqui não é difundida e as pessoas não têm acesso à informação”, conta Pires, de família de formação cristã e espírita.
Mesquita de São Bernardo do Campo - SP: uma das mais frequentadas
Não foi diferente com Daud Jihad Al Hassan, de 21 anos, que tem mãe evangélica e prefere não revelar seu nome brasileiro por já ter sido skinhead. “Minha mãe achou que iam me levar para Israel para ser homem-bomba”, diz.

Nascido em Poá, na zona leste de São Paulo, ele teve seu primeiro contato com a religião quando conheceu uma família de estrangeiros, no prédio em que trabalhava como porteiro. Os costumes da família e a forma como as mulheres se vestiam intrigavam Daud, e ele foi até a mesquita de Mogi das Cruzes para tirar dúvidas sobre o papel de Jesus no islamismo, a função do véu na vestimenta das mulheres, e o conceito de guerra santa. “E outras dúvidas foram as orações, porque eu já estava querendo me reverter”, ele conta. Hoje, ele vive com sua noiva, de Paraisópolis, que também abraçou o islamismo, em uma mussala (espaço para as cinco orações diárias) em Embu das Artes.

Ali, na Favela Cultura Física, a comunidade muçulmana cresce pelas mãos de Cesar Matheus, o idealizador do espaço que adotou o nome de Kaab Al Qadir. “A minha esposa não é muçulmana, e meus filhos não são todos muçulmanos. Só um é muçulmano, e eu amo todos da mesma forma. Meus pais são evangélicos, eu amo eles da mesma forma”, ele diz.

As novas conversões estão gradualmente mudando também o público das mesquitas mais tradicionais de São Paulo. O ex-rapper e ativista Honerê Al Amin, fundador do grupo de cultura hip hop Posse Haussa, hoje é uma das figuras mais conhecidas na mesquita de São Bernardo do Campo, historicamente frequentada por descentes de sírios e libaneses. “Hoje eu encontro um grupo razoável de brasileiros frequentando as mesquitas, coisa que dez anos atrás você não imaginava que poderia acontecer” diz Honerê.

O que eu posso dizer é que o islã está crescendo em todos os lugares, temos irmãos ex-presidiários que hoje são muçulmanos”, ele diz. “Temos a perspectiva de que, independente do que a pessoa fez no passado, se ela escolheu o Islã como meio de vida, será bem vinda.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Metrópole – Domingo, 31 de maio de 2015 – Pg. A18 – Internet: clique aqui.

sábado, 30 de maio de 2015

Solenidade da Santíssima Trindade – Ano B – Homilia


Evangelho: Mateus 28,16-20

Conclusão do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo:
16 Os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado.
17 Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram.
18 Então Jesus aproximou-se e falou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e sobre a terra.
19 Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
20 e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
O ESSENCIAL DO CREDO

Ao longo dos séculos, os teólogos cristãos elaboraram profundos estudos sobre a Trindade. No entanto, muitos cristãos de nossos dias não conseguem captar o que têm que a ver com sua vida essas admiráveis doutrinas.

Ao que parece, hoje necessitamos ouvir falar de Deus com palavras humildes e simples, que toquem nosso pobre coração confuso e desanimado, e reconfortem nossa fé vacilante. Necessitamos, talvez, recuperar o essencial de nosso Credo para aprender a vivê-lo com alegria nova.

«Creio em Deus Pai, criador do céu e da terra». Não estamos sozinhos diante de nossos problemas e conflitos. Não vivemos esquecidos, Deus é nosso «Pai» querido. Assim o chamava Jesus e assim nós o chamamos. Ele é a origem e a meta de nossa vida. Criou a todos por amor, e nos espera a todos com coração de Pai ao final de nossa peregrinação por este mundo.

Seu nome é hoje esquecido e negado por muitos. Nossos filhos estão se distanciando dele, e os crentes não sabem difundir sua fé nele, porém Deus segue olhando a todos nós com amor. Ainda que vivamos cheios de dúvidas, não devemos perder a fé em um Deus Criador e Pai, pois teríamos perdido nossa última esperança.

«Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor». É Ele o grande presente que Deus fez ao mundo. Ele nos contou como é o Pai. Para nós, Jesus jamais será mais um homem. Olhando para Ele, vemos o Pai: em seus gestos captamos sua ternura e compreensão. Nele podemos sentir Deus humano, próximo, amigo.

Este Jesus, o Filho amado de Deus, animou-nos a construir uma vida mais fraterna e alegre para todos. Isso é o que mais quer o Pai. Indicou-nos, ademais, o caminho a seguir: «Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso». Se esquecermos de Jesus, quem ocupará o seu vazio? Quem nos poderá oferecer sua luz e sua esperança?

«Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida». Este mistério de Deus não é algo distante. Está presente no íntimo de cada um de nós. Podemos captá-lo como Espírito que anima nossas vidas, como Amor que nos conduz aos que sofrem. Este Espírito é o melhor que existe dentro de nós.
 

TERNURA

O mistério de Deus supera infinitamente o que a mente humana pode captar. Porém, Deus criou o nosso coração com um desejo infinito de buscá-lo, de tal modo que não encontrará descanso a não ser nele. Nosso coração, com seu desejo insaciável de amar e ser amado, nos abre uma brecha para intuir o mistério inefável de Deus.

Nas páginas do delicioso relato de «O Pequeno Príncipe», escrito por Antoine Saint-Exupéry, se faz esta admirável afirmação: «Somente com o coração se pode ver bem; o essencial é invisível aos olhos».

É uma forma bela de expor a intuição dos teólogos medievais que já diziam em seus escritos: «ubi amor, ibi est oculus» («onde reina o amor, ali há olhos que sabem ver»). Santo Agostinho disse, também, de um modo mais direto: «Se vês o amor, vês a Trindade».

Quando o cristianismo fala da Trindade quer dizer que Deus, em seu mistério mais íntimo, é amor partilhado.

Deus não é uma ideia obscura e abstrata; não é uma energia oculta, uma força perigosa; não é um ser solitário e sem rosto, apagado e indiferente; não é uma substância fria e impenetrável. Deus é Ternura transbordante de amor.

Esse Deus trinitário é fonte e cume de toda ternura. A ternura inscrita no ser humano tem sua origem e sua meta na Ternura que constitui o mistério de Deus. Por isso, a ternura não é um sentimento a mais; é sinal da maturidade e vitalidade interior; brota num coração livre, capaz de oferecer e de receber amor, um coração «parecido» ao de Deus.

A ternura é, sem dúvida, a mais clara marca de Deus na criação; o melhor que desenvolveu a história humana; o que mede o grau de humanidade e compreensão de uma pessoa. Essa ternura se opõe a duas atitudes muito difundidas em nossa cultura:

·        a «dureza de coração» compreendida como barreira, como muro, como apatia e indiferença diante do outro;
·        o «voltar-se sobre si mesmo», o egocentrismo, a soberba, a ausência de solicitude e cuidado do outro.

O mundo se encontra diante de uma grave alternativa:

·        entre uma cultura da ternura e, portanto, do amor e da vida, ou
·        uma cultura do egoísmo e, portanto, da indiferença, da violência e da morte.
Aqueles que creem na Trindade sabem o que hão de promover.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Segunda-feira, 25 de maio de 2015 – 12h30 – Internet: clique aqui.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Mais de 4 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à internet

Opera Mundi
26-05-2015

É incrível, mas verdade!


TRADUÇÃO:
Onde mais as pessoas não têm internet
Porcentagem da população nacional que não está conectada à internet
[Repare: a posição do Brasil!]
Mais de 3 bilhões de pessoas no mundo usam atualmente a internet, no entanto, outras 4 bilhões que residem nos países mais pobres do planeta seguem sem estar conectados "on line", segundo os dados apresentados nesta terça-feira (26/05) pela União Internacional das Telecomunicações (UIT).

Estes 4 bilhões de pessoas representam dois terços da população que vive nos países em desenvolvimento e não têm perspectivas a curto prazo para poder ter acesso às novas tecnologias da informação (TIC).

De fato, das 940 milhões de pessoas que vivem nos Países Menos Desenvolvidos (LDC, por sua sigla em inglês) só 89 milhões usam internet, o que indica uma penetração de apenas 9,5%.

Há desafios para que todo mundo tenha acesso às tecnologias de informação, no entanto, as estatísticas mostram que nos últimos 15 anos foram feitos progressos muito consideráveis.

Desde o ano 2000 até 2015, a penetração de internet se multiplicou por sete, dado que passou de 6,5% da população mundial a 43%. Além disso, a proporção de lares que têm acesso à internet passou de 18% em 2005 a 46% em 2015.

Atualmente há mais de 7 bilhões de linhas de celulares no mundo, quando no ano 2000 eram apenas 738 milhões.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 28 de maio de 2015 – Internet: clique aqui.

O Papa Francisco conseguirá ter sucesso na reforma da Cúria?

Robert Mickens*
National Catholic Reporter
26-05-2015

Muitos católicos, ansiosos para ver o Papa Francisco reformar a Cúria Romana, estão ficando visivelmente impacientes com o tempo que esse projeto está tomando. Recentemente, alguns até mesmo começaram a se perguntar se o papa, com seus 78 anos de idade, tem o tempo, a energia e o apoio necessário para reformar radicalmente a burocracia central da Igreja.

Pe. Ladislas Orsy - jesuíta húngaro
Professor de Direito Canônico na Georgetown University (Washington)
O padre Ladislas Orsy, um dos mais importantes e respeitados advogados canônicos do catolicismo destas últimas décadas, tem uma visão clara sobre o assunto.

Ele diz que não pode haver uma verdadeira reforma da Cúria Romana sem uma descentralização das estruturas de governo da Igreja e de seu aparato de tomada de decisão.

O jesuíta de origem húngara foi um perito, ou conselheiro teológico, de vários bispos participantes do Concílio Vaticano II (1962-1965) e, mesmo enquanto se prepara para comemorar seu 94 aniversário no final de julho, continua a dar aulas na Georgetown University, em Washington.

Durante uma recente visita à capital dos Estados Unidos, passei várias horas em conversação com este nonagenário incrivelmente jovem. Com seu intelecto fresco e vivaz, ele compartilhou alguns de seus pontos de vista e suas preocupações sobre como Francisco, seu confrade jesuíta, tem se esforçado para renovar a Igreja durante seus dois anos no cargo.

"Se não houver uma descentralização, não haverá uma reforma duradoura da Cúria Romana", disse Orsy categoricamente. Ele ressaltou que nos últimos 800 anos, cada tentativa de reformar verdadeiramente a burocracia centralizada da Igreja falhou porque o poder manteve-se muito altamente concentrado em Roma.

"Em uma Igreja global que continua a se expandir muito além da Europa, esse não é um modelo sustentável de governo", disse ele. Ele enfatizou que esse modelo também estava fora de sincronia com a eclesiologia do Concílio Vaticano II, que apontou para uma mudança da centralização romana e procurou recuperar e desenvolver a antiga doutrina da colegialidade episcopal baseada na sinodalidade e na subsidiariedade.

Em seus muitos escritos e palestras, que ele continua a realizar em um ritmo constante, Orsy sempre defendeu que uma das grandes tarefas não cumpridas depois do Concílio foi a criação ou a reforma de estruturas especificamente destinadas a implementar a sua visão.

Essa é a tarefa que está diante do Papa Francisco. E, felizmente, ele está plenamente consciente disso.

A Cúria Romana está, principalmente, a serviço do bispo de Roma, em suas funções específicas como pastor e primaz da Igreja universal. Ela não tem nenhuma autoridade que não seja dada pelo papa.

Mas, conforme sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, de 2013, Francisco pensa "que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo". Ele diz que "não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios". Se o papa não toma o lugar dos bispos, os escritórios da Cúria Romana - que estão diretamente dependentes da sua autoridade e somente dela - certamente não podem tomar também. E, no entanto, em muitos aspectos, isso é exatamente o que a Cúria faz há muito tempo.

Na Evangelii Gaudium, que ele chamou de uma espécie de modelo de seu pontificado, Francisco diz claramente: "Sinto a necessidade de proceder a uma salutar 'descentralização'". Neste sentido, ele indica que o papel doutrinário das conferências episcopais locais e regionais deve ser desenvolvido, como também a colegialidade e a sinodalidade.

A melhor oportunidade para a realização de uma descentralização salutar, ao que parece, é:

·        dando mais autoridade às conferências e
·        ao Sínodo dos Bispos.
·        Uma terceira instituição que também poderia ser reformada com o objetivo de descentralizar a tomada de decisão é através do ofício dos arcebispos metropolitanos. Desde o Concílio de Trento (1545-1563), a autoridade jurídica, uma vez constituinte dos metropolitas, praticamente desapareceu, deixando-os somente com aquela estranha faixa de lã caída sobre os ombros [pálio] e a precedência nas procissões litúrgicas como as únicas coisas que os diferenciam de outros bispos.

Reforçar o papel dessas três instituições, bem como utilizar o Conselho de Cardeais que o Papa Francisco estabeleceu, são as melhores maneiras de reformar a Cúria através da necessária descentralização que Orsy fortemente defende.

O papa já mostrou sua seriedade sobre reforçar o papel do Sínodo, do qual - assim como os patriarcas são para as Igrejas Orientais - é o chefe ou presidente. Esta semana, ele novamente presidiu a reunião de dois dias do conselho orientador do Sínodo. Desde que Paulo VI ressuscitou esse antigo organismo (ou, pelo menos, uma forma dele), em 1965, nenhum papa jamais esteve tão diretamente envolvido no seu governo.

É um indicativo de quão empobrecida e altamente centralizada nossa eclesiologia está, mesmo depois do Concílio Vaticano II, que ninguém nunca perguntou seriamente o porquê. Todos os papas, de Paulo VI em diante, relegaram a sua autoridade sobre o Sínodo aos presidentes delegados. Francisco continuou a prática quando o Sínodo realiza suas assembleias gerais, mas talvez devesse repensar isso e começar a exercer a sua presidência - sem esses delegados - durante esses encontros, também. Isso reforçaria o sentimento de colegialidade, inserindo o bispo de Roma mais plenamente nas sessões, tornando-o um participante ativo em vez de um tipo de figura sagrada que paira sobre eles. Tal mudança também levaria, necessariamente, a conferir o poder de decisão ao Sínodo e a promover a colegialidade de todos os bispos que estariam agindo cum et sub (com e sob) a autoridade do sucessor de Pedro.
Robert Mickens - jornalista norte-americano especializado em Igreja Católica
Autor deste artigo
Se o Papa Francisco está contemplando tal mudança para o Sínodo dos Bispos ainda não está claro. Mas é evidente que ele quer mudar o papel e os métodos desse órgão colegial. Logo após as reuniões desta semana com o Conselho do Sínodo, ele manteve conversas privadas com o secretário-geral do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, e seu vice, Dom Fabio Fabene, para discutir esse e outros assuntos. Algumas mudanças na metodologia estão previstas para ser anunciadas antes de outubro, quando o Sínodo realiza a sua segunda assembleia-geral sobre as questões relacionadas ao ensinamento e à prática pastoral da Igreja sobre o casamento, a família e a sexualidade humana.

O plano original era que este segundo encontro produziria orientações atualizadas (ou reforçadas) nesta área multifacetada. Mas parece que há muita carne no fogo e várias questões controversas, tornando quase impossível para os bispos conseguirem chegar a um consenso (como o papa está querendo) em apenas três semanas de reuniões.

Se, como esperado, não houver consenso, o Papa Francisco poderia dar mais um passo sem precedentes e prolongar a discussão do Sínodo, talvez convocando-o novamente através de uma assembleia geral dentro de alguns meses. Ou ele poderia instruir as conferências episcopais a continuar as deliberações a nível regional ou nacional. Isso lhe ofereceria a oportunidade perfeita de atualizar o Sínodo ao convocá-lo com mais frequência (talvez várias vezes por ano), tornando-o assim uma parte mais constitutiva da estrutura de governo da Igreja universal. Ele também daria a chance de restaurar um pouco da autoridade que os sínodos e conselhos regionais, uma vez possuíam, estendendo também às conferências episcopais.

Tudo isso não só descentralizaria a autoridade na Igreja, mas também iria reformar radicalmente a Cúria Romana através da construção e reforço das estruturas que implementam a visão eclesiológica do Concílio Vaticano II. Em tal cenário, o bispo de Roma exerceria sua primazia em união com os bispos locais de todo o mundo, e não através da poderosa burocracia que há muito tempo reside na Cidade do Vaticano.

Traduzido do inglês por Claudia Sbardelotto. Para acessar a versão original deste artigo, clique aqui.

* Robert Mickens é editor-chefe da revista Global Pulse. Desde 1986, vive em Roma, onde estudou teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, antes de trabalhar na Rádio Vaticano por 11 anos e, em seguida, como correspondente do jornal The Tablet de Londres.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 28 de maio de 2015 – Internet: clique aqui.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

A ENCENAÇÃO DA "REFORMA" POLÍTICA

Editorial

Na melhor das hipóteses, a situação fica como está. Mas é possível que piore. Não será desta vez ainda, ao que tudo indica, que os nobres congressistas brasileiros promoverão a reforma política reclamada – inclusive por eles próprios, aparentemente da boca para fora – para corrigir as distorções de um sistema caduco e aperfeiçoar a representação dos cidadãos, principalmente nos foros legislativos.
Em primo plano, o presidente da Câmara, Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
coordena a votação da primeira parte da reforma política
A afirmação de lideranças parlamentares fortemente personalistas no vácuo deixado pelo enfraquecimento político do Executivo já produziu, de qualquer modo, uma reforma política importante e, em princípio, saudável para o equilíbrio institucional: uma grande independência e autonomia do Parlamento em relação ao poder central. Senadores e deputados podem sentir-se hoje mais poderosos, especialmente para o toma lá dá cá com o Executivo. Se estão felizes e satisfeitos, mudar por quê? E, se a tendência de eventuais modificações no sistema político aponta para a possibilidade de adoção de novidades como o malfadado distritão, é melhor mesmo que fique tudo como está.

Do atual mandachuva da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – o ídolo do baixo clero [1] que tem dividido suas atenções em retaliar Dilma Rousseff e tentar livrar-se da Operação Lava Jato –, não se pode esperar nada além daquilo que convém a seu oportunismo utilitarista. Foi o que o motivou, na segunda-feira, a atropelar o correligionário relator da Comissão Especial da Reforma Política, Marcelo Castro (PMDB-PI), e, com o apoio de líderes sob sua influência, desconsiderar o relatório sobre o assunto que vinha sendo elaborado havia vários meses e decidir que a matéria será discutida e votada diretamente no plenário da Câmara.

A intenção de Cunha é óbvia: manter o controle sobre a votação dos vários itens que compõem a proposta, especialmente aquele que considera prioritário, o distritão [2]. Marcelo Castro é contra o distritão, mas tinha cedido à pressão de Cunha para incluir a medida no relatório que já tinha preparado. Mas o mandachuva, depois de ter determinado mais de uma vez o adiamento da votação do relatório na Comissão Especial, finalmente cancelou-o, provocando forte reação do relator: “Foi uma atitude autoritária e desrespeitosa”.

Os líderes decidiram que, no plenário, a discussão da proposta de reforma política será feita item por item, o que facilita o controle da votação. Pela ordem:

·        sistema eleitoral,
·        financiamento de campanha,
·        fim da reeleição para cargos executivos,
·        duração dos mandatos,
·        calendário eleitoral (com a coincidência de todas as eleições),
·        cota para mulheres nas chapas eleitorais,
·        fim das coligações no pleito proporcional,
·        cláusula de barreira,
·        obrigatoriedade do voto e, finalmente,
·        dia da posse do presidente da República.
Vice-Presidente da República Michel Temer (PMDB-SP) é favorável ao sistema eleitoral do distritão
O distritão, proposta do vice-presidente Michel Temer, é prioritário para Eduardo Cunha e a liderança do PMDB. Trata-se de um retrocesso, na opinião generalizada de analistas políticos, por estabelecer eleição majoritária para os cargos legislativos e assim comprometer o princípio da representatividade partidária inerente à eleição de deputados e vereadores. O distritão abole o sistema proporcional vigente, pelo qual cada partido elege tantos representantes quantos indicar a divisão do total de votos dados à legenda pelo cociente eleitoral (o número de votos necessário para eleger um parlamentar). Pelo distritão elegem-se, pela ordem, os mais votados que preencham o número de cadeiras disponíveis.

Apesar do empenho de Eduardo Cunha, a votação tanto do distritão quanto dos demais itens é uma incógnita, como ele próprio sugere, sintomaticamente: “Não aprovar nada significa que a maioria dos parlamentares decidiu ficar como está”. Cada item precisa ser aprovado por três quintos dos deputados, 308 votos. Até pelo elevado quórum exigido, nenhum dos pontos da proposta, todos bastante controvertidos, tem aprovação garantida.

Essa é a consequência de a reforma política, em última análise, jamais ter sido levada efetivamente a sério no País, a começar pelos partidos. A alardeada necessidade de aprimoramento do sistema é mais produto de uma insatisfação difusa dos brasileiros, publicamente manifestada, com o desempenho de seus representantes, do que de convicções construídas a partir do princípio de que política é coisa séria.

N O T A S:

[ 1 ] “Baixo clero” é uma expressão tomada de empréstimo pelo jornalismo político da época medieval, na qual os padres, curas de aldeia, monges e frades eram denominados assim para diferenciá-los daquela parte da hierarquia da Igreja Católica que detinha o poder, isto é, bispos, arcebispos, cardeais e o Papa. Hoje, no linguajar político, por “baixo clero” se compreende aqueles deputados e senadores que não fazem parte das cúpulas dos partidos nem das direções da Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Sendo, portanto, menos conhecidos e influentes.

[ 2 ] Distritão: nesse modelo, ganham apenas os candidatos que tiverem mais votos nas eleições. No caso do Estado de São Paulo, que tem 70 vagas na Câmara dos Deputados [Brasília, DF], os 70 mais bem votados seriam os eleitos. No sistema atual, chamado de proporcional, os votos de todos os candidatos de um partido (ou coligação) são somados e as cadeiras da Câmara são distribuídas de acordo com o total desses apoios recebidos. Entenda o que mudaria: clique aqui e assista ao vídeo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Quarta-feira, 27 de maio de 2015 – Pg. A3 – Internet: clique aqui.

BOA NOTÍCIA!!!

Em derrota de Eduardo Cunha, plenário da Câmara derruba distritão

Daiene Cardoso, Nivaldo Souza e Daniel Carvalho

Deputados votam contra proposta apoiada por presidente da Casa; emenda sobre doação privada de campanha também é derrubada

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sofreu na noite dessa segunda-feira sua primeira grande derrota no plenário da Casa, ao ver o distritão, sistema eleitoral que defendia, vencido em 1.º turno por 267 votos contrários, 210 favoráveis e cinco abstenções. Os deputados também rejeitaram a proposta de regulamentar as doações de empresas privadas a partidos e candidatos.

Posicionamentos a favor e contra evidenciaram alianças improváveis como a formada entre PT e PSDB, que se uniram contra o modelo que elege sempre os candidatos mais votados, sem levar em conta o partido. Além de Cunha, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) também era um entusiasta da proposta.

Horas depois da rejeição ao distritão, Cunha foi novamente derrotado ao não conseguir os 308 votos necessários para aprovar a inclusão do financiamento privado de campanha na Constituição. Foram 264 votos a favor, 207 votos contra e quatro abstenções. A emenda era uma proposta do PMDB, que buscava se contrapor a uma decisão do Supremo Tribunal Federal, onde já há maioria formada pelo veto às doações de pessoas jurídicas. O julgamento, porém, está parado por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.

Racha

Na votação do sistema eleitoral, o PMDB rachou. Quarenta e oito deputados apoiaram Cunha, mas 13 votaram contra o distritão. Entre os contrários estava Marcelo Castro (PI), relator da reforma destituído por desagradar ao presidente da Casa em seu parecer.
Deputado Federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) contrariou orientação do presidente de seu partido,
senador Aécio Neves (MG) e liderou bancada para vota a favor do distritão
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), havia orientado a bancada tucana a votar contra o distritão por mensagem de celular. "O distritão é uma violência contra a democracia", dizia o texto. O senador José Serra (PSDB-SP) também entrou em campo, mas o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), liberou a bancada, que deu 21 votos a favor da proposta, 26 votos contra e duas abstenções.

O PSD havia divulgado nota defendendo a manutenção do atual sistema proporcional de votação, mas o líder Rogério Rosso (DF) também liberou os deputados. Foram 13 votos a favor do distritão e 16 contrários.

Responsável pela campanha "antidistritão" no Congresso, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) reuniu-se com o presidente do PT, Rui Falcão, na segunda-feira e conseguiu que o partido fechasse questão contra o distritão. Nenhum deputado petista votou a favor do distritão.

Ameaçado por siglas ligadas a Cunha, o PC do B apoiou o sistema que acabou derrotado. O recado que chegou à líder do partido, Jandira Feghali (RJ), é que se sua bancada não votasse com o distritão, seria aprovada a cláusula de barreira e o fim das coligações partidárias. "É questão de sobrevivência dos pequenos partidos ideológicos." O PC do B deu seus 13 votos ao distritão [1].

Senador Valdir Raupp (PMDB-RO) liderou a campanha contra a adoção do sistema eleitoral do distritão
e saiu-se vitorioso
Tensão

As articulações dos dois lados começaram cedo e se estenderam pela noite. O clima de tensão era claro no plenário, cafezinho e corredores. Cunha sabia que dificilmente conseguiria os 308 votos para aprovar o distritão, mas lutou até o fim. Chegou à Câmara às 8h e fez campanha até durante a sessão. Logo cedo, reuniu-se com o relator que escolheu para amarrar um texto com suas propostas. Rodrigo Maia (DEM-RJ) seguiu à risca as orientações de Cunha e incluiu em seu texto a adoção do distritão como sistema eleitoral, o financiamento público e privado de campanhas, os mandatos de quatro anos e o fim da reeleição.

Para pressionar os parlamentares, Cunha repetiu em conversas e entrevistas que, caso não aprovassem o distritão, os parlamentares manteriam o atual sistema, contrariando os apelos de mudança das ruas. "Não aprovar (o distritão) significa votar no modelo que existe", disse.

"O grande responsável pela derrota é ele, porque quis impor não a vontade da sociedade, mas a dele", disse Julio Delgado (PSB-MG). Já na madrugada de hoje, Cunha negou que tenha sido derrotado. "Meu compromisso era votar. Vai cair a máscara daqueles que dizem que querem reforma e na hora não votam. A hipocrisia vai acabar", afirmou.

Hoje serão apreciadas outras opções de financiamento. Na prática, até o início da madrugada de hoje, tudo ficou como está em relação à escolha de candidatos e ao financiamento de campanha.

N O T A :

[ 1 ] – Essa atitude, em bloco, dos deputados federais do Partido Comunista do Brasil (PC do B) demonstra bem o quanto questões ideológicas (ser de “direita” ou “esquerda”) conta muito pouco, ou nada (!), no Brasil de hoje. Ser a favor do “distritão” somente para garantir a sua sobrevivência é o cúmulo da busca do poder pelo poder que tem caracterizado os chamados políticos de “esquerda” neste país!

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Política – 26 de maio de 2015 – 22h29 – Internet: clique aqui.