«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Uma missionária da educação [Vale a pena ler!]


Entrevista com: WENDY KOPP

André Petry
Nova York

Ela nunca deu aula nem estudou pedagogia, mas lidera uma revolução nas escolas que começou há mais de duas décadas nos EUA e está agora em outros 25 países
WENDY KOPP

Quando estava no último ano da Universidade Princeton, Wendy Kopp teve uma ideia que a todos pareceu maluca. Ela se propôs a recrutar alguns dos mais brilhantes universitários recém-formados e colocá-los para dar aula nas escolas mais miseráveis dos Estados Unidos. Apostou-se que ela conseguiria convencer algumas dezenas. Wendy queria 500. Conseguiu 2500. Assim começou o Teach for America, que hoje tem 10.400 professores lecionando para 750.000 crianças americanas.

Com o nome de Ensina!, o programa chegou a outros 25 países, entre os quais Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. No Brasil, ele emperrou. Na sala onde deu entrevista a VEJA, há uma mensagem na parede: "Acredite nas suas ideias malucas".

A senhora já disse que, se tivesse experiência em educação, não teria criado o Teach for America. Por quê? 
Wendy Kopp: Quando estava me formando em Princeton, no fim dos anos 80, sentia uma urgência em criar algo como o Teach for America. Acho que esse sentimento era nutrido pela minha ingenuidade e inexperiência. Eu não sabia o que era impossível, e toquei em frente. Se soubesse, talvez não tivesse feito o que fiz.

Os universitários que aderem ao programa também são movidos por certa ingenuidade? 
Wendy Kopp: Sempre digo que precisamos deles agora, já, quando ainda são capazes de fazer, entre aspas, perguntas malucas, quando ainda são capazes de perseguir aquilo que outros julgam impossível. É ilusão achar que eles podem pegar o diploma, fazer carreira e depois voltar para dar aula aos pobres. Não é assim que funciona.

De onde veio o modelo de recrutar os melhores formandos e despachá-Ios para as escolas pobres por dois anos? 
Wendy Kopp: Na minha época de faculdade, o pessoal de Wall Street [centro financeiro dos Estados Unidos] batia à porta dos universitários mais brilhantes para convencê-los a trabalhar por dois anos no mercado financeiro. Eram agressivos no recrutamento. Talvez por isso nossa geração era chamada de "geração eu", porque, aparentemente, só estávamos preocupados em enriquecer. Eu percebia que essa caracterização era equivocada. O clima nas universidades era outro, as pessoas estavam em busca de algo significativo, transformador. Então, pensei em recrutar os melhores, exatamente como Wall Street, e convidá-los a passar os primeiros dois anos fora da universidade dando aula nas comunidades mais pobres do país. Muitos imaginavam que ninguém se interessaria. Deu-se o contrário. Na verdade, o interesse também é imenso em outros países.

Inclusive no Brasil? 
Wendy Kopp: Sim. O Ensina! começou no Rio de Janeiro com a ideia de selecionar trinta jovens. Apareceram 2400 candidatos, número retumbante. Conversei com os selecionados. São jovens incríveis, bem formados e talentosas, à altura dos melhores universitários americanos que recrutamos.

Por que o Ensina! foi interrompido? 
Wendy Kopp: Logo no começo do trabalho, as circunstâncias mudaram. A prefeitura do Rio não conseguiu garantir que nossos professores dessem aula no horário regular da escola. Então, eles passaram a lecionar depois do horário normal, como se fosse um reforço escolar. Mas esse não é o nosso modelo. Nos Estados Unidos e nos outros 25 países onde atuamos, nossos professores estão na sala de aula regular, assumindo integral responsabilidade pelo sucesso de seus alunos. Por isso, depois de dois anos, o trabalho foi suspenso. Agora o Ensina! está em busca de novas parcerias com estados e prefeituras. Tenho certeza de que o Ensina! será um sucesso no Brasil. É só uma questão de acertar os ponteiros.

Os professores tradicionais ficam incomodados com a chegada de gente sem formação pedagógica para dar aula? 
Wendy Kopp: Cada país tem suas peculiaridades. Nos Estados Unidos, quando começamos, em 1989, o primeiro passo foi colocar professores do Teach for America em escolas onde havia falta de professores tradicionais. Agora, temos gente em todos os tipos de escola. Em geral, nossos professores são recrutados através de um processo altamente seletivo, passam cinco semanas em treinamento intensivo e são então colocados nas escolas, contratados pelos governos, São professores assim como os demais.

Entre os recrutados, há formandos em pedagogia? 
Wendy Kopp: Qualquer um pode se candidatar, mas não gastamos nossa energia procurando formandos em pedagogia. De todos os nossos professores, cerca de 3% se formaram em pedagogia.

Por que tão poucos? 
Wendy Kopp: É evidente que há estudantes fantásticos de pedagogia, mas, na média, eles não representam os universitários academicamente mais promissores. Nosso processo é muito seletivo. Procuramos jovens capazes de exercer liderança excepcional dentro da sala de aula, não importa a faculdade que tenham cursado. Nem sempre esses critérios nos levam ao pessoal da pedagogia. Além disso, o problema é que muitos dos estudantes de pedagogia não querem dar aula nas comunidades pobres, que são o nosso alvo.

A senhora acha que o Congresso americano deveria acabar, ou ser mais flexível, com a obrigatoriedade de certificação de professores? 
Wendy Kopp: É uma questão delicada. Por um lado, devemos nos preocupar em aumentar a qualidade dos professores. Por outro, não há correlação entre a exigência de certificação e a qualidade dos professores. Ou seja: gastamos bilhões de dólares em um sistema ineficiente, que exclui muita gente boa da sala de aula. Se estivéssemos criando nosso sistema agora, acho que não optaríamos pelo modelo atual. Deveríamos, em vez de pedir a certificação, apenas exigir que os professores fossem inteiramente responsáveis pelo sucesso dos alunos. Ponto.

Um bom professor nasce ou é criado? 
Wendy Kopp: É criado. Procuramos selecionar universitários com certas características. Escolhemos aqueles que acreditam no potencial de todas as crianças, que são incansáveis na busca dos objetivos, que perseveram diante dos desafios, que são capazes de influenciar e motivar os alunos. Mas, além dessas qualidades, eles precisam aprender a trabalhar com crianças e adquirir habilidades e conhecimentos para virar professores mais eficazes, mais decisivos. E tudo isso é ensinado.
Professora ANAM PALLA - Paquistão
O que define um bom professor? 
Wendy Kopp: No contexto em que trabalhamos, de escolas em comunidades desfavorecidas, o bom professor é o bom líder. Em nossa rede no Paquistão, há o caso exemplar da professora Anam Palla. Ela recebeu uma turma de sessenta meninas que estavam estudando na cidade para depois voltar para sua comunidade, casar e ter filhos. As garotas cursavam o 1º ano do ensino médio, mas tinham um atraso acadêmico de quatro a cinco anos. Estavam no caminho do fracasso. Anam Palla definiu que seu objetivo seria preparar todas elas para entrar nas melhores universidades, se quisessem. Ela foi incansável. Encontrou-se com os pais das meninas, estabeleceu um regime de trabalho duro. Algumas meninas voltaram para sua comunidade para casar e ter filhos, mas se tornaram defensoras da educação, convencendo outras famílias a mandar as filhas à escola. Outras acabaram nas melhores universidades. O que fez a diferença? Só tenho uma resposta: Anam Palla é uma grande líder.

Qual é a melhor estratégia pedagógica? 
Wendy Kopp: Vi tantas que deram certo e tantas que deram errado que hoje acredito no seguinte: é preciso oferecer meios para que professores e diretores assumam responsabilidade integral pelo sucesso acadêmico dos alunos. Eles precisam ter poder, flexibilidade para definir o currículo, decidir como o dinheiro será gasto. Numa situação precária, faz sentido impor um currículo, mas tudo depende de como ele é implementado.

O que acontece com os professores depois de dois anos dando aula? 
Wendy Kopp: A experiência de ensinar em comunidades de baixa renda não tem impacto apenas nas crianças, mas também nos professores. Depois dos dois anos regulares, entre 60% e 70% dos professores estabeleceram-se na área da educação como professores, diretores de escola, formuladores de políticas de educação. Na Índia, ninguém acreditava que os universitários se interessariam pelo programa. Tivemos 11.000 candidatos no primeiro ano, em 2008, e 70% seguiram na área da educação. Nos Estados Unidos, em pouco mais de vinte anos, 37000 deram aula e 80% têm hoje empregos relacionados à educação. Lembre-se: a quase totalidade desses jovens brilhantes não era da área de educação.

A taxa de retenção também é alta no meio rural? 
Wendy Kopp: É menor, mas significativa. Há pouco, visitei o Delta do Mississippi,  onde atuamos há duas décadas. Helena, uma comunidade muito pobre no Arkansas, além da tradicional escola de ensino médio que sempre teve, hoje conta com mais quatro escolas, todas dirigidas por ex-membros do Teach for America. Antes, 5% das crianças de Helena iam para a universidade. Hoje, todas estão no caminho do ensino superior. Perguntei à comunidade o que havia mudado nesses vinte anos. As pessoas disseram: a expectativa em relação às crianças. Um jovem contou que, em 1994, eram raros os estudantes que faziam o teste para a universidade e, quando tiravam 17, 18 ou 19, era uma festa. Agora, o sobrinho dele, que ainda está no 2° ano do ensino médio, fez o teste, tirou 24 e eles querem saber como fazer para que ele chegue a 28 e possa entrar em qualquer universidade. Seis crianças de Helena entraram na Universidade Vanderbilt neste ano.

Onde a presença do Teach for America fez mais diferença? 
Wendy Kopp: Por muitos anos, Nova Orleans foi considerada a cidade mais complicada do país. Nada parecia funcionar. Depois do furacão Katrina, veio à tona a dramática realidade das escolas. Crianças do 8° ano tinham o mesmo nível das do 2° ano. Um desastre. Em cinco anos, o porcentual de crianças que atingem o padrão exigido pelo estado mais do que dobrou. Cerca de 40% dos diretores de escola são ex-membros do Teach for America. O atual secretário de Educação de Louisiana também pertenceu ao nosso programa.

Já é possível avaliar o impacto do programa em outros países? 
Wendy Kopp: Estamos há dez anos na Inglaterra. O sucesso é enorme. Cerca de 60% dos recrutados ficam na área da educação. Estive há pouco em Londres e visitei a King Solomon Academy, que faz um trabalho extraordinário. Lá, as crianças do 5° ano estão no nível das do 7° ano das escolas na vizinhança. Sou otimista quanto ao futuro. Os problemas da educação são muito parecidos em todos os países, o que significa que as soluções podem ser compartilhadas.

Se fosse possível copiar o sistema educacional de algum país, qual deveria ser o escolhido? 
Wendy Kopp: Todo mundo está infeliz com seu sistema educacional. Na Coreia do Sul, quem diria, o nível de insatisfação é abissal. Falei com empreendedores sociais, estudantes, empresários, autoridades do governo. Todos dizem que o sistema está falido.

Mas, nas provas internacionais, os coreanos não estão entre os melhores? 
Wendy Kopp: Os pais pagam para os filhos irem a academias privadas, que ensinam o que a escola regular não ensina. Os alunos entram às 3 da tarde e saem às 11 da noite. O dado relevante na Coreia é o poder de uma cultura que valoriza a educação. Se as crianças não estão aprendendo na escola, em algum outro lugar elas terão de aprender.

A senhora teve um professor favorito? 
Wendy Kopp: Tive dois. Ambos me mostraram que meu potencial era maior do que eu imaginava. Por coincidência, os dois trabalhavam com a escrita. Sei escrever por causa deles. E escrever direito me serviu tanto na vida...

É verdade que a senhora coloca o despertador para 3 ou 4 da manhã? 
Wendy Kopp: É verdade. Meu ideal é deitar às 9 da noite, e gosto de ter algumas horas para mim antes que as crianças acordem. (Wendy tem filhos de 13, 11, 9 e 5 anos.)

A senhora conhece os professores dos seus filhos? 
Wendy Kopp: Lógico, conheço todos.

Fonte: Revista VEJA - Entrevista (Páginas amarelas) - Edição 2319 - Ano 46 - nº 18 - 1º de Maio de 2013 - Páginas 19-23 - Edição impressa.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

RENOVAÇÃO DAS PARÓQUIAS - Em busca da essência

ADRIANA DIAS LOPES
Aparecida - SP

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprova um documento pioneiro com propostas de mudanças drásticas em um dos pilares da religião católica, as paróquias
BASÍLICA DE APARECIDA (SP)
Celebração durante a 51ª Assembleia Geral da CNBB

O clero brasileiro acaba de tomar uma medida exemplar na Igreja Católica. Em reunião a portas fechadas ocorrida no último dia 16 durante a 51ª Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), 361 bispos aprovaram um documento com propostas contundentes de mudanças no exercício do catolicismo e no perfil de um dos pilares mais sólidos da religião - as paróquias.

Intitulado “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, o texto sugere alterações dos mais diferentes aspectos. Do tempo de duração das homilias ao horário das missas. De como receber bem aqueles que não se encaixam nos sacramentos à maneira como o padre deve evangelizar. Afirma dom Sérgio Castriani, arcebispo de Manaus e presidente da comissão que elaborou o tema: “As paróquias precisam de uma renovação urgente. Elas devem ser um lugar de acolhida, orientação e ajuda espiritual. Para muitos, no entanto, são vistas apenas como prestadoras de serviços religiosos ou um lugar para cumprir preceitos”.

Das práticas às subjetivas, as questões tratadas pela CNBB têm um fio condutor- a tentativa de a Igreja Católica voltar à sua essência. Um dos pontos mais emblemáticos refere-se à catequese. Diz o texto que a iniciação cristã deve ser autêntica, vivida de forma prática e não restrita a instruções. 

Outro exemplo é a formação de novas comunidades. Em vez de grandes paróquias, pede-se o incentivo à constituição de pequenos grupos, nos quais as pessoas criem vínculos e se sintam estimadas a exercitar a sua fé. 

"O documento foi todo inspirado nos moldes da evangelização praticada nos primórdios do cristianismo", declara monsenhor Antônio Luís Catelan, da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, da CNBB. Pelos relatos bíblicos, Jesus e seus apóstolos se aproximavam e conquistavam discípulos com uma pregação genuína e calorosa, no contato corpo a corpo, muitas vezes na casa dos fiéis. E não por meio de cerimônias burocráticas e gélidas ou de padres distantes da realidade das pessoas que frequentam suas igrejas, como ocorre em muitas paróquias hoje em dia.
PAPA FRANCISCO beija uma criança na Praça de São Pedro - Vaticano
Tal corrente de pensamento segue à risca os exemplos e o discurso que o papa Francisco tem mostrado em seu pontificado. Seja na abdicação do anel de ouro (Francisco substituiu o tradicional anel de ouro usado pelos pontífices por outro de material mais simples, a prata dourada), seja na forma de transitar pela multidão na Praça de São Pedro (Francisco se nega a usar o papamóvel com vidro blindado para se aproximar dos fiéis, abraçando-os e beijando-os), seja em seus discursos. "O sacerdote tem de ser um pastor com cheiro de suas ovelhas", foram as palavras do papa em uma de suas homilias mais contundentes, proferida durante missa realizada para 1600 párocos pouco antes da Páscoa.

A Igreja há muito exige medidas eficazes de evangelização. Há trinta anos, de acordo com os dados do Censo, 89% da população brasileira se declarava católica. Agora, esse índice é de 65%. O papel da paróquia é fundamental na conquista de novos fiéis e na manutenção dos já praticantes. "Ela é a principal porta de entrada da religião católica", diz a irmã Maria Eugênia Lloris, do Setor Universidades da CNBB, que participou da elaboração do novo texto. 

A atenção da Igreja para com o estilo das paróquias surgiu no Concílio Vaticano II (1962-1965). Desde então, o assunto apareceu pelo menos uma dezena de vezes como resultado de reuniões dos bispos nacionais e internacionais. O texto da CNBB, no entanto, é o primeiro no mundo a propor questões de forma tão concreta e detalhada. O relatório não se configura como diretriz. Mas, como tudo o que é validado pela CNBB, tem muita força moral. 

Em poucas semanas, o documentos deve ser distribuído às 12000 paróquias do Brasil, para que seja estudado pelos padres. Durante um ano, o conteúdo poderá receber sugestões. Em maio de 2014, ele será publicado como documento oficial da Igreja brasileira. Mesmo sem a  obrigatoriedade de seguir os ditos da publicação, o trabalho dos párocos brasileiros nunca mais será o mesmo.


AS NOVAS PROPOSTAS PARA AS PARÓQUIAS

HOMILIA


O que diz o documento:
"Especial importância adquire a homilia, centrada nas leituras da Bíblia, proclamada na celebração e comprometida com a realidade. Ela precisa ser breve e capaz de falar com a linguagem dos homens e das mulheres da cultura atual."

Comentário:
A Igreja quer se comunicar de forma mais direta e eficiente com o fiel.
Isso implica discursos com conteúdos que prendam a atenção da plateia, com linguagem clara e envolvente.


PEQUENAS COMUNIDADES

O que diz o documento:
"Procurar criar pequenas comunidades a partir de grupos que se reúnem para viver a sua fé (...). A setorização pode ser estabelecida pela vizinhança ou por afinidades sem delimitação territorial, como grupos de jovens, idosos, casais etc."

Comentário:
A criação de pequenos grupos facilita a aproximação dos fiéis e a formação de vínculos entre eles. 
As comunidades devem se reunir tanto em torno de leituras da Bíblia e para orações quanto para praticar a fé, fazer caridade e evangelizar.


CATEQUESE

O que diz o documento:
"Para que as comunidades sejam renovadas, a catequese há de ser uma prioridade. Um novo olhar permitirá uma nova prática. Isso implica adotar a metodologia catecumenal."

Comentário:
O catecumenato, do grego "escuta da mensagem", era comum nos primeiros séculos do cristianismo. Aprende-se a partir da experiência da fé e da observação da celebração dos sacramentos, em vez de simplesmente decorar os princípios cristãos.



NOVAS SITUAÇÕES FAMILIARES

O que diz o documento:

"De nossas paróquias participam pessoas unidas sem o vínculo sacramental, outras estão numa segunda união, e há aquelas que vivem sozinhas sustentando os filhos (...).
Crianças são adotadas por pessoas solteiras ou por pessoas do mesmo sexo que vivem em união estável. A Igreja, família de Cristo, precisa acolher com amor todos os seus filhos."

Comentário:
A Igreja não passará a aceitar outras formações familiares além da convencional. Mas todos os fiéis evem ser incentivados a conhecer a fé e o Evangelho. O acolhimento pode contemplar, inclusive, o batismo de filhos de casais homossexuais e de mães solteiras.


ADAPTAÇÃO DE HORÁRIOS

O que diz o documento:
"Usar a criatividade para atender melhor as pessoas que vivem em diferentes ritmos da vida diária. Adaptar-se aos horários do movimento urbano: missas ao meio-dia, atendimento do padre à noite, catequese em horários alternativos."

Comentário:
As Igrejas devem criar alternativas para favorecer a chegada e o envolvimento do fiel. Isso implica mudanças na vida prática, como as citadas acima.


Fonte: Revista VEJA - edição 2319 - ano 46 - nº 18 - 1º de maio de 2013 - Páginas 116-118 - Edição impressa.

O Brasil pintado de rosa

[Bom retrato daquilo que está, na realidade,
acontecendo com a economia brasileira - Leia!]


O Estado de S.Paulo
GUIDO MANTEGA - Ministro da Fazenda

Com produção em alta, inflação em queda, finanças públicas em ordem e contas externas bem sólidas, o Brasil vai bem, no mundo imaginário do Ministério da Fazenda, retratado na edição de março do boletim Economia Brasileira em Perspectiva. Nesse universo de fantasia, o único fator de perturbação é a crise internacional.

Sem ela, a situação do País seria ainda mais brilhante. Mas essa história feliz se desfaz quando se examinam com alguma atenção os números divulgados pelas próprias fontes oficiais. Exemplo: com um buraco de US$ 67 bilhões, o Brasil exibiu nos 12 meses terminados em março o pior resultado das contas externas desde 2002. O rombo acumulado nas transações correntes com o exterior chegou a 2,93% do PIB. As transações correntes englobam a balança comercial, a conta de serviços e as transferências unilaterais. No boletim da vida cor-de-rosa, os resultados são "estáveis" e facilmente financiáveis com investimentos estrangeiros diretos.

Os fatos desmentiram essa última afirmação nos 12 meses terminados em março, quando aqueles investimentos somaram US$ 63,6 bilhões. Foi necessário, portanto, completar com outros recursos, provavelmente mais especulativos, a cobertura do buraco.

A realidade conflita com a avaliação do Ministério da Fazenda em muitos outros pontos. O comércio vai mal, as importações têm crescido bem mais que as exportações e o País continua muito dependente das exportações de commodities para a China e outros mercados emergentes - uma tendência resultante dos erros cometidos pela diplomacia comercial petista a partir de 2003.

No mundo imaginário do Ministério da Fazenda, a economia brasileira retomou com firmeza o crescimento, depois de dois anos de fiasco. O fracasso de 2011 e 2012 é atribuído, naturalmente, às más condições internacionais. Como de costume, evita-se um tema delicado e incômodo: o desempenho muito melhor de outras economias em desenvolvimento. A nova fase de prosperidade brasileira, segundo o boletim, será sustentada por investimentos crescentes. Em 2012, o governo e o setor privado investiram o equivalente a 18,1% do PIB. A proporção havia chegado a 19,5% em 2010.

Para 2013 o Ministério projeta um número maior que o de 2012, sem bater, no entanto, em 20% do valor do produto interno. A projeção indica uma trajetória de alta contínua até 24% do PIB em 2018. Nesse momento, o País estará investindo, talvez, o necessário para um crescimento sustentável de uns 5% ao ano ou pouco mais. A aplicação de recursos em máquinas, equipamentos, construções privadas e infraestrutura continuará, portanto, muito abaixo do volume necessário por vários anos. Isso é uma confissão de impotência feita com palavras de otimismo e de confiança.

A embromação fica mais evidente quando se apresentam detalhes das grandes vitórias da política econômica. Segundo o relatório, já se aplicaram R$ 328,2 bilhões nos projetos do PAC 2, tendo sido concluídos 46,4% das ações previstas. Como de costume, a realização mais vistosa foi a destinação de dinheiro ao programa Minha Casa, Minha Vida - R$ 188,1 bilhões, ou 57,3% do total empregado.

Estimular a construção habitacional pode ser muito bom, mas investimentos planejados para aumentar a produtividade e a competitividade da economia nacional pertencem a categorias muito diferentes. 

  • Em energia, por exemplo, foram gastos apenas R$ 108,1 bilhões
  • Em transportes, míseros R$ 27,7 bilhões, apenas 8,4% dos R$ 328,2 bilhões aplicados no PAC 2. 
  • Nada mais natural, portanto, que as dificuldades para levar aos portos a soja destinada à exportação.

Quanto às contas públicas, aparecem no boletim como em ótimas condições. 

  • Não há uma palavra, é claro, sobre a contabilidade criativa para o fechamento das contas fiscais 
  • nem sobre o mal disfarçado endividamento do Tesouro para apoiar os bancos públicos
  • Muito menos uma palavra sobre o uso desse dinheiro para financiar empresas escolhidas para ser campeãs nacionais nem sobre a quebra de várias dessas favoritas da corte.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Notas e Informações - Domingo, 28 de abril de 2013 - Pg. A3 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-brasil-pintado-de-rosa-,1026389,0.htm

sábado, 27 de abril de 2013

5º Domingo da Páscoa - Ano C - Homilia

Evangelho: João 13,31-33a.34-35


31 Depois que Judas saiu do cenáculo, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 
32 Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo.
33a Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. 
34 Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. 
35 Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
AMIZADE DENTRO DA IGREJA

É a véspera de sua execução. Jesus está celebrando a última ceia com os seus. Acaba de lavar os pés de seus discípulos. Judas já tomou a sua trágica decisão e, depois de tomar o último pedaço de pão das mãos de Jesus, foi executar o seu trabalho. Jesus diz em voz alta aquilo que todos estão sentindo: "Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco".

Fala-lhes com ternura. Deseja que fiquem gravados em seus corações seus últimos gestos e palavras: "Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros". Este é o testamento de Jesus.

Jesus fala de um "mandamento novo". Onde está a novidade? O lema de amar ao próximo já está presente na tradição bíblica. Também diversos filósofos falam de filantropia e de amor a todo o ser humano. A novidade está na forma de amar própria de Jesus: "amai-vos como eu vos amei". Assim se irá difundindo, através de seus seguidores, o seu estilo de amar.

A primeira coisa que os discípulos experimentaram é que Jesus os amou como amigos:"Não vos chamo de servos... vos chamo de amigos". Na Igreja temos que nos querer, simplesmente, como amigos e amigas. E, entre amigos, se é cuidadoso com a igualdade, a proximidade e o apoio mútuo. Ninguém está acima de ninguém. Nenhum amigo é senhor de seus amigos.

Por isso, Jesus corta pela raiz as ambições de seus discípulos quando lhes vê discutindo para ser os primeiros. A busca de protagonismos interessados rompe a amizade e a comunhão. Jesus recorda-lhes o seu estilo: "não vim para ser servido, mas para servir". Entre amigos, ninguém se deve impor. Todos devem estar dispostos a servir e colaborar.

Esta amizade vivida pelos seguidores de Jesus não produz uma comunidade fechada. Pelo contrário, o clima cordial e amável que se vive entre eles lhes dispõe a acolher aqueles que necessitam acolhida e amizade. Jesus lhes ensinou a comer com pecadores e pessoas excluídas e desprestigiadas. Reprovou-lhes por afastar as crianças. Na comunidade de Jesus, os pequenos não atrapalham, mas os grandes.

Um dia, o mesmo Jesus que designou Pedro como "Rocha" para construir sua Igreja, chamou os Doze, colocou um menino no meio deles, abraçou-o e lhes disse: "Aquele que acolhe uma criança como esta em meu nome, é a mim que acolhe". Na Igreja desejada por Jesus, os mais pequenos, frágeis e vulneráveis devem estar no centro da atenção e dos cuidados de todos!

O CAMINHO UNIVERSAL PARA DEUS
Há alguns anos, o prestigiado teólogo francês Joseph Moingt *, numa de suas obras mais conhecidas, fazia esta afirmação central: "A grande revolução religiosa, levada a cabo por Jesus, consiste em haver aberto aos homens outra via de acesso a Deus, distinta daquela do sagrado, a via profana da relação com o próximo, a relação vivida como serviço ao próximo".

Esta mensagem substancial do cristianismo fica, explicitamente, confirmada na revolucionária parábola do juízo final. O relato evangélico é assombroso. São declarados "benditos do Pai" os que fizeram o bem aos necessitados: famintos, estrangeiros, despidos, encarcerados, enfermos; não agiram, assim, por razões religiosas, mas por compaixão e solidariedade com os que sofrem. Os outros são declarados "malditos", não por sua incredulidade ou falta de religião, mas por sua falta de coração diante do sofrimento do outro.

Em geral, não sabemos captar a mudança substancial que isto introduz na história da religião. Pode-se formular assim: a salvação não mais consiste em buscar, através da religião, um Deus salvador, mas em preocupar-nos com aqueles que padecem necessidade. O que salva é o amor àquele que sofre. A religião não é requerida como algo indispensável, e não poderia jamais suprir a falta deste amor.

Continuamos pensando que o caminho obrigatório que conduz a Deus e leva à salvação passa, necessariamente, pelo templo e a religião. Não é assim. O cristianismo afirma que o único caminho indispensável e decisivo para a salvação é aquele que leva a ajudar o necessitado. Esta é a grande revolução que Jesus introduz: Deus amor gratuito, e somente se encontra com ele quem, de fato, se abre à necessidade do irmão.

Nestes tempos de crise religiosa, em que muitos vivem uma fé vacilante e sem caminhos claros para Deus, está é a Boa Notícia que nos chega de Cristo. Pode-se duvidar de muitas coisas, porém menos desta: há um caminho que sempre conduz a Deus, e é o amor ao necessitado. As religiões não têm mais o monopólio da salvação. Somente o amor salva. Este é o caminho universal, a "via profana" acessível a todos. Por ela peregrinamos até o Deus verdadeiro, crentes e não crentes.

A partir daí devemos entender o mandamento de Jesus: "Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros".

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

* Os principais livros de Joseph Moingt publicados no Brasil são:
  • O homem que vinha de Deus. São Paulo: Edições Loyola, 2008. 616 p. R$ 86,00.
  • Deus que vem ao homem: do luto à revelação de Deus. Volume I. São Paulo: Edições Loyola, 2010. 456 p. R$ 90,10.
  • Deus que vem ao homem: da aparição ao nascimento de Deus - Aparição. Volume II. São Paulo: Edições Loyola, 2010. 376 p. R$ 70,10.
  • Deus que vem ao homem: da aparição ao nascimento de Deus - Nascimento. Volume II. São Paulo: Edições Loyola, 2013. 616 p. R$ 112,00.
Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 22 de abril de 2013 - 09h28 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

COMBATE AO CRIME PRECISA DE MUDANÇA [Assustador!]


Bruno Paes Manso e Marcelo Godoy

Piora dos índices mostra que a eficiência no combate ao crime esbarra em problemas antigos

A criminalidade recrudesce no Estado. E toda vez que isso acontece, as autoridades procuram explicações na crise econômica, no inverno ou nos ataques de uma organização criminosa: 

  • Os homicídios aumentaram 18%
  • os latrocínios [assalto seguido de morte da vítima] 81% na capital no primeiro trimestre deste ano. 
  • Crimes contra o patrimônio, como o roubo e o roubo de carros, também registraram crescimento.
  •  O mesmo aconteceu com os dados do Estado
  • A tendência, desta vez, é de alta na capital e não de queda como foi em janeiro e em fevereiro.

A atual piora dos índices nos permite concluir que o combate à criminalidade esbarra hoje mais em problemas estruturais da polícia do que em questões externas. [1º] E um dos maiores nós de nossa segurança está nas mãos da Polícia Civil

Menos de 2% dos crimes de autoria desconhecida da cidade de São Paulo são esclarecidos. Aqui o crime não tem punição. Esta é a única certeza que conta para os bandidos e para os grupos de extermínio, muitos dos quais formados por policiais militares. 

A impunidade só faz com que os índices permaneçam como estão ou piorem. As delegacias da cidade, que se dedicam à prática burocrática do boletins de ocorrências, sofrem com falta de pessoal, principalmente de delegados.

[2º] Há um outro obstáculo dramáticos à eficiência policial. Trata-se da corrupção. Um policial bandido tem um efeito perverso no mundo do crime. Ele prefere o ladrão em liberdade, pois só assim o criminoso terá dinheiro para lhe pagar a propina exigida. E aonde o bandido vai arrumar o dinheiro para o corrupto? Assaltando, furtando, vendendo drogas, combustível batizado, explorando a prostituição e o jogo de azar ou qualquer outra atividade ilícita.

O que é ruim fica dramático quando a corrupção atinge chefias. A história mostra que o delegado que pede dinheiro aos seus subordinados em troca de mantê-los no cargo faz com que o crime se transforme em uma piada. Em defesa de sua instituição, os policiais civis devem romper a lei do silêncio, a omertà que às vezes transforma em pária o policial que denuncia os colegas. Só assim acabará a desenvoltura com que, de tempos em tempos, os corruptos agem.

Serpico, aquele policial interpretado no cinema por Al Pacino, não seria popular em São Paulo assim como não o foi em Nova York. São essas algumas das razões estruturais que a cúpula da Segurança Pública precisa atacar. Sem isso,  continuaremos assistindo à dança dos números sem saber explicá-los ou sem saber como mudá-los. Seremos levados pela corrente. Em silêncio.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Metrópole - Sexta-feira, 26 de abril de 2013 - Pg. A20 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,analise-combate-ao-crime-precisa-de-mudanca,1025611,0.htm

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O fruto proibido


Johan Konings*

O fruto proibido representa, simbolicamente, o interdito, o tabu, o limite imposto ao ser humano

“A historinha do pecado original quer dizer simplesmente que Deus, para o bem do ser humano, impõe limite a seu desejo insaciável”. Retomemos, pois, a história da maçã (Gênesis cap. 2-3)!

A Bíblia conta que Deus colocou “o ser humano” (o texto original lê “o Adão”, com artigo definido) no melhor mundo possível, como jardineiro do paraíso, e, para tirá-lo da solidão, providenciou-lhe uma “ajuda adequada”, a mulher. Deus explicou ao ser humano e à sua companheira que tinham à sua disposição as frutas de todas as árvores, inclusive da árvore da vida, menos o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas aí veio a serpente, animal rasteiro e astuto, e inspirou a Eva o desejo daquele único fruto; e ela comeu, e Adão também. Com as consequências que conhecemos.

Adão e Eva podem comer de todas as frutas do paraíso, menos uma, que eles têm de deixar intacta, para que não pensem ser iguais a Deus. É verdade que foram criados “à imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1,26-27), para representá-lo (‘imagem’, estátua) e para agir como ele (‘semelhança’: exercer domínio). Mas, ainda que "semelhantes", eles não são iguais a Deus, não devem ocupar seu trono! Ora, exatamente porque lhes ensina o limite, a fruta daquela árvore lhes dá conhecimento do bem e do mal: ensina-os a distinguir o que é bom ou mau para eles. Infelizmente, eles vão querer exatamente esse único fruto... 

O fruto proibido representa, simbolicamente, o interdito, o tabu, o limite imposto ao ser humano. Parece o contrário, mas é verdade: tendo um limite, o ser humano é livre, pois pode optar, escolher. Pode optar por respeitar o limite ou não. Livre arbítrio. E se optar por não respeitar o limite, vai conhecer as consequências. 

Esse simbolismo nos ensina ainda outra coisa: se o ser humano romper sua lealdade a Deus e quiser tornar-se igual a ele – assim nos conta o narrador –, também a árvore da vida vai lhe ser interditada: ele vai conhecer a morte. A penalidade do interdito é a morte: a transgressão separa o ser humano daquilo que Deus lhe oferece, a vida

Podemos também dizer: o fruto simboliza o critério do bem e do mal. Pois bem, esse critério está reservado a Deus. Querer comer desse fruto é querer ser igual a Deus. Quando o ser humano se apropria do critério do bem e do mal, ele se faz de deus; então, é melhor interdizer-lhe também a árvore da vida, pois o ser humano é criatura, não é feito para ser Deus

À nossa interpretação opõe-se, antagonicamente, outra, bem ao gosto de certa modernidade que exalta a absoluta autonomia do ser humano. Segunda essa interpretação, Eva e Adão teriam feito um ato de heroísmo, um pouco como o herói grego Prometeu, que roubou o fogo dos deuses. Esta interpretação diz que o fruto deu a Eva e Adão o conhecimento do bem e do mal, o conhecimento radical. Só que, para isso, eles (e nós) pagaram o preço... Não acredito que esta seja a interpretação certa. É muito grega, pouco bíblica. No espírito da Bíblia, o que dá ao ser humano a sabedoria da vida é a opção de respeitar o conhecimento do bem e do mal, ou seja, de aceitar que ele não pode tudo.

Os antropólogos dizem, com razão, que o interdito é o início da civilização. A Bíblia chama isso de Torah, "Instrução" (de modo infeliz traduzido por "Lei"). A instrução (a educação!) tira o ser humano de sua animalidade, assim como as regras da linguagem o fazem sair da comunicação meramente instintiva (e como há no mundo atual humanóides que só produzem grunhidos!). O animal segue seu instinto, o ser humano opta e decide

O interdito é correlativo à liberdade. Liberdade não é fazer o que o instinto inspira, mas o que se quer na base de uma opção responsável. Na antiga Grécia, a liberdade era a característica do cidadão. Em Roma, os filhos de família eram chamados "liberi", termo que significa também "livres". Por isso, a criança "testa" os pais, para ver onde vão pôr o limite que lhe vai permitir agir como os humanos. É até interessante ver como a criança se opõe instintivamente ao limite que inconscientemente ela deseja! E à medida que ela aceita o limite e “conhece o bem e o mal” – as alternativas de sua opção –, ela progride em humanidade. 

Sem esse "mítico" limite (que na realidade toma as formas mais diversas), seremos animais selvagens, e os capítulos seguintes da Bíblia (Gênesis 4 a 11) contam alguns exemplos disso. Sem o limite, teremos, como observou uma leitora de meu texto anterior, “terroristas, neonazistas, estupradores” etc. Os jornais estão cheios disso.

Portanto, não foi para chatear que Deus inventou o fruto proibido! Mas quando a nossa liberdade não vence nossa cobiça, que sempre quer exatamente aquilo que não é para nós (a goiaba no jardim do vizinho, ou na parte do jardim que Deus se reservou), então ...

* Johan Konings nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Foi professor de exegese bíblica na Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre (1972-82) e na do Rio de Janeiro (1984). Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE - Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte, onde recebeu o título de Professor Emérito em 2011. Participou da fundação da Escola Superior Dom Helder Câmara. 

Fonte: domtotal.com - Colunas - 24/04/2013 - Internet: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=3550

quarta-feira, 24 de abril de 2013

ABUSO NO USO DE ÁLCOOL ACONTECE ANTES DE 24 ANOS

Em SP, abuso de álcool acontece antes dos 24 anos, diz estudo da USP
Pesquisa da Universidade ouviu 5037 pessoas da Grande São Paulo
Dados ainda apontam que 56% dos entrevistados bebem regularmente

Do G1 em São Paulo

O jovem paulista está começando a beber cada vez mais cedo. É o que mostrou uma pesquisa feita pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo (USP). O estudo, divulgado nesta terça-feira (23 de abril), apontou que mais da metade das mais de cinco mil pessoas entrevistadas apresentou um diagnóstico de abuso de álcool antes dos 24 anos.

Em plena cracolândia, no centro da cidade, metade das pessoas atendidas em um Centro de  Referência têm problemas com álcool. Daniel Cosme, auxiliar de manipulação, começou a beber aos 18 anos. Hoje, aos 28, assume que já acumulou inúmeras perdas. “Eu até ia trabalhar, mas o primeiro pagamento que eu pegava, eu já não conseguia mais ir trabalhar no outro dia. Começava a beber demais."

A pesquisa da USP 5037 pessoas na Grande São Paulo
O resultado mostrou que: 
  • 56% dos entrevistados bebem regularmente
  • Quase 10% abusam da bebida, e 
  • 3,6% são dependentes de álcool
A pesquisa foi apresentada na manhã desta terça-feira (23), durante encontro promovido pela Faculdade de Medicina da Universidade.
“Há uma certa tolerância com a questão do álcool na sociedade e nós precisamos chamar a atenção para esta questão. Quer dizer, educar o consumo de álcool, evitar o seu uso nocivo e evitar a precocidade”, defendeu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

O estudo também mostra uma relação entre a bebida e a escola. O simples fato de ser estudante aparece como  estímulo ao abuso de álcool. Em parte por causa das festas em que se bebe muito. Para estudantes com baixo índice de escolaridade, a situação é ainda piorA pesquisa indica que eles são mais propensos a se tornarem dependentes.

Fonte: G1.Globo - São Paulo - 23/04/2013 19h30 - Atualizado em 23/04/2013 às 20h33 - Internet: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/04/em-sp-abuso-de-alcool-acontece-antes-dos-24-anos-diz-estudo-da-usp.html

terça-feira, 23 de abril de 2013

A nova geopolítica do petróleo [Importante saber!]


Rubens Barbosa*
RUBENS BARBOSA - Ex-embaixador brasileiro e atual membro da FIESP

Relatórios recentes da Agência Internacional de Energia sobre a situação do petróleo no mundo, da Exxon sobre as perspectivas para o setor, além de estudo da Harvard Kennedy School sobre as perspectivas de crescimento da capacidade de produção e o que isso significa para o mundo, ensejam algumas reflexões acerca das profundas modificações que devem ocorrer na geopolítica internacional nos próximos anos. Dois fatos novos deverão trazer significativas implicações políticas, econômicas e estratégicas no cenário internacional: 
  • as fontes de produção do petróleo sofrerão profundas mudanças
  • a demanda global, em especial da China, da Índia e do Oriente Médio, deverá crescer de 35% a 46% entre 2010 e 2035.
Em 2015 os EUA deverão superar a Rússia e se transformar no maior produtor mundial de gás natural. Até 2017 os mesmos EUA devem superar a Arábia Saudita e se tornar assim um dos maiores produtores de petróleo do mundo. De importadores passarão, até 2025, a ser exportadores de líquido de combustível, graças a um significativo aumento na produção de gás (20% de 2008 a 2012) e de petróleo (37% nesse período). Isso como resultado de: 
  • uma nova tecnologia na exploração de depósitos profundos em formações de xisto (fraturamento hidráulico e perfuração horizontal) e 
  • da rápida melhoria na eficiência do consumo de combustível.
O novo cenário deverá propiciar um movimento de reindustrialização nos EUA, que atrairá de volta empresas instaladas na China e no México. Esse fato reforçará a tendência de crescimento do país e da redução das emissões de gás carbônico. Com isso poderá ocorrer o enfraquecimento das resistências domésticas às decisões internacionais na área de meio ambiente. Na medida em que são construídas usinas a gás natural, mais eficientes, haverá declínio nos EUA do uso no carvão mineral, substituído por usinas térmicas, o que pode significar aumento de sua exportação para os mercados europeu e chinês.
FRATURAÇÃO HIDRÁULICA
A nova tecnologia para a exploração do xisto nos Estados Unidos

O crescimento na produção global é resultado do grande volume de investimentos feitos nos EUA desde 2003, com seu ponto mais elevado em 2010, em reservas não convencionais no país (xisto betuminoso), no Canadá, na Venezuela (óleo superpesado) e no Brasil (pré-sal). Por outro lado, Noruega, Reino Unido, México e Irã enfrentarão até 2020 queda na capacidade produtiva. O maior potencial de produção deve concentrar-se no Iraque, nos EUA, no Canadá e no Brasil. A continuação do crescimento da produção, contudo, dependerá, segundo os relatórios, de o custo desta se manter acima de US$ 70, a preços correntes.

Esse cenário otimista do crescimento da indústria petrolífera poderá ser afetado ou por uma recessão econômica global, que engendraria a redução do consumo na China, ou por uma crise no Oriente Médio, incluindo o Irã. Com a queda da demanda, o excesso de produção poderá trazer o preço para abaixo dos US$ 50, ameaçando a produção global. Mesmo nesse cenário pouco provável, o desenvolvimento de projetos de maior custo marginal, como o pré-sal brasileiro, segundo os relatórios, não ficaria afetado.

A partir desses fatos e projeções, surgem algumas consequências geopolíticas da revolução petrolífera: 
  • O Oriente Médio poderá deixar de ser o foco das preocupações para os principais mercados consumidores, especialmente para os EUA e a Europa
  • E a Ásia se tornará o principal mercado para a maior parte do petróleo do Oriente Médio, com a transformação da China em novo protagonista no cenário político dessa região.
Ao mesmo tempo, o Hemisfério Ocidental poderá recuperar a situação que tinha antes da 2.ª Guerra Mundial, voltando a ser autossuficiente em petróleo. Os EUA reduziram, desde 2006, em 40% a importação do produto. Não parece provável, porém, que os EUA se isolem do resto do mundo petrolífero e não tenham influência sobre a formação dos preços do produto, nem que, no contexto da política externa, as questões do Oriente Médio percam sua importância. A Rússia, nesse contexto, deverá reduzir suas exportações de petróleo e, sobretudo, diante da concorrência dos EUA, de gás natural para a Europa. A importância política relativa russa na Europa tenderá a diminuir, o que pode explicar o interesse de Moscou em se associar à OCDE.

Quanto às implicações desse novo cenário sobre a América Latina, o país mais afetado deverá ser a Venezuela. Em consequência da situação interna e das atitudes de Hugo Chávez, os EUA iniciaram nos últimos anos um processo de redução das aquisições de petróleo, hoje situadas ao redor de 10% da demanda norte-americana. As refinarias da costa do Golfo estão substituindo o petróleo venezuelano pelo xisto betuminoso, de produção local. O México, com produção cadente a partir de 2020, poderá tornar-se importador de petróleo, revertendo uma posição de tranquilidade nas suas contas externas. Essa situação poderá agravar-se caso ocorra a volta de maquilas norte-americanas, estimuladas pela reindustrialização favorecida pelos baixos preços do gás natural.

Argentina, por suas reservas importantes de xisto betuminoso, e Brasil, pelas reservas do pré-sal, estarão em posição privilegiada caso consigam superar as dificuldades internas que impedem a exploração das referidas reservas em sua plenitude. Nos dois países, a instabilidade jurídica, derivada da modificação das normas regulatórias, as limitações de financiamento das empresas e as dificuldades por que passam as estatais petrolíferas mostram um retrocesso em suas capacidades produtivas, justamente quando ocorre essa grande transformação na indústria de petróleo no mundo. No caso do Brasil, o petróleo do pré-sal não mais será absorvido pelo mercado americano, como inicialmente esperado. Outros destinos deverão ser buscados, em especial China e Índia.

* PRESIDENTE DO CONSELHO DE COMÉRCIO EXTERIOR DA FIESP [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo].

Fonte: O Estado de S. Paulo - Espaço Aberto/Opinião - Terça-feira, 23 de abril de 2013 - Pg. A2 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-nova-geopolitica-do-petroleo-,1024292,0.htm

PT paulista aprova restrição do poder de promotores

[Quem te viu e quem te vê, ein PT?!!!
A quem favorecerá essa nova lei???]

FERNANDO GALLO
CAMPOS MACHADO - Deputado Estadual. pelo PTB (SP)

A bancada do PT na Assembleia de São Paulo vai apoiar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do deputado Campos Machado (PTB) que retira das mãos dos promotores toda e qualquer investigação envolvendo prefeitos e deputados e concentra esse poder exclusivamente na mão do procurador-geral de Justiça. Atualmente, só as investigações criminais relativas a essas autoridades são de competência do chefe da Promotoria estadual. Pela PEC, passariam às mãos do procurador-geral também as investigações sobre improbidade de secretários de Estado, juízes e conselheiros do Tribunal de Contas. O Ministério Público é contra a proposta, que classifica como "PEC estadual da impunidade".

No plano nacional, a relação do PT com o Ministério Público se desgastou com o processo do mensalão. No Estado, os petistas decidiram apoiar a PEC depois que os deputados federais petistas Candido Vaccarezza, José Mentor e Arlindo Chinaglia foram citados nas escutas telefônicas da investigação do MP sobre a "Máfia do Asfalto" no interior paulista. Alguns deputados consideram que há promotores que têm viés partidário e prejudicam o PT. Outros veem a possibilidade de impor uma derrota ao governo.

Os deputados petistas vêm debatendo a proposição de Campos Machado há um mês. Na última reunião da bancada, na quinta-feira, a maioria favorável derrotou a minoria de contrários. Entre os que defenderam, no PT, ao longo das últimas semanas, a tese do líder do PTB estão os deputados: 
  • Antonio Mentor
  • Ênio Tatto
  • Rui Falcão
Procurados, Tatto e Falcão não se pronunciaram. Mentor sustentou que o partido ainda debate o tema. "Eu já tenho uma posição, mas não direi". Mentor, que é irmão do federal José Mentor, foi o nome sugerido pelo deputado Campos Machado ao presidente da Assembleia, Samuel Moreira (PSDB), para relatar a PEC. O tucano, contudo, afirmou a interlocutores rechaçar a ideia. 

O líder do PTB, que nega ter feito a indicação de Mentor a Moreira, afirma ter conversado com deputados petistas recentemente e diz ter visto indícios de que o partido irá apoiar sua proposta. "Acho que eles vão assinar. Não espero outra atitude da bancada do PT. Seria condizente com sua tradição e seu histórico no País", declarou.

Na reunião de quinta-feira, só os deputados Edinho Silva e Carlos Neder se posicionaram contra a PEC. Edinho disse que o PT cometeria um erro porque concentraria todo o poder de investigação do MP nas mãos do procurador-geral, que é uma indicação política - atualmente do tucano Geraldo Alckmin, a quem o PT faz oposição. Procurado, Edinho afirmou apenas que sua posição "será a posição da bancada". Neder não se pronunciou. Em março, na tribuna, ele afirmou haver "um grande debate sobre se cabe ou não aos promotores fazer a investigação de irregularidades" e sustentou ser contrário a "que se tolha a competência e a liberdade de investigação do MP em relação ao Executivo, seja no âmbito do Município, do Estado ou da União". 

Fonte: O Estado de S. Paulo - Política - Terça-feira, 23 de abril de 2013 - Pg. A5 - Internet: http://www.territorioeldorado.limao.com.br/noticias/not261142.shtm

Rosas de abril [muito estranho!]


Dora Kramer
ROSEMARY NORONHA
A sindicância interna do Palácio do Planalto cujo resultado - parcial ou integral - está na revista Veja desta semana revela mais detalhes sobre a sem cerimônia com que Rosemary Noronha tratava de seus interesses no governo Luiz Inácio da Silva valendo-se de mordomias e destratando subordinados com a arrogância tosca dos deslumbrados e a insolência decorrente da segurança das costas mantidas quentes por ninguém menos que o presidente da República.

A história cria uma situação e suscita duas indagações. Primeiro, é mais um fator de constrangimento para o ex-presidente.

Acrescenta-se à abertura de inquérito na Procuradoria da República no Distrito Federal para esmiuçar o depoimento de Marcos Valério de Souza sobre a participação de Lula no mensalão e à investigação do Ministério Público da Costa Rica em contratos da construtora Odebrecht no País obtidos com o apoio assumido de Lula.

Afinal de contas, Rose só agia como agia, só tinha todas as portas abertas, só operava livremente, só era bajulada por autoridades, lobistas e aspirantes a beneficiários de traficâncias, só foi mantida pela presidente Dilma Rousseff na chefia do gabinete da Presidência em São Paulo em função de sua proximidade com o homem que governou o Brasil por oito anos, carrega uma popularidade imensa e dita os rumos do partido locatário (que se considera proprietário) do poder central.

Não por outro motivo que a intenção de amainar o desconforto de tal ligação entre causa e efeito, assim que encontrou uma brecha no escândalo Rosemary, Lula entrou em cena falando na eleição presidencial de 2014 a fim de mudar o assunto e atrair para o campo da política as atenções até então voltadas para um caso de polícia.

Vamos às indagações: 
Uma que fica no ar diz respeito às razões pelas quais o governo, tão avesso a sindicâncias, notadamente as produtivas em termos de resultados, de alguma forma possibilitou que as informações chegassem à imprensa.

A outra dúvida é se essas informações chegaram completas ou incompletas. O relatório fala sobre mordomias, favorecimento indevido a amigos e parentes, obtenção de vantagens pessoais, falsificação de documentos, mas não se sabe se há neles alguma narrativa sobre outras e mais ações ilegais.

Rosemary Noronha, não se pode esquecer, é alvo de pedido de indiciamento em inquéritos da Polícia Federal, acusada por falsidade ideológica, corrupção ativa e tráfico de influência. Quer dizer, tem passivo policial substantivo.

A oposição cobra do governo a divulgação da íntegra do resultado da sindicância e tem razão. É preciso que o Planalto diga se é só isso ou se há mais. Se não há, a investigação não se deu por completada. Caso haja, trata-se de pasta de dente que não volta ao tubo.

Se o Planalto ajoelhou, tem que rezar. A recusa levaria à suposição de que aceitou revelar uma parte da história apenas para dar uma satisfação a cobranças inevitáveis na campanha eleitoral, com o intuito real de encobrir o restante de uma narrativa bem mais familiar ao Código Penal que afagos indevidos de diplomatas subservientes, escambo de favores com postulantes a benesses de governo e grosserias que em altos escalões da República são vistos como sinal de autoridade.

Síntese
Em seu artigo de domingo no Estado sobre Margaret Thatcher, o prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa inclui entre os atributos que admirava na "Grande Dama" a capacidade de dizer sempre aquilo em que acreditava e agir sempre de acordo com o que dizia.

Vargas Llosa diz ter conhecido poucos políticos com essa característica. Teve sorte de conhecer algum, porque nós - para falar só do Brasil - não conhecemos nenhum. 

Fonte: O Estado de S. Paulo - Política - Terça-feira, 23 de abril de 2013 - Pg. A6 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,rosas-de-abril,1024412,0.htm