«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 7 de abril de 2013

2º Domingo de Páscoa - Ano C - Homilia

Evangelho: João 20,19-31

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 
20 Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 
21 Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22 E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 
23 A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”. 
24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 
25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” 
Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não ver a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. 
26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. 
27 Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 
28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”
29 Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
30 Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 
31 Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome. 

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

DA DÚVIDA À FÉ

O homem moderno aprendeu a duvidar. É próprio do espírito dos nossos tempos questionar tudo para progredir em conhecimento científico. Neste clima a fé fica com frequência desacreditada. O ser humano caminha pela vida cheio de incertezas e dúvidas.

Por isso, todos nos sintonizamos sem dificuldade com a reação de Tomé, quando os outros discípulos lhe comunicam que, estando ele ausente, tiveram uma experiência surpreendente: "Nós vimos o Senhor". Tomé poderia ser um homem dos nossos dias. A sua resposta é clara: "Se eu não ver ... eu não acreditarei" (Jo 20,25).

A sua atitude é compreensível. Tomé não diz que os seus companheiros estão mentindo ou que estão enganados. Apenas afirma que o testemunho deles não lhe basta para aderir à sua fé. Ele necessita viver a sua própria experiência. E Jesus não o recriminará em nenhum momento.

Tomé pôde expressar as suas dúvidas dentro do grupo de discípulos. Ao que parece não se escandalizaram. Não o expulsam para fora do grupo. Tampouco, eles acreditaram nas mulheres quando lhes anunciaram que viram Jesus ressuscitado. O episódio de Tomé deixa antever o longo caminho que o pequeno grupo de discípulos tive que percorrer  até chegar à fé em Cristo ressuscitado.

As comunidades cristãs deveriam ser, em nossos dias, um espaço de diálogo onde poderíamos partilhar honestamente as dúvidas, as interrogações e as buscas dos fiéis de hoje. Nem todos vivemos, em nosso interior, a mesma experiência. Para crescer na fé necessitamos do estímulo e do diálogo com outros que partilham a nossa mesma inquietação.

Porém, nada pode substituir a experiência de um contato pessoal com Cristo no fundo da própria consciência. Segundo o relato evangélico, aos oito dias apresenta-se de novo Jesus. Não critica Tomé pelas suas dúvidas. A sua resistência em acreditar revela a sua honestidade. Jesus mostra-lhe as suas feridas.

Não são "provas" da ressurreição, mas "sinais" do seu amor e entrega até à morte. Por isso, o convida a aprofundar as suas dúvidas com confiança: "Não seja incrédulo, mas fiel" (Jo 20,27b). Tomé renuncia a qualquer outra verificação. Já não sente necessidade de provas. Só sabe que Jesus o ama e o convida a confiar: "Meu Senhor e meu Deus" (Jo 20, 28).

Um dia, nós cristãos descobriremos que muitas das nossas dúvidas, vividas de forma sã, sem perder o contato com Jesus e a comunidade, nos pode resgatar de uma fé superficial que se contenta em repetir fórmulas, para estimular-nos a crescer em amor e em confiança em Jesus, esse Mistério de Deus encarnado que constitui o núcleo de nossa fé.

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 1º de abril de 2013 - 17h27 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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