«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 31 de março de 2020

A incompetência americana

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Fareed Zakaria
Colunista do jornal norte-americano
“The Washington Post”

Os Estados Unidos terão o pior surto de covid-19 entre os países ricos
devido à ineficácia do governo
FAREED ZAKARIA
Autor deste artigo

Quando uma crise atinge os Estados Unidos, o instinto geral do país é pegar a bandeira e desejar o melhor para seus líderes. É provavelmente por isso que o presidente Donald Trump tem visto seus índices de aprovação crescerem, mesmo depois de ter tido uma abordagem atrasada e vacilante contra a pandemia. Mas, em algum momento, nós, americanos, devemos olhar os fatos e reconhecer uma realidade desconfortável. Os Estados Unidos estão a caminho de ter o pior surto de coronavírus entre os países ricos, principalmente devido à ineficácia de seu governo. Essa é a nova face do excepcionalismo americano.

Os Estados Unidos já têm o maior em número de casos de covid-19 no mundo, superando até a China. A primeira linha de defesa contra a doença é o teste. Nessa métrica-chave, a experiência nos Estados Unidos foi um fiasco: começamos tarde, usando um teste defeituoso e nunca nos recuperamos completamente desse primeiro momento.

A mentira como método

A afirmação de Trump de que “qualquer pessoa que queira fazer um teste pode fazê-lo” é uma farsa cruel. O acesso aos testes continua muito pior do que nos países mais desenvolvidos. Sua afirmação de que os Estados Unidos testaram mais pessoas do que a Coreia do Sul não faz sentido, porque não leva em conta que a Coreia do Sul tem um sexto da população americana.

Proporcionalmente, a Coreia do Sul fez cinco vezes mais testes que os Estados Unidos, se compararmos até a última quarta-feira. Mas esqueça a Coreia do Sul. A Itália, um país que não é conhecido pelo bom funcionamento de seu governo, proporcionalmente, testou quatro vezes mais que os Estados Unidos.

Os Estados Unidos têm escassez de tudo – respiradores pulmonares, máscaras, luvas, aventais – e nenhum sistema de emergência nacional para fornecer novos suprimentos rapidamente. O governador de Nova York, Andrew Cuomo, diz que seu Estado precisará de 40 mil leitos para tratamento intensivo. Tem apenas 3 mil. Isso significa que muitos pacientes morrerão simplesmente porque não terão acesso aos cuidados disponíveis em circunstâncias normais.

Nem completamos três semanas direito dessa pandemia e os profissionais de saúde estão reutilizando máscaras, costurando as suas em casa e implorando por doações. Em um ensaio cáustico na revista The Atlantic, Ed Wong escreve:

Sem rumo, de olhos vendados, letárgico e descoordenado, os Estados Unidos lidaram mal com a crise da covid-19 em um nível substancialmente pior do que aquele que todo especialista em saúde com quem falei temia”.

As causas desse colapso

Por que isso aconteceu? É fácil culpar Trump, e o presidente foi incompetente desde o início. Mas há uma história muito maior por trás desse fiasco. Hoje, os Estados Unidos estão pagando o preço:
* pela redução de financiamentos do governo,
* politização de órgãos independentes,
* fetichização do controle local e
* degradação e depreciação dos funcionários e burocratas do governo.
[Nossa! Como tudo isso se parece com o Brasil!]

Nem sempre foi assim. Historicamente, os Estados Unidos valorizavam o governo limitado, mas eficaz. Em O Federalista, Alexander Hamilton escreveu: “Um governo mal executado, o que quer que seja em teoria, deve ser, na prática, um mau governo”. Franklin Roosevelt criou a burocracia federal moderna, que era surpreendentemente enxuta e eficiente.

Nas últimas décadas, à medida que o escopo do governo aumentou, a burocracia passou fome e se tornou cada vez mais disfuncional. Na década de 1950, o porcentual de funcionários civis federais, em comparação ao emprego total, estava acima de 5%. Hoje, caiu para menos de 2%, apesar de uma população duas vezes maior e um PIB sete vezes maior (ajustando a inflação).

Os órgãos federais não têm funcionários suficientes, mas são sobrecarregados com montanhas de regulamentos, mandatos e regras politizadas, dando às autoridades pouco poder e arbítrio. As regras complicadas e a burocracia da FDA, entidade responsável pela avaliação e regulamentação de alimentos e medicamentos – que se mostraram um grande problema neste caso –, são apenas um exemplo entre centenas.
Donald Trump looks to defuse coronavirus threat and boost markets ...
DONALD TRUMP
Presidente dos Estados Unidos e, ao lado esquerdo dele, o vice-presidente Mike Pence

Acadêmico que há muito estuda esse tópico, Paul Light, observa que, sob John Kennedy, os departamentos do gabinete tinham 17 “camadas” de hierarquia. Quando Trump assumiu, havia impressionantes 71 camadas. Ambas as partes contribuíram para o problema, tornando o governo federal uma caricatura de ineficiência burocrática.

A maioria dessas disfunções é replicada em nível estadual e local com suas instituições menores. O desafio de criar uma estratégia nacional é complicado pela realidade de que o verdadeiro poder da saúde pública reside em 2.684 sistemas estaduais, locais e tribais, cada um zelosamente protegendo sua independência. Gostamos de celebrar o federalismo americano como o florescimento da democracia local. Mas essa colcha de retalhos louca de autoridade está se revelando um pesadelo ao enfrentar uma pandemia que não conhece fronteiras, e onde qualquer local com uma resposta fraca permitirá que a infecção se espalhe para outros lugares. O que acontece nas praias da Flórida não fica nas praias da Flórida.

É fácil usar a desculpa de que os Estados Unidos não podem refletir como um espelho a ditadura da China. Os governos que estão lidando com essa pandemia de forma eficaz também incluem democracias como Coreia do Sul, Taiwan e Alemanha. Muitas das melhores práticas empregadas em lugares como Cingapura e Hong Kong não são tirânicas, mas inteligentes:
* testes,
* rastreamento de contatos e
* isolamento.

Mas todos esses lugares têm governos bem financiados, eficientes e receptivos. No mundo de hoje, com problemas que atravessam fronteiras na velocidade da luz, “governo bem executado” é o que torna um país verdadeiramente excepcional.

Traduzido do inglês por Romina Cácia.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional / Artigo – Especial “Pandemia do Coronavírus” – Segunda-feira, 30 de março de 2020 – Página A6 – Internet: clique aqui.

Governos populistas e o vírus

“Coronavírus isolou líderes populistas”

José Eduardo Barella

Entrevista com Steven Levitsky
Cientista político norte-americano, Professor da Harvard University e coautor de «Como as Democracias Morrem»

Ignorar especialistas fez líderes como Trump e Bolsonaro
reagirem tarde à pandemia!
Agora, vem o preço!
Fundação FHC
STEVEN LEVITSKY
Professor da Universidade de Harvard - Estados Unidos

Acostumados a fazer dos adversários inimigos mortais e desprezar o que chamam de elite política, acadêmica, científica e cultural, muitos líderes populistas estão experimentando o próprio veneno. Pegos de surpresa pelo novo coronavírus, eles reagiram tarde à pandemia e estão às voltas com o aumento de casos e mortes, além da expectativa de uma gravíssima crise econômica.

Para o cientista político Steven Levitsky, coautor do livro Como as Democracias Morrem, que mostra as razões da expansão populista nos últimos anos, o desprezo pela ciência e pela elite caiu por terra com o avanço da pandemia. Pegos de surpresa pelo surgimento do coronavírus, líderes populistas como Donald Trump, nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro, no Brasil, e Andrés Manuel López Obrador, no México, correm risco de isolamento e de perder mais popularidade em razão da crise econômica.

 A pandemia, segundo Levitsky, é o maior desafio dos populistas. Primeiro, porque corrói a popularidade que os sustentam. Sem popularidade, fica mais difícil tomar medidas autocráticas para ameaçar a democracia. Em segundo lugar, por colocar a própria sobrevivência desses líderes em risco. “A pandemia está mostrando que o desprezo desses populistas pela ciência e pelos especialistas vai custar caro”, disse. A seguir, trechos da conversa com Levitsky.

Por que populistas como Trump, Bolsonaro e Boris Johnson foram lentos ao reagir à pandemia?

Steven Levitsky: Líderes populistas costumam se eleger atacando o establishment, dizendo ao povo que, uma vez no poder, varrerão a elite. Mas parte dessa elite é formada por especialistas – economistas, cientistas, técnicos, profissionais de saúde, como os que lideram agora o combate ao coronavírus. E a primeira resposta dos populistas à pandemia foi rejeitar os conselhos dos especialistas, recorrendo a pessoas próximas que não são do ramo. Bolsonaro preferiu ouvir conselhos dos filhos. Trump, do genro. Não é por acaso que Trump, Bolsonaro e (Andrés Manuel) López Obrador (presidente do México) demoraram a reagir. Já o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, é um caso à parte. Embora tenha demorado, ele acabou aceitando os conselhos de especialistas e foi mais rápido em adotar medidas. Mas ficou evidente que a inação inicial deve trazer consequências trágicas, como estamos vendo.

Se fosse possível formar um ranking, quem levaria a medalha de ouro em performance populista na reação ao coronavírus?

Steven Levitsky: Todos cometeram erros, mas vale citar o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, cuja resposta à pandemia foi péssima – mas eu não chamaria ele de líder populista. Portanto, ele fica de fora dessa disputa. Sem sombra de dúvida, a medalha de ouro vai para Bolsonaro. Ele continua a desdenhar da crise. A maior parte do seu discurso (do dia 24) na TV continha inverdades que refletem um nível de ignorância que vai além da demonstrada por Trump. Vale notar que o desprezo do presidente brasileiro pelas recomendações de especialistas, parte da estratégia populista de rejeitar a elite, não tem precedentes na história recente do País. Políticos tradicionais, independentemente se eram de direita ou de esquerda, como José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Lula, tiveram ajuda de técnicos com experiência de governo.

No seu livro, o senhor afirma que parte da estratégia dos populistas é ignorar o respeito mútuo e a tolerância. Numa crise profunda, adotar essa estratégia autoritária tende a levar os populistas ao isolamento?

Steven Levitsky: Depende do líder populista. Situações de emergência nacional, como guerras, desastres naturais e pandemias, exigem cooperação entre a classe política, entre o presidente e o Congresso, entre presidente, governadores e prefeitos, e entre governo e oposição. Os populistas costumam fazer de seus oponentes inimigos ferozes, o que dificulta esse tipo de cooperação durante uma crise.

Essa disputa costuma levar o líder populista ao isolamento?

Steven Levitsky: Normalmente, o populista cria uma espécie de ambiente tóxico na política entre ele e seus oponentes. Isso não torna impossível reunir a classe política para responder a uma crise, mas certamente é mais difícil. Muitas vezes, durante situações do tipo, é comum uma união em torno do presidente. Aparentemente, isso não está acontecendo com Bolsonaro, que parece ser um caso claro de isolamento.
Vale a pena ler ! ! !

Tanto Trump quanto Bolsonaro culparam a China pela crise e evitaram adotar medidas drásticas, com medo de afetar a economia. Isso configura uma estratégia política populista?

Steven Levitsky: Não sei se essa reação similar é coincidência ou o quanto Bolsonaro está copiando Trump. Mas não acredito que se trata de um movimento ideológico. Um dos mentores do trumpismo, Steve Bannon, foi defensor de uma resposta de saúde pública mais agressiva. Ou seja, neste aspecto, Bolsonaro agiu de forma diferente da preconizada pelo cérebro do trumpismo. Já Obrador, um populista de esquerda, agiu de forma semelhante à de Bolsonaro, criticando a paralisia da economia. Portanto, não acho que seja uma questão ideológica, e sim uma atitude intuitiva de um político personalista, nacionalista e, mais importante, antielitista. Um político com uma grossa camada narcisista, que acredita que ele mesmo, sozinho, sabe mais que os especialistas.

A gravidade da crise pode estimular os populistas a acumular mais poder?

Steven Levitsky: É provável que líderes autoritários respondam a essa crise com medidas para ampliar seu poder. Mas não está claro quantos serão bem-sucedidos se começarem a tomar essas medidas. Um político isolado, como Bolsonaro, tentar aproveitar a situação para acumular poder tem menos chance de obter sucesso. O mesmo vale para Trump.

Mesmo numa situação especial como essa?

Steven Levitsky: Sim. Se um líder não tem confiança do povo durante uma crise, deve evitar criar mais problemas para ele mesmo. É o que estamos começando ver no Brasil. Os brasileiros não estão respondendo bem a esse grande poder que o Bolsonaro tem para lidar com a pandemia.

Então o temor de que Bolsonaro se aproveite da crise para obter mais poder é exagerado?

Steven Levitsky: Se você imaginar o cenário daqui a seis meses, com a economia em situação mais delicada do que hoje, Bolsonaro provavelmente terá menos apoio do que tinha, o que torna arriscado tentar algum movimento fora do jogo democrático.

É possível que o pronunciamento de Bolsonaro, no dia 24 de março, tenha sido uma manobra para forçar uma situação que justifique medidas autoritárias?

Steven Levitsky: Na crise em que o Brasil se encontra, não há nenhuma garantia de que Bolsonaro se comportará democraticamente. Precisamos nos preocupar todos os dias com o fato de Bolsonaro tentar quebrar as regras do jogo democrático. O fato de estar perdendo popularidade, e também porque muitos atores da política e da sociedade brasileira se recusam a apoiar uma aventura por parte dele, me leva a crer que, caso tente quebrar a ordem democrática, Bolsonaro fracassará.

Por que os populistas sempre buscam a POLARIZAÇÃO, mesmo em uma crise grave como agora?

Steven Levitsky: Líderes populistas tendem a usar a mesma estratégia que funcionou para eles no passado. Se você chegar ao poder como populista, provavelmente continuará usando essa estratégia no poder.

Você ficou surpreso com o pronunciamento de Bolsonaro, indo na contramão das medidas de isolamento?

Steven Levitsky: O que me impressionou mais foi como ele está copiando Trump. O pronunciamento foi consistente com seu comportamento desde que comecei acompanhar sua trajetória. Fiquei chocado com seu grau de ignorância – e, para ser sincero, não sei se ele é de fato tão ignorante quanto demonstra, como quando afirma acreditar que 90% dos jovens não serão contaminados pelo coronavírus e, portanto, devem voltar às aulas. Mas é arrepiante ver os dois maiores países do hemisfério, Brasil e Estados Unidos, governados por presidentes que vivem mentindo, respondendo a essa crise dessa maneira ignorante e irresponsável. Infelizmente, é o custo que temos de pagar por tê-los escolhido. O mundo estará olhando para a eleição presidencial nos Estados Unidos deste ano com atenção redobrada.

Com o impacto do coronavírus na economia, uma derrota de Trump sinalizaria que a onda populista pode murchar?

Steven Levitsky: É o que espero. Tudo que Trump pretende agora é reviver a economia para que possa ganhar a reeleição – é com isso que ele se importa. Não há como prever os efeitos que ocorrerão nos próximos meses. De qualquer forma, a tendência é termos uma eleição muito disputada.

Mesmo a economia tendo pouco tempo para se recuperar?

Steven Levitsky: Antes do coronavírus, apesar de a economia estar indo bem e Trump tivesse boas chances de se reeleger, é importante lembrar que sua aprovação era de apenas 43%. Ele não é um presidente muito popular, mas tem uma base muito forte. Não sabemos o que vai acontecer com a economia. Mas há projeções que indicam uma forte queda no segundo trimestre, com recuperação ao fim do terceiro trimestre – o que ajudaria Trump. Mas os Estados Unidos são vistos como um modelo para o restante do mundo. Se um líder populista for tirado do poder aqui nos Estados Unidos, acho que será um duro golpe para o populismo. É o que espero.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Especial “Pandemia do Coronavírus” – Domingo, 29 de março de 2020 – Página A16 – Internet: clique aqui.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Este estudo mexerá com sua cabeça!

Ignorar, mitigar ou suprimir

Fernando Reinach

Segundo autores de estudo,
existem três estratégias possíveis diante do novo vírus
US, UK coronavirus strategies shifted following epidemiologists ...
DONALD TRUMP
Mudou de ideia e de atitude diante da pandemia da covid-19 após tomar ciência
deste estudo do Imperial College de Londres, Inglaterra

No dia 16 de março de 2020 foi publicado o estudo feito para nortear as medidas de contenção do novo coronavírus que já é considerado um clássico. O trabalho, feito por um grupo de epidemiologistas do Imperial College em Londres, simulava a intensidade da pandemia na Inglaterra e nos Estados Unidos e recomendava as possíveis medidas de contenção até que uma vacina ou um remédio fosse descoberto. Esse estudo teve por base modelos que levavam em consideração:
* os dados e os resultados da pandemia na China,
* a estrutura social,
* a estrutura doméstica,
* a demografia,
* distribuição de idade e
* o sistema de saúde da Inglaterra e dos Estados Unidos.

De início a Inglaterra adotou a estratégia de mitigação proposta por esse estudo, mas logo em seguida mudou de rumo e adotou a supressão.

Agora esse mesmo grupo refez o estudo para cada um de 202 países, sendo que um deles é o Brasil. Para isso foram levadas em consideração todas as peculiaridades do Brasil, como a distribuição etária e estrutura familiar, índice de desenvolvimento e assim por diante. É um trabalho imenso descrito em um texto técnico e acompanhado de uma enorme planilha que detalha o resultado de cada um dos cenários analisados para cada um dos países, e também para o planeta como um todo. Vale a pena entender os resultados. De início é importante lembrar que os resultados para os diferentes cenários se restringem às consequências médicas e epidemiológicas da pandemia e não consideram os custos sociais e econômicos das medidas.

Segundo os autores existem três estratégias possíveis diante do novo vírus.

1ª) Ignorar sua existência, não tomando nenhuma atitude. Nesse caso o modelo simula o espalhamento do vírus pelo planeta sem nenhuma medida de contenção. Esse cenário deve ser entendido como um referencial para podermos analisar o impacto das diferentes medidas de mitigação. Para o planeta, esse cenário prevê um único e enorme pico de casos no primeiro ano, onde 7 bilhões dos 7,7 bilhões de pessoas do planeta seriam infectados, ocorreriam incríveis 40,6 milhões de mortes e o colapso total dos sistemas de saúde. O único lado positivo dessa estratégia é que depois desse número enorme de mortes toda a população estaria imune ao vírus e o problema desapareceria. Essa atitude não foi adotada por nenhum país, mas pode vir a ocorrer em alguns países incapazes de implementar uma das outras estratégias.

2ª) Mitigação. Nesse caso as medidas têm como objetivo reduzir as interações entre pessoas em 42%. Ou seja, toda a população interage com menos da metade das pessoas que interagiria em condições normais. O objetivo é espalhar o número de casos ao longo do tempo, de modo a não sobrecarregar muito o sistema de saúde (o tal achatamento da curva). Nesse cenário o estudo analisa duas possibilidades: isolar somente os mais idosos de cada país ou isolar igualmente toda a população. Apesar da diferença de estratégia, os números projetados são semelhantes. O número de mortes no primeiro seria de 20 milhões de pessoas, metade do anterior, e os países mais pobres seriam os mais afetados. Enquanto no mundo desenvolvido teríamos oito vezes mais casos que a capacidade máxima dos hospitais, nos países pobres o número de casos seria 25 vezes maior que a capacidade dos hospitais. Além disso as medidas teriam de ser estendidas por muitos meses até que toda a população fosse infectada e se tornasse imune ao vírus. Essa foi a estratégia adotada na Inglaterra até que a primeira versão desse modelo foi publicada, quando o governo decidiu mudar para a terceira estratégia.

3ª) Supressão do vírus. Ela pressupõe uma diminuição de 75% dos contatos interpessoais de toda a população, o suficiente para levar a propagação do vírus a zero. Foi essa a estratégia usada na China. Ela também tem duas versões, uma em que o isolamento total é feito quando ainda existem poucas mortes e outra quando o número de mortes por semana já é alto. Quanto mais cedo ela é adotada, melhor os resultados. Nesse cenário nos primeiros 250 dias da pandemia, seriam infectadas 470 milhões de pessoas e teríamos 1,9 milhão de mortes. Se adotada mais tarde, essa estratégia levaria a 2,4 bilhões de pessoas afetadas e 10,5 milhões de mortes. Observe como retardar as medidas de supressão aumenta muito o número de mortos (o erro da Itália).

Essa estratégia tem dois problemas. O primeiro é que é difícil de implementar. O único caso de sucesso foi na China, e muitos países podem tentar implementar a supressão, e, se não tiverem sucesso, acabam com medidas que na realidade são de mitigação. O segundo problema, agora enfrentado pela China, é que a supressão tem de ser mantida até que surja uma vacina ou tratamento, pois, caso as medidas sejam relaxadas antes, a pandemia volta porque uma fração minúscula da população fica imune ao vírus. É bom lembrar que esses modelos assumem que grande parte dos casos (mesmo os que não necessitam de internação) terão sido testados e estarão em isolamento, assim como seus familiares.
Clique sobre a imagem desta tabela para ampliá-la e ler melhor

As projeções para o Brasil

Bom agora vamos ver os números para o Brasil (veja a tabela acima). Os resultados assumem que a população do Brasil é de 212 milhões de pessoas e a taxa de replicação do vírus (R0) é 3,0. Outros cenários, com outros valores da taxa também estão no trabalho, mas os resultados são semelhantes.

1. Na tabela a primeira linha descreve o que aconteceria se ignorássemos o vírus (nenhuma intervenção). Não haveria redução da distância social e seriam infectados 181 milhões dos 212 milhões de brasileiros no primeiro ano. Teríamos 1,08 milhão de mortes, 5,89 milhões de pessoas hospitalizadas – sendo que dessas 1,44 milhão de pessoas seriam de casos graves que necessitariam intubação.

2. A segunda e terceira linha descrevem os cenários de mitigação, onde a distância social seria reduzida em 42 e 41%. Na linha três o distanciamento social seria generalizado, mas maior para os idosos (60% para o grupo de risco).

Nesses dois cenários o número de infectados cai para 114 e 112 milhões de pessoas, o número de mortes cai para algo como 500 mil pessoas, os hospitalizados para algo como 3 milhões e os casos críticos para algo como 700 mil pessoas. Como você pode ver isolar os idosos não faz muita diferença, apesar dos números serem um pouco melhores. Uma das vantagens dessa estratégia é que os casos estarão espalhados ao longo do ano, o que sobrecarregaria menos os hospitais.

3. Finalmente podemos tentar suprimir a pandemia. Para isso é preciso reduzir os contatos sociais de toda a população em 75% (veja linha 4 e 5 da tabela). Nesse caso, a data em que iniciamos esse processo é de suma importância. No Brasil se o processo for iniciado quando as mortes por semana forem de 3,4 mil, o número de infectados será de 50 milhões de pessoas, teremos 206 mil mortes, e 1,18 milhão de brasileiros serão hospitalizados e 272 mil serão casos graves. Agora se a supressão for iniciada quando o número de mortes for de 425 por semana (o que deve ocorrer semana que vem ou na outra), 11,45 milhões de brasileiros serão infectados, 44 mil morrerão, 250 mil serão hospitalizados e, desses, 57 mil serão casos graves.
Escassez de respiradores desafia atendimento aos casos de Covid-19 ...
Respirador utilizado em pessoas com o coronavírus (covid-19)

Equipamentos necessários no Brasil

Em todos esses cenários o número total de leitos hospitalares e o número de pessoas entubadas no pico da pandemia também foram estimados. No melhor cenário (supressão cedo) precisaríamos de 72 mil respiradores e no pior (nenhuma intervenção, 2,2 milhões de respiradores). Essas são as projeções de um dos melhores grupos de epidemiologistas do mundo, levando em consideração todas as peculiaridades do Brasil, como o fato de os idosos morarem com pessoas jovens, parte das famílias viver em favelas e outras peculiaridades do Brasil (no trabalho estão descritas todas as características do País que foram usadas no modelo).

Os números são verdadeiramente assustadores, mas os dados recentes da Itália e da Espanha sugerem que esses modelos estão no caminho certo.

Hoje, no Brasil, muitos Estados estão tentando adotar a estratégia da supressão, enquanto o governo federal propõe a mitigação com isolamento dos idosos. Tentar aplicar uma dessas estratégias não é certeza de sucesso. Se a população não respeitar o isolamento, uma estratégia de supressão pode facilmente se transformar em uma mitigação e uma de mitigação pode não ter efeito. Olhe com cuidado a tabela, os prós e contras de cada estratégia, e forme uma opinião. É isso que todos os governantes que acreditam na ciência deveriam estar fazendo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Ciência – Especial “Pandemia do Coronavírus” – Domingo, 29 de março de 2020 – Página A20 – Internet: clique aqui.

Não há outra solução!

“É preciso gastar de qualquer maneira”,
diz professor de Economia em Columbia

Beatriz Bulla

Entrevista com José Alexandre Scheinkman
Economista brasileiro radicado nos Estados Unidos

Governo deve dar apoio a três pilares:
saúde, informais e pequenas e médias empresas
Fora um milagre, crescimento não voltará', diz Scheinkman ...
JOSÉ ALEXANDRE SCHEINKMAN
Economista

As medidas de distanciamento social da população para evitar a disseminação do coronavírus seriam necessárias ainda que se levasse em consideração apenas o impacto econômico. A avaliação é do economista brasileiro José Alexandre Scheinkman. Segundo ele, a economia vai se desorganizar com ou sem isolamento e o governo precisa “gastar dinheiro de qualquer maneira” para atravessar a crise gerada como consequência da pandemia.

Professor da Universidade de Columbia e professor emérito da Universidade de Princeton, Scheinkman diz que o governo brasileiro precisa fortalecer o caixa da saúde, proteger pequenas e médias empresas e os trabalhadores informais.

Leia os principais trechos da entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo:

Na última semana algumas vozes no Brasil, especialmente no governo, colocaram a manutenção da atividade econômica em polo oposto ao que os especialistas recomendam como estratégia de combate ao vírus, que é o isolamento da maior parte da população. É correto tratar isso como um cabo de guerra?

Scheinkman: Não, não é um cabo de guerra. Ainda que alguém coloque as coisas puramente sob ponto de vista econômico, e não é o que eu estou dizendo que deva acontecer, em todos os cenários você precisa criar isolamento. Se, por um lado, quando você separa as pessoas também restringe a atividade econômica, por outro lado, se você tem o sistema de saúde limitado, como em todo lugar do mundo, você vai perder um grande número de vidas se não fizer isolamento e isso também tem um valor econômico grande. Os cálculos do Imperial College diziam que, sem nenhuma proteção e distanciamento, os Estados Unidos perderiam de 2 a 3 milhões de pessoas. O custo econômico disso, o valor da vida, é enorme. E há outro custo, o de pessoas que ficariam sem produzir por tempo longo. Há casos de jovens ficando até um mês em Centro de Tratamento Intensivo. Essa ideia de que os jovens estão sobrevivendo tem a ver com o fato de que até agora os sistemas de saúde foram capazes de tomar conta deles. Até mesmo na Itália, onde já há racionamento de serviço médico, a ética profissional é de proteger quem vai viver mais. Jovens têm se beneficiado disso. O peso econômico seria muito grande de qualquer maneira. Em países como Brasil, o isolamento visa a achatar a curva. A quantidade de pessoas doentes é eventualmente a mesma, mas você resolve o problema de manter serviço médico para as pessoas que ficam doentes.

O sr. mencionou que estava, antes dessa entrevista, em um seminário online com economistas sobre o tema. O entendimento sobre a necessidade do distanciamento social é o mesmo?

Scheinkman: Nessa conversa, com economistas americanos, europeus e eventualmente de outros lugares do mundo, não houve entre os expositores e nem entre os que fizeram perguntas quem levantasse a ideia de que podemos acabar com o distanciamento social. Houve discussão sobre os casos dos Estados Unidos e da Itália, em um momento em que a taxa de infecção e de utilização dos hospitais em certas áreas é muito alta. Se olharmos para onde o Brasil está indo, está em uma curva que vai levar o país até lá (alto número de infecções) muito rapidamente.

O senhor tem defendido uma linha de crédito emergencial para pequenas e médias empresas. As pequenas e médias empresas (PMEs) devem ser uma das prioridades do governo na crise?

Scheinkman: Por que essa é uma questão importante? A economia vai se desorganizar de uma maneira ou de outra. Ou será de uma maneira um pouco organizada, com o distanciamento social, ou porque, de repente, tantas pessoas estarão doentes que o sistema médico entra em colapso e a população terá medo de sair de casa. Seja como for, a economia vai se desorganizar. O que forma uma empresa? O seu capital, mas também sua rede de conhecimento. O sujeito já tem a maneira de fazer, os empregados certos, o contrato de aluguel. Se, de repente, essas empresas desaparecem, demora muito tempo para reconstruir isso depois. Na crise atual, o problema é menor para o sistema financeiro, para as grandes empresas que podem fazer empréstimo em banco. Mas as PMEs no Brasil sempre tiveram pouco acesso a crédito, os spreads são absurdamente altos para a pequena empresa. É muito pouco provável que uma pequena empresa se mantenha viva depois de dois meses sem faturamento e isso tem um impacto enorme no emprego, na vida das pessoas. É muito diferente da crise de 2008. Algumas pessoas no início estavam vendo uma repetição do filme de 2008. E não é uma repetição, há grandes diferenças.

O que está faltando nos anúncios da equipe econômica?

Scheinkman: Outro número que tem que aparecer é dinheiro para saúde. O Banco Central já fez o que pode fazer para as empresas grandes, que é dar crédito barato e fazer que os bancos repassem isso. Se você for uma empresa grande, a chance de que os bancos repassem o crédito barato é bastante alta. Estou mais preocupado com a saúde, os informais e as pequenas e médias empresas. O mais importante agora são esses três pilares:
* dinheiro na saúde,
* a questão dos informais e
* das pequenas e médias empresas.
Achar verba para suportar esses três pilares é extremamente importante, mesmo na situação fiscal que estamos. Sobre o resto podemos falar mais tarde. Continuo a favor das reformas, mas elas não vão passar a tempo de ajudar a atual crise, não é uma questão para discutirmos agora.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Especial “Pandemia do Coronavírus” – Domingo, 29 de março de 2020 – Página B8 – Internet: clique aqui.

domingo, 29 de março de 2020

5º Domingo da Quaresma – Ano A – Homilia

Evangelho: João 11,1-45

Para ouvir a narração deste Evangelho,
clique sobre a imagem abaixo:


A Vida Acima de Tudo

O tema central deste relato, como fica evidente, é a VIDA. Mais exatamente: o triunfo da vida sobre a morte. E é o triunfo da vida sobre a morte, como efeito de um carinho intenso. É o carinho de um amigo, que ama tanto a Marta, Maria e Lázaro, que não suporta sua dor, sua pena, suas lágrimas. E se emociona e chora ao experimentar, de perto, a ausência do amigo, do qual sente a falta.

A lição é clara: a humanidade de Jesus é fonte de vida. Jesus foi um ser humano, tão profundamente bom, fiel à amizade, tão carinhoso, que não pôde suportar o sofrimento de seus amigos, possivelmente, os amigos aos quais mais amou nesta vida.

Por isso, porque Jesus amava tanto a seu amigo e lhe doía tanto a profunda pena daquelas duas amigas, por essa razão (segundo os dados que traz o detalhado relato deste evangelho) devolveu a vida a Lázaro. Falamos da “vida” sem adjetivos. As religiões e suas teologias não cessaram de pôr adjetivos à vida: “sobrenatural”, “divina”, “religiosa”, “consagrada”, “espiritual”, “eterna”...

E as teologias deram tanta importância aos adjetivos que, por exemplo, em nome da vida “eterna” não duvidaram de tirar a vida de muita gente! Isso é o que fizeram todos os “religiosos” fanáticos. Pode haver maior aberração? Pode haver uma negação mais brutal de Deus?

Não nos esqueçamos que o capítulo 11 do evangelho segundo João, em sequência ao relato de Lázaro, termina com esta patética afirmação: “naquele dia, concordaram em matá-lo” (Jo 11,53). Jesus dá VIDA. A religião (aquela forma de entender e dirigir a religião) dá a MORTE.

E a história continuou: desde os inquisidores [católicos] até os talibãs [muçulmanos], passando por todos os que, por motivos religiosos, amargam a vida das pessoas. A atualidade do capítulo 11 de João segue sendo tão apaixonante e dolorosa.

Para além disso, deste fato prodigioso [a revivificação de Lázaro] e às vésperas da Paixão e Morte de Jesus, pode-se e deve-se extrair ensinamentos importantes relacionados à “ressurreição eterna”. Porque nessa esperança encontramos “sentido para as nossas vidas”. Porém, não nos esqueçamos que aquela de Lázaro não foi uma questão de ressuscitar para a “outra vida”, mas a recuperação e a volta a “esta vida”.

É a força e o poder do “divino”, postos ao serviço do “humano”. O mais humano, a VIDA e nada mais!

Fonte: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: Comentario al evangelio diario – 2020. Bilbao: Desclée De Brouwer, 2019, páginas 116-117.

sábado, 28 de março de 2020

Fique em casa!

ABI, CNBB, OAB, SBPC:
Bolsonaro “é grave ameaça à saúde”

Redação

Entidades se unem para pedir à população que siga recomendações
dos profissionais de saúde e criticam
“campanha de desinformação” do presidente
 — Foto: Reprodução 
A “campanha de desinformação” do presidente da República, Jair Bolsonaro, é uma grave ameaça à saúde dos brasileiros, afirmam entidades da sociedade civil, como OAB (advogados), ABI (imprensa), CNBB (Igreja) e SBPC (ciência). Eles divulgaram nota Em Defesa da Vida, reforçando o pedido para que a população permaneça em casa durante a crise sanitária.

O momento exige “lucidez, responsabilidade e solidariedade”, afirmam as instituições, que divulgaram nota nesta sexta-feira (27 de março). No documento, pedem que as pessoas respeitem “as recomendações da ciência, dos profissionais de saúde e da experiência internacional”.

Apesar de grave, a situação “pode ser bem enfrentada por um sistema de saúde organizando”, acrescentam as entidades.

Confira, abaixo, a íntegra da nota:

EM DEFESA DA VIDA

As entidades que subscrevem esta nota reuniram-se hoje (27/03), de modo virtual, para alertar a população que fique em casa respeitando as recomendações da ciência, dos profissionais de saúde e da experiência internacional.

Estratégias de isolamento social, fundamentais para conter o crescimento acelerado do número de pessoas afetadas pelo coronavírus, visam à organização dos serviços de saúde para lidar com esta situação, que, apesar de grave, pode ser bem enfrentada por um sistema de saúde organizado e bem dimensionado.

A campanha de desinformação desenvolvida pelo Presidente da República, conclamando a população a ir para a rua, é uma grave ameaça à saúde de todos os brasileiros. A hora é de enfrentamento desta pandemia com lucidez, responsabilidade e solidariedade. Não deixemos que nos roubem a esperança.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB

Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

José Carlos Dias, presidente da Comissão Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns – Comissão Arns

Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC

Paulo Jeronimo de Sousa, Associação Brasileira de Imprensa – ABI

Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC

27 de março de 2020

Fonte: Rede Brasil Atual – Política – Sábado, 28 de março de 2020 – Publicado às 08h52 – Internet: clique aqui.

sexta-feira, 27 de março de 2020

O Brasil irá na contramão?

Prefeito de Milão admite erro
após 4.474 mortes:
“Ninguém entendeu a gravidade do coronavírus”

Redação
Agências ANSA e AFP

Prefeito da cidade italiana, localizada na província da Lombardia, fez campanha para que Milão não parasse; “talvez eu tenha errado”, disse
Prefeito de Milão admite erro por ter apoiado campanha para cidade ...
GIUSEPPE SALA
Prefeito de Milão - Itália

O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, admitiu que errou na política adotada para combater o avanço do coronavírus na cidade italiana ao divulgar um vídeo no fim de fevereiro dizendo que Milão não deveria parar. 

"No dia 27 de fevereiro circulava nas redes o vídeo #Milãonãopara. Talvez eu tenha errado ao relançá-lo, mas naquele momento ninguém tinha compreendido a gravidade desse vírus", afirmou em entrevista à rede de televisão RAI. "Aceito as críticas, mas não tolero que usem isso para interesses políticos".

Clique sobre a imagem abaixo,
para assistir ao vídeo:


Ao fim de fevereiro, a Itália tinha 650 casos de coronavírus. Agora, são 62 mil pessoas contaminadas e mais de 8 mil mortes. De acordo com a Defesa Civil local, há 32.346 infectados na região da Lombardia, a mais afetada, com 4.474 mortes.

Após desprezar quarentena, a cidade de Bergamo, também na Lombardia, se tornou o epicentro de mortes na Itália. A cidade ignorou confinamento enquanto a confederação das indústrias local avisava clientes estrangeiros que tudo seguia normalmente.

O governo italiano limitou a mobilidade das pessoas em todo o território nacional apenas para casos de trabalho, saúde ou necessidade, fechou atividades produtivas e negócios não essenciais, além de faculdades e universidades, locais de entretenimento, parques e eventos esportivos para tentar controlar a propagação do vírus.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Sexta-feira, 27 de março de 2020 – 10h57 – Internet: clique aqui