«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 23 de março de 2020

O que acontecerá com a economia e as pequenas e médias empresas

Problemas e possíveis soluções

João José Oliveira

Para economistas, países ricos e grandes corporações vão explorar fragilidade de concorrentes para avançar na economia mundial
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A pandemia do coronavírus vai jogar o mundo inteiro em uma recessão este ano e alterar de maneira permanente a forma com que países e empresas fazem negócios, dizem economistas. Para especialistas em relações internacionais, as medidas tomadas por governos para conter o avanço da covid-19 em 2020 terá dois tipos de impacto:
* No curto prazo, a riqueza mundial, medida pelo PIB, vai diminuir, isso é quase certo.
* E, no longo prazo, governantes e corporações vão mudar a forma com que produzem, compram e vendem produtos e serviços.

Os países mais ricos do mundo, como Estados Unidos e China, com mais dinheiro para ajudar empresas em dificuldades, devem ocupar espaço das nações com menor poder financeiro, como Brasil, Argentina, México, Espanha ou Itália. Esses terão mais casos de falências no setor privado. Da mesma forma, as companhias de grande porte, com mais recursos em caixa e maior acesso às linhas de financiamento, vão se aproveitar do espaço deixado no mercado por pequenas e médias empresas que sucumbirem à recessão.

Recessão no mundo todo

Os economistas são quase unânimes em afirmar que haverá recessão global em 2020. Os países vão produzir menos este ano que em 2019. Segundo a firma de gestão de recursos e consultoria Schroders, citando pesquisa da empresa de informações Thomsom junto a analistas, o PIB do mundo vai ter retração de 3,1% este ano em comparação com 2019. Uma estimativa bem pior do que a que havia antes do coronavírus, que apontava para um crescimento de 2,3%.

Os Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, até aparecem com uma estimativa de crescimento, mas isso se deve exclusivamente à China. Os demais países desse bloco devem ter recessão em 2020, incluindo o Brasil.

Clique sobre este link abaixo,
para ter acesso a um gráfico sobre a recessão mundial.
Ao passar a seta do mouse sobre os dados, aparecerá o nome do país em questão:
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Os países mais ricos e empresas com mais caixa vão se recuperar mais rapidamente desse tombo, afirma Fábio Astrauskas [professor do Insper]. Assim, enquanto o restante do mundo estiver passando por uma retomada lenta, os líderes globais poderão ocupar espaços no mercado, alterando de forma definitiva o desenho atual das cadeias de produção.

"Após a recessão, vamos ter um aumento da concentração da riqueza no mundo. Isso já vem acontecendo e vai se acelerar. Esse vai ser o grande debate após passada a pandemia, porque a concentração tem efeitos sobre a renda. Então, serão necessários novos marcos regulatórios que estimulem a distribuição de renda", afirma Astrauskas.
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FÁBIO ASTRAUSKAS
Economista e Professor do INSPER

Sem ajuda, empresas pequenas vão quebrar

A recessão de 2020 provocada pelo covid-19 vai afetar empresas e países de forma diferente. Será mais severa sobre quem for mais frágil. Se os governos não agirem para socorrer as pequenas e médias empresas, liberando linhas de crédito ou adiando ou cortando recolhimento de impostos, por exemplo, haverá maior mortalidade entre os menores empreendedores.

E isso acaba afetando diretamente bilhões de pessoas. Segundo a Organização Mundial do Comércio, em 2018, as pequenas e médias empresas representavam cerca de 70% do emprego global no mundo corporativo. Nas economias em desenvolvimento, caso do Brasil, esse segmento responde por mais de 55% do PIB.

O problema é que essas empresas já estão perdendo participação na economia mundial por causa da globalização. Com mais dinheiro em caixa e maior acesso ao capital, as grandes corporações estão tirando fatias de mercado e de clientes dos empreendedores regionais.

Segundo o Global Policy Forum, ONG formada em 1993 por economistas de todo o mundo, as 200 maiores corporações do planeta aumentaram de 24% para 30% a fatia que detêm na produção global ao longo dos últimos 20 anos. Esse processo deve se aprofundar se os governos não adotarem práticas de proteção às pequenas e médias companhias.

O problema, apontam os economistas, é que os governos tendem a ajudar primeiro as grandes empresas. "Pelo que vimos na crise de 2008, são as grandes corporações que recebem a maior parte dos aportes dos governos. Vamos lembrar que várias empresas privadas foram salvas nos Estados Unidos com a estatização na crise de 2008", afirma Oliver Stuenkel, da FGV [Fundação Getulio Vargas).
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OLIVER STUENKEL
Economista e Professor da FGV

Países ricos mais ricos

Da mesma forma, grandes potências econômicas devem ampliar a participação no PIB global. Segundo dados do Banco Mundial, a China, por exemplo, que detinha menos de 5% do PIB global em 1980, hoje já tem mais de 15% da economia do planeta. Por outro lado, países como o Brasil ficaram praticamente estagnados, enquanto outros, como Espanha, Alemanha e França, regrediram.

"Por que a China conseguiu isso: atrair empresas e investimentos e se tornar a grande indústria do mundo? Não foi apenas por causa do mercado interno ou da mão de obra barata. Houve investimento em tecnologia e leis de atração de investimentos", afirma Paulo Dutra, da Faap.

Para Stuenkel, da FGV, o forte e rápido crescimento da China criou um novo receio entre os demais países. A pandemia do coronavírus, que começou por lá, mostrou que depender de um único parceiro pode ser perigoso.

"Os países vão começar a pensar mais em que tipo de produção precisa ser interna para depender menos do exterior, como vacinas, alimentos, equipamentos, mesmo que isso seja mais caro", afirma Oliver Stuenkel, da FGV.

"Acredito em um processo de redução de dependência mútua de China e Estados Unidos. Haverá uma busca de equilíbrio entre eficiência econômica e risco político", afirma o especialista.

Os países terão que entrar em um novo desenho da cadeia de produção, acredita Stuenkel. As economias mais ricas vão buscar elevar a produção interna.

E aquela parte da produção que tiver que ser importada deverá ser descentralizada, ou seja, com fornecedores e etapas da cadeia de fornecimento localizados em mais de um país.

Cabe então aos países emergentes buscarem uma inserção nesse novo desenho. O professor da FGV cita o Vietnã, que tem recebido investimentos dos Estados Unidos por parte de empresas que decidiram diversificar sua rede de fornecedores para não depender da China exclusivamente.

Brasil em desvantagem

O problema do Brasil nesse redesenho, afirmam economistas, é que o país não tem uma posição clara sobre em quais setores quer ser mais forte para atrair investimentos.

"A gente tem que repensar esses centros de produção para ver como o Brasil pode se inserir nesse contexto. Temos que fazer abertura comercial, mas associada a políticas de financiamento para inovação e outras medidas de ganhos de competitividade", afirma Paulo Dutra, da Faap. "Como não vejo isso hoje, acho que o Brasil vai perder espaço na economia global".

Como sequela da pandemia do coronavírus, o protecionismo deve aumentar, dizem economistas.

"O que pode ocorrer é que países de setor agrícola, por exemplo, mesmo ineficientes nessa atividade, venham a se opor mais fortemente a acordos comerciais. Caso da França, que deve se opor à ratificação do acordo de Livre Comércio com o Mercosul", afirma Oliver Stuenkel, da FGV.

Ou seja, para ele, a América Latina tende a sofrer mais com esse quadro por causa de sua dependência de commodities (matéria-prima). [O Brasil, há mais de duas décadas, não tem uma política de apoio à sua indústria! Estamos relegados a vender matérias-primas baratas e importar produtos industrializados a preços mais elevados. É o novo colonialismo do século XXI!]

SOLUÇÕES

Como o empresário pode evitar a falência mesmo de portas fechadas pelo coronavírus

Marília Miragaia

Empreendedores devem reduzir custos e
adaptar serviços para o mundo digital
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LOJAS FECHADAS DEVIDO À PANDEMIA DO COVID-19

O fechamento de lojas, academias e shoppings em razão da pandemia de coronavírus deve agravar a situação de micro, pequenos e médios empresários no país.

“As grandes empresas têm mais estrutura e estão mais preparadas para passar por situações como essa. Mas a somatória dos negócios pequenos é muito importante para a economia”, diz Rubens Massa, professor do centro de empreendedorismo e novos negócios da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Negociar prazos com os fornecedores, cortar custos e explorar recursos tecnológicos estão entre as medidas recomendadas para os empreendedores neste momento, segundo Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae.

Veja, a seguir, as orientações dos dois especialistas para enfrentar essa crise.

Adapte seu serviço para o mundo virtual

Com a suspensão das atividades físicas, a primeira atitude é controlar as despesas e cortar tudo o que não for essencial para o funcionamento — principalmente se não houver receitas no período.

Mas também é importante procurar oportunidades em outros canais de venda e repensar o modelo de negócio antes de paralisar as atividades.

O empresário deve procurar formas de adaptar o serviço para o mundo virtual. Para isso, pode buscar exemplos dentro do seu setor e adaptá-los à sua realidade.

Na área de alimentação, o delivery feito por aplicativos é uma saída, mesmo no caso de a empresa nunca ter trabalhado com entrega. Como exemplo, uma cervejaria pode vender kits com chope e petiscos para quem quer fazer happy hour dentro de casa.

Também há professores e consultores que atendem usando plataformas online e personal trainers que dão aulas por meio de videoconferência.

Livrarias podem apostar na venda de e-books, e músicos, em concertos feitos de forma virtual.
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BRUNO QUICK

Corte custos para diminuir o impacto no fluxo de caixa

É importante fazer uma revisão e reduzir ao máximo os custos, simplificando a operação — desde que as mudanças não ameacem os resultados.

Entre os exemplos de ajustes estão desligar equipamentos que têm uso intensivo de energia, controlar o consumo de água, fazer cotação de matéria-prima, renegociar o valor do aluguel e diminuir os níveis de estoque.

Também é importante, se possível, rever a data de pagamento a fornecedores e buscar formas de antecipar recebimentos, o que ajuda a deixar o fluxo de caixa positivo. Para conhecer mais alternativas, converse com associações empresariais e órgãos de auxílio a empresários.

Fique atento às novas medidas do governo

Existem pacotes de ajuda devido ao avanço da pandemia, mas é importante conversar com um contador para descobrir as medidas mais adequadas para cada realidade.

Uma das propostas apresentadas pelo governo permite que empresas cortem em até 50% a jornada e os salários de trabalhadores. Isso ajudará a reduzir custos e evitar a demissão de funcionários.
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Demitir funcionários só em último caso

A demissão deve ser considerada quando nenhum outro recurso funciona, a exemplo de ajuda governamental e da antecipação de férias, consegue resolver o problema. Fazer uma dispensa impacta as reservas da empresa, que pode se descapitalizar ao ter de pagar indenizações. Além disso, é preciso considerar o investimento que a companhia fez na formação de seus trabalhadores e a dificuldade de substituir essa mão de obra.

Considere fechar as portas mesmo se não for obrigado

No caso de estabelecimentos que não precisam fechar, como farmácias e lanchonetes, os empresários precisam avaliar se devem ou não suspender as atividades.

A primeira atitude é observar se a empresa consegue trabalhar sem risco de contaminação. Depois disso, é necessário analisar a viabilidade e a importância de manter o ponto físico aberto.

Procure ajuda do contador para organizar as contas e fazer uma estrutura de custos. Operar com uma margem positiva é um sinal de que o negócio pode continuar funcionando. Além disso, o capital de giro deve ser suficiente para um período de dois a seis meses de operação.

Avalie antes de pegar dinheiro emprestado agora

Antes de buscar crédito, o empresário precisa avaliar sua capacidade de pagar as parcelas. Começar a fazer o pagamento no momento de crise ou de retomada pode ser arriscado.
Mesmo se o empreendedor for cliente antigo de um banco, vale consultar prazos, taxas e carências disponíveis no mercado (incluindo cooperativas de crédito, bancos digitais e de fomento para pequenos empresários). Taxas de empréstimos do mesmo segmento podem ter uma grande variação entre instituições.

Divulgue medidas de prevenção aos clientes

É importante comunicar que o negócio está tomando todas as medidas recomendadas para evitar a disseminação do vírus. O cuidado deve ser divulgado permanentemente em redes sociais e na comunicação visual do ponto físico. Além de transmitir segurança, o que é essencial para o consumidor no momento, a medida também informa que a companhia está operando.

Promova campanhas de estímulo ao comércio local
Micro e pequenas empresas têm menos estrutura para atravessar momentos de crise. Por isso, é legítimo que adotem campanhas para sensibilizar o consumidor e estimulá-lo a dar preferência a produtos de companhias menores.

Não ofereça descontos sem fazer contas

Como o movimento presencial está em queda, é importante buscar formas de manter o faturamento. Mas, antes de fazer promoções online ou oferecer entrega grátis, é preciso calcular os custos para entender se isso é viável ou só vai piorar a situação financeira.

Fontes: UOL – Notícias – Segunda-feira, 23 de março de 2020 – Publicado às 09h39 – Internet: clique aqui; Folha de S. Paulo – Segunda-feira, 23 de março de 2020 – Publicado às 01h00 – Internet: clique aqui.

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