Renda dos mais pobres caiu 9% em um ano
Daniela Amorim
Queda na renda média mensal de quem recebe menos de um
salário mínimo
alcançou 9% no segundo trimestre, entre os mais ricos houve aumento de 2,38%
alcançou 9% no segundo trimestre, entre os mais ricos houve aumento de 2,38%
O que já era ruim, a renda dos mais pobres, está ficando ainda pior!!! |
A deterioração no mercado de
trabalho tem prejudicado mais os trabalhadores mais pobres, enquanto os mais
ricos registram até ganho salarial acima da inflação, a despeito da crise. A queda na renda média
mensal dos ocupados que recebem menos de um salário mínimo por mês alcançou 9%
no trimestre encerrado em junho, em relação a um ano antes, mostra levantamento
divulgado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
"É um grupo que não tem proteção de
sindicato, de lei, de nada. Ele não ganha nem o salário mínimo, está à margem
da lei trabalhista. Como a crise se espalhou de forma muito forte, são os
maiores prejudicados. Eles estão em posição de vulnerabilidade mesmo",
explicou José Ronaldo de Souza Júnior,
coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura na Diretoria de Estudos e
Políticas Macroeconômicas do Ipea.
Ao
mesmo tempo, na faixa de renda mais
alta, os 10% que recebem os maiores salários tiveram um aumento real de 2,38%
no período, de acordo com o estudo, que tem como base os microdados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, apurada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a pesquisa, a renda média de todos os trabalhadores
ocupados recuou 4,2% no segundo trimestre do ano, em relação ao mesmo
período do ano anterior.
Como
consequência, o coeficiente de Gini dos rendimentos do trabalho passou de 0,487
no segundo trimestre de 2015 para 0,490 no segundo trimestre de 2016. Quanto
mais perto de 0, mais próximo da igualdade; quanto mais perto de 1, maior a
desigualdade. Apesar do ligeiro aumento no último ano, o resultado representa
uma estabilidade, avaliou Souza Júnior.
"Mas,
como estamos falando do coeficiente de Gini apenas dos rendimentos do trabalho,
esse resultado pode não estar mostrando uma piora na desigualdade, num momento em que muita gente perdeu o
emprego. Esse número não mostra toda a desigualdade que existe no País",
ressaltou o coordenador do Ipea.
A
queda no rendimento da população impulsionou um aumento na taxa de desemprego
como um todo no País. "A renda
familiar cai, e mais pessoas da família procuram emprego para compor a renda
domiciliar", disse Souza Júnior.
A maior variação na taxa de
desemprego ocorreu entre a população idosa, pessoas
com mais de 59 anos. Nessa faixa etária, o aumento foi de 132% entre o
último trimestre de 2014 - último período antes da piora no mercado de trabalho
- e o segundo trimestre deste ano.
O
estudo mostra ainda que a alta na taxa de desemprego também foi maior em 2016
entre os idosos: a taxa de desocupação
entre a população com mais de 59 anos passou de 3,29% no primeiro trimestre
para 4,75% no segundo trimestre, um avanço de 44%.
"Esse
foi o único grupo de idade em que não houve redução na ocupação. Pelo
contrário, até aumentou a população ocupada. Mas aumentou o total de pessoas em
busca de uma vaga. Eles estão procurando emprego para compor a renda da
família, embora também haja influência de um fator demográfico", justificou
o pesquisador do Ipea.
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