"Que tristeza os pastores que se tornam príncipes distantes das pessoas"
Papa Francisco na audiência geral de
quarta-feira
Iacopo
Scaramuzzi
Vatican
Insider
14-09-2016
«É feio para a Igreja quando os pastores se tornam
príncipes, afastados
das pessoas, afastados dos mais pobres...»
PAPA FRANCISCO saúda os fiéis em sua chegada à Praça São Pedro, no Vaticano, para a AUDIÊNCIA GERAL da Quarta-feira, 14 de setembro de 2016 |
Na
audiência geral na Praça de São Pedro, o Papa Francisco recorda o convite de Jesus àqueles que estão "cansados e
sobrecarregados", àqueles que "não podem contar com os meios
próprios, nem com amizades importantes", oferecendo-lhes o próprio
"alívio".
O
papa analisou, na catequese, os três convites, na forma imperativa, de Jesus:
* "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei"...,
* "Vinde a mim", "tomai
o meu jugo" e
* "aprendei comigo", afirmando:
"Que bom seria se todos
os líderes do mundo pudessem dizer isso!".
Acima
de tudo, "dirigindo-se àqueles que estão cansados e sobrecarregados, Jesus se apresenta como o Servo do Senhor
descrito no livro do profeta Isaías", e "estes desconfiados da
vida, o Evangelho muitas vezes coloca ao lado também dos pobres e dos pequeninos.
Trata-se – explicou Francisco – daqueles que não podem confiar nos seus
meios próprios, nem em suas amizades importantes. Eles só podem confiar em
Deus. Conscientes da própria condição humilde e miserável, eles sabem que dependem da misericórdia do Senhor, esperando d’Ele a
única ajuda possível. No convite de Jesus, finalmente, eles encontram
resposta à sua espera: tornando-se seus
discípulos, eles recebem a promessa de encontrar alívio para toda a vida",
uma promessa, depois, estendida, ao término do Evangelho, "a todas as
nações", como demonstrado também por todos os peregrinos que, durante o
Jubileu de Misericórdia, estão atravessando as Portas Santas nas catedrais, nas
igrejas de todo o mundo, mas também "nos hospitais, nas prisões",
para que encontrem, disse o papa, "o alívio que só Jesus sabe dar".
Dizendo,
depois, "tomai o meu jugo", explicou Francisco, "em polêmica com
os escribas e os fariseus, Jesus coloca sobre os seus discípulos o seu jugo, no
qual a Lei encontra o seu cumprimento. Ele
quer lhes ensinar que descobrirão a vontade de Deus mediante
a sua pessoa, mediante Jesus, não mediante leis
e prescrições frias que Jesus mesmo condena".
PAPA FRANCISCO faz questão de interagir com os fieis presentes à Praça São Pedro para a Audiência Geral |
Por
fim, "Jesus não é um mestre que, com severidade, impõe aos outros pesos
que Ele não carrega. Essa é a acusação que Ele fazia aos doutores da lei. Ele se dirige aos humildes e aos
pequenos, porque ele mesmo se fez pequeno e humilde. Ele compreende os pobres e
os sofredores porque Ele mesmo é pobre e provado pelas dores. Para salvar a
humanidade, Jesus não percorreu uma estrada fácil; ao contrário, o seu caminho
foi doloroso e difícil. O jugo que os pobres e os oprimidos carregam é o mesmo
jugo que ele carregou antes deles: por isso, é um jugo leve. Ele carregou sobre
os ombros as dores e os pecados da humanidade inteira".
Jesus
"se fez próximo de todos, dos mais pobres, era um pastor e estava entre as pessoas, entre os pobres, trabalhava
todo o dia com eles, Jesus não era um príncipe (...) é feio para a Igreja –
afirmou o papa de improviso – quando os pastores se tornam príncipes, afastados
das pessoas, afastados dos mais pobres. Esse não é o espírito de Jesus. Jesus
repreendia esses pastores, e sobre esses pastores Jesus dizia ao povo: ‘Façam o que eles dizem, mas não o que eles
fazem’".
"Queridos
irmãos e irmãs, também para nós há momentos de cansaço e de desilusão",
concluiu o papa. "Então, lembremo-nos destas palavras do Senhor, que nos
dão tanta consolação e nos levam a entender se estamos colocando as nossas
forças a serviço do bem. De fato, às
vezes, o nosso cansaço é causado pelo fato de ter colocado a confiança em
coisas que não são o essencial, porque nos afastamos daquilo que realmente
importa na vida."
Nesse
sentido, "não deixemos que nos tirem a alegria de ser discípulos do
Senhor. ‘Mas, padre, eu sou um pecador...’: deixa-te levar por Jesus, sente
sobre ti a Sua misericórdia, e o teu coração será preenchido de alegria e
perdão. Não nos deixemos roubar a
esperança de viver esta vida junto com Ele e com a força da Sua consolação".
Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto. Acesse a versão
original, clicando aqui.
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