«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 25 de setembro de 2016

Uma eleição melancólica

Editorial

As semanas de campanha revelaram um nível de mediocridade
poucas vezes visto na história paulistana
DEBATE ELEITORAL NO SBT - SEXTA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2016
Da esquerda para a direita, temos os candidatos:
João Doria (PSDB), Marta (PMDB), Major Olimpio (SD), Luiza Erundina (PSOL), Fernando Haddad (PT),
e Celso Russomanno (PRB)

Causa profunda decepção perceber que, às vésperas da votação para a escolha do novo prefeito de São Paulo, nenhum candidato tenha se mostrado realmente à altura do enorme desafio de governar esta cidade. As semanas de campanha revelaram um nível de mediocridade poucas vezes visto na história paulistana, com os postulantes engalfinhando-se por irrelevâncias, que só dizem respeito ao embate político dos caciques partidários, totalmente indiferentes ao destino de São Paulo. Decerto desencantados, os moradores, que esperavam ouvir propostas sérias para resolver os inúmeros problemas locais, terão agora de se esforçar para escolher o candidato menos ruim.

Infelizmente, São Paulo revelou-se, nesta eleição municipal, um microcosmo da política nacional. Naquela esfera, como se sabe, vem triunfando, há mais de uma década, além do fisiologismo e da corrupção, o profundo descompromisso com o interesse nacional. Certos políticos parecem trabalhar apenas para si mesmos, de acordo com uma rasteira contabilidade de ganhos e perdas pessoais. Para que o saldo dessa conta seja sempre positivo, mente-se compulsivamente, recorre-se ao gangsterismo puro e simples, pisoteia-se a verdade.

Ignorando as reais necessidades do País, esses políticos disputam acesso aos recursos públicos não para investir na melhoria da vida dos brasileiros, mas para obter lucros eleitorais e arrancar vantagens pessoais ou partidárias. Os que não estão envolvidos em corrupção se revelam profundamente incapazes de apresentar-se como alternativa política viável, em razão de sua patente mediocridade. E há também aqueles que ninguém sabe quem são – os aventureiros que, sem nenhum patrimônio político, tudo podem fazer porque nada têm a perder.

Desse modo, os paulistanos veem-se diante de uma escolha muito difícil – e desde já sabem que o próximo prefeito será ou um autêntico representante da velha política carcomida ou algum desconhecido que se apresenta como novidade, explorando o desejo de mudança dos eleitores. Nos dois casos, o perigo de desastre é grande.

A eleição em São Paulo está repleta de rostos conhecidos – além do atual prefeito, Fernando Haddad (PT), estão na disputa duas ex-prefeitas, Marta Suplicy (PMDB) e Luiza Erundina (PSOL). Essa turma já disse ao que veio. Todos eles representam experiências fracassadas, ou por desvios ideológicos, que reduzem tudo à surrada luta de classes, ou por pura e simples incompetência administrativa.

Entre os não testados, João Doria (PSDB) e Celso Russomanno (PRB) tentam explorar o desencanto dos eleitores com os velhos políticos de sempre, mas, sob qualquer ângulo que se olhe, o voto neles é um salto no escuro. E a experiência desastrosa da gestão de Haddad mostra o que acontece quando se elege alguém totalmente desconhecido. Apelidado de “poste” pelos próprios petistas, o atual prefeito foi uma invenção do ex-presidente Lula, que com isso pretendia provar seu poder demiúrgico. Provou, mas o resultado é uma administração autoritária, inepta e divorciada da realidade.

A mediocridade da campanha paulistana ficou ainda mais evidente graças à saudável proibição das doações eleitorais por parte de empresas. Com menos dinheiro para gastar com pirotecnias marqueteiras, os candidatos acabam por se expor mais, deixando evidentes as suas limitações.

É claro que não se pode esperar que os candidatos de uma cidade importante como São Paulo deixem de abordar temas que têm mobilizado as atenções nacionais, ainda mais em tempos de profunda crise política, econômica e moral, que a todos afeta. O problema é que a campanha, graças à indigência política dos candidatos, se tornou um mero tira-teima sobre quem lucrou mais com a debacle petista no plano federal, coisa que nada tem a ver, por exemplo, com a qualidade do asfalto nas cronicamente esburacadas ruas e avenidas de São Paulo. Portanto, resta aos eleitores a tarefa de informar-se melhor sobre o candidato em quem pretendem votar e, principalmente, de cobrar do eleito que se preocupe não com o grande jogo político de Brasília, mas com os graves problemas desta cidade.

PROPOSTAS IRREAIS E DEMAGÓGICAS

Promessas custariam até R$ 29,6 bilhões
em São Paulo

Adriana Ferraz e Marianna Holanda

Valores de propostas somados das principais candidaturas revelam desafio para o cumprimento em quatro anos; especialistas veem risco de frustração
PRINCIPAIS CANDIDATOS A PREFEITO DE SÃO PAULO - ELEIÇÕES 2016
Da esquerda para a direita, temos:
Celso Russomanno (PRB), Marta (PMDB), Fernando Haddad (PT), João Doria (PSDB),
Luiza Erundina (PSOL) e Major Olimpio (SD)

São Paulo precisaria de ao menos R$ 29,6 bilhões em caixa para colocar em prática as principais propostas apresentadas pelos candidatos a prefeito. Esse é o valor estimado, por exemplo, para:
* congelar a tarifa do transporte público em R$ 3,80 pelos quatro anos de mandato,
* construir 100 quilômetros de corredores de ônibus,
* oferecer escola integral a 100 mil crianças e
* contratar 2 mil médicos,
entre outras promessas alardeadas durante a disputa eleitoral.

A estimativa do jornal O Estado de S. Paulo foi alcançada com base em dados da Prefeitura e em projeções feitas com a ajuda de especialistas, tendo em vista os maiores compromissos firmados até agora. Apesar do custo alto e do período econômico difícil pelo qual passa o País, os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenções de voto não falam em crise, muito menos explicam como vão conseguir recursos para colocar suas propostas em prática. [É esse tipo de atitude que provoca frustrações e decepções da população com a classe política e os governos!]

Quem ganhar a preferência do eleitor vai ter de lidar com um cenário financeiro no mínimo apertado. O teto previsto para investimentos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 é de R$ 2,9 bilhões, valor 56% menor do que o aprovado para este ano. É como se o próximo prefeito ou prefeita tivesse de ampliar essa previsão dez vezes durante o mandato para viabilizar parte dos compromissos ou então gastar mais da metade do atual Orçamento, fixado em R$ 54 bilhões.

Só a manutenção da tarifa de ônibus em R$ 3,80 pelos próximos quatro anos, como prometem Marta Suplicy (PMDB) e João Doria (PSDB), demandaria R$ 6,4 bilhões a mais em subsídios para as empresas de transporte. Já a implementação de um sistema de transporte moderno, nos moldes do chamado BRT (transporte rápido por ônibus), onde o passageiro paga a passagem antes de embarcar, exigiria R$ 70 milhões por km – Marta promete 100 km.

O BRT seria muito bem-vindo, desde que haja dinheiro. Já congelar a tarifa seria uma temeridade na atual situação. E o principal beneficiário nem seria o usuário, mas os empresários, que não teriam de pagar mais em vale-transporte”, diz o consultor de engenharia de tráfego Flamínio Fichmann.

SAÚDE

Considerada pela população a área mais deficitária, a saúde é a que reúne o maior número de propostas vendidas como a solução para os problemas da rede. Contratação de médicos, expansão do prontuário eletrônico com uso de cartão com chip e oferta de consultas e exames durante o período noturno ou mesmo de madrugada estão entre as medidas anunciadas.

Caso vença, Celso Russomanno (PRB) precisará de nada menos do que R$ 1,8 bilhão por ano, ou R$ 7,2 bilhões em quatro, para cumprir a promessa de dobrar o salário dos 5,7 mil médicos da rede direta. Isso se for levado em conta apenas o salário inicial pago pela Prefeitura, de R$ 13,1 mil, sem os benefícios nem 13º salário. Com esses mesmos números é possível calcular quanto custaria contratar 2 mil médicos em quatro anos: R$ 1,2 bilhão. Já estender o funcionamento das unidades de saúde até as 23 horas demandaria R$ 503 milhões por ano ou R$ 2 bilhões até 2020.

“Os candidatos estão fingindo que é tudo céu de brigadeiro, isso não é real”, afirma Laura Macruz, professora de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). “Caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para limitar os gastos públicos for aprovada, haverá impacto direto na gestão municipal. A fatia de recursos do Orçamento para a saúde, hoje em torno de 20%, pode diminuir, e os candidatos nem levam isso em consideração”, diz. [Portanto, a maioria das promessas não passarão disso: promessas!]
MARCO ANTONIO TEIXEIRA
Cientista Político - FGV/SP

EDUCAÇÃO

Na educação, mais uma ideia cara: a de ampliar o ensino integral, de oito horas. Sob esse formato, o custo do aluno sobe 29%, segundo o Plano Nacional de Educação. Todos os candidatos, com exceção de Luiza Erundina (PSOL), abordam o tema, recorrente, aliás, em campanhas eleitorais.

Marta é a única a citar números. Promete matricular 100 mil crianças nesse sistema. Para isso, terá de obter cerca de R$ 2,5 bilhões – tendo como base o valor anual de R$ 5 mil por aluno na escola regular. Outro compromisso batido, o de abrir vagas em creche, teria custo semelhante, de R$ 2,7 bilhões, para Fernando Haddad (PT) num eventual segundo mandato. O petista diz que ampliará a rede em mais 100 mil vagas.

Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP), a conta final revela falta de responsabilidade fiscal dos candidatos. “Condutas como essas só colaboram para aumentar a frustração dos eleitores, que, ao fim do governo, não veem suas demandas atendidas.”

“Fala-se muito em gestão nesta campanha, mas gestão é maximizar os recursos existentes, não propor gastar mais do que se tem.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações – Domingo, 25 de setembro de 2016 – Pág. A3 – Internet: clique aqui; e Política – Domingo, 25 de setembro de 2016 – Pág. A4 – Internet: clique aqui.

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