«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Religião vira serviço "delivery" - entrega em domicílio!

Amazon faz “delivery” de monges no Japão

Jonathan Soble
THE NEW YORK TIMES
Nova York – EUA

Nada escapa ao tino comercial da gigante do comércio eletrônico:
no Japão, cerimônia budista básica custa o equivalente a US$ 344
JUNKU SOKO
monge de 39 anos vai em domicílios realizar serviços religiosos budistas - Japão

O monge budista de cabelo aparado acende o incenso no pequeno altar exatamente como os membros da sua ordem fazem há séculos. Enquanto o monge entoava sutras, Yutaka Kai fechou os olhos e orou pela mulher, que morreu no ano passado em decorrência de complicações de uma cirurgia substitutiva no joelho.

Kai, 68 anos, deixou de lado a fé budista da família ao sair de sua cidade natal décadas atrás, na zona rural, para trabalhar numa fábrica de pneus. Por isso, não encontrou nas imediações um templo em que pudesse ir no primeiro aniversário da morte da mulher, data considerada um marco para os budistas japoneses.

Entra em cena a internet. No Japão moderno, é possível encontrar um monge budista com poucos cliques, bastando recorrer à Amazon.com. “O preço é acessível e claramente informado”, disse o filho mais velho de Kai, Shuichi, 40 anos. “Não precisamos descobrir sozinhos de quanto deveria ser uma doação aceitável.”

O monge que participou da cerimônia de Kai, Junku Soko, faz parte de um negócio controverso que está perturbando as tradicionais cerimônias fúnebres japonesas. Num país em que regulamentações sufocaram boa parte da chamada economia dos “bicos” – o Uber, por exemplo, tem presença ínfima no país –, uma rede de monges freelance está avançando no improvável mercado da religião.

O empreendimento deles é considerado inapropriado por algumas pessoas e recebeu a condenação de lideranças budistas. Um abrangente grupo que representa as muitas seitas budistas do Japão se queixou publicamente depois que a Amazon começou a oferecer serviços de obosan-bin (“delivery de monges”) em seu site japonês no ano passado, em parceria com uma startup local.

COMO FUNCIONA

Para agendar um monge pela Amazon, os usuários clicam em uma das muitas opções e a adicionam a um carrinho de compras, exatamente como fariam no caso de um par de sapatos. Os preços são fixos. Uma cerimônia básica no lar do morto custa 35 mil ienes (US$ 344 – trezentos e quarenta e quatro dólares). O pacote mais caro, que inclui uma segunda cerimônia no cemitério e um batismo budista póstumo, quase dobra de preço.

O serviço foi pensado originalmente pela startup Minrevi, com fins lucrativos. Antes de assinar um acordo com a Amazon no ano passado, a empresa construiu uma rede de 400 monges e começou a fazer os agendamentos em seu próprio site, que continua no ar, bem como agendamentos por telefone. A empresa diz ficar com cerca de 30% dos valores cobrados; o restante fica com o monge.

A empresa incorporou outros cem monges para atender à demanda gerada pela nova parceria com a Amazon, disse o porta-voz Jumpei Masano. Espera-se um aumento de 20% nos agendamentos este ano, chegando a cerca de 12 mil.

PRESERVAÇÃO

Os monges e seus defensores dizem estar atendendo a necessidades reais. Eles afirmam que o serviço está ajudando a preservar as tradições do budismo ao torná-las acessíveis a milhões de japoneses que se afastaram da religião. “Os templos nos mandam velas de 10 ienes, mas cobram 100 ienes pelo serviço”, disse Soko, 39. “Estão protegendo os próprios interesses.”

Os argumentos desse tipo soarão familiares para quem quer que já tenha acompanhado a perturbação que as empresas de comércio eletrônico trazem para determinados setores da economia, da edição de livros até as companhias aéreas, táxis e hotéis.

No Japão, mesmo em segmentos muito menos ligados à sensibilidade do que a religião, os recém-chegados costumam ser recebidos com frieza, e as startups são mais raras do que em outros países ricos. Entre as explicações: escassez de capital de risco, a influência política exercida por empresas já consolidadas e uma cultura que valoriza mais a estabilidade do que a criatividade destrutiva que impulsiona o crescimento em países como os Estados Unidos.

Mas a religião pode ser uma exceção à regra. Trata-se de um assunto tão opaco – e tão distante do cotidiano de muitos japoneses modernos – que uma pequena dose de perturbação tecnológica pode se mostrar bem-vinda. Além de espiritual, a questão é material. Assim como ocorre com instituições religiosas em muitos outros países, os templos no Japão recebem generosas isenções fiscais.
TEMPLO TODAI-JI - NARA (JAPÃO)
Esse é um dos templos budistas mais historicamente significativos e famosos do Japão.
Foi construído no Século 8 pelo Imperador Shomu e tornou-se o principal de todos
os templos budistas provinciais do país.

Para monge, templos também são negócios

Assim como ocorre com os praticantes de outras religiões, os budistas costumam oferecer doações aos monges em troca de seus serviços.
Os defensores dos obosan-bin (os tais monges que podem ser solicitados diretamente no site da Amazon) defendem que os templos convencionais já funcionam como negócios.
Na visão dos defensores do novo serviço, a solicitação pela internet deixa a relação mais clara, num sinal de respeito ao consumidor. [Isso mesmo! Religião é um “consumo” como outro qualquer, segundo essa visão!]
O monge Junku Soko diz que, ao deixar o doador decidir a quantia, o que ocorre é que muitos acabam pagando demais.     

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia / Mídia&MKT – Segunda-feira, 26 de setembro de 2016 – Pág. B10 – Internet: clique aqui.

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