Agora, a coisa é pra valer!
A DENÚNCIA CONTRA LULA
Lula: “Comandante máximo” da propina
na Petrobras e outras empresas estatais
Editorial
O petrolão, segundo Dallagnol, é apenas uma parte da
corrupção.
Ainda maior é o sistema que ele chamou de
PROPINOCRACIA,
o governo regido pelas propinas — cuja existência seria
impossível
sem a participação do ex-presidente Lula.
DELTAN DALLAGNOL Procurador da República explica como todo o esquema de corrupção que vem desde o MENSALÃO até o PETROLÃO só tem razão de ser com LULA no comando de tudo! |
Se
o PT imaginava que a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) daria ao partido algum
fôlego para se recuperar do impeachment
de Dilma Rousseff, o procurador da
República Deltan Dallagnol tratou de desfazer o engano com acusações devastadoras dirigidas ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Durante
entrevista coletiva nesta quarta-feira (14 de setembro), Dallagnol afirmou que Lula não poderia, como fez no mensalão, dizer que
não sabia do petrolão. Ao contrário, o ex-presidente, nas palavras do
procurador da República, foi "comandante
máximo" do esquema identificado pela Lava Jato, "grande general" da corrupção e "maestro da orquestra criminosa".
Pesadelo
para os petistas, as expressões devem ter soado como música para seus
adversários. Diante da inevitável dilaceração política, Lula terá de pensar
duas vezes antes de emprestar seu carisma a candidatos a prefeito — isso para
ficar apenas no curto prazo.
Não
se trata só das expressões. Todo o
contexto de corrupção sistêmica descrito por Dallagnol converge para Lula, cuja
posição central foi repetidas vezes lembrada por recursos visuais.
O
conjunto de evidências, prossegue o procurador, faz concluir que os desvios de recursos públicos ocorriam em
nome da governabilidade, da perpetuação no poder e do enriquecimento [pessoal]
ilícito. Na infografia, tudo aponta para Lula: José Dirceu, depoimentos,
mensalão, pessoas próximas na Lava Jato etc.
O petrolão, segundo
Dallagnol, é apenas uma parte da corrupção. Ainda maior é o sistema que ele chamou de propinocracia, o governo regido pelas
propinas — cuja existência seria impossível sem a participação do ex-presidente
Lula.
Passado
o momento espetaculoso, Dallagnol cedeu a vez a seus colegas Roberson Pozzobon e Julio Carlos Motta Noronha, que
explicaram a denúncia de fato apresentada pelo Ministério Público Federal.
A
acusação formal, ainda a ser apreciada pela Justiça, representou o anticlímax.
Tratava-se, no caso de Lula, de corrupção
passiva (R$ 87,6 milhões) e lavagem
de dinheiro, envolvendo um tríplex em Guarujá e o armazenamento de bens
pela OAS (total de R$ 3,7 milhões).
Não
que seja pouco ou perdoável, mas causa
estranheza que, num esquema descrito com tantas hipérboles, a parte do
"comandante máximo" se resuma a valores inferiores aos obtidos por
figuras sem expressão política. [Pelo visto, os
procuradores não conseguiram reunir provas e evidências sobre isso, ainda!]
Diga-se,
em favor da força-tarefa da Lava Jato e do trabalho esmerado que tem realizado,
que toda a apresentação é verossímil.
A ninguém escapa, afinal, que Lula era o chefe político; daí a ser o chefe
criminoso há uma distância que precisa ser superada com provas.
Verdade
que não se sabe que outras surpresas os procuradores trazem no bolso, mas, ao
menos por ora, fica a impressão de que, sem conseguir apresentar evidências
mais robustas contra Lula, o Ministério Público Federal tenta suprir a lacuna
com retórica.
Carga sobre o ex-presidente muda de patamar
Fábio Zanini
DELTAN DALLAGNOL e todos os Procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato não têm dúvidas: instalou-se no Brasil uma "propinocracia" - ou seja - o poder da propina! |
As
esferas coloridas retratando Luiz Inácio
Lula da Silva como o centro de um
grande Sistema Solar da corrupção e a insistência em introduzir no léxico o
termo "propinocracia" são próprias do histrionismo que às vezes
acomete a Lava Jato, mas não há dúvida de que a carga sobre o ex-presidente acaba de mudar de patamar.
Lula
não seria simplesmente beneficiário de um tríplex em Guarujá ou de reformas num
sítio em Atibaia, acusações que já causavam embaraço político por serem
simbólicas.
São
suspeitas, afinal, que tisnam a imagem do ex-presidente como alguém que até
começarem as denúncias era tido como mãos limpas.
A Lava Jato está indo além.
Está tentando contar uma história com começo, meio e fim. Uma "narrativa",
como virou moda dizer, ironicamente, entre os petistas.
Lula não seria apenas o
beneficiário de mimos de amigos empreiteiros, mas o comandante, o general, o
maestro – todos
termos usados pelo procurador Deltan Dallagnol em sua longa exposição – de um esquema durante anos, que se
manifestou primeiro no mensalão e agora no petrolão.
Ele
intermediaria a obtenção de contratos públicos para a OAS, e provavelmente
outras empresas, para que desses valores parte fosse extraída como propina e
financiamento ilegal para aliados no PT e em outros partidos. O objetivo final seria a construção de uma
maioria política que permitisse a perpetuação do esquema no poder.
O ex-presidente, obviamente,
vê a coisa toda de forma diferente. Os acordos políticos, para ele, são legítimos numa
democracia, e não diferentes do que outros governos sempre fizeram. O famoso
tríplex nunca foi usado ou reservado para ele. Valores recebidos pela OAS foram
pagamentos por atividades que estão no portfólio de um ex-presidente preocupado
em abrir mercado para uma grande empresa nacional.
As dificuldades de Lula,
fragilizado após o impeachment, em
fazer valer sua versão dos fatos são evidentes. Mas o desgaste político é
o menor de seus problemas: o juiz Sergio
Moro costuma levar de seis a sete meses entre receber a denúncia e proferir
uma decisão, em geral condenatória. A primeira instância recursal, o Tribunal Regional Federal - 4ª Região
[Porto Alegre – Rs], demora em média um ano para dar sua decisão, e não tem por
hábito desfazer o que Moro fez. Estamos falando, portanto, na possibilidade concreta de Lula estar
condenado em segunda instância no primeiro semestre de 2018. No mínimo,
seria enquadrado na Lei da Ficha Limpa, impossibilitado de concorrer à
Presidência e tentar salvar seu partido e seu nome.
“PROPINOCRACIA”
Lula é acusado por procuradores de
liderar
esquema de corrupção na Petrobras
AS
ACUSAÇÕES
> Lula foi denunciado pela Lava Jato
sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro em parceria com o ex-presidente
da OAS, Léo Pinheiro
> Para os procuradores, o petista
liderou o esquema de corrupção na Petrobras, e teria se valido de “propinocracia”
para conseguir governabilidade
O
CASO
Lula teria recebido R$ 2,4 milhões da OAS
em benfeitorias em triplex no Guarujá, reservado para ele; dinheiro viria de
desvios da Petrobras
OUTROS
DENUNCIADOS
> Marisa Letícia (ex-primeira-dama)
> Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS)
> Agenor Franklin Medeiros (executivo
da OAS)
> Paulo Gordilho (executivo da OAS)
> Paulo Okamotto (presidente do
Instituto Lula)
> Fábio Hori Yonamine
> Roberto Moreira Ferreira
OUTRO
LADO
Defesa diz que não foram apresentadas
provas e que acusação é “truque de ilusionismo”
OUTRAS
ACUSAÇÕES CONTRA LULA
1. Compra
de MPs
Zelotes investiga
repasses a filho de Lula, que teriam sido feitos em troca da aprovação de medidas provisórias
2.
Sítio em Atibaia
Lula seria real
dono; ele foi reformado por Odebrecht e OAS; laudo mostra que Lula orientou
reparos
3.
Palestras
A LILS, empresa
de Lula, recebeu R$ 9,9mi, entre 2011 e 2014. Suspeita-se de fraudes e
palestras não realizadas
4.
Repasses
O Instituto Lula
recebeu R$ 20,7 milhões em doações de empreiteiras que são investigadas na Lava
Jato
5.
Ministro
Nomeação de Lula
como ministro da Casa Civil de Dilma é investigada sob suspeita de desvio de
finalidade
Fonte: Folha de S. Paulo – Opinião
– Quinta-feira,
15 de setembro de 2016 – 02h00 – Internet: clique aqui;
e Folha de S. Paulo – Poder / Petrolão
– Quarta-feira, 14 de setembro de 2016 – 17h22 – Atualizado às 23h21 –
Internet: clique aqui.
A REAÇÃO DE LULA
Lula troca ameaça da jararaca pelas lágrimas
Alberto Bombig
Ao invés de arrogância e prepotência, Lula opta por
emoção,
choro e politização das acusações recebidas
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Chora enquanto faz pronunciamento na sede do Diretório Nacional do PT em São Paulo (SP) Quinta-feira, 15 de setembro de 2016 |
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
mudou radicalmente de estratégia no
pronunciamento que fez hoje [quinta-feira, 15 de setembro] se comparado ao Lula que vociferou contra
tudo e contra todos em março deste ano, quando foi levado de maneira
coercitiva para prestar depoimento em uma sala do aeroporto de Congonhas, em
São Paulo. No dia 4 de março, após
ter sido ouvido por um delegado da Polícia Federal no inquérito da Lava Jato, Lula ameaçou: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça”. Hoje, um
Lula abatido foi às lágrimas diante das câmeras de TV e dos fotógrafos, em mais
um espetáculo midiático da operação,
desta vez, protagonizado pela defesa.
“Eles querem me investigar, me investiguem,
querem me convocar pra depor, me convoquem. Eu só quero que respeitem a Dona
Marisa (mulher dele, também denunciada ontem pelo Ministério Público
Federal)”, disse Lula hoje, em tom colaborativo, completamente o oposto do político que chegou a mandar as
autoridades enfiarem o inquérito naquela lugar em março. O que mudou nesses
quase 6 meses transcorridos entre os dois pronunciamentos de Lula? Simples de
responder: As investigações avançaram e
o PT perdeu a Presidência com o impeachment
de Dilma Rousseff.
O discurso de Lula hoje, que se recusou a
responder perguntas dos jornalistas, foi
antes de tudo político, emocional. O ex-presidente praticamente não entrou
no mérito das graves acusações da Lava Jato sobre sua ligação (ligação que ele
não nega) com o Léo Pinheiro,
ex-homem forte da OAS. Fez afirmações
genéricas sobre a investigação e chamou a denúncia do MPF de “pirotecnia”.
E, claro, e se declarou uma “vítima”:
“Fui vítima de um momento de indignação. Eu nunca pensei passar por isso”.
No
momento mais desafiador hoje, Lula pediu
“provas” de que praticou corrupção. “Provem
uma corrupção minha que irei a pé ser preso”. O dever da prova é das
autoridades, da investigação, do Estado, dos acusadores. Lula sabe disso e, no
âmbito jurídico, parece ter lançado mais um desafio à Lava Jato. Porém, se comovem uma parcela importante dos
brasileiros e revelam o lado humano da jararaca, as lágrimas do ex-presidente
não bastam para “provar” sua inocência. Essa luta ele terá de travar nos
tribunais com os bons advogados que têm à disposição.
Versão em vermelho
Dora Kramer
Lula sentiu o golpe e reagiu rápido para dizer que está
vivo
LULA FAZ UMA DEFESA POLÍTICA E EMOTIVA Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) - São Paulo - Capital Quinta-feira, 15 de setembro de 2016 |
Lula acusou o golpe. Tanto entendeu a gravidade
e o potencial politicamente destrutivo da denúncia apresentada pela força
tarefa da Lava Jato, que reagiu de
pronto tentando criar um fato para rivalizar com as palavras dos procuradores e
dar a impressão de que está “mais vivo” do que nunca. Tanto ele quanto os
petistas aos quais pediu que vistam
vermelho, ergam as cabeças e saiam
às ruas para se defender das “perseguições” de que são vítimas.
A
militância presente à sede do Diretório Nacional do PT adorou. Lula contou aos petistas a história que
queriam ouvir para poder sair por aí repetindo o relato de uma grandiosa
injustiça. O ex-presidente falou de sua origem pobre, da trajetória
política, dos sucessos obtidos, de suas grandes qualidades, pôs no mesmo saco
de “eles” os adversários partidários, os procuradores que o investigam, os
policiais que estiveram em ações de busca e apreensão em residências dele e de
sua família, falou o que quis do jeito
que bem entendeu, mas não fez referência à substância das acusações.
Como
se fossem obra da imaginação raivosa daqueles que nada querem além de
anarquizar com a reputação dele. Cometeu
a proeza de localizar o início da “perseguição” em 2005 sem fazer referência ao
esquema do mensalão, episódio detonador das sérias agruras do PT na
Justiça. Lembrou que o Brasil já foi exemplo no mundo, lamentando que hoje o
País “esteja nessa situação”. Como se a
crise econômica tivesse sido obra da oposição. Uma versão bem arrumada, mas
desconectada dos fatos. E contra eles, como se sabe, não há argumentos.
Fonte: ESTADÃO.COM.BR –
Política / Blog Fausto Macedo – Quinta-feira, 15 de setembro de 2016 – 15h00 –
Internet: clique aqui;
e Política / Colunistas –
Quinta-feira, 15 de setembro de 2016 – 15h21 – Internet: clique aqui.
ANALISANDO OS FATOS...
A prova do crime
Editorial
A defesa do ex-presidente confirma sua estratégia de
insultar a Justiça
e transformar Lula em vítima de um grande complô das
“elites”
JOSÉ CARLOS BUMLAI & LULA amigos íntimos de negócios e de vida privada. Agora, Bumlai foi condenado . . . por que será? |
O maior indício de que Luiz
Inácio Lula da Silva cometeu os crimes que lhe são imputados está justamente em
sua defesa:
ao bradarem que o chefão petista é “perseguido político”, os advogados e os áulicos de Lula deixam claro que não têm como
justificar as evidências de que o ex-presidente participou – como
“comandante máximo”, “grande general” e “maestro”, segundo o Ministério Público
Federal – do maior esquema de corrupção
da história brasileira.
Talvez
influenciado pelo estilo bravateiro do seu cliente, um dos advogados do capo
disse que “o crime de Lula, para a Lava
Jato, é ter sido presidente eleito democraticamente duas vezes”. Com isso, a defesa do ex-presidente confirma sua
estratégia de insultar a Justiça e transformar
Lula em vítima de um grande complô das “elites”.
Lula,
pessoalmente, não se furta a desempenhar o patético papel de vítima: vai à
televisão, conta detalhes de sua sofrida vida – até se tornar o nababo de hoje
–, descreve a fome e chora copiosamente. Explicações
sobre as acusações que sobre ele pesam não dá nenhuma, até porque não existem.
Nessa estratégia, pouco
importa o que Lula fez. Acreditando-se acima da lei, o
ex-presidente considera que o País lhe deve eterna gratidão por ter sido o
responsável, segundo alardeia, pela felicidade de milhões de pobres. Quem
quer que se empenhe em fazer Lula responder por seus atos é desde logo
identificado como integrante da tal conspiração – que, conforme o PT, envolve a
imprensa independente, os empresários, o Congresso e o Judiciário, inclusive o
Supremo Tribunal Federal.
Há tempos a Justiça vem
recolhendo evidências de que Lula, enquanto espezinhava as tais “elites”,
constituiu para si uma outra elite de estimação e luxo – formada por empresários e
políticos que aderiram ao monumental esquema de corrupção que os petistas
instalaram no governo federal. Tal organização passou os últimos dez anos a
operar uma formidável máquina de financiamento de um projeto criminoso de poder e enriquecimento. O mensalão foi apenas
um fotograma desse grotesco filme de terror.
Em quase 150 páginas, os
procuradores da Lava Jato afirmam ser capazes de demonstrar que Lula se
beneficiou pessoalmente desse esquema. Ele teria recebido R$ 3,7 milhões em propinas da
construtora OAS, empreiteira responsável pelo famoso triplex de que a família
Da Silva pretendia usufruir. Para se defender, Lula mandou dizer que “jamais
foi proprietário” daquele apartamento. Em primeiro lugar, é improvável que apareça algum documento em que conste o nome de Lula
como proprietário do tal triplex, porque se trata, conforme a denúncia, de uma
operação de lavagem de dinheiro, em que o nome do verdadeiro dono nunca aparece.
Em segundo lugar, Lula não precisaria ter dormido no triplex para que ficasse
comprovado o elo entre o imóvel e o esquema que o beneficiou, assim como não
foi necessário flagrar Fernando Collor dirigindo o Fiat Elba que selou sua
sorte na Presidência, em 1992.
É
claro que, para Lula, não interessa responder ao que está nos autos, pois
parece óbvio que ele não tem uma boa resposta a dar. Sua reação é a de sempre: passar-se por vítima.
Enquanto
isso, a denúncia do Ministério Público contra Lula será analisada pelo juiz
federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato. Era
isso o que Lula mais temia, e não sem razão. Ontem, Moro condenou a 9 anos e 10 meses de prisão o pecuarista José
Carlos Bumlai, amigo do peito de Lula, em razão da intermediação de um
empréstimo fraudulento do Grupo Schahin
para o PT, em troca do qual aquela empresa ganhou um contrato bilionário com a
Petrobrás. No mesmo caso foi condenado a 6 anos e 8 meses de prisão o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
A cada sentença como essa
fica mais clara a dimensão da organização criminosa petista, que, como já disse o
procurador-geral, Rodrigo Janot, e reafirmou agora a força-tarefa da Lava Jato,
não poderia ter funcionado por tanto tempo e de maneira tão agressiva sem que
Lula dela participasse.
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