«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Como se constrói um mito

Dora Kramer

Lula zombou do Ministério Público sem que isso sirva para ajudá-lo na Justiça. Mas deu motivos aos interessados em atrapalhar as investigações que, não por acaso, lhe deram toda razão.
LULA IRRITADO COM A SUA CONDUÇÃO COERCITIVA PELA POLÍCIA FEDERAL
Aqui, ele exerceu o papel do FORTÃO, daquele que intimida e se vangloria!
São Paulo, 4 de março de 2016 - Sexta-feira

João Santana* captou de forma certeira a essência de Luiz Inácio da Silva quando contou como explorou para efeito de propaganda política a dupla personalidade do personagem:
* o fortão e
* o fraquinho.
Ambos viventes do mesmo corpo entram em cena de acordo com a necessidade.

* O forte atua para intimidar e se vangloriar;
* o fraco para fazer-se de mártir.

O primeiro [fortão] encarna o humilde que virou poderoso contra tudo e contra todos e o segundo [fraquinho] faz o papel de vítima das elites, alvo de preconceito de classe, um injustiçado, mas resistente benfeitor dos pobres.

Santana revelou o truque ao público há dez anos e até hoje ainda há quem se deixe iludir por essa artimanha. [E como! Inclusive pessoas que se acham bem informadas e de boa formação!]

E não se fala aqui do fiel depositário dos benefícios sociais, que não os vê como direito, mas como concessão paternal. Fala-se das camadas mais informadas, cientes de todos os fatos e atos que revelaram a mentira da bandeira do PT pela ética na política. Caíram no conto quando da condução coercitiva de Lula para depor na Polícia Federal e voltaram a morder a isca quando da denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava Jato, na semana passada.

Por ocasião da condução coercitiva, ato que já havia sido aplicado a vários investigados na operação, Lula encenou o fortão: agressivo, avisou que haviam tentado abater “jararaca”, mas não conseguiram matá-la.

Atingiu o objetivo de inocular desconfiança na atitude dos investigadores que, por essa versão, teriam cometido abusos, exagerado, montado um “circo”. Pois de lá para cá surgiram novos indícios, novas revelações contidas nos depoimentos das delações premiadas, que justificavam o ato. Lula deveria sim ser tratado como vários outros investigados também conduzidos da mesma forma a prestar esclarecimento sem que houvesse reação contra o “absurdo”.
LULA CHORA DURANTE DISCURSO NO DIA SEGUINTE À DENÚNCIA APRESENTADA
PELO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL DE CURITIBA

Nesta ocasião, dia 15 de setembro último, ele desempenha o papel do FRAQUINHO, mártir, vítima!

A diferença é que o ex-presidente é o que resta ao PT e, nessa condição, precisa alimentar o mito do intocável. Naquela ocasião, recorreu ao fortão que mete medo. Nessa recente, subiu ao palco o fraquinho que produz necessidade de expiação de culpa e resgate da “dívida social”. Ambos cultivam terreno fértil à semeadura da enganação.

A contundente, adjetivada e detalhada exposição das razões pelas quais foi apresentada a denúncia contra Lula propiciou a propagação da ideia de que os procuradores extrapolaram, produziram um show e nada comprovaram que pudesse corroborar a convicção de que o ex-presidente esteve no topo do esquema de corrupção que sem seu conhecimento não teria como funcionar naquela dimensão.

Fizeram isso de maneira transparente, apresentando as evidências até agora recolhidas, respondendo depois às perguntas dos jornalistas. Obviamente não revelaram tudo. Quando o Ministério Público divulga resultados de investigações é porque detém muito mais informações para respaldar as afirmações. [Muitos críticos da denúncia feita pelo Ministério Público Federal de Curitiba estão esquecendo esse detalhe!]

Já Lula fez as coisas de forma nebulosa. Pronunciou-se sem abordar o mérito das acusações, protegido pelos aplausos da militância reunida no Diretório Nacional do PT. Deu a satisfação que quis, fugindo daquelas que seria instado a dar caso tivesse aberto espaço aos questionamentos da imprensa.
JOÃO SANTANA

O ex-presidente acusou o golpe recebido com a denúncia. Disse que não estava “entendendo” o que se passava, mas compreendia perfeitamente o que daqui em diante pode lhe acontecer. Fosse de fato inexistente a substância do material na posse do MP, ele teria rebatido ponto a ponto sem o auxílio de recursos histriônicos nem teria precisado sustentar sua diatribe aos procuradores numa mentira: “Não temos provas, mas temos convicção”, a frase de impacto que nunca foi dita. [Mas que está sendo repetida à exaustão pelos petistas e simpatizantes, uma mentira quando é muito dita, acaba sendo admitida como verdade!]

Lula zombou do Ministério Público sem que isso sirva para ajudá-lo na Justiça. Mas deu motivos aos interessados em atrapalhar as investigações que, não por acaso, lhe deram toda razão.

* JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO é considerado um dos mais importantes consultores políticos do Brasil – e, entre eles, o de maior projeção internacional. Comandou o marketing vitorioso de oito eleições presidenciais, o que lhe confere um local destacado no ranking mundial de sua atividade. Coordenou o marketing vitorioso das campanhas de Lula (2006) e Dilma Roussef (2010 e 2014), no Brasil; Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013), na Venezuela; Mauricio Funes, em El Salvador; Danilo Medina, na República Dominicana; e José Eduardo Santos, em Angola. Três destas vitórias foram conseguidas em um mesmo ano (2012), um feito inédito no marketing político internacional. Além destes pleitos presidenciais, comandou dezenas de campanhas para governador, prefeito, senador e deputados no Brasil e na Argentina. Foi preso em fevereiro de 2016 na Operação Lava Jato, na 23ª fase, batizada de Operação Acarajé, e solto em agosto do mesmo ano após contribuição com a justiça, pagamento de fiança e determinadas outras condições exigidas pela justiça. Em julho de 2016, admitiu em juízo o caixa 2 no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato (Fonte: Wikipédia).

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Colunistas – Domingo, 18 de setembro de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

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