JOVENS estão se envenenando!
Riscos desconhecidos
Jairo Bouer
Psiquiatra
Novas substâncias químicas que trazem risco de vida
estão sendo colocadas em comprimidos vendidos como se fossem LSD ou ecstasy
Estudo
divulgado na última semana revelou que novas
substâncias químicas que trazem risco de vida estão sendo colocadas em
comprimidos vendidos como se fossem LSD (ácido lisérgico) ou ecstasy, duas das drogas sintéticas
mais populares entre os jovens.
O
trabalho do Centro de Controle de
Intoxicações (CCI), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
identificou as drogas fentanil e butilona. Só em agosto, seis jovens
entre 18 e 30 anos foram intoxicados por essas substâncias e um deles morreu
por parada cardíaca.
O fentanil
é derivado opioide, usado como anestésico e analgésico, cerca
de 50 vezes mais potente que a morfina. Foi o uso dessa substância que matou o cantor Prince, em junho. Já a butilona
tem uma estrutura química semelhante
à das anfetaminas, é empregada em
alguns países como agrotóxico e repelente, mas também tem efeitos euforizantes e alucinógenos. Ela pode levar a
intoxicações tão graves como as provocadas por cocaína ou metanfetamina. As
informações foram divulgadas pelo jornal O
Estado de S. Paulo.
De
acordo com o CCI, em um único exame
foram encontradas quatro drogas distintas. A interação entre as diferentes
substâncias pode potencializar seus efeitos,
alguns deles com riscos para a vida como:
* taquicardia,
* arritmia,
* depressão respiratória,
* convulsões,
* hipertermia,
* hipertensão arterial e
* enfarte, entre outros.
Butilona |
O grande problema é que a
origem dessas drogas é impossível de ser controlada, já que são ilícitas,
produzidas clandestinamente no País ou importadas por traficantes. São comuns variações nas doses,
contaminação por substâncias desconhecidas ou mesmo a troca ou a combinação
entre diferentes componentes por questões econômicas ou de mercado. Assim,
quem consome nunca sabe exatamente o que está tomando.
Muitos dos jovens, no calor
do momento, misturam esses comprimidos com álcool,
o que aumenta a chance de problemas. Como as sintéticas são, em geral, associadas às
festas e às baladas, elas têm certo status de “drogas da moda” entre os mais
novos. Muitos não enxergam perigos que elas podem trazer.
Um relatório de 2013 do Escritório das
Nações Unidas sobre Drogas e Crime já apontava
um aumento de 50% do número de novas substâncias psicoativas. De lá para
cá, essa tendência continuou. O que surge como novidade na Europa e nos Estados
Unidos chega alguns anos depois nos países em desenvolvimento. A internet facilita a aquisição de novas
drogas, com uma velocidade que pega de surpresa as autoridades, os médicos
e os próprios consumidores.
CANTOR "PRINCE" morreu por ingerir o FENTANIL - quase 50 vezes mais potente que a morfina! |
Redução
de danos
Do
ponto de vista da saúde, algumas
estratégias podem ser empregadas na tentativa de reduzir danos:
1ª)
A primeira delas seria fornecer mais
informação para os jovens sobre os riscos dessas substâncias. É importante
que eles entendam a dificuldade de atestar a “origem” desses produtos, os
efeitos colaterais e o problema das interações entre eles e com a bebida.
2ª)
Além disso, é fundamental que as equipes
de saúde dos hospitais sejam informadas sobre quais as novas drogas que
circulam, seus efeitos e possíveis medidas de suporte clínico e tratamento.
Em
alguns países, como na Holanda, há centros financiados por agências
governamentais em que os consumidores podem levar seus comprimidos para testar
sua composição e dose. Embora esse tipo de serviço seja pouco viável em países
que não têm legislações específicas para o consumo dessas substâncias, ele
poderia ajudar a evitar mortes.
Há
também sites, alguns deles feitos por usuários, que ajudam a checar informações
e deixar alertas para eventuais riscos do uso dessas novas substâncias. Um
exemplo é o australiano pillreports.com. O neurosoup.com
também vai nessa mesma linha. Vale dar uma olhada.
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