«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

PETROBRÁS: PREJUÍZO VERGONHOSO!

Petrobrás perde R$ 6,2 bilhões com corrupção e registra o 1º prejuízo anual desde 1991

Com meses de atraso, estatal publicou ontem o balanço do ano passado,
que trouxe o primeiro prejuízo anual desde 1991,
com forte influência da Operação Lava Jato; revisão no valor dos ativos da companhia levou a uma baixa contábil de R$ 44,6 bilhões
A Petrobrás reconheceu em seu balanço financeiro de 2014, divulgado nesta quarta-feira, 22, após cinco meses de atraso, a perda de R$ 6,194 bilhões por causa de gastos relacionados à corrupção, feitos de 2004 a 2012, e identificados nas investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Outros R$ 44,636 bilhões foram registrados como perdas após revisão no valor de ativos. Com isso, registrou prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991.

No terceiro e quarto trimestres, respectivamente, a estatal registrou prejuízo de R$ 5,3 bilhões e de R$ 26,6 bilhões.

O desconto no balanço, chamado de “baixa contábil”, tem impacto no lucro e também no patrimônio da empresa. Baixas são necessárias tanto por causa de custos indevidos relacionados à corrupção quanto pelo reconhecimento, por parte da empresa, de que não terá como recuperar o valor de um investimento já em curso - por conta de mudanças no ambiente de mercado, como cotações de matérias-primas, câmbio, custos de construção e mão de obra locais, entre outros.

Em 2014, a produção de petróleo e gás natural da Petrobrás cresceu 6% em relação ao ano anterior e os reajustes nos preços da gasolina e do diesel aumentaram as receitas (R$ 337,260 bilhões), mas as perdas contábeis falaram mais alto. O último prejuízo anual da estatal, em 1991, foi de R$ 91 mil, em valores da época, ou R$ 1,2 bilhão, em valores de hoje atualizados pelo IPCA.

O valor total das baixas era o dado mais aguardado pelo mercado. Por causa de controvérsias sobre como contabilizar essas perdas, sobretudo as com corrupção, a consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) recusou-se a auditar o balanço do terceiro trimestre de 2014, em novembro, ampliando as dificuldades da Petrobrás perante o mercado.
“O pior já passou, isso já está claro”, disse o analista independente Pedro Galdi. Segundo ele, apesar dos números “feios”, a mensagem de que a empresa tenta arrumar a casa é importante não só para investidores, mas também para a cadeira de fornecedores e a economia como um todo. O presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, procurou passar essa mensagem em entrevista coletiva. “A Petrobrás não vai parar. Não vai entrar em marcha à ré”, afirmou.

Segundo o executivo, espera-se que, em maio, a empresa comece a receber o dinheiro desviado com corrupção. O dinheiro será o que foi resgatado em contas no exterior. Bendine disse que entrou em acordo com a Justiça para que o dinheiro resgatado retorne ao caixa da empresa. O custo da corrupção foi definido em R$ 6,194 bilhões, mas os efeitos da Lava Jato batem também na baixa de R$ 44,636 bilhões, relacionados com a reavaliação de ativos.

Desse total, R$ 30,976 bilhões são devidos à revisão do valor dos investimentos recentes em refinarias, com destaque para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e Rnest (Abreu e Lima, em Pernambuco), diretamente envolvidas no esquema operado pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, em prisão domiciliar após firmar acordo de delação premiada.

Por isso, embora a perda total de R$ 44,6 bilhões tenha mais a ver com condições de mercado do que com a corrupção, há também efeitos indiretos da Lava Jato. Segundo documento divulgado junto do balanço, as revisões da Rnest e do Comperj levam em conta “a postergação desses projetos por extenso período, motivada por medidas de preservação do caixa e problemas na cadeia de fornecedores oriundos das investigações da Operação Lava Jato”.

As denúncias de corrupção reveladas na Operação Lava Jato agravaram uma situação que já era ruim. Com problemas de caixa desde 2011, sobretudo por causa da pressão do governo para que o preço dos combustíveis não fosse reajustado para evitar inflação, e diante da necessidade de investir pesadamente, principalmente no pré-sal, a Petrobrás teve que aumentar sua dívida. A dívida bruta encerrou 2014 em R$ 351 bilhões, dando a estatal brasileira o posto de petroleira mais endividada do mundo.

Segundo o economista Thiago Biscuola, da RC Consultores, a estatal deverá enfrentar mais dificuldades e um custo maior para se financiar, mesmo com a divulgação do balanço. “Como reduziu o valor da Petrobrás, aumenta a percepção de risco em relação à empresa”, disse Biscuola, que antevê uma revisão dos planos de investimentos da Petrobras até pelo menos 2020. “Não vai sobrar alternativa para a empresa. Investimentos serão adiados ou deixarão de ser viáveis”.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia & Negócios – Quinta-feira, 23 de abril de 2015 – Pg. B1 – Internet: clique aqui.

Dívida da Petrobrás cresce e bate recorde

Antonio Pita, Fernanda Nunes, Mariana Durão, Mariana Sallowicz

Endividamento total da estatal aumentou 31% em 2014, totalizando R$ 351 bilhões,
um recorde no setor de petróleo mundial
O endividamento total da Petrobrás aumentou 31% em 2014 e atingiu R$ 351 bilhões, um recorde no setor de petróleo mundial. O presidente da companhia, Aldemir Bendine, reconheceu que a delicada situação da estatal é o “desafio central” para a retomada do crescimento. Outro indicador que aponta a capacidade da empresa de pagar suas dívidas, a alavancagem subiu 36% na comparação com 2013, expondo a urgência da estatal em conseguir novos recursos.

A alavancagem é medida pela relação entre o total de endividamento líquido e a sua capacidade de geração de caixa (Ebtida) para pagar o que deve. Nesse indicador, a estatal ultrapassou a marca de 4,7 vezes. Um nível considerado adequado pela própria estatal, por meio de seu conselho de administração, seria de 2,5 vezes. Para efeito de comparação, a Exxon, maior petroleira do mundo, registrou alavancagem de 0,48 em 2014.

“A companhia passou por um período de dificuldade onde foi a mais prejudicada. Hoje, a gestão de dívidas é um dos desafios centrais da Petrobrás. Passada a limpo, retomará a capacidade enorme de geração de valor para os acionistas e toda a sociedade brasileira”, afirmou Bendine. Segundo a estatal, a alta no endividamento se deve a uma depreciação cambial de 13,4%.

A viabilidade do pagamento das dívidas da companhia está ligada ao prazo contratado. De acordo com o balanço, nos próximos três anos, a companhia deverá amortizar cerca de R$ 45 bilhões por ano. Nos anos seguintes, o nível se elevará até atingir o volume de R$ 208 bilhões em 2020.

Esses prazos estão relacionados à expectativa da companhia de aumentar sua produção. De acordo com o último Plano de Negócios, de 2014, a estatal prevê dobrar a produção atual, de 2,6 milhões de barris por dia para 4 milhões de barris. Ontem, a diretoria informou que está revisando o Plano de Negócios, para parâmetros mais realistas, de acordo com o atual cenário mundial.
Piora

A situação da Petrobrás começou a se deteriorar a partir de 2010, quando adotou uma política de preços de combustíveis ajustadas à política macroeconômica do governo. Por três anos, a companhia represou reajustes de preços e sacrificou seu caixa para evitar uma alta da inflação. A estatal estima que as perdas chegaram a R$ 80 bilhões no período.

Segundo os dados divulgados ontem, o endividamento líquido da companhia ficou em R$ 282 bilhões, descontadas as disponibilidades de caixa e financiamentos contratados no último ano. Mesmo com esses descontos, a Petrobrás ampliou em 27% seu endividamento.

A alavancagem é um dos itens fundamentais na análise da segurança financeira da companhia para as agências de classificação de risco, por exemplo. A Moody’s atribuiu à fragilidade do indicador o motivo de retirar da empresa, em fevereiro, a nota de grau de investimento. Essa nota indica aos investidores que a empresa representa um risco muito baixo. As outras duas agências globais, a Standard & Poor’s (S&P) e a Fitch sinalizaram que poderiam também rebaixar a Petrobrás.

Diante do grande desafio, Bendine informou que vai detalhar as estratégias para reduzir o endividamento no Plano de Negócios e Gestão para os próximos cinco anos, em um prazo estimado de 30 dias. Segundo ele, será preciso “controlar a ansiedade para entender a companhia daqui para frente”.

“A melhora do endividamento se dará com a melhor geração de caixa, com a nossa financiabilidade. Já demonstramos que temos credibilidade com os organismos financeiros, como os recentes financiamentos obtidos. E se houver demanda com nosso plano de desinvestimentos”, afirmou.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Quinta-feira, 23 de abril de 2015 – Pg. B3 – Internet: clique aqui.

A N Á L I S E

Tombo põe em xeque política para o setor de petróleo

Irany Tereza
O ano de 2014 entrou para a história da Petrobrás com uma carga negativa que impressiona. Difícil imaginar uma dívida de R$ 351 bilhões, que corresponde a quase cinco vezes a capacidade da companhia de fazer dinheiro, e não pensar no longo tempo que a empresa consumirá no processo de recuperação. Não foi à toa que, antes das más notícias de ontem, a petroleira correu para divulgar, na última sexta-feira, a obtenção de créditos pré-aprovados com bancos públicos e Bradesco, de R$ 9,5 bilhões.

Está claro que, para voltar a crescer, a Petrobrás terá de encolher ainda mais. O mote da mudança de rumo ficou evidente:

·        menos investimento,
·        mais parcerias e
·        venda de ativos.

O patrimônio, que encolheu drasticamente - tanto pela recalibragem de seu valor quanto pela faxina que tentou expurgar valores inflados pela corrupção - vai minguar mais um pouco. Depois de 24 anos de lucro e farta distribuição de dividendos - tendo o Tesouro como o maior beneficiário -, a Petrobrás registrou um inacreditável prejuízo de R$ 21,6 bilhões.

Tudo isso deixa no ar algumas interrogações. Os planos do governo para a exploração do pré-sal serão mantidos tendo a Petrobrás como operadora única de toda a região, responsável por 30% dos investimentos? E o nível de participação da indústria nacional, o "conteúdo local", uma das grandes bandeiras do PT, terá condições de ser mantido em porcentuais em torno de 65%?

Há algum tempo circulam informações de que a política energética terá de sofrer fortes alterações. A revisão vai começar pela empresa, que trará para patamares mais realistas os investimentos no pré-sal. O passo seguinte pode ser uma reforma mais profunda, incluindo o marco regulatório do setor.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Economia – Quinta-feira, 23 de abril de 2015 – Pg. B4 – Internet: clique aqui.

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