A INTERNET É POSITIVA?
Editorial
A internet apenas
reforça a importância de uma educação
de qualidade, dada
pela família, pela escola e pela sociedade.
No mundo contemporâneo, a internet ganha cada vez mais
importância na vida das pessoas, tanto pela maior facilidade de acesso - os smartphones, por exemplo - quanto pelo
contínuo incremento de novas funcionalidades. Mas sua influência é positiva ou
negativa? Como as pessoas encaram os efeitos da internet no seu dia a dia? Um
estudo do Pew Research Center - um
dos principais institutos de pesquisa dos Estados Unidos da América [EUA] -,
envolvendo 32 países emergentes ou em desenvolvimento, buscou analisar a
percepção das pessoas a respeito do impacto da internet nas suas vidas.
A pesquisa revela que
em relação à:
·
educação,
relações pessoais e economia, a influência da internet é percebida como
positiva.
·
Quanto à política,
as opiniões foram muito divididas, 36%
consideram os efeitos positivos e 30% entendem que são negativos.
·
Em relação à moralidade, em todos os países pesquisados se encontrou a mesma
percepção majoritária - a internet teria
um efeito negativo sobre a moral.
De acordo com o estudo, quanto
maior o grau de instrução ou mais intenso o uso da internet, o olhar sobre ela
tende a ser mais positivo.
A diferença de percepção sobre os efeitos da internet na
educação e na moralidade pode ser um indicador da distância entre os atuais
conceitos de educação - vista prioritariamente como uma formação técnica - e de
moralidade - encarada como formação do caráter. O Pew Research Center esclarece que, na pesquisa, não foi utilizada
nenhuma definição de moralidade, ou seja, baseou-se naquilo que as pessoas
entendiam a priori por moralidade.
Quando se comparam os resultados encontrados no Brasil com
os porcentuais médios dos 32 países, constata-se que a opinião do brasileiro sobre a internet acompanha a dos outros países.
No entanto, em todos os quesitos a
avaliação brasileira sobre a internet tende a ser mais positiva do que a média
geral da pesquisa.
O porcentual das
pessoas que usam a internet varia muito nos países pesquisados. Em média, 44% a utilizam ao menos
ocasionalmente:
·
O maior porcentual foi encontrado no Chile (76%) e
·
o menor, no Paquistão
(8%).
·
Entre os Brics, o Brasil ficou na terceira posição: 51% dos brasileiros acessam a internet ao menos ocasionalmente,
·
abaixo da Rússia
(73%) e
·
China
(63%), e
·
acima da África
do Sul (41%) e
·
Índia
(20%).
Um dado chamou a atenção dos pesquisadores. Em todos os
países, foi observada a ocorrência de um
fator que aumenta a probabilidade de acesso à internet, com independência
de outros aspectos habitualmente importantes, como escolaridade, idade ou
renda. É a capacidade, ainda que
rudimentar, de compreender a língua inglesa. Por exemplo, mesmo na China,
onde a maior parte dos sites liberados pelo governo está em chinês, saber a
língua inglesa aumenta consideravelmente a probabilidade de acesso à internet.
A pesquisa revela que, na média geral:
·
86%
utilizam a internet para se conectar com
a família e os amigos, sendo essa a atividade mais comum.
·
Em seguida, vem a busca por notícias políticas (54%),
·
informações
sobre saúde (46%) e
·
serviços
públicos (42%). Entre as
atividades realizadas na internet listadas na pesquisa,
·
assistir
a aulas online foi a menos frequente, com 13%. No Brasil, esse
índice ficou em 21%.
A internet, com suas múltiplas oportunidades, é um mundo
cada vez mais amplo e mais rico. E é também um mundo cada vez mais povoado - a
cada dia, mais pessoas têm a oportunidade de utilizá-la. Tal panorama é claramente
positivo, ainda que não signifique ausência de desafios. A internet apenas
reforça a importância de uma educação de qualidade, dada pela família, pela
escola e pela sociedade. Por exemplo, o dado descoberto na pesquisa a respeito
da língua inglesa como facilitador de acesso à internet pode ser aplicado à
própria língua nativa. Quanto maior o
domínio do idioma pátrio, maior será a capacidade de usufruir dos benefícios da
internet. Ou seja, os novos mundos têm os mesmos desafios - para uma
internet cada vez mais positiva, uma melhor educação. Para todos.
Fonte: O Estado de S.
Paulo – Notas e Informações – Domingo, 5 de abril de 2015 – Pg. A3 –
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