«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 11 de abril de 2015

2º Domingo de Páscoa – Ano B – Homilia

Evangelho: João 20,19-31

19 Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20 Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.
21 Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22 E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo.
23 A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.
24 Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio.
25 Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!”. Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
26 Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
27 Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”.
28 Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”.
29 Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”.
30 Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro.
31 Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
VIVER DE SUA PRESENÇA

O relato de João não pode ser mais sugestivo e interpelador. Somente quando veem Jesus ressuscitado em meio a eles, o grupo de discípulos se transforma. Recuperam a paz, desaparecem seus medos, se enchem de uma alegria desconhecida, percebem o sopro de Jesus sobre eles e abrem as portas porque se sentem enviados a viver a mesma missão que ele havia recebido do Pai.

A crise atual da Igreja, seus medos e sua falta de vigor espiritual têm sua origem em um nível profundo. Com frequência, a ideia da ressurreição de Jesus e de sua presença em nosso meio é mais uma doutrina pensada e pregada, que uma experiência de vida.

Cristo ressuscitado está no centro da Igreja, porém sua presença viva não está arraigada em nós, não está incorporada à substância de nossas comunidades, não alimenta diariamente nossos projetos. Depois de vinte séculos de cristianismo, Jesus não é conhecido e compreendido em sua originalidade. Não é amado nem seguido como o foi por seus discípulos e discípulas.

Observa-se, rapidamente, quando um grupo ou uma comunidade cristã se sente como que habitada por essa presença invisível, porém real e ativa de Cristo ressuscitado. As pessoas não se contentam em seguir rotineiramente as diretrizes que regulam a vida eclesial. Possuem uma sensibilidade especial para escutar, buscar, recordar e aplicar o Evangelho de Jesus. São os espaços mais sadios e vivos da Igreja.

Nada pode nos trazer hoje a força, a alegria e a criatividade que necessitamos para enfrentarmos uma crise sem precedentes, como pode fazê-lo a presença viva de Cristo ressuscitado. Privados do vigor espiritual de Cristo, não sairemos de nossa passividade quase inata, continuaremos com as portas fechadas ao mundo moderno, continuaremos executando “a missão”, sem alegria nem convicção. Onde encontraremos a força que necessitamos para recriar e reformar a Igreja?

Temos de reagir. Necessitamos de Jesus mais do que nunca! Necessitamos viver de sua presença viva, recordar seus critérios e seu Espírito em todas as ocasiões, repensar constantemente sua vida, deixar-lhe ser o inspirador de nossa ação. Ele nos pode transmitir mais luz e mais força do que ninguém. Ele está no meio de nós comunicando-nos sua paz, sua alegria e seu Espírito.
DECISÃO DE CADA UM

Faz aproximadamente dois mil anos que apareceu na Galileia um profeta chamado Jesus de Nazaré. Viveu somente um pouco mais de trinta anos. As autoridades o executaram quando não havia transcorrido nem três anos pregando sua mensagem de amor e fraternidade entre os homens. Foi uma chama que, tão logo se incendiou, foi apagada.

Vinte e cinco anos mais tarde, o imperador Nero mandava matar seu fiel conselheiro, o filósofo estoico Sêneca. O motivo: Sêneca lhe aconselhava, repetidas vezes, tratar as pessoas com “humanitas” (humanidade) e “clementia” (clemência).

A figura do filósofo é recordada com veneração pelos estudiosos da antiguidade, que se interessam pela sua doutrina estoica. Porém, ninguém se reúne em seu nome, nem fundamenta sua existência sobre a pessoa desse filósofo. Não acontece assim com o Profeta da Galileia. Vinte séculos depois de sua morte, milhões de homens e mulheres continuam se reunindo em seu nome, o invocam como Senhor e esperam dele “a salvação de Deus”. Por quê?

Quando os cristãos falam de Jesus, não estão recordando um morto do passado. Quando se reúnem em seu nome, não é para celebrar (com atraso) o funeral de um defunto. Quando escutam sua mensagem, não o fazem para recolher o testamento deixado à posteridade por um sábio mestre. A experiência cristã é diferente e original. Para aqueles que creem, Cristo está vivo. São Paulo diz isso numa só frase: “Conhecer-lhe é conhecer a força de sua ressurreição” (Filipenses 3,10).

Este fato singular se presta a múltiplas considerações. Como pode um morto gerar uma fé com estas características? Certamente, há pessoas extraordinárias que, mesmo depois de mortas, geraram entusiasmo em seus seguidores (recorde-se, por exemplo, o impacto de Che Guevara até a poucos anos). Mas então, o entusiasmo desaparece e as recordações se apagam. As gerações seguintes não mais se comovem. O personagem logo se converte em objeto de investigação para os historiadores, sempre que a história lhe reconheça esse privilégio.

Naturalmente, este tipo de considerações não constitui uma “prova” da verdade do cristianismo. A fé cristã, como qualquer outra ideologia, religião ou ateísmo, poderia ser uma “colossal ilusão”. Porém, há algo que não se deve esquecer. Os seres humanos podem viver de “ilusões”, mas, com certeza, não podemos morrer senão confiando-nos a um Deus Salvador ou deixando-nos mergulhar no vazio do nada.

Cada um há de escutar o convite que se lhe faz: “Não sejas incrédulo, mas crente.” Cada um deve saber como se enfrenta o mistério último da existência, seja confessando sua fé como Tomé: “Meu Senhor e meu Deus”, seja seguido sozinho seu próprio caminho, desconfiando de toda salvação.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM – Homilías de José A. Pagola – Terça-feira, 7 de abril de 2015 – 16h55 – Internet: clique aqui.

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