«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Geração desconcentrada [Impressionante!!!]


Larry Rosen *

As distrações constantes causadas pelo meio digital já afetam o aprendizado de adolescentes e jovens
Uma pesquisa recente do Pew Internet & American Life Project, em que foram entrevistados 2.462 professores dos ensinos fundamental e médio nos EUA, conclui que: “A vasta maioria concorda que as atuais tecnologias estão criando uma geração que se distrai com facilidade e só consegue se concentrar por breves intervalos de tempo”. Dois terços dos professores concordam que as tecnologias contribuem mais para distrair os alunos do que para o seu desempenho escolar.

Recentemente, minha equipe de pesquisa observou 263 alunos dos ensinos médio e superior estudando em casa por 15 minutos. O objetivo era verificar se os jovens conseguiam se manter concentrados e, em caso negativo, o que motivava a dispersão. A cada minuto, anotávamos o que eles faziam: se estavam estudando, trocando mensagens de celular, se havia um som ou uma TV ligados, se estavam diante de um PC e quais sites visitavam.

Os resultados foram surpreendentes. Verificamos que eles só conseguiam se dedicar às tarefas por períodos de três a cinco minutos, em média, antes de perder a concentração. De maneira geral, a distração era causada pela tecnologia, incluindo: 
(1) a presença de dispositivos, como iPods, laptops e smartphones, no local de estudo; 
(2) as trocas de mensagens de texto; 
(3) os acessos ao Facebook.

Também procuramos averiguar se a fonte de distração seria indicativo de quais eram, em geral, os melhores estudantes. Como seria de esperar, aqueles que ficavam mais tempo concentrados e que tinham estratégias de estudo bem desenvolvidas eram também os melhores alunos. Os piores eram os que consumiam diariamente mais mídia e dividiam a atenção entre diversas tarefas ao mesmo tempo.

Um resultado nos causou espanto: os alunos que entravam no Facebook uma vez durante os 15 minutos tinham notas mais baixas. Não importava a quantidade de acessos; um só era suficiente. Isso significa que as mídias sociais afetam negativamente a concentração e a atenção temporárias, e também o desempenho escolar.

O que está acontecendo com esses jovens? Fizemos essa pergunta a milhares de estudantes. Eles nos disseram que, alertados por um bipe, uma vibração, uma luz piscando, eles se sentem compelidos a responder a esse estímulo. No entanto, mesmo sem intromissões, eles disseram que são perturbados por pensamentos como: “Será que alguém comentou o post que deixei no Facebook?”. Ou: “Será que o meu amigo respondeu ao SMS que mandei há cinco minutos?”.

Três quartos dos adolescentes e jovens checam os dispositivos a cada 15 minutos ou menos, e, quando não podem fazê-lo, ficam extremamente ansiosos. E a ansiedade inibe a aprendizagem.

Convívio
Estou convencido de que aprender a conviver com distrações internas e externas tem tudo a ver com o ensino da concentração. Em psicologia, chamamos de “metacognição” a capacidade de perceber quando a situação exige concentração e quando isso é desnecessário.

Como ensinar os jovens a se concentrar num mundo que constantemente desvia a atenção deles? Uma estratégia que adotamos em salas de aula de diversos países se chama “intervalo tecnológico”. Funciona assim: 

  • os estudantes têm permissão para usar smartphones, tablets ou laptops para fazer pesquisas na internet e atividades relacionadas com o estudo por um tempo. Com frequência, aproveitam para checar e-mails e mensagens de texto e acessar redes sociais.
  • Depois do intervalo, o professor pede para que os alunos deixem seus aparelhos em modo silencioso e virados de ponta-cabeça sobre a carteira, à vista de todos, para que se concentrem por 15 minutos no trabalho de classe.Sem as distrações externas de vibrações e luzes piscando, não há por que ceder às distrações internas. 
  • Ao fim dos 15 minutos de concentração, o professor decreta outro intervalo tecnológico, e assim vai. 
  • O truque é aumentar gradualmente o tempo entre os intervalos tecnológicos, para que os alunos aprendam a se manter concentrados por períodos mais longos.

Sob minha orientação, essa técnica tem sido adotada com êxito por professores em sala de aula, por pais à mesa de jantar ou em restaurantes e por executivos em reuniões. Até agora, porém, o máximo que conseguimos foram 30 minutos de concentração — graças a Steve Jobs (e outros) e a sua capacidade de inventar aparelhos tão fascinantes e dispersivos.

A tecnologia não vai desaparecer. Ao contrário, ela tende a ficar cada vez mais atraente. Com mais conexões sociais eletrônicas em nossas vidas, as distrações internas também aumentam, e os intervalos tecnológicos podem treinar o cérebro a se concentrar, aplacando a preocupação e a ansiedade com aquilo que podemos estar perdendo no nosso mundo social virtual. 

Tradução de Alexandre Hubner.

* Larry Rosen é professor de psicologia da Universidade Estadual da Califórnia e autor de cinco livros, incluindo Idisorder. Este artigo foi publicado originalmente pelo jornal The Free Lance-Star.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR - link - 18/11/2012 - 17h27 - Internet: http://blogs.estadao.com.br/link/geracao-desconcentrada/

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