«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 24 de novembro de 2012

Jesus Cristo, Rei do Universo - Festa de Cristo Rei - 34º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Evangelho: João 18,33b-37


Naquele tempo, 
33b Pilatos chamou Jesus e perguntou-lhe: “Tu és o rei dos judeus?”
34 Jesus respondeu: “Estás dizendo isto por ti mesmo, ou outros te disseram isto de mim?”
35 Pilatos falou: “Por acaso sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”
36 Jesus respondeu: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. 
37 Pilatos disse a Jesus: “Então tu és rei?” 
Jesus respondeu: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

INTRODUZIR A VERDADE

"Todo aquele que é da verdade, escuta a minha voz" (João 18,37)
O juízo contra Jesus teve lugar, provavelmente, no palácio em que residia Pilatos quando se dirigia a Jerusalém. Ali se encontram, numa manhã de abril do ano trinta, um rei indefeso, chamado Jesus e o representante do poderoso sistema imperial de Roma.

O evangelho de João relata o diálogo entre ambos. Na realidade, mais que um interrogatório, parece um discurso de Jesus para esclarecer alguns temas que interessam muito ao evangelista. Num determinado momento, Jesus faz esta solene proclamação: "Para isto eu vim ao mundo: para ser testemunha da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz".

Esta afirmação recolhe uma característica básica que define a trajetória profética de Jesus: sua vontade de viver na verdade de Deus. Jesus não somente diz a verdade, mas busca a verdade e somente a verdade de um Deus que deseja um mundo mais humano para todos seus filhos e filhas.

Por isso, Jesus fala com autoridade, porém sem falsos autoritarismos. Fala com sinceridade, porém sem dogmatismos. Não fala como os fanáticos que tratam de impor sua verdade. Tampouco, como os funcionários que a defendem por obrigação ainda que não acreditem nela. Não se sente jamais guardião da verdade, mas testemunha.

Jesus não converte a verdade de Deus em propaganda. Não a utiliza em proveito próprio, mas em defesa dos pobres. Não tolera a mentira ou o encobrimento das injustiças. Não suporta as manipulações. Jesus se converte, desse modo, em "voz dos sem voz, e voz contra os que têm demasiada voz" (Jon Sobrino).

Esta voz é mais necessária que nunca nesta sociedade envolvida numa grave crise econômica. A ocultação da verdade é um dos mais firmes pressupostos da atuação dos grandes poderes financeiros e da gestão política submetida às suas exigências. Querem nos fazer viver a crise na mentira.

Faz-se todo o possível para ocultar a responsabilidade dos principais causadores da crise e se ignora, de maneira perversa, o sofrimento das vítimas mais fracas e indefesas. É urgente humanizar a crise pondo no centro da atenção a verdade dos que sofrem e a atenção prioritárias à sua situação cada vez mais grave.

Essa é a primeira verdade exigível a todos se não quisermos ser desumanos. O primeiro dado anterior a tudo. Não podemos nos acostumar com a exclusão social e a desesperança em que estão caindo os mais fracos. Aqueles que seguem Jesus devem escutar sua voz e sair, instintivamente, em sua defesa e ajuda. Quem é da verdade escuta a sua voz.

MUDANÇA IMPORTANTE

Nem todos que abandonaram a prática religiosa têm a mesma postura diante de Deus. Alguns rechaçam todo contato com o religioso; Deus lhes resulta um ser incômodo e ameaçador do qual preferem prescindir.

Outros vivem absolutamente despreocupados com estas coisas; basta-lhes ir resolvendo os problemas de cada dia; Deus não tem lugar em sua vida. Há, sem dúvida, um número crescente de não praticantes nos quais começa a despertar uma inquietação religiosa.

Não é fácil expressar o que sentem nem o que buscam. Certamente, não estão pensando em voltar ao cristianismo que um dia conheceram e que, por uma razão ou outra, abandonaram. Sua busca se situa, agora, em outro nível diferente. Andam atrás de algo que nem eles mesmos sabem definir com exatidão.

O que conhecem da Igreja lhes parece excessivamente complicado. A linguagem eclesiástica lhes resulta difícil.
Tampouco, lhes convence muito a vida dos outros cristãos praticantes que conhecem. Porém, sentem a necessidade de algo que dê mais coerência e mais sentido à sua vida.

No fundo de tudo está a questão de Deus. A maioria não duvida que Deus exista. Porém, como é esse Deus do qual a Igreja fala tanto? É um Deus terrível e perigoso do qual ninguém jamais pode confiar plenamente?

É um Deus bom que entende nossa debilidade e busca sempre somente o nosso bem?

Porém, com quem falar sobre isto? Aquele que se afastou da Igreja acha difícil aproximar-se de um sacerdote. É normal. Se, ao menos, pudesse falar com toda a confiança com algum amigo que tem fé. Porque é bom escutar a experiência de alguém que vive alegremente a sua fé para esclarecer equívocos, desfazer preconceitos ou expor suas próprias dúvidas.

De qualquer modo, o importante são os passos que alguém vai dando por dentro. Há perguntas que é bom responder: Por que abandonei o contato com o religioso? Fez-me bem distanciar-me de Deus? Agora sei o que é viver de costas para a fé, quero terminar, assim, a minha vida? Não necessito encontrar-me com um Deus amigo?

Você pode rezar? Há pessoas que se afastaram, há muito tempo, de tudo isto, porém, tampouco, têm algo contra Deus. Neste momento não sabem como rezar; esqueceram as palavras do Pai Nosso; não lhes sai nenhuma oração. É difícil dizer a Deus: "Tu me conheces e me entendes. Ajuda-me a viver. Ensina-me a crer"?

Pode parecer algo trivial, sem dúvida, uma invocação sincera a Deus pode significar uma mudança interior importante. As palavras de Jesus são alentadoras: "Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz".

Tradução do espanhol: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 19 de novembro de 2012 - 22h16 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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