«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Brasileiros têm mais dinheiro na Suíça do que chineses


Jamil Chade

Brasileiros contam com uma fortuna depositada nos bancos suíços e, apesar de toda a operação conduzida pela Polícia Federal contra doleiros e bancos estrangeiros, a corrida por paraísos fiscais ganha um ritmo sem precedentes. Dados do Banco Central da Suíça, obtidos pelo ‘Estado’, revelam que os brasileiros mantêm ao menos US$ 6 bilhões em Genebra, Zurique e outras praças financeiras da Suíça.
Esse seria o valor oficial de contas declaradas, mas os bancos privados suíços consideram que o valor real pode ser dez vezes maior. Ex-funcionários de bancos na Suíça e agentes que trabalham na abertura de contas alertam que esse valor oficial é "a ponta do iceberg".

O volume de dinheiro de brasileiros na Suíça vem crescendo. Entre 2005 e 2009, o BC suíço aponta a entrada de mais US$ 1,1 bilhão do Brasil. Segundo dados oficiais, nenhum outro país emergente registrou tal avanço e a expansão é a maior registrada de dinheiro vindo do Brasil.
O total da fortuna mantida por brasileiros na Suíça já é superior aos de China, Índia e Arábia Saudita. A Suíça estima que tem, em seus cofres, US$ 3 trilhões em fortunas pessoais. O valor seria quase metade da fortuna privada do planeta.

Os 85 bancos suíços que fazem parte do cálculo indicam em seus balanços que os brasileiros teriam 4,9 bilhões de francos suíços (um franco vale um dólar) em contas de poupança, ativos, ações, títulos e contas correntes.
Além desse valor, 1,1 bilhão de francos suíços provenientes do Brasil estão listados como "operações fiduciárias". Nessa classificação, o banco não tem obrigação de apresentar os números em seus balanços e todo o risco fica por conta do banco privado (o BC suíço não dá garantias em caso de quebra do banco privado). Na maioria dos casos, é nessa classificação que recursos considerados ‘sensíveis’ ou de personalidades políticas estrangeiras são depositados.

Assim como a existência de "operações fiduciárias", os bancos suíços contam com uma série de outros instrumentos para tornar menos transparente a origem de recursos. Nos US$ 6 bilhões indicados na Suíça como sendo de brasileiros está exclusivamente o dinheiro que saiu do Brasil em direção aos bancos de Genebra e Zurique.
Se uma fortuna é transferida do Brasil para as Ilhas Cayman e só depois para a Suíça, ela não é contabilizada como fluxo que veio do Brasil, e sim da ilha caribenha. Não é por acaso que bancos suíços mantêm filiais nesses outros paraísos fiscais. Portanto, o volume registrado pelo BC suíço de US$ 6 bilhões oriundos do Brasil poderia ser apenas uma fatia do todo, segundo fontes do setor bancário.

Políticos

Outro método adotado é a manipulação do cargo da pessoa que queira abrir a conta, garantindo que a autorização para o depósito seja dada sem problemas. Um ex-colaborador de um banco suíço com forte presença no Brasil revelou ao Estado, sob anonimato, que essa foi a forma usada para abrir uma conta em nome de um ex-governador de um grande Estado.
No formulário para abertura de contas, o banco exige que o cliente considerado como "sensível" por seu cargo político preencha um formulário e é logo classificado como "Pessoa Politicamente Exposta".
A lei exige que se demonstre que os recursos têm origem em outra atividade que não a política. No caso do ex-governador, o banco e o político entraram em acordo para que fosse apresentado como presidente de uma empresa de reflorestamento, sem mencionar sua posição pública.

Valor dos depósitos pode chegar a US$ 50 bi

Banco Central indicou, em 2009, que o volume total de recursos de brasileiros no exterior seria de US$ 22 bilhões; senador calcula que chega a US$ 50 bilhões.
Diante da capacidade de manipulação e da complexidade das finanças internacionais, poucos são os que se arriscam a dizer qual é o real valor dos depósitos de brasileiros no exterior. O Banco Central (BC), em 2009, indicou que o volume chegaria a US$ 22 bilhões, oficialmente declarados. Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que propõe anistia para repatriar o dinheiro não declarado pelo mundo, já estimou que seriam US$ 50 bilhões.

Seja qual for o valor, a constatação é de que vários bancos suíços abriram filiais no País, ampliaram seus investimentos e passaram a considerar o Brasil um de seus principais mercados para expansão. O UBS, depois de um momento crítico nos últimos anos, voltou em 2010 ao País, pagando quase R$ 200 milhões pela Link Investimentos.

Tanto em Genebra como em Zurique, um brasileiro que queira abrir uma conta num private banking pode se surpreender. Ao entrar em contato com um tradicional banco, não é atendido por um suíço, mas muitas vezes por um gerente que fala português fluentemente e conhece o Brasil. Em alguns casos, bancos chegam ao ponto de contratar brasileiros, muitos deles formados em Economia e Direito nas principais cidades do País.

Departamentos inteiros para se ocupar de clientes latino-americanos e especialmente brasileiros existem no Credit Suisse, UBS, Goldman Sachs e nos escritórios do Merrill Lynch num bairro de alta classe de Genebra.
A escolha por jovens brasileiros também atende a outra necessidade dos bancos suíços: a de reduzir a visibilidade dos gerentes de contas especiais que precisam viajar até o Brasil para visitar seus clientes. Com a prisão de alguns deles de nacionalidade suíça nos Estados Unidos e mesmo no Brasil, os bancos optaram por novas estratégias.
Cada vez mais numerosos, os jovens gerentes brasileiros só não perdem um costume: o de acabar o domingo em um dos pubs de Genebra - o Mr. Pickwick"s - vendo jogos do Campeonato Brasileiro de futebol.

Declaração ao BC
Anualmente, o Banco Central recebe a chamada Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior, que os residentes pessoas física e jurídica são obrigados a prestar quando detêm ao menos US$ 100 mil em outro país.
O recebimento de informações relativas a 2010 está em andamento e tem como prazo final o dia 28 de fevereiro. O relatório sobre as declarações do ano passado (referente a 2009) está sendo finalizado e, segundo o BC, deve ser divulgado "em breve".

Os dados públicos mais recentes são de 2008. Por esse levantamento, os depósitos de brasileiros em bancos suíços somavam US$ 955 milhões, ante US$ 1,06 bilhão em 2007. O levantamento mostrava que a Suíça era o terceiro destino de depósitos de brasileiros no exterior, atrás dos EUA (com US$ 14,5 bilhões em 2008) e das Ilhas Cayman (com US$ 4,07 bilhões em 2008).

O BC disse não dispor de dados sobre o fluxo de recursos de residentes no Brasil para o exterior segmentado por países, apenas do estoque, como é mostrado no relatório da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior.

A autoridade monetária brasileira também registrou um estoque de US$ 106 milhões em Investimento Brasileiro Direto (IBD), que são recursos voltados para o setor produtivo. No caso do IBD, o BC dispõe de estatísticas dos últimos dois anos. Em 2009, foram enviados US$ 52 milhões de empresas brasileiras para a Suíça. Em 2010, foram remetidos US$ 247 milhões. / COLABOROU FÁBIO GRANER

Fonte: O Estado de S. Paulo - Domingo, 20 de fevereiro de 2011 - Páginas B1 e B3 - Internet: http://economia.estadao.com.br/noticias/not_55746.htm e http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110220/not_imp681972,0.php

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