Uma rede de satélites dará Internet por baixo custo à meia humanidade


 A Internet está prestes a dar o grande salto para os países pobres. Uma rede de alta tecnologia avançada e de envergadura planetária oferecerá cobertura de banda-larga móvel a cerca de 3 bilhões de pessoas. Batizada de O3b (os Outros 3 bilhões, a metade da população), o projeto para conseguir uma internet global se baseia no lançamento de uma constelação de satélites na órbita do Equador que levarão o sinal da Nicarágua à Nova Zelândia, passando por Brasil, Nigéria, Síria, Etiópia e Índia.

A informação é de Rosario G. Gómez,  publicada pelo jornal El País e reproduzida pelo Portal Uol, 19-02-2011.

Em 2010 calcula-se que cerca de 2 bilhões de pessoas tinham conexão à Internet. Mas uma grande parte da população internauta se concentra na América do Norte, Europa e Japão. O sul vive de costas para a rede. O sistema para reduzir a brecha digital consiste em levar aos países emergentes ou em desenvolvimento que ainda não entraram na sociedade da informação grandes dutos troncais de Internet através de satélites.

Os primeiros oito artefatos serão lançados em 2013. Uma sucessão de antenas ativas irá colhendo o sinal de um satélite para outro. Uma rede de teleportos instalados em diversos pontos do planeta permitirá baixar esses gigantescos dutos de Internet para diversas regiões. Um desses teleportos estará situado no sul da Espanha (previsivelmente na Andaluzia), de onde se canalizará a distribuição do sinal para boa parte do continente africano.

Outros teleportos serão instalados nas ilhas do Pacífico, Américas do Norte e do Sul, no Mediterrâneo oriental, no Oriente Médio e Austrália. Depois serão as operadoras de telecomunicações locais que distribuirão o sinal aos usuários, um processo que será realizado na maioria dos casos através de redes sem fio (Wimax ou 4G, por exemplo).

As cotas de cobertura de banda-larga através de cabo ou ADSL na África ou na América Latina são muito pouco frequentes. Abrir valas para estender cabos através da selva parece uma missão praticamente impossível. E a ineficiente infraestrutura de linhas de telefonia fixa (na Nigéria, cinco em cada cem lares não têm acesso a telefone) faz do satélite o método mais eficaz e barato para conectar a web com a mesma qualidade que oferece a fibra óptica.

Com um orçamento de US$ 1,2 bilhão, a O3b é promovida pela Sociedade Europeia de Satélites (SES), que contribui com 30% do investimento, a gigante americana da Internet Google, o banco SHBC e a Liberty Global. Como um parceiro tecnológico, a SES - companhia que explora o Astra - lançará ao espaço 20 satélites. Mas à diferença dos que são utilizados, por exemplo, para distribuir canais de televisão na Europa, não estarão situados em órbita geoestacionária (a 36 mil quilômetros da Terra), mas a 8.063, o que lhes permitirá ganhar em velocidade por estar quatro vezes mais perto do planeta.

Nos satélites tradicionais, o sinal demora para subir e descer cerca de 0,7 segundo. Com o sistema projetado pela O3b, que situa os satélites em uma órbita intermediária, a latência se reduz a 0,1 segundo. Essa nova geração de satélites permitirá conexões mais rápidas e flexíveis. Prestará serviço tanto às operadoras de telecomunicações como aos provedores de serviços de Internet.
A O3b é vista por seus promotores como uma fórmula para reduzir a lacuna digital entre um norte acostumado a conviver com iPhone, iPad e tabletes eletrônicos e um sul que vive à margem das TIC, as tecnologias da informação e comunicação.

"Não ter acesso à banda-larga tem consequências econômicas e sociais", diz José Luis Gárate, diretor de desenvolvimento e negócios da Astra. "A grande vantagem do satélite é a cobertura e a simultaneidade. Pode levar o sinal a milhares de milhões de pessoas. É a única infraestrutura que cobre o território de maneira homogênea e com a mesma qualidade de serviço", explica. Fundada por Greg Wyler, a O3b possibilitará que milhões de pessoas de mais de 150 países emergentes entrem no mundo digital e se conectem com o resto do mundo, por baixo custo e em alta velocidade. O sonho da Internet global.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - On-Line - Dia 19/02/2011 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=40781

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