«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Uma reflexão urgente!

 A amizade social é uma tarefa conjunta

 Pe. Alfredo José Gonçalves

Presbítero da Pia Sociedade dos Missionários de São Carlos e vice-presidente do SPM/CNBB (Serviço Pastoral dos Migrantes) 

 Tarefa urgente das Igrejas e instituições: recompor o fio da confiança!

Quaresma exige conversão. O conceito de conversão, como metáfora do trânsito urbano, significa mudança de rumo. Converter é virar para um lado ou outro. No caminho rumo ao mistério pascal, a mudança tem duas dimensões:

1ª) uma espiritual, no sentido de aprofundar a intimidade com Deus, deixar-se guiar por sua Palavra viva;

2ª) outra sociopastoral, na tentativa de estender a mão aos irmãos e irmãs pobres e mais necessitados.

Esta segunda dimensão, no Brasil, ganha maior relevo devido ao tema da Campanha da Fraternidade deste ano, Fraternidade e amizade social, que lembra sermos “todos irmãos e irmãs”. 

O País foi sacudido por ondas de ódio, mentira e mútua desconfiança. Ameaças públicas semearam violência dentro de instituições que vão desde a prática política até o interior das famílias, passando pela Igreja e comunidades, sem poupar os laços sagrados que tecem as relações humanas. Daí a fragmentação e a polarização sociopolíticas. Disso resultou o fatal e letal rompimento do fio da confiança, o qual tece o xadrez da vida social.

Sem a confiança, por mais tênue que seja, tampouco haverá ligações vitais de amizade no ambiente familiar, religioso, comunitário ou político-cultural.

Esgarça-se o tecido social, junto com a falta de referências sólidas para orientar a conversão em relação a Deus e à caridade solidária. Passam a bater à porta os espectros da crise, do caos e do medo

Duas são as bases para as referências que orientam nossas frágeis embarcações:

* um berço sadio, revestido de ternura, estima e reconhecimento, que só a família, a casa e o lar podem oferecer; e

* instituições como a escola e a Igreja, entre outras, que procuram traçar as balizas, a bússola e o rumo em direção ao porto seguro.

Nos dias atuais, porém, grande parte das famílias – em especial na base da pirâmide social – não possuem as condições mínimas para oferecer um berço saudável e, ao mesmo tempo, os limites da liberdade. Ocupadas com a sobrevivência, instável e precária, não lhes sobra tempo nem energias para “fazer da necessidade uma virtude”. 

A sociedade moderna, com gritantes disparidades sociais, ao retirar das famílias vulneráveis o direito e o dever de criar berços sadios e estabelecer regras ao bem viver, deixou uma lacuna intransferível. Como pode outra instituição assumir esse compromisso, se ele foi postergado a uma idade em que prevalece a “formação das ruas”?

Sem o substrato familiar de amor, presença, carinho, autoestima e reconhecimento, como esperar das pessoas um comportamento responsável?

Os estigmas da exclusão social, há séculos impressos no corpo e na alma, leva-as aos becos sem saída do trabalho informal, da droga, do álcool, da prostituição, da violência!… 

Aqui, quem vai cuidar dos limites e regras serão as forças policiais, os juízes e os tribunais!… Então, será tarde demais, e a vida pode terminar numa famigerada cracolândia! 

Entra aí o gigantesco desafio da Igreja e das instituições similares. Trata-se da recomposição do fio da confiança! Não é fácil religar o que foi irresponsavelmente rasgado nos palanques, nas praças públicas e nas ruas, mas sobretudo na mídia e nas redes sociais. Sem esse cimento que une os tijolos das relações sociais, nada poderá ser feito com eficácia. A confiança, e somente ela, consiste no único instrumento para refazer ligações íntimas e amizades rompidas. E o caminho desse processo passa, necessariamente, pela proposta sinodal de “caminhar juntos”.

A conclusão lógica é que a amizade social é uma tarefa conjunta. 

Fonte: O São Paulo – Colunista – 13 de março de 2024 – Internet: clique aqui (acesso em: 13/03/2024).

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