«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

5º Domingo da Páscoa – Ano B – Homilia

 Evangelho: João 15,1-8 

Frei Alberto Maggi *

Padre e biblista italiano dos Servos de Maria (Servitas) 

Ou damos frutos ou não servimos para nada

Os Evangelhos destes domingos depois da Páscoa transmitem e infundem muita serenidade. No domingo passado, Jesus apresentou-se como o verdadeiro pastor, cujo dom da sua vida não responde a um perigo para o rebanho, mas na verdade o precede. Neste domingo, Jesus apresenta-se como a verdadeira videira

João 15,1-2:** «Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda.»

Jesus afirma, reivindicando a plenitude da condição divina, utilizando o nome divino: “Eu sou”. Diz ele: “Eu sou a videira verdadeira e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que está em mim”, naturalmente na figura do ramo estão representados os seus discípulos, os que creem. Portanto, aqui se trata do ramo que, sugando esta seiva vital que corre no lenho da videira, “não dá fruto”, isto é, suga energia, mas não a transmite aos outros. É fundamental sabermos que a relação com Jesus é uma relação dinâmica, de amor recebido, mas também de amor comunicado. Aqui, é o caso de alguém que recebe esse amor, mas depois não o comunica aos outros. Pois bem, o Pai, que é o agricultor, o responsável por isso, ele vê que não dá fruto, “ele corta” e joga fora. Por detrás das palavras de Jesus encontra-se o capítulo 15 do profeta Ezequiel, onde se fala da madeira da videira. A madeira da videira é a única, entre as árvores frutíferas, que não serve para nada além de carregar o cacho de uva, não é como se alguém pudesse fazer uma ferramenta ou qualquer coisa com ela, ela só serve para ser queimada. Portanto, o ramo que, ao assumir esta seiva, não a transforma em amor, é inútil, então o Pai o tira.

E todo ramo que dá fruto”, portanto quem recebe este amor e o transmite aos outros, “ele”, e aqui o evangelista não usa o verbo “podar” que no passado dava uma ideia sinistra da ação de Deus que poda, mas diz “limpa”. O que isso significa? No ramo podem existir elementos nocivos que o Pai, que o agricultor, portanto não os outros ramos, nem ele mesmo, vê como um impedimento para transmitir o amor e, por isso, é ele quem se encarrega de limpar. Pois, a ação do Pai é a eliminação constante e contínua daqueles comportamentos, daquelas atitudes prejudiciais no indivíduo que podem impedir uma maior produção de amor. Mas isto compete apenas ao Pai; não é o indivíduo quem deve procurar seus próprios defeitos para eliminá-los, pois isso pode causar danos irreversíveis. Então é o Pai quem o purifica, por quê? Para que dê mais frutos, tira o que o impede de gerar frutos e o liberta.

Com esta mensagem, Jesus infunde muita serenidade, afasta os discípulos, os que creem, da ambição da perfeição espiritual; a perfeição espiritual é tão distante e abstrata quanto a própria ambição, o próprio eu.

Jesus convida-nos ao dom total de nós mesmos, que pode ser imediato, concreto e é este dom que libera novas energias de amor.

No fundo destas palavras parecemos ouvir a primeira Carta de João (3,20) onde o autor diz: “Se o nosso coração nos acusa”, o coração é consciência, “Deus é maior que o nosso coração e tudo conhece”. Ou seja, São Paulo está a nos dizer: não se preocupe, direcione sua vida para o bem dos outros, se há atitudes em você que o Pai, e não você e nem os demais da comunidade, vê como prejudiciais, deixe isso com ele, apenas pense em liberar novas energias amor! 

João 15,3: «Vós já estais limpos por causa da palavra que eu vos falei.»

E Jesus continua dizendo: “Vós já estais limpos”, ou seja, volta novamente ao fato de purificar, “por causa da palavra”. A palavra, a mensagem de Jesus, a mensagem que se condensa num único mandamento, o do amor mútuo como ele nos ama (cf. Jo 13,34), esta já é a base inicial da pureza

João 15,4-5: «Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permaneceu em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.»

E, depois, há este convite de Jesus: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós”. Portanto, o ramo deve estar totalmente preso a esta videira para absorver esta força vital e transmiti-la a outros. E, novamente, Jesus afirma que ele é a videira e nós os ramos: “Aquele que permaneceu em mim, e eu nele, esse produz muito fruto”. É um fruto que cresce porque quanto maior é a capacidade de amar, maior é a capacidade de dom da parte do Senhor deste amor, “porque sem mim nada podeis fazer”. 

João 15,6: «Quem não permanecer em mim, será lançado fora como um ramo e secará. Tais ramos são recolhidos, lançados no fogo e queimados.»

Ezequiel disse que a madeira da videira é inútil, mas a cinza dela também é. Era uma vez, no passado, quando as mulheres lavavam os lençóis com cinza, a cinza da videira não servia para nada porque os manchava. Então Jesus está nos transmitindo a seguinte mensagem: ou vocês dão frutos, ou vocês não servem absolutamente para nada

João 15,7: «Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes e vos será dado.»

Em seguida, vem a garantia final, mas precedida de duas condições:Se permanecerdes em mim”, ou seja, se absorverdes este amor e o transmitirdes aos outros, “e as minhas palavras”, esta mensagem de amor, “permanecerem em vós”, aqui, está o ponto, “pedi o que quiserdes e vos será dado”. Acolher Jesus e a sua mensagem é garantia de plena comunhão com o Pai e da realização do pedido da oração. 

João 15,8: «Nisto meu Pai é glorificado: que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.»

Jesus conclui afirmando: “Nisto meu Pai é glorificado”, Jesus tira a imagem da glória de Deus como algo grandioso, extraordinário, luxuoso, “que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos”. Estranhamente, Jesus diz que dar frutos é a única garantia de sermos discípulos; não se é discípulo para depois dar fruto, mas dar fruto é a única garantia de ser discípulo de Jesus

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Os textos bíblicos citados foram extraídos do: Sagrada Congregação para o Culto Divino. Trad. CNBB. Palavra do Senhor I: lecionário dominical A-B-C. São Paulo: Paulus, 1994. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

«Não há árvore boa que dê fruto ruim, nem árvore ruim que dê frutos bons. Cada árvore se reconhece pelo seu fruto.»

(Lucas 6,43-44a)

Definitivamente, o cristianismo não há nada a que ver com individualismo, personalismo e exagerado subjetivismo! Estas atitudes, no entanto, são as que mais falam alto no interior do ser humano deste século em que vivemos. Assistimos, cada vez mais, ao ser humano desinteressado de tudo o que se refira à comunidade, ao coletivo, à sociedade como um todo! Por isso, o Evangelho deste domingo é um movimento, totalmente, contrário a essa corrente individualista do mundo atual. 

Jesus projeta para nós, os seus seguidores, a mesma realidade que existe entre ele ― a Palavra viva de Deus ― e o seu Pai. É a realidade da íntima e profundíssima comunhão e amor! Entre o Filho e o Pai há uma perfeita interação e união, bem como, um autêntico e puro amor. Não por acaso, no texto do Evangelho de hoje, o verbo permanecer (grego: ménô) é empregado nove vezes (uma vez ele está subentendido)! Jesus, com esta palavra, pede aos seus seguidores que se mantenham firmes e tenham consistência no que aprenderam e viveram junto com ele. Portanto, ser cristão, ser discípulo de Jesus é aceitar uma relação de plena comunhão e união com ele. Mas não sozinhos, em comunidade!

E como Jesus viveu? Ora, Jesus foi ao que determina a vida das pessoas. Ele viveu de forma a mudar a mentalidade e o coração daquelas pessoas. Jesus transmitiu uma mística, uma espiritualidade, ou seja, um modo de viver segundo o Espírito de seu Pai. Essa mística chegou a mudar a história da humanidade! Quantos homens e mulheres não se lançaram em uma vivência completamente diferente da anterior, após fazerem uma experiência de verdadeiro encontro com Jesus?! 

Há um aspecto fundamental em nossa relação com Jesus, o Pai e o Espírito Santo: a podadura e a purificação! Diz Jesus: “Todo ramo que em mim não dá fruto ele o corta; e todo ramo que dá fruto, ele o limpa, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15,2). “Cortar, podar” não são imagens de retaliação, mas do cuidado de Deus em relação a cada ser humano, a cada discípulo(a). Os ramos secos podem ser interpretados como as misérias, as infidelidades ao Evangelho, as fraquezas, os pequenos e grandes pecados presentes em todos nós. Estes podem levar uma pessoa a se afastar da comunidade, a “cortar” sua relação com os outros cristãos. 

Importa estarmos, sempre, abertos e disponíveis à purificação que Deus realiza em nossa vida! Anselm Grün, renomado monge beneditino, psicólogo, terapeuta e escritor alemão, nos alerta:

“Não devemos nos fixar em nossas próprias ideias, mas confiar na vida que nos sustenta apesar de todas as mudanças. [...] Ouvir é uma arte que a nossa sociedade corre o risco de esquecer”.

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Feliz de quem não se desvia segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores e não se assenta na reunião dos zombadores. Pelo contrário, seu prazer está na Lei do Senhor, e na sua Lei medita dia e noite. Ele será como árvore plantada à beira das águas, que dá fruto no devido tempo; suas folhas não murcham, e tudo o que faz tem bom êxito. Não assim os ímpios, não assim; são como a poeira, que o vento leva. Por isso, os ímpios não ficarão de pé no julgamento, nem os pecadores, na assembleia dos justos. Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios terminará mal.»

(Fonte: Salmo 1 – Tradução da Bíblia Sagrada – Tradução oficial da CNBB.)

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci”– Videomelie e trascrizioni – V Domenica di Pasqua – 2 maggio 2021 – Internet: clique aqui (Acesso em: 22/04/2024).

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