«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

3º Domingo do Tempo Comum – Ano B – Homilia

 Evangelho: Marcos 1,14-20 

Frei Alberto Maggi

Padre e biblista italiano dos Servos de Maria (Servitas)

Para seguir Jesus devemos deixar nossos interesses

A vida, a verdade e a luz serão sempre mais fortes e vitoriosas que a morte, a mentira e as trevas. É por isso que o evangelista no capítulo um, versículo 14, nos apresenta a estupidez do poder. O poder acredita que está sufocando a voz da vida, da verdade e da luz, mas não sabe que cada vez que acredita ter sufocado esta voz, o Senhor levanta uma voz ainda mais poderosa. 

Marcos 1,14: «Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo:»

De fato, o Evangelho de Marcos no versículo 14 diz que “Depois que João foi preso”, João era incômodo, ele havia pedido uma mudança e por isso foi eliminado. Pois bem, o Senhor levanta uma voz, uma força ainda mais poderosa que João, o Batista, aquela de Jesus, o Filho de Deus.

Jesus, na Galileia, começou a pregar o “Evangelho de Deus”. E qual é a boa nova de Deus que o evangelista nos ajudará a descobrir em seu evangelho? Que Deus não é como foi ensinado, como se acreditou; o Deus de Jesus é um Deus de um amor completamente novo, que se descobrirá nas páginas do evangelho, porque é um amor que não olha, não se deixa atrair pelos méritos das pessoas, mas pelas suas necessidades. Esta é a boa notícia de Deus. 

Marcos 1,15: «“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”»

O tempo já se completou”, era o tempo da aliança de Deus com o seu povo “e o Reino de Deus está próximo”. Por “Reino de Deus” não se deve entender o território, a extensão do reino, mas o governo do rei; em português talvez devêssemos usar a palavra “o senhorio de Deus, o governo de Deus”. É Deus quem quer governar os seres humanos e o que Deus diria? Não emitindo leis que os seres humanos devem observar, as leis são externas a eles, mas comunicando ao ser humano a sua própria capacidade de amar. Por isso, João disse de Jesus: “era ele quem batizava no Espírito Santo”, comunicava aos seres humanos a mesma capacidade de amar.

O Reino de Deus está próximo, mas para que ele se torne realidade é necessária a conversão, mas João Batista também havia pregado e anunciado a conversão, contudo, são dois âmbitos diversos. É por isso que Jesus é, ainda, mais perigoso que João Batista. João estava no campo da religião e a conversão, a mudança de vida, estava voltada para Deus, era para obter o perdão dos pecados; aqui, com Jesus, não se trata de perdão dos pecados, conversão é acreditar nesta boa notícia e realizar o Reino de Deus. Jesus veio para inaugurar uma sociedade completamente nova; uma sociedade onde, em vez de acumular egoisticamente para si, se partilha generosamente com os outros; uma sociedade onde, em vez de nos elevarmos acima dos outros, descemos ao lado dos últimos, e um mundo onde, em vez de pretendermos comandar, conduzir os outros, começamos a servir. Este é o Reino de Deus. 

Marcos 1,16-20: «E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.»

Mas para fazer isso Jesus precisa de colaboração; por isso, continua o evangelista, “passando ao longo do mar da Galileia”, é o lago de Tiberíades, chama-se mar para recordar o mar do Êxodo, caminho para a liberdade e, sobretudo, a fronteira em direção aos povos pagãos. Prossegue dizendo: “viu Simão e André”, são dois irmãos, “que lançavam as redes ao mar”, e eis o convite de Jesus: “Vinde após mim, farei de vós pescadores de homens”. Qual é o significado do convite de Jesus? Dissemos que Jesus quer inaugurar um mundo novo onde, em vez de acumular para si, se partilha generosamente com os outros. Então o que o pescador faz? Ele pesca peixes para seu próprio interesse, para seu próprio ganho. Pescar homens, isto é, retirar os homens do mar, do ambiente que pode lhes causar a morte, onde eles podem afogar, significa realizar esta atividade não pelo interesse próprio, mas pelo interesse das pessoas que são salvas. Portanto, é uma mudança completa e radical de direção na vida de alguém. “Vinde atrás de mim”, quer dizer, desistam do seu interesse e isso lhes dará a chance de trazer à tona as pessoas que estão se perdendo e reencontrar a plenitude da vida. 

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Os textos bíblicos citados foram extraídos do: Sagrada Congregação para o Culto Divino. Trad. CNBB. Palavra do Senhor I: lecionário dominical A-B-C. São Paulo: Paulus, 1994.

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

«Todo o amor baseado no interesse cessa com a causa que o fez nascer; mas o amor desinteressado dura para sempre.»

(Pirket Avot – tratado da Mishná)

Ao contrário do que muitos pregadores religiosos insistem, Deus não é um ser preocupado em nos vigiar, controlar, subjugar ou punir! Deus é algo novo e bom! É essa a síntese da pregação de Jesus que o evangelista Marcos nos oferece no Evangelho deste domingo. Deus é alguém que se envolve, se compromete com os seres humanos porque não quer deixá-los sozinhos com seus problemas, sofrimentos e misérias. A grande notícia, a estupenda novidade que Jesus vem anunciar é, justamente, esta:

Deus quer construir, juntamente conosco, um mundo novo e digno para todos os seres humanos. Para isso, ele quer nos tornar humanos de verdade!

Para alterar a história humana repleta de injustiças, violências, destruição, tristeza e profundo egoísmo só há uma saída: a conversão! E a conversão não é outra coisa que acreditar que um mundo novo é possível. É ter esperança, é não ser pessimista, acomodado, resignado ao que aí está, em nossa sociedade. É crer que Deus pode e quer governar este nosso mundo com a força de seu amor, não às custas de imposições, normas, moralismos e um rígido controle sobre a vida das pessoas. 

Portanto, para o mundo mudar, o primeiro passo é mudar o ser humano. Essa mentalidade do “cada um por si, Deus para todos”; “cada um cuide de sua vida, que da minha cuido eu”; “cada um tem o que merece, eu faço por merecer o meu quinhão”; “Deus não colocará comida sobre a minha mesa, eu é que devo me virar neste mundo”; “o mundo é dos espertos” e assim por diante, deve ser mudada! Quem pensa, assim, não será discípulo de Jesus! Essa mentalidade individualista, da meritocracia, do egoísmo radical não pode conviver com o Evangelho anunciado por Cristo! São água e óleo, jamais se misturam! 

Concluindo, o fundamental, mesmo, é crer no Evangelho. É fazer da Boa Nova de Jesus a “bússola” que orienta a nossa vida e a da sociedade. Afinal, “ir após Jesus”, ou seja, seguir Jesus nada mais é que viver como ele viveu: amando, curando e libertando as pessoas de todos os tipos de males e limitações que ferissem a sua dignidade de seres humanos! 

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Senhor, no teu tempo a minha espera se cumpre. Tu, Aquele que vem, que continua caminhando às margens daquela vida humana que como um lago em forma de lira marca silenciosamente a passagem de suas horas, tu passas e vês, tu chamas... Eu te reconhecerei quando ouvir me chamando pelo nome e te seguirei como um viajante que pega a bengala da viagem para entrar nos caminhos da amizade e do encontro, ali onde o coração transgride o Absoluto de Deus, para ser uma chama acesa nas trevas da busca humana, um calor que se expande ali onde o vento gelado do mal destrói e desvia os horizontes da verdade e da beleza... Amém.»

(Fonte: BOSCHI, Maria Teresa Della Croce, O.Carm. Orazione finale. In: CILIA, Anthony, O.Carm. [a cura di]. Lectio divina sui vangeli festivi per l’anno liturgico B. Leumann [TO]: Elledici, 2009, p. 337)

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie e trascrizioni – 3ª Domenica del Tempo Ordinario – Anno B – 24 gennaio 2021 – Internet: clique aqui (Acesso em: 17/01/2023).

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