PARA ONDE VAIS, IGREJA?

 Tempos de alienação

 Paulo Sérgio Bezerra

Presbítero da Diocese de São Miguel Paulista, em São Paulo. É pároco da Paróquia Nossa Senhora do Carmo em Itaquera e colabora com programas eclesiais de base na Zona Leste 

PADRE PAULO SERGIO BEZERRA

Católicos cuja fé divorciou-se da história

Só é possível gerar um povo, Povo de Deus, se alavancarmos a consciência crítica, especificamente dos católicos. Se os padres e freiras novos, se convencerem do paciente e perseverante trabalho de base, através da leitura bíblica com foco nos evangelhos. 

A missão fundamental dos agentes de pastoral é ajudar nosso o povo descobrir e aderir com mais convicção à pessoa histórica de Jesus de Nazaré. De tal forma que

encontrando Jesus de Nazaré, nosso povo firme sua fé, definitivamente, Jesus Cristo. 

Não se pode encarcerar o Cristianismo (católico, ortodoxo ou evangélico) na cadeia do devocionismo a-históico e, desgraçadamente, numa teologia da prosperidade ou do domínio. 

Missas de “cura e libertação”, “cercos de Jericó”, “terços dos homens, das mulheres”, “quaresmas de São Miguel”, “banhos de Naamã”, novenas das “mãos ensanguentadas de Cristo” – é todo um conjunto de estratégia, equivocadamente chamado de evangelização, para manter um povo-clientela, como um Sísifo acorrentado! 

Essas devoções jogam o povo nas garras do fundamentalismo e da alienante privatização da fé. 

Os padres, as freiras e os leigos, promotores desse movimento pentecostalista, tradicionalista e devocionista, sobretudo nas redes e em certos canais de TV ditos de “inspiração católica”, intentam a reimplantação de uma cristandade em moldes “modernos”, fadada ao limbo da História, cujo movimento segue, penosa e teimosamente, em direção de seres adultos e independentes. 

Consequências: católicos infantililizados; católicos politicamente direitistas, quando não, arredios ao engajamento sócio-político transformador. Católicos cuja fé divorciou-se da história. Enfim, uma massa apartada e acuada contra um mundo em ebulição. 

Quo vades, ecclesiae? [= Para onde vais, Igreja?]

Fonte: Texto enviado pelo próprio autor – Quinta-feira, 12 de setembro de 2024.

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