«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 30 de novembro de 2023

1º Domingo do Advento – Ano B – Homilia

 Evangelho: Marcos 13,33-37 

Frei Alberto Maggi

Padre e biblista italiano dos Servos de Maria (Servitas) 

Estamos nas mãos de Deus

A liturgia do primeiro Domingo do Advento apresenta-nos os últimos cinco versículos do capítulo mais difícil do Evangelho de Marcos, o capítulo 13, tão complexo que o próprio evangelista escreve neste capítulo “o leitor entenda!” (Mc 13,14). O que Jesus diz de extraordinário e difícil neste capítulo? Jesus anuncia que toda instituição que não favorece o ser humano e que não realça o humano está destinada a desaparecer. Mas para que desapareça Jesus precisa da colaboração dos seus discípulos que anunciam a Boa Nova e, portanto, farão desaparecer todas as notícias falsas e deixarão claro que são mentiras.

Naturalmente, o poder que se sente ameaçado não fica parado, mas começa as perseguições, mesmo mortais, mas Jesus garante aos seus discípulos: “Não se preocupem porque entre aqueles que perseguem em nome de Deus e aqueles que são perseguidos, Deus está do lado destes últimos” (cf. Mt 5,10-12). “E também quanto ao vosso fim” – conforme encontramos no versículo 32, anterior ao texto da liturgia de hoje – “não vos preocupeis porque o Pai o sabe”. Ou seja, o nosso destino, a nossa vida é conhecida pelo Pai, estamos nas mãos do Pai, portanto máxima serenidade. 

Marcos 13,33: «Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento.»

Aqui, o evangelista apresenta a formulação das palavras de Jesus com dois imperativos para sublinhar a importância do que diz. O primeiro imperativo é: “Tende cuidado” e o segundo: “ficai acordados/atentos”. Esse é um convite a ficar acordado. Por quê? Porque ele diz: “não sabeis quando chegará o momento”. Na língua grega, usavam-se duas expressões para o tempo: uma, que também conhecemos na língua portuguesa porque entrou em nossa linguagem, é kronos, do qual derivam cronologia e cronômetro, essa expressão indica o tempo em sua forma quantitativa, sentido numérico; o outro termo é kairós. O que era o kairós? Na mitologia grega, o kairós era um jovem, uma divindade que estava completamente nua, tinha asas nos pés, estava sempre correndo, era careca e tinha um topete na testa. Quando ele vinha em sua direção ou você o agarrava na hora ou ele se perdia completamente. É daí que vem a expressão que todos nós conhecemos e usamos: “aproveitar na hora uma oportunidade”. De onde ela vem? Deriva precisamente desta mitologia.

No Evangelho de Marcos, este termo kairós é usado cinco vezes para indicar urgência; qual é esse momento oportuno? O que é este momento precioso, esta oportunidade? É aquele em que o Senhor vem ao nosso encontro e nos oferece o seu amor e a sua vida de uma maneira nova, cabe-nos acolher este amor e esta vida e saber formulá-la em novas formas. 

Marcos 13,34-37: «É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”»

Depois, Jesus, por três vezes, convida a estar vigilantes: “Vigiai, vigiai, vigiai”, essa mesma expressão a encontraremos, por três vezes, no próximo capítulo, no Getsêmani (cf. Mc 14,32-42), quando Jesus pede novamente aos seus discípulos para “Vigiarem”, ou seja, ficarem acordados. Por que temos que ficar acordados? Dormir, na linguagem bíblica, significa não estar interessado no que está acontecendo, ter a mente em outro lugar. Por isso, Jesus convida-nos a sermos solidários para realizar com ele e como ele esta mudança na sociedade: uma sociedade onde o que é humano emerge cada vez mais porque Deus está em nós e...

... este Deus se manifesta em nós não quando subimos ao céu, mas quanto mais somos humanos.

Quanto mais humanos somos, mais o divino se manifesta em nós. 

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Os textos bíblicos citados foram extraídos do: Sagrada Congregação para o Culto Divino. Trad. CNBB. Palavra do Senhor I: lecionário dominical A-B-C. São Paulo: Paulus, 1994. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

«Muitas pessoas estão vivas, mas elas não tocam o milagre que é estar vivo.»

(Thích Nhất Hạnh: 1926 a 2022 – monge budista, pacifista, escritor e poeta vietnamita)

É deveroso constatar uma incômoda realidade: a maioria das pessoas que se diz cristã, ou seja, seguidora de Jesus, o Cristo, o Messias, o Salvador do mundo, dorme! Sim, percebemos isso nas seguintes atitudes tão comuns:

* os tais “cristãos” distraídos com suas próprias vidas, com o seu próprio bem-estar, não têm interesse por aquilo que se passa com as demais pessoas e com o nosso mundo;

* eles são passivos na comunidade, não encaram a missão de anunciar o Reino de Deus como tarefa de todos os batizados, mas, somente, reservada aos consagrados para esse fim: padres, freiras, monges, missionários etc.

* Esses cristãos se preocupam com o fim do mundo, o fim dos tempos, a sua morte, porém, não se empenham em viver, concretamente, o Reino proposto pelo nosso Senhor e Mestre, Jesus Cristo!

Se a maioria dos cristãos vivesse desperta, acordada, vigilante, o mundo, certamente, seria outro, seria bem diferente! Não nos esqueçamos que cada um de nós recebeu uma tarefa, uma função por parte do senhor da casa, o chefe da família a qual pertencemos, isto é, a Igreja de Jesus: “É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa” (Mc 13,34).

Portanto, na Igreja de Cristo, na família dele, todos têm função, importância e atividade! Todos os fiéis são necessários. Passou da hora de a Igreja desmantelar o clericalismo que, ainda, vigora em seu interior, separando “aqueles que mandam, que governam a Igreja” ― papa, bispos, padres, religiosos(as) ― e “aqueles que obedecem, recebem orientações”!

É por isso que a nossa Igreja não experimenta tanta criatividade e iniciativas. Os cristãos leigos vivem na dependência e sujeição às ideias, iniciativas e propostas dos clérigos! Há receio, temor e, até mesmo, medo de se tomar iniciativas no interior de nossa Igreja! Isso atravanca, torna a resposta da nossa Igreja aos desafios dos tempos atuais muito mais lenta e ineficiente.

Na “casa de Jesus”, que é a Igreja, há um só Mestre e Senhor, o próprio Jesus Cristo! E a fidelidade a ele e ao seu projeto é o que há de mais importante. O fundamental é atuarmos para que o Reino de seu Pai comece a tornar-se realidade já, aqui e agora, neste mundo em que vivemos. 

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Ó Deus Pai, nós te damos graças por teu Filho Jesus Cristo que veio ao mundo para nos elevar e nos colocar no justo caminho. Quando despertas em nossos corações a sede de oração e de caridade, tu nos preparas para o amanhecer daquele novo dia em que nossa glória se manifestará junto com todos os santos na presença do Filho do Homem, que vive e reina nos séculos dos séculos. Amém.»

(Fonte: CAMILLERI, Charlò, O.Carm. 1ª Domenica di Avvento: orazione finale. In: CILIA, Anthony, O.Carm. [a cura di]. Lectio divina sui vangeli festivi per l’anno liturgico B. Leumann [TO]: Elledici, 2009, p. 23.)

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie e trascrizioni – 1ª Domenica di Avvento – Anno B – 29 novembre 2020 – Internet: clique aqui (Acesso em: 29/11/2023).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.