«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

32º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

 Evangelho: Mateus 25,1-13 

Frei Alberto Maggi

Padre e biblista italiano dos Servos de Maria (Servitas) 

Deus vem ao nosso encontro, estejamos preparados

O capítulo 25 do Evangelho de Mateus integra o último dos cinco discursos que dividem a sua obra (Mt 24―25), numa imitação dos cinco livros da lei que se acredita terem sido escritos por Moisés. Pois bem, este capítulo contém a última dica, a última vez, em que o evangelista fala do reino dos céus que, recordando, não é um reino nos céus, mas significa o Reino de Deus. E o evangelista o faz reconectando este discurso sobre o reino dos céus com aquela parábola, no final do Sermão da Montanha (cf. Mt 7,21-23). Em particular quando Jesus afirma que: “Nem todo o que me diz: ‘Senhor! Senhor!, entrará no Reino dos Céus’” (Mt 7,21a). Não bastam certificados de ortodoxia para estar em comunhão com ele, mas sim aquele que colabora na ação criadora do Pai, “aquele que realiza a vontade de meu Pai” (Mt 7,21b). E Jesus concluiu o Sermão da Montanha com a imagem do louco que vai construir a casa sobre a areia e ao primeiro mau tempo a casa desaba, e do homem sábio e inteligente que a constrói sobre a rocha (cf. Mt 7,24-27). Era a imagem daqueles que ouvem a sua palavra, mas depois não a põem em prática e por isso a sua vida cai em ruínas, e daqueles que a ouvem e depois a praticam. Leiamos então o capítulo 25 de Mateus. 

Mateus 25,1-2: «Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos esta parábola: “O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo. Cinco delas eram imprevidentes, e as outras cinco eram previdentes.»

Então” (em grego: tóte), o evangelista se conecta à vinda do Senhor em suas manifestações na história humana, “o reino dos céus”, que significa a sociedade alternativa que Jesus veio criar, “será como dez virgens”, virgens significa moças ainda solteiras, portanto em idade de se casar, “que pegaram suas lâmpadas de óleo”, por lâmpadas não devemos entender aquelas de uso doméstico, mas aqui estamos falando de tochas, “e saíram ao encontro do noivo”. O “noivo” é a imagem de Deus, desde o profeta Oseias em diante, era ele o noivo e seu povo a noiva. “Cinco delas eram insensatas”, literalmente loucas, e aqui o evangelista usa o mesmo termo que Jesus proíbe de ser usado em sua comunidade, ele diz “quem chama seu irmão de louco” (Mt 5,22c), e este termo foi usado justamente na conclusão do discurso da montanha para o louco que vai construir sua casa sobre a areia e vai à ruína. “E cinco sábias”, sábias como o homem que constrói sobre a rocha. 

Mateus 25,3-5: «As imprevidentes pegaram as suas lâmpadas, mas não levaram óleo consigo. As previdentes, porém, levaram vasilhas com óleo junto com as lâmpadas. O noivo estava demorando, e todas elas acabaram cochilando e dormindo.»

O tema dessa passagem do Evangelho não é o da vigilância porque todas adormecem, mas se trata de ter ou não a possibilidade de ir ao encontro do noivo

Mateus 25,6-9: «No meio da noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo está chegando. Ide ao seu encontro!’ Então as dez jovens se levantaram e prepararam as lâmpadas. As imprevidentes disseram às previdentes: ‘Dai-nos um pouco de óleo, porque nossas lâmpadas estão se apagando’. As previdentes responderam: ‘De modo nenhum, porque o óleo pode ser insuficiente para nós e para vós. É melhor irdes comprar dos vendedores’.»

Aqui, Jesus não se refere aos costumes matrimoniais da época, mas antes os inverte, porque não eram as moças que iam ao encontro do noivo, mas era a noiva que, acompanhada das amigas, entrava na casa do noivo. Por que esta diversidade? Apenas para atrair a atenção daqueles que ouvem. A resposta negativa das moças sábias pode parecer estranha, agora. Mas agem racionalmente, porque é melhor ter algumas com lâmpadas para receber o noivo, do que muitas, porém no escuro. Então esse óleo representa algo que todos podem ter, mas que não pode ser emprestado e entenderemos isso mais adiante. 

Mateus 25,10: «Enquanto elas foram comprar óleo, o noivo chegou, e as que estavam preparadas entraram com ele para a festa de casamento. E a porta se fechou.»

O evangelista dá-nos a imagem do encontro nupcial, a vida do crente não é feita sabe-se lá de quais sacrifícios dolorosos, mas é um crescendo de alegria na relação com o noivo. Diz-se: “e as virgens que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e a porta foi fechada”, esta também é outra incoerência. No matrimônio, nas núpcias, todo o povoado era convidado e as portas não eram fechadas. Porém, o evangelista enfatiza precisamente essas esquisitices para atrair a atenção dos ouvintes, e de fato ele se refere ao que Jesus havia expressado no final do Sermão no Montanha. 

Mateus 25,11-12: «Por fim, chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor! Senhor! Abre-nos a porta!’ Ele, porém, respondeu: ‘Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!’»

Ocorre, aqui, exatamente como aqueles que gritaram: “Senhor! Senhor!” (Mt 7,21) e o Senhor disse não lhes conhecia: “Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7,23), literalmente construtores do nada.

Não basta acreditar, não basta um certificado de ortodoxia, não basta a fidelidade à doutrina, o Senhor pede-nos que sejamos colaboradores na sua ação criadora e a ação criadora de Deus se faz comunicando a vida.

Essa é a imagem deste óleo. No evangelho, sempre no evangelho de Mateus, Jesus dirá: “Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Aqui está esta luz, este óleo que ilumina são as boas obras e não se pode emprestar boas obras a outro, ou existem ou não existem.

E assim o noivo, aqui, responde exatamente como Jesus fez aos que praticam a iniquidade: “Em verdade eu vos digo: Não vos conheço!”. Jesus, o Senhor, não conhece aqueles que têm com Ele uma relação baseada na ortodoxia, em certificados de fidelidade, mas sim aqueles que traduzem esta ortodoxia, estes certificados de fidelidade em atitudes plenamente humanas, atendendo às carências e às necessidades, aos sofrimentos dos outros. 

Mateus 25,13: «Portanto, ficai vigiando, pois não sabeis qual será o dia, nem a hora”.»

E depois o convite final: “Portanto, ficai vigiando”. Aqui, vigiar não significa ficar acordado à noite porque na verdade todos estão dormindo, mas significa estar plenamente consciente e atento ao que acontece, viver cada momento da própria vida ao máximo, para poder colaborar na ação criadora do Senhor. 

* Traduzido e editado do italiano por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

** Os textos bíblicos citados foram extraídos do: Sagrada Congregação para o Culto Divino. Trad. CNBB. Palavra do Senhor I: lecionário dominical A-B-C. São Paulo: Paulus, 1994. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

«Não vos façais de surdos ao escutar a voz de que chega o esposo, porque é uma voz realmente potente, e está cheia de bondade. Não ordenou que a natureza dos homens fosse para ele, mas ele pessoalmente veio junto a nós.»

(São João Crisóstomo: século V ― bispo, teólogo e Doutor da Igreja)

Neste domingo, inicia-se uma sequência de três parábolas narradas por Jesus, no capítulo 25 de Mateus. Todas têm a mesma finalidade: preparar-nos para o encontro com Deus e com o final de tudo. Nos próximos dois domingos, serão proclamadas as duas parábolas restantes: a parábola dos talentos (Mt 25,14-30) e aquela do Juízo universal (Mt 25,31-46).

Como frei Maggi já frisou em seu comentário acima, a questão central da parábola das virgens não é a vigilância, mas na preparação para o encontro com Deus. Quem não se prevenir, ficará sem encontrá-lo! 

E, ao menos, dois fatores podem ser decisivos para impedir esse encontro definitivo com Deus:

a) a diminuição ou extinção do amor no coração dos cristãos (cf. Mt 24,12). É o óleo que falta para manter a “lâmpada” acesa. Quem não ama não poderá conhecer nem mesmo encontrar-se com Deus, que é amor (cf. 1Jo 4,8.16b).

b) a superficialidade e fragilidade da fé. Não basta orar “Senhor! Senhor!”, é preciso realizar, concretamente, a vontade de Deus, já neste mundo! Uma prática formalista da fé, da boca para fora, não promove o encontro real com Deus (cf. Mt 7,22-23). Como é possível sermos cristãos sem conhecer o projeto de Jesus, nem nos sentirmos atraídos pelo seu estilo de vida?

Portanto, trata-se de não perdermos o “momento oportuno” (em grego: kairós), no qual o Cristo quer nos encontrar. Se gastamos nossas energias naquilo que nos distrai e distancia do Evangelho, então, perdemos essa ocasião fundamental em nossas vidas. Mais do que nunca, necessitamos de uma nova qualidade em nossa relação com ele! Pois, somente o Cristo pode renovar nossa vida e aquela de nossas comunidades.

Porém, ao comparar esse encontro final com Deus ao de uma festa de casamento, Jesus está nos revelando que ser cristão, ser seu seguidor é viver na alegria. Pois a fé e a esperança nos fazem sentir essa presença viva de Deus em nós! À medida que nossos pequenos, mas decisivos, esforços vão se somando aos das demais pessoas, tornando nosso o projeto do Reino de Deus trazido por Jesus, somos inundados pela sua alegria e pelo seu amor.

Afinal, o Reino de Deus é essa festa eterna para a qual todos somos convidados! 

Oração após a meditação do Santo Evangelho 

«Senhor nosso Deus, desvia os discípulos do teu Filho dos caminhos fáceis da popularidade, da glória barata, e leva-os aos caminhos dos pobres e dos flagelados da terra, para que possam reconhecer no rosto deles o Mestre e Redentor. Dá olhos para ver os caminhos possíveis para a justiça e a solidariedade; ouvidos para ouvir as questões de sentido e salvação de muitos que estão tateando; enriquecer os seus corações com generosa lealdade, delicadeza e compreensão, para que se tornem companheiros de viagem e testemunhas verdadeiras e sinceras da glória que brilha no crucificado ressuscitado e vitorioso. Ele vive e reina em glória contigo, ó Pai, para todo o sempre. Amém.»

(Fonte: MESTERS, Carlos, O.Carm. 32ª Domenica del Tempo Ordinario: orazione finale. In: CILIA, Anthony, O.Carm. [a cura di]. Lectio divina sui vangeli festivi per l’anno liturgico A. Leumann [TO]: Elledici, 2010, p. 595.)

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Videomelie e trascrizioni – 32ª Domenica del Tempo Ordinario – Anno A – 8 novembre 2020 – Internet: clique https://www.studibiblici.it/videoomelie27.html (Acesso em: 06/11/2023).

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