Um mapa detalhado do cérebro humano
Cientistas criam maior mapa de conexões de cérebro humano
Ramana Rech
Jornalista Pesquisadores de Harvard e Google criaram maior mapa de conexões do cérebro com 1 milímetro cúbico de tecido cerebral. Foto: Google Research & Lichtman Lab (Harvard University)/Renderizado D. BergerD
Pesquisadores de
Harvard e do Google geraram um mapa de 57 mil células e 150 milhões de sinapses
do cérebro humano
Pesquisadores de Harvard fizeram uma parceria com o Google para criar a maior base de dados da estrutura do cérebro humano na resolução utilizada. Eles conseguiram mapear cada célula e sinapse de uma pequena amostra de cérebro. Com as novas imagens, a equipe identificou fenômenos que ainda não têm explicação.
Eles utilizaram um 1 milímetro cúbico de
volume de um córtex saudável retirado durante uma cirurgia em uma mulher com
epilepsia. O procedimento servia para que os cirurgiões alcançassem a parte do
cérebro que precisava ser operada. De forma mais específica, a amostra de
córtex veio do lobo temporal anterior e tem seis camadas de células. Localização de onde foi tirada a amostra do cérebro. Foto: Google/Reprodução
Para transformar a amostra em imagem, os pesquisadores utilizaram um microscópio eletrônico, técnica utilizada para investigar de forma detalhada estruturas biológicas e inorgânicas. Os dados capturados pelo microscópio foram, então, reconstruídos pelo computador.
Apesar da amostra utilizada ser pequena, as imagens exibiram 57 mil células e 150 milhões de sinapses – pontos de conexão onde o sinal atravessa de um neurônio para o outro. Isso resultou em um total de 1,4 milhão de gigabytes de dados. A partir disso, surgiu a necessidade da parceria com o Google, que disponibilizou uma inteligência artificial de processamento de imagens.
Por conta da vasta quantidade de dados, os pesquisadores ainda não conseguiram analisar todas as informações disponíveis. Para tornar o esforço conjunto ainda maior, eles compartilharam os dados online e disponibilizaram ferramentas de análise.
Entre os achados que surpreenderam os
cientistas, estão as fortes conexões entre os pares de neurônios. Em
alguns casos, havia dezenas de sinapses conectando as mesmas duas células. Conexões
tão fortes não foram encontradas nos cérebros de ratos. Outro ponto
intrigante foi a existência de células que tendem a ficar em uma imagem
simétrica a outra, como um espelho. Os pesquisadores notaram que alguns neurônios tem direções um para o outro, como espelhos. Foto: Google Research & Lichtman Lab (Harvard University)/Renderizado por D.
Eles também identificaram a ocorrências de axônios espiralados. Essa estrutura faz parte do neurônio e é responsável por carregar o sinal para fora da célula. Havia poucos axônios em espiral e, em alguns casos, eles ficavam na superfície de uma outra célula. Mas a função e o porquê dos axônios espiralados ainda são desconhecidos.
As imagens obtidas pela equipe mostram como os neurônios estão conectados de forma intensa. Apenas um neurônio tem mais de 5 mil axônios de outras células chegando a ele e levando os sinais, o que resulta em inúmeras sinapses.
Leia o estudo completo (em inglês) na revista Science, clicando https://www.science.org/doi/10.1126/science.adk4858.
Fonte: O Estado de S. Paulo – A Fundo/Ciência – Sábado, 1 de junho de 2024 – Págs. C6 – Internet: clique aqui (Acesso em: 05/06/2024).
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