«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Fanatismo religioso faz mal

 O pastor que não ressuscitou e a fé idiotizada numa ópera neopentecostal bufa

 Ricardo Nêggo Tom

Cantor e compositor brasileiro

Pastor Huber Carlos Rodrigues, que disse que ressuscitaria após três dias de sua morte, junto à sua esposa, a qual alega que seu marido não ressuscitou porque "Deus tem seus motivos"!
 

O caso de um pastor da cidade de Goiatuba evidencia o quão dificultoso é dialogar, política e racionalmente, com os neopentecostais evangélicos

Há um debate em torno de uma suposta arrogância por parte da esquerda, por ela não dialogar com os evangélicos brasileiros e ainda considerá-los “ignorantes”. Obviamente, provocar essa reflexão é tão válido quanto tentar entender a fé idiotizada de boa parte do rebanho de ovelhas neopentecostais, que se submetem à vara santa e ao cabresto ungido de pastores que, quando não são reconhecidamente charlatães e exímios picaretas, são lunáticos, esquizofrênicos e viajantes na maionese ungida. 

O caso de um pastor da cidade de Goiatuba, município de Goiás, que morreu, mas havia pedido ainda em vida que não fosse enterrado, pois ressuscitaria no terceiro dia após a sua morte, como Deus lhe havia prometido, evidencia o quão dificultoso é dialogar, política e racionalmente, com os neopentecostais evangélicos. Mais absurda do que a profecia do líder religioso, foi a presença de dezenas de fiéis em seu velório tentando impedir o sepultamento e pedindo para que o caixão fosse aberto, na fé de que a tal “promessa de Deus” se cumprisse. Às vezes, penso que estamos vivendo um apocalipse a conta gotas, retratado através de uma ópera neopentecostal bufa. 

Foi esse tipo de cristão neopentecostal que acreditou na possibilidade de ressurreição do pastor, que votou em Bolsonaro dizendo que ele era um novo messias. Um homem enviado por Deus para defender a família tradicional brasileira, acabar com a corrupção e resgatar os valores morais da sociedade. O puro suco da ignorância religiosa e da fé idiotizada sob as pregações de falsos profetas, aproveitadores da inocência e da estupidez humana.

Rumo a um abismo profético e existencial, esses fiéis seguem dando glórias aos lobos vorazes que vestidos em pele de cordeiro os convencem de que eles estão a caminho do céu.

Se os roteiristas da facada em Bolsonaro tivessem tido mais um pouquinho de criatividade, teriam planejado a sua ressurreição três dias após o suposto atentado, após uma “oração de poder” feita por algum dos líderes neopentecostais que o bajulam. O problema seria definir quem seria o “ungido” responsável por ressuscitar o mito. Malafaia? Edir Macedo? Marco Feliciano? R.R. Soares? Qualquer um dos escolhidos representaria fielmente a manifestação da vigarice e da picaretagem que permeia e pontua a “unção” e a ação desses seres nefastos e oportunistas que...

Muitos pastores e líderes de igrejas neopentecostais "venderam a alma ao demônio" a fim de terem privilégios, verbas públicas e concessões de rádio e TV

... oferecem aos mais incautos um deus dinheirista, violento, desonesto, preconceituoso e fanfarrão.

A lavagem cerebral e a alienação promovida por tais líderes, são responsáveis por tornar milagre, aquilo que é apenas tosco e trash (= lixo). Se Deus castigasse mesmo as pessoas que brincam com o seu nome, não haveria mais neopentecostais evangélicos na face da terra. Mas há quem jure que ele se ira mesmo é com esquetes de grupos de humor e com enredos de escolas de samba. Ele teria mandado até a Covid 19 para punir a humanidade, depois de ter sido exposto no desfile da Mangueira em 2019. Apoiar a um genocida, miliciano, corrupto e coautor de mais de 600 mil mortes no país, tudo bem. É a sua vontade. 

É triste constatar que o medievalismo da religiosidade cristã foi reinventado e Deus foi novamente sequestrado por um grupo de fundamentalistas sem fundamento e sem racionalidade.

Me desculpem a sinceridade, mas se a esquerda quiser mesmo dialogar com essas pessoas falando uma linguagem que elas entendam, terá que prometer a indicação de Jesus Cristo para uma vaga no STF no próximo governo Lula e instituir o Antigo Testamento como a nova constituição da república. E se Jesus Cristo não corresponder às expectativas, “a gente tira” e pede intervenção alienígena e a volta da ditadura dos dinossauros. 

Que Deus ressuscite o cérebro dessa gente. 

Fonte: Brasil 247 – Colunista – Terça-feira, 26 de junho de 2021 – 17h40m (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (Acesso em: 29/10/2021).

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