«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 6 de março de 2022

Nomes aos bois

 Guerra é guerra, condenação é condenação e Bolsonaro não é neutro

 Eliane Cantanhêde

Jornalista 

Vladimir Putin e Jair Bolsonaro durante visita do presidente brasileiro à Rússia

A realidade por detrás das palavras

Na Rússia, o autocrata Vladimir Putin impõe ao povo russo que guerra não é guerra, invasão não é invasão, só há uma “operação militar especial”. Quem fala o contrário:

* fica sujeito a prisão de 15 anos,

* o principal jornal de oposição foi fechado,

* a imprensa está censurada,

* há restrições ao Facebook e ao Twitter e

* crianças são bombardeadas com fake news. 

Na ONU, Conselho de Segurança, Assembleia-Geral, assembleias emergenciais e Conselho de Direitos Humanos votam pela condenação da Rússia na guerra, mas condenação não é condenação. O texto da Assembleia-Geral não “condena”, só “deplora” a ação russa. 

No Brasil, a posição do Itamaraty é a mesma desde a nota no dia da invasão e em todas as manifestações na ONU, pedindo “cessar-fogo” e “suspensão imediata das hostilidades”. Não fala em guerra, como quer a Rússia, nem em condenação, como definiram os conchavos na ONU. Aqui, guerra é “hostilidade”. 

Esses contorcionismos verbais mostram o peso das palavras nas relações internacionais e...

... a força da comunicação dos poderosos para moldar a realidade, distorcer fatos e manipular corações e mentes nos próprios países e no mundo.

Se belicamente a Ucrânia não chega aos pés da Rússia, que tem bomba atômica e é a segunda maior potência militar, o presidente Volodmir Zelensky vence na comunicação. Despojado, coloquial, ele massifica a percepção de “vítima”, “bem contra o mal”, “fraco e forte”, “rico e pobre”. De outro lado, um Putin frio, ameaçador. 

Aqui no Brasil, a comunicação é confusa, desencontrada, a partir dos termos do presidente Jair Bolsonaro: “solidariedade” à Rússia, “neutralidade” e “parceria” com Putin. Na primeira versão, a simpatia com o vilão da história era por causa dos fertilizantes, agora é pela defesa de Putin à soberania do Brasil na Amazônia, amanhã, sabe-se lá qual será a justificativa, enquanto a diplomacia contém danos e mantém a racionalidade.

Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro: pergunta que não quer calar - O que ele, um vereador do Rio de Janeiro, foi fazer na Rússia, na comitiva do presidente???
Essa ambiguidade remete à ida de Bolsonaro a Moscou, às vésperas da guerra lá e da eleição cá, levando não os ministros da Economia e da Agricultura, mas o especialista em fake news Carlos Bolsonaro e oito oficiais da mais alta patente. O que essa constelação de estrelas queria com Putin, estrategista de guerras e fake news em eleições alheias? 

Mais um segredo que governo e Forças Armadas vão trancar por cem anos, enquanto proliferam suposições, nenhuma boa para Bolsonaro. Assim como guerra não é guerra e condenação não é condenação, fertilizante também não é fertilizante e Amazônia não é Amazônia. São disfarces, dissimulações, para esconder a verdade do mundo e do povo brasileiro. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política – Domingo, 6 de março de 2022 – Pág. A7 – Internet: clique aqui (Acesso em: 06/03/2022).

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