PÁTRIA LIVRE É PÁTRIA UNIDA
Leandro Alberione Batista da Costa
Bacharel em Direito, escrevente, membro da Comissão Bíblica Diocesana – Jales – SP
Nesta semana, celebramos o Dia da Pátria, em 7 de setembro. Essa data é
oportuna para refletirmos sobre uma situação, que vivemos em nosso país, e que
trouxe, infelizmente, muita divisão nas cidades, nas famílias, nas redes
sociais e, inclusive, nas igrejas. Será que um país pode ser livre e justo
se não há confiança, respeito e capacidade de diálogo construtivo e propositivo
entre seus cidadãos?
O próprio Jesus ensinou que “todo reino
internamente dividido” acaba em ruínas e não pode subsistir (Mateus 12,25).
A Carta aos Efésios, que a Igreja Católica nos
convida a meditar neste Mês da Bíblia de 2023 (setembro), nasceu em um contexto
de divisão e conflitos entre cristãos vindos do judaísmo e do paganismo, entre
patrões e escravos, maridos e esposas. Em seus seis capítulos são
apresentadas algumas pistas para a promoção da confiança, da reconciliação e do
diálogo na comunidade:
1) Somos filhos do mesmo Pai, irmãos e irmãs em Cristo, batizados e
movidos pelo mesmo Espírito (cf. Ef 2,11-22). Jesus é a nossa paz. Ele derrubou o muro de separação. Por sua
cruz e em seu corpo, nos reconciliou com Deus e com os outros, destruiu a
inimizade e nos fez membros de seu Corpo. A salvação é para toda a humanidade,
portanto, todo ser humano deve ser tratado com respeito, dignidade e
solidariedade.
2) Revestir-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e
santidade da verdade (cf. Ef 4,17-24). A atitude de amor de Deus para conosco, demonstra seu respeito por
nossa liberdade, consciência e por nossos processos de crescimento. Para Ele,
não há casos perdidos e sempre existe possibilidade de mudança. Nós, pelo
contrário, muitas vezes, nos aferramos a uma mentalidade, crenças, um jeito de
viver, a uma ideologia! Para crescermos, é necessário deixar as seguranças da
nossa bolha e se abrir ao novo, àquele que pensa, vive e ora diferente de nós!
Deixar-nos questionar. Não é um caminho fácil, porém, é necessário percorrê-lo!
3) Suportar uns aos outros com amor, humildade e mansidão,
procurando conservar a unidade pelo vínculo da paz (cf. Ef 4,1-6). Deus tem paciência conosco, apesar de nossas
limitações, pecados e infidelidades. Ele nos perdoa e dá suporte com a sua
graça, nos ajudando a amadurecer. Somos chamados a agir da mesma forma com as
pessoas, inclusive com os inimigos. Os conflitos e as divergências existirão,
mas a violência e a exclusão, somente agravam o problema. Estimula-nos a uma
postura ativa de busca de unidade, por uma cultura de paz, da ternura e do
encontro.
4) Abandonai a mentira e falai a verdade (cf. Ef 4,25-32). Para que exista confiança e diálogo entre as
pessoas, é imprescindível o compromisso com a verdade em nossa comunicação.
Quem se utiliza propositalmente de dados incorretos para argumentar e divulgar
notícias falsas nas redes sociais, não age como filho da luz. Pelo contrário,
caminha nas trevas e age conforme o diabo – aquele que divide – que é mentiroso
desde o início.
5) Ficar irado, mas não pecar (cf. Ef 4,25-26). Apesar de todos esses cuidados, pode acontecer
que as atitudes, palavras e incoerências da outra pessoa ou grupo nos deixem
irados. Nesse momento, a tentação é a explosão de ódio, traduzida no pecado das
ofensas verbais ou atos de violência, muitas vezes irreparáveis. Se não há um
compromisso de honestidade, de busca da verdade e de abertura e respeito ao
outro, melhor se retirar e serenar. Desse modo, serão evitadas graves
consequências à vida pessoal, familiar e comunitária.
6) Combatamos o mal, não as pessoas (cf. Ef 6,10-18). A vida cristã é um combate contra o mal. Inclusive e principalmente, aquele presente dentro de nós. Por isso, a Carta aos Efésios afirma que nosso combate não é contra a “carne e o sangue”, ou seja, pessoas ou grupos, mas contra as mentalidades e a cultura que vão contra os valores do Reino de Deus. As armas para esse combate são um novo jeito de viver na verdade, na justiça, na paz, na fé, iluminados pela Palavra de Deus.
Há muitas outras pistas e riquezas presentes na Carta, por isso, somos convidados a meditá-la sozinhos ou em comunidade. Ao colocá-las em prática, promovemos a confiança, o respeito e o diálogo entre as pessoas e grupos, de modo que o Dia da Independência possa voltar a ser celebração de um saudável patriotismo, onde, mesmo com nossas diferenças, nos sintamos nação e todos sejam incluídos.
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