«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 29 de julho de 2017

17º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 13, 44-52

Naquele tempo, disse Jesus à multidão:
44 «O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.
45 O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas.
46 Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
47 O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo.
48 Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam.
49 Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos,
50 e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes.
51 Compreendestes tudo isso?». Eles responderam: «Sim.»
52 Então Jesus acrescentou: «Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.»

JOSÉ MARÍA CASTILLO & JOSÉ ANTONIO PAGOLA
"PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO"
Pintura a óleo de Rembrandt ou Gerard Dou - possivelmente do ano 1630
Museu de Belas Artes de Budapeste

QUAL É ESSE “TESOURO” E “PÉROLA” PELOS QUAIS VALE A PENA DEDICAR TODA A VIDA?

A primeira parábola (tesouro escondido: v. 44-46) compara a oferta de Jesus, o reinado de Deus, com um tesouro. Um tesouro tão valioso e que seduz tanto e produz tanta alegria, que aquele que o encontra se esquece de tudo o que tem, abandona tudo e vê nisso a única coisa que vale a pena neste mundo. Como é lógico, isto quer dizer que aquele que encontra Jesus e sua mensagem, por isso mesmo muda radicalmente a vida.

Uma novidade assim, não pode ser nem a prática religiosa nem, muito menos, as obrigações que impõe a religião. Nem sequer as promessas de felicidade para a outra vida. Nada disso é, para a grande maioria das pessoas, um tesouro que transforma o modo de viver. A crença em uma esperança (incerta?, insegura?) de futuro, normalmente não modifica o presente visível, tangível.

O mesmo há de se dizer da pérola. No fundo, é a mesma comparação formulada com outras palavras. O que podem expressar o «tesouro» e a «pérola»?

Somente pode exprimir aquilo que mais preenche os seres humanos: uma zona e um ambiente humano de respeito, tolerância, estima, carinho e segurança, nos quais damos felicidade e recebemos felicidade, com a convicção de que isso é (e será) para sempre. Somente isso pode significar o que, tal como somos seres humanos, Jesus oferece e afirma.

A comparação da rede e a separação última e definitiva dos peixes abre o horizonte das promessas de Jesus de tal maneira, que transcende todas as limitações inerentes à condição humana. A intenção de Mateus, ao colocar aqui esta última comparação, é pôr uma «sentinela no horizonte» (Paul Ricoeur) acima de tudo o meramente humano, para superá-lo e transcendê-lo mais além de quanto nós mortais atreveríamos a imaginar e suspeitar.

Definitivamente, a garantia mais segura de que o Evangelho está presente na vida está no fato de que esta nossa vida avança e funciona impregnada de alegria pelo fato de ter conhecido e encontrado Jesus e seu Evangelho.

UM TESOURO DESCONHECIDO

Nem todos se entusiasmam com o projeto de Jesus. Em muitos surgem não poucas dúvidas e interrogações. Seria razoável segui-lo? Não seria uma loucura? Essas questões são daqueles galileus e de todos os que se encontram com Jesus em um nível mais profundo.

Jesus contou duas pequenas parábolas para «seduzir» a quem permanecia indiferente. Queria semear em todos uma interrogação decisiva: não haveria na vida um «segredo» que ainda não descobrimos?

Todos entenderam a parábola daquele lavrador pobre que, ao cavar em uma terra que não era sua, encontrou um tesouro escondido em um cofre. Não pensou duas vezes. Era a chance de sua vida. Não poderia desperdiçar. Vendeu tudo o que tinha e, cheio de alegria, pegou o tesouro.

O mesmo fez um rico comerciante de pérolas quando descobriu uma de valor incalculável. Nunca havia visto algo semelhante. Vendeu tudo o que possuía e ficou com a pérola.

As palavras de Jesus eram sedutoras. Seria Deus assim? Seria isto encontrar-se com ele? Descobrir um «tesouro» mais belo e atraente, mais sólido e verdadeiro que tudo o que nós estamos vivendo e desfrutando?

Jesus estava comunicando sua experiência de Deus: aquilo que havia transformado, por inteiro, a sua vida. Teria razão? Seria isto segui-lo? Encontrar o essencial, ter a imensa sorte de encontrar o que o ser humano está desejando desde sempre?

No mundo, atualmente, muita gente está abandonando a religião sem ter saboreado Deus. Compreendo-os. Eu faria o mesmo. Se alguém não descobriu um pouco da experiência de Deus que vivia Jesus, a religião é uma chatice. Não vale a pena.

Triste é encontrar tantos cristãos cujas vidas não estão marcadas pela alegria, pelo espanto ou pela surpresa de Deus. Jamais ficaram assim por causa de Deus. Vivem fechados em sua religião sem ter encontrado nenhum «tesouro». Entre os seguidores de Jesus, cuidar da vida interior não é, apenas, algo a mais. É imprescindível para vivermos abertos à surpresa de Deus.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al Evangelio diario – ciclo A (2016-2017). Bilbao: Desclée De Brouwer, 2016, págs. 325-326; Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo A (Homilías) – Internet: clique aqui.

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