«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Celibato em questão

Compreenda o que está por detrás da
polêmica sobre o celibato dos padres

José María Castillo
Teólogo espanhol
Religión Digital
13-01-2020

O celibato sacerdotal jamais foi um dogma da
Igreja Católica, nem algo que não se possa,
querendo, adaptar aos novos tempos e às
novas exigências
LIVRO CAUSADOR DA POLÊMICA SOBRE O CELIBATO DOS PADRES
Tradução do título:
"Das profundidades de nossos corações!
Publicado, na França, por Fayard (Paris, 180 páginas)
Ainda sem previsão de publicação no Brasil

Me causa uma tristeza profunda a notícia da iminente publicação de um livro em que o papa emérito Joseph Ratzinger e outro clérigo importante, como o cardeal Robert Sarah, enfrentem o atual Sumo Pontífice da Igreja, o papa Francisco. O motivo do enfrentamento é o tema do celibato dos padres que, segundo parece, na opinião do papa renunciado, a Igreja tem que manter como obrigação necessária, ainda que os cristãos da Amazônia não possam ter padres que presidam a missa para aquelas pessoas e não possam ajudar aqueles cristãos em assuntos para os quais a própria Igreja exige a presença de um padre.

Se, efetivamente, é certo que o papa Ratzinger e seu sócio Sarah querem se opor ao atual pontífice, por manter (a todo custo) o celibato dos padres, tanto Ratzinger, como aqueles que concordam com ele nesse assunto, devem ter sempre muito presente que a Fé e a Tradição secular da Igreja nos ensina que o pensamento e o critério de governo, que eles defendem, não pode se opor ao critério fundamental da fé e da unidade da Igreja, que inclui essencialmente a comunhão com o Vigário de Cristo na Terra, o bispo de Roma. Assim definiu, como questão de “fé divina e católica” o Concílio Vaticano I (Constituição “Dei Filius”, cap. 3. Denz – Hün, nº 3011; Constituição “Pastor aeternus”, cap. 3º, Denz – Hün, nº 3060).

Por isso, é incompreensível que quem destituiu tantos teólogos, por não se submeterem incondicionalmente ao magistério papal, como foi o caso do cardeal Ratzinger, enquanto esteve no cargo de Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, agora seja o mesmo que se opõe ao papa Francisco, em um assunto que não afeta a fé da Igreja.

Efetivamente, é de suma importância ter presente que o tema e a obrigatoriedade do celibato eclesiástico não tenha sido nunca, e não é neste momento, um dogma de fé. Nem sequer é um dever universal da Igreja. Já que nas Igrejas Orientais nunca se manteve, nem se mantém, a obrigatoriedade do celibato eclesiástico.

Ademais, a autoridade eclesiástica deveria ter sempre presente que, nos diversos escritos do Novo Testamento, se mantém exatamente a doutrina oposta a atual norma do celibato sacerdotal. Segundo os Evangelhos, Jesus não o impôs aos seus apóstolos. São Paulo, afirma que ele, como os demais apóstolos, tinham “direito” (“postedade” – exousia) para serem acompanhados por uma mulher cristã (1Cor 9,5). E nas cartas a Timóteo e a Tito afirma-se que os candidatos ao ministério eclesiástico, inclusive ao episcopado, devem ser homens casados com uma mulher, que saibam governar sua família, porque “quem não sabe governar sua própria casa, como vai cuidar da Igreja de Deus?” (cf. 1Tm 3,2-5; Tt 1,6).

Ainda mais, sabe-se que inclusive no Concílio Ecumênico de Niceia, o bispo Pafnucio, da Tebaida Superior, celibatário e venerado confessor da fé, gritou diante da assembleia “que não se deveria impor aos homens consagrados esse pesado fardo, dizendo que é também digno de honra o ato matrimonial e o próprio matrimônio é imaculado; e que não geraria danos à Igreja exagerando na severidade; porque nem todos podem suportar a asthesis da ‘apatheia’, nem se proveria equitativamente a temperança de suas respectivas esposas” (Sócrates, Hist. Eccl., I, XI, p. 67, 101-104).

É evidente que não se pode privar os cristãos dos sacramentos, sobretudo da eucaristia, por manter uma disciplina cujas origens foram uma
evidente contradição com o que nos ensina o Novo Testamento.

Finalmente, se é que, efetivamente, as ideias de um Papa renunciado enfrentam ao único Sumo Pontífice, que atualmente governa a Igreja, essa própria Igreja tem que se perguntar seriamente e tirar as devidas consequências do significado e as consequências que se pode ter – e está tendo – a presença, no próprio Estado do Vaticano, de um bispo que foi Sumo Pontífice, porém que já não é mais. Quando ocorre a possibilidade de falar sobre “dois papas” e dar origem a situações de confusão e divisões na Igreja, não seria necessário e até urgente que o Papa renunciado morasse em outro lugar?

Traduzido do espanhol por Wagner Fernandes de Azevedo. Para acessar a versão original deste artigo, clique aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 14 de janeiro de 2020 – Internet: clique aqui.

Posicionamento do papa emérito

“Não sou coautor do livro do cardeal Sarah”

KathPress
14-01-2020

“O papa emérito Bento XVI não foi informado sobre a publicação do livro
que aborda a questão do sacerdócio e do celibato”,
informa Gänswein, secretário particular de Joseph Ratzinger.
Ratzinger y el cardenal Sarah
Cardeal Sarah e papa emérito Bento XVI

O nome e a imagem de Bento XVI devem ser retirados da capa do livro. No entanto, a parte principal do livro é “100 por cento Bento”.

No jornal La Repubblica, 14-01-2020, Gianfranco Svidercoschi, jornalista que durante mais de 60 anos segue a vida do Vaticano e já foi vice-diretor do Osservatore Romano, questiona: “Como é possível que um homem nas condições de Ratzinger possa escrever um texto do gênero? Há a forte suspeita que ele foi usado”.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 14 de janeiro de 2020 – Internet: clique aqui.

O cardeal Sarah usou o papa emérito, Bento XVI, para armar uma nova campanha
contra Papa Francisco

O Papa emérito não escreveu, não viu, nem autorizou um livro a
quatro mãos com o cardeal Sarah
Gaenswein, con Benedicto
Arcebispo alemão Georg Gänswein e papa emérito Bento XVI
Gänswein é o seu secretário

Elisabetta Piqué (jornal argentino “La Nación”) e Juan Vicente Boo (jornal ABC) asseguram que o cardeal Sarah urdiu uma trama para atacar Bergoglio (Papa Francisco).

“Há alguns meses, Bento XVI não está em condições de escrever, mas apenas falar, como constataram pessoas que o visitam”.

Tudo parece indicar uma grave manipulação de Bento XVI por parte do cardeal guineano, prefeito da Congregação para o Culto Divino (Vaticano) e um dos principais opositores visíveis de Francisco, em conivência com seu editor, Nicolas Diat (França), junto com a editora Fayard da França, Ignatius Press dos Estados Unidos e Cantagalli da Itália.

Jesús Bastante do site Religión Digital, da Espanha, escreve:
«Bento XVI não escreveu um livro a quatro mais com Sarah, nunca viu, nem autorizou a capa, nem o fato de que se publicara um livro a quatro mãos». Esta é a resposta que fontes próximas ao papa emérito deram a Elisabetta Piqué, do jornal La Nación, e que confirmou Juan Vicente Boo no jornal ABC.

Ratzinger estava escrevendo, como explicam ambos vaticanistas, umas anotações sobre o sacerdócio, faz alguns meses, as quais Sarah lhe pediu para ver. Benedito colocou o texto «à sua disposição», apontam os jornalistas, sabendo que o cardeal estava escrevendo um livro sobre o mesmo tema, o sacerdócio.

«É evidente que há uma operação editorial e mediática, da qual Benedito se distancia e se manifesta totalmente alheio», acrescentou a fonte, que pediu anonimato. «É um ataque a Francisco disfarçado de defesa do celibato», sustenta o vaticanista do jornal ABC, que sustenta que tudo parece indicar uma grave manipulação de Bento XVI por parte do cardeal guineano, prefeito da Congregação para o Culto Divino [Vaticano] e um dos principais opositores visíveis de Francisco, em conivência com seu editor, Nicolas Diat [França], junto com a editora Fayard da França, Ignatius Press dos Estados Unidos e Cantagalli da Itália.

«Há seis meses – aponta o jornalista Boo –, Bento XVI não está em condições de escrever, mas apenas falar, como constataram pessoas que o visitam. Possivelmente, mantenha sua extraordinária lucidez, porém as conversas, imprecisas, não costumam ultrapassar os dez minutos, para não mencionar as suas dificuldades de visão, audição e a debilidade geral». Isso torna impossível que Ratzinger [o papa emérito] seja o coautor do mencionado livro.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Religión Digital – Segunda-feira, 13 de janeiro de 2020 – Internet: clique aqui.

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