«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 5 de janeiro de 2020

Solenidade da Epifania do Senhor – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 2,1-12

1 Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém,
2 perguntando: «Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.»
3 Ao saber disso, o rei Herodes ficou perturbado assim como toda a cidade de Jerusalém.
4 Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da Lei, perguntava-lhes onde o Messias deveria nascer.
5 Eles responderam: «Em Belém, na Judéia, pois assim foi escrito pelo profeta:
6 “E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá,
porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo.”»
7 Então Herodes chamou em segredo os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha aparecido.
8 Depois os enviou a Belém, dizendo: «Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino.
E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-lo.»
9 Depois que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante
deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino.
10 Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande.
11   Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram. Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.
12 Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho.
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José Antonio Pagola
Biblista e Teólogo espanhol

Responder à luz

De acordo com o grande teólogo Paul Tillich [1886-1965: alemão-estadunidense], a grande tragédia do homem moderno é ter perdido a dimensão de profundidade. Não é mais capaz de perguntar-se de onde vem e para onde vai. Não sabe interrogar-se a respeito do que faz e deve fazer de si mesmo neste breve lapso de tempo entre seu nascimento e sua morte.

Estas perguntas não encontram resposta alguma em muitos homens e mulheres de hoje. Mais ainda, nem sequer elas são colocadas quando se perdeu essa «dimensão de profundidade».

As gerações atuais não têm mais a coragem de colocar-se estas questões com a seriedade e profundidade com a qual fizeram as gerações passadas. Preferem seguir caminhando nas trevas.

Por isso, nestes tempos, temos de voltar a recordar que ser uma pessoa de fé é, antes de mais nada, perguntar-se apaixonadamente pelo sentido de nossa vida e estar abertos a uma resposta, ainda que a vejamos de maneira vacilante e obscura.

O relato dos magos foi visto pelos Padres da Igreja [os primeiros grandes teólogos do cristianismo] como exemplo de homens que, ainda que vivendo nas trevas do paganismo, foram capazes de responder fielmente à luz que os chamava à fé.

São homens que, com sua atuação, nos convidam a acolher toda graça e todo chamado que nos urge a caminhar de maneira fiel para Cristo.

Nossa vida transcorre, frequentemente, na casca [superfície] da existência. Trabalhos, reuniões, encontros, ocupações diversas nos levam e trazem, e a vida vai passando, preenchendo cada instante com algo que devemos fazer, ver ou planejar.

Corremos o risco de perder nossa própria identidade, converter-nos em uma coisa a mais entre tantas outras e não saber mais em qual direção caminhar.

Há uma luz capaz de orientar a nossa existência? Há uma resposta a nossos anseios e aspirações mais íntimos e profundos? Certamente essa resposta existe. Essa luz já brilha nesse Menino nascido em Belém.

O importante é descobrir que vivemos nas trevas. Que perdemos o sentido fundamental da vida. Quem descobre isto já se encontra muito próximo do verdadeiro caminho.

Oxalá, em meio de nosso viver diário, não percamos jamais a capacidade de estarmos abertos a toda luz que possa iluminar nossa existência, a toda chamada que possa dar profundidade à nossa vida.
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José María Castillo
Teólogo espanhol

Cristianismo: mais que uma religião, um projeto de vida

O relato dos Magos, que vieram de povo distantes adorar Jesus, não é um relato histórico. É uma lenda que expressa o que a Igreja celebra neste dia: a Epifania do Senhor a todas as pessoas da terra. Jesus não é patrimônio do Cristianismo ou da Igreja. Jesus é patrimônio da humanidade. Também é dos que não o conhecem. E dos que não creem nele. Jesus é um bem universal, que transcende as fronteiras e os credos de todas as religiões. Porque o cristianismo não é uma religião. O cristianismo é um «projeto de vida»:
* o projeto da honestidade,
* da honradez,
* do bom coração,
* da solidariedade.
Ou seja, tudo aquilo que nos une a todos e nos iguala a todos. Isso é o que nos dá sentido para esta vida. E esperança de outra vida sem fim.

Sem dúvida, este relato do Magos não tem valor histórico. Porém, nos interessa como parábola da vida. Aqui, de fato, ficam claras várias coisas de enorme importância:
a) A frequente crueldade do poder político quando é absoluto e se sente ameaçado [versículos 3 e 12: os Magos são advertidos a não se encontrarem com Herodes].
b) A colaboração que tantas vezes presta o poder religioso ao poder dominante, sem dúvida porque ambos coincidem em interesses que lhe são comuns [versículo 4: os sumos sacerdotes servindo de assessores a Herodes].
c) A utilização que os sacerdotes e seus teólogos fazem dos livros religiosos (neste caso, a Bíblia) para servir aos interesses do poder político e econômico [versículos 5-6: os sumos sacerdotes citam a Bíblia para dizer a Herodes sobre o local do nascimento do Messias].
d) A crueldade dos poderosos com os fracos, como Herodes se enfureceu, sem piedade, com Maria, José e o Menino [cf. Mateus 2,16-18].
e) Em geral, os que aparecem como os «fracos» têm mais capacidade de resistência que os «fortes», como Jesus e os seus pais, para suportar mais e melhor que Herodes [cf. Mateus 2,13-15. 19-23].
f) O poder é cínico, embusteiro e engana a todos que lhe interessa, como Herodes enganou os Magos [versículos 7-8: Herodes quer que os Magos lhe informem o local exato para encontrar Jesus, com a mentira de que iria adorá-lo].
g) Uns estranhos «estrangeiros» (os Magos) foram mais generosos com Jesus que os poderes políticos e religiosos de seu povo [versículo 11: os Magos adoram Jesus e lhe ofertam presentes].

É fundamental dar-se conta de como tudo isto segue acontecendo nos dias de hoje! E, a partir do que foi dito, fazer o nosso «projeto de vida».

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, páginas 40-42; CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – Ciclo A (2016-2017). Bilbao: Editorial Desclée De Brouwer, 2016, páginas 41-42.

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