«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Todos devem levar isso a sério!

 “Há um descontentamento palpável e até um desprezo notável pela política e pelos políticos”

 José María Castillo

Teólogo católico espanhol de renome internacional – Publicado por: "Religión Digital", 01-04-2022 

Os dois pilares em que se baseiam os desejos e anseios mais profundos de cada ser humano são o PODER e a RIQUEZA

A pandemia, a guerra na Ucrânia, a insegurança econômica e política, que estão causando tanto desconforto em tantas pessoas, tudo isso e os contratempos que a vida traz, são coisas pelas quais responsabilizamos os políticos em grande parte.

Cada um, de acordo com suas ideias ou conveniências, culpa ou desculpa os governantes que rejeita ou aqueles de quem gosta, conforme o caso.

O fato é que há um descontentamento palpável e, em muitos casos, até um notável desprezo pela política e pelos políticos. Isso tem remédio? E se for, em que deve consistir? 

Não estudei ciência política. Nunca pertenci a um partido político. Dediquei minha vida ao estudo e ensino da teologia. E é por isso que me pergunto se o “conhecimento teológico” pode contribuir com algo que nos ajude a sair da confusão em que vivemos. 

Vê-se que a ciência política e a experiência dos políticos não nos tiram dessa confusão. Nem a ditadura nem a democracia, nem a direita nem a esquerda, nem a monarquia nem os outros sistemas inventados até hoje, nenhum desses sistemas conseguiu nos tirar do mal-estar e dos conflitos causados, em grande medida, precisamente por quem tinha que resolvê-los. Além disso, tanto quanto sabemos até agora, nem a economia nem as ciências sociais foram capazes de fornecer a solução. 

Como já disse, dediquei minha vida a estudar e ensinar teologia. Especificamente, a teologia cristã, na qual o Evangelho ocupa uma posição central. Pois bem, nas muitas horas que dediquei ao estudo do Evangelho, chamou-me a atenção que o personagem central, Jesus de Nazaré, não prestava o menor interesse pela política. Em certa ocasião, quando Jesus estava ensinando uma multidão, alguns dos presentes informaram publicamente Jesus sobre o crime que Pilatos havia cometido ao decapitar alguns galileus que ofereciam um sacrifício sagrado. Diante de tais notícias, o lógico teria sido que se tratava de um crime político insuportável.

JESUS mostra uma moeda aos que lhe interrogam sobre a legitimidade dos impostos

No entanto, Jesus aproveitou essa notícia brutal, não para ponderar sobre o crime de Pilatos, mas para dizer ao povo: “Eu lhes digo que não; e se vocês não se converterem, todos vocês também perecerão” (Lc 13,3). E não é que Jesus tivesse medo de políticos. Quando lhe disseram que Herodes queria matá-lo, Jesus respondeu: “Vá dizer a essa raposa...” (Lc 13,32). De resto, quando Herodes matou João Batista, numa noite de folia, o Evangelho narra o terrível episódio e se limita a dizer que os discípulos de João o sepultaram. Jesus não disse uma palavra (Mc 6,14-29; Mt 14,1-12; Lc 9,7-9). Como ele não respondeu a Herodes quando o julgavam para matá-lo (Lc 21,9). De resto, Jesus cumpriu fielmente os seus deveres cívicos: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mc 12,13-17; Mt 22,15-22; Lc 20,20-26). 

Quem pressionou pela morte de Jesus não foi Pilatos, que resistiu até lavar as mãos sobre o assunto. A sentença de morte de Jesus veio dos líderes da religião, o Sinédrio (Jo 11,47-53). 

O que tudo isso nos diz? 

Os dois pilares em que se baseiam os desejos e anseios mais profundos de cada ser humano são o poder e a riqueza. Como é lógico, quem não tem nem o que comer, o que mais anseia é viver.

Mas, basicamente, os dois desejos, que são decisivos na sociedade, são “importância”, que tem sua origem no PODER, e “aproveitar a vida”, que só é possível para os RICOS.

Já sei que esses dois desejos têm muitos disfarces: na política, na ciência, na religião, nos negócios, nos esportes. Eu, bem, sei! Mas o que está claro é que a primeira coisa, a mais importante e a mais urgente, que a política tem que administrar – e administrar bem – é a EDUCAÇÃO. Que não seja apenas, nem principalmente, “ensinar”, mas sobretudo e antes de tudo, HUMANIZAR a sociedade, a convivência, a vida como um todo. 

E termino: se você pensar em tudo isso com calma e profundidade, não precisa ser um homem sábio para entender onde e por que “o fracasso da política” se destaca tanto. 

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 5 de abril de 2022 – Internet: clique aqui (Acesso em: 05/04/2022).

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