O tempo está se esgotando!

 O planeta flerta com o ponto sem volta 

Eduardo Geraque

Jornalista 

KIM CAMPBELL

COP-30, em Belém, é oportunidade de recomeço global na luta para desacelerar as mudanças climáticas, diz ex-premier do Canadá

Considerar questões técnicas, políticas e humanas com o objetivo de criar pontes e empatia para que a sociedade enfrente as mudanças climáticas. É nesse tom que Kim Campbell, ex-primeira-ministra do Canadá, apresentou no Estadão Summit ESG 2024, nesta quinta-feira, 26 de setembro, no Teatro B32, em São Paulo, a importância da COP-30, reunião climática da ONU que será realizada em novembro de 2025 na cidade de Belém, no norte do Brasil. 

O planeta flerta com o ponto sem volta. O corte do uso de combustíveis fósseis é urgente. Assim como as discussões sobre adaptação e sobre formas de financiar os países menos desenvolvidos a enfrentar a crise climática”, afirmou Campbell. 

Apesar de o ponto de não retorno estar próximo — o que pode ser atingido se o aumento da temperatura média do planeta chegar a 1,5°C —, a dirigente internacional, que também preside o Clube de Madri, pensa que ainda há tempo de criar conexões entre a sociedade e a saúde do planeta. “Existem exemplos interessantes, em pequena escala ainda, é verdade, como pequenas ilhas da Escócia que estão usando apenas eletricidade limpa como fonte de energia”, disse Campbell. 

Mundo está em “risco total” e deve antecipar metas climáticas, diz Carlos Nobre 

Esperar por 2050 poderá ser tarde demais 

Priscila Mengue

Jornalista 

CARLOS NOBRE

Carlos Nobre, referência mundial na área, afirma que a COP-30 no Brasil será a mais importante e a mais desafiadora de todas as edições

Em meio a um agravamento da crise climática ainda mais acelerado do que o previsto, as metas de redução de emissões precisam ser mais ambiciosas e alcançadas em menor tempo. Nesse contexto, o Brasil tem grande potencial para liderar esse movimento no mundo, especialmente se chegar ao carbono zero até 2040, não 2050. 

Essa atuação poderia ser traduzida por algumas palavras-chave, como:

* adaptação,

* transição energética e

* economia circular, segundo os especialistas e representantes da Indústria que nesta quinta-feira, 26 de setembro, participaram do primeiro painel do Estadão Summit ESG 2024, cuja temática foi o papel das empresas ante a proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-30), que será sediada em Belém, em novembro de 2025. A medição foi da jornalista Karla Spotorno, editora do Estadão/Broadcast. 

“É um risco total”, alertou o climatologista Carlos Nobre — uma das principais referências internacionais na área — sobre uma possível manutenção de 2050 como o ano a se alcançar, enfim, a neutralização das emissões, o que está sendo pactuado desde o Acordo de Paris, de 2015. 

Espera-se que essas metas sejam revistas na COP brasileira, enquanto a edição deste ano, em Baku, no Azerbaijão, tende a ser centrada especialmente em financiamento climático. Por outro lado, o governo brasileiro tem sinalizado que pode anunciar metas próprias mais ambiciosas ainda em 2024. 

“A COP 30 será a mais importante das 30. Vai ser a mais desafiadora e importante. E o Brasil tem todas as condições de ser o primeiro país a zerar as emissões”, destacou o climatologista. “Se a gente continuar e for zerar as emissões líquidas em 2050, vamos passar dos 2°C (de elevação da temperatura média global)”, completou ele, que ainda salientou a estimativa de que essa elevação poderia chegar até a 4°C se as emissões não forem suficientemente neutralizadas. 

Como exemplo da importância, citou ainda o potencial de disseminação de doenças nas florestas tropicais se não forem restauradas, a exemplo do aumento de casos do vírus oropouche na Amazônia neste ano.

“Se continuar degradando florestas tropicais, vai gerar uma ou duas pandemias por década.”

Fonte: O Estado de S. Paulo – Especial: Summit ESG 2024 – Terça-feira, 8 de outubro de 2024 – Págs. D4 e D – Internet: clique aqui e aqui (Acesso em: 08/10/2024).

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