«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 5 de maio de 2012

5º Domingo da Páscoa - Ano "B" - Homilia

Evangelho: João 15,1-8

José Antonio Pagola

CONTATO PESSOAL


Segundo o relato evangélico de João, nas vésperas de sua morte, Jesus revela a seus discípulos seu desejo mais profundo: “Permanecei em mim”. Conhece sua covardia e mediocridade. Em muitos momentos tem-lhes recriminado sua pouca fé. Se não permanecerem vitalmente unidos a ele, no poderão subsistir.


As palavras de Jesus não podem ser mais claras e expressivas: Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo se não permanecer na videira, assim também vós não podereis dar fruto se não permanecerdes em mim[Jo 15,4]. Se vocês não permanecerem firmes naquilo que têm aprendido e vivido junto a ele, sua vida será estéril. Se eles não vivem de seu Espírito, o que foi iniciado por ele se extinguirá.


Jesus utiliza uma linguagem clara: Eu sou a videira e vós os ramos[Jo 15,5]. Nos discípulos deve correr a seiva que vem de Jesus. Eles jamais devem esquecer isso. "Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto porque; sem mim nada podeis fazer." [Jo 15,5]. Separados de Jesus, os discípulos não podem fazer nada.


Jesus não somente pede-lhes que permaneçam nele. Ele disse-lhes também que: minhas palavras permanecerem em vós[Jo 15,7]. Que eles não as esqueçam. Que vivam do seu Evangelho. Essa é a fonte da qual haverão de beber. Já foi dito em outra ocasião: As palavras que vos digo são espírito e vida.


O Espírito do Ressuscitado permanece hoje vivo e operante na sua Igreja de múltiplas formas, porém sua presença invisível e calada adquire traços visíveis e voz concreta graças à recordação guardada nos relatos evangélicos por aqueles que o conheceram de perto e o seguiram. Nos evangelhos entramos em contato com sua mensagem, seu estilo de vida e seu projeto do Reino de Deus.


Por isso, nos evangelhos encerra-se a força mais poderosa que possuem as comunidades cristãs para regenerar sua vida. A energia de que necessitamos para recuperar nossa identidade de seguidores de Jesus. O Evangelho de Jesus é o instrumento pastoral mais importante para renovar hoje a Igreja.


Muitos bons cristãos de nossas comunidades somente conhecem os evangelhos “de segunda mão”. Tudo o que eles sabem sobre Jesus e sua mensagem provém daquilo que eles conseguiram reconstruir a partir das palavras dos pregadores e catequistas. Eles vivem sua fé sem ter um contato pessoal com as “palavras de Jesus”.


É difícil imaginar uma nova evangelização sem favorecer às pessoas um contato mais direto e imediato com os evangelhos. Não há força evangelizadora mais forte do que a experiência de escutar juntos o Evangelho de Jesus a partir das perguntas, dos problemas, dos sofrimentos e das esperanças de nosso tempo.


VIDAS ESTÉREIS


Nós, seres humanos, somos um desejo intenso de vida e realização. Há dentro de nós algo que deseja viver, viver intensamente e viver para sempre. Mais ainda, nascemos para fazer crescer a vida. 
Sem dúvida, a vida não muda facilmente. A injustiça, o sofrimento, a mentira e o mal continuam nos dominando. Parece que todos os esforços que fazemos para melhorar o mundo terminam, cedo ou tarde, em fracasso. 


Movimentos que se dizem comprometidos em lutar pela liberdade, terminam provocando escravidões iguais ou maiores. Homens e mulheres que buscam a justiça acabam gerando novas e intermináveis injustiças.
Quem de nós, inclusive o mais nobre e generoso, não teve um dia a impressão de que todos os seus projetos, esforços e trabalhos não serviam para nada?


Será a vida algo que não conduz para nada? Um esforço vazio e sem sentido? Uma "paixão inútil" como dizia Jean-Paul Sartre?
Os crentes devem voltar a se recordar que a fé é "fonte de vida".
Crer não é afirmar que deve existir Algo último em algum lugar. Crer é descobrir a Alguém que nos "faz viver" superando nossa impotência, nossos erros e nosso pecado.


Uma das maiores tragédias dos cristãos é a de "praticar a religião" sem nenhum contato com o Vivente. Sem dúvida, alguém começa a descobrir a verdade da fé cristã quando consegue viver em contato pessoal com Jesus Ressuscitado. Somente, então, se descobre que Deus não é uma ameaça ou um desconhecido, mas Alguém vivo que traz nova força e nova alegria em nossas vidas.


Frequentemente, nosso problema não é viver envolvidos em problemas e conflitos constantes. Nosso problema mais profundo é não ter força interior para enfrentarmos os problemas cotidianos da vida.
A experiência diária deverá fazer os cristãos pensarem na verdade das palavras de Jesus: "Eu sou a videira e vós os ramos. Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" [Jo 15,5].


Não está ai, justamente, a raiz mais profunda de tantas vidas estéreis e tristes de homens e mulheres que nós chamamos de crentes?


CRER


A fé não é uma impressão ou emoção do coração. Sem dúvida, o crente sente sua fé, a experimenta e a desfruta, porém seria um erro reduzi-la ao "sentimentalismo". A fé não é algo que dependa dos sentimentos: "já não sinto nada... devo estar perdendo a fé". Ser crentes é uma atitude responsável e pensada.


A fé não é, tão pouco, uma opinião pessoal. O crente se compromete pessoalmente a crer em Deus, porém a fé não pode ser reduzida ao "subjetivismo": "eu tenho minhas ideias e creio naquilo que me parece". A realidade de Deus não depende de mim, nem o cristianismo é fabricação de cada um.


A fé não é, muito menos, um costume ou tradição recebida dos pais. É bom nascer numa família crente e receber, desde criança, uma orientação cristã da vida, porém seria muito pobre reduzir a fé a um "costume religioso": "na minha família sempre fomos muito da Igreja". A fé é uma decisão pessoal de cada um.


A fé não é, tão pouco, uma receita moral. Crer em Deus tem suas exigências, porém seria um equívoco reduzir tudo ao "moralismo": "eu respeito a todos e não faço mal a ninguém". A fé é, também, amor a Deus, compromisso por um mundo mais humano, esperança de vida eterna, ação de graças, celebração.


A fé não é, também, um "tranquilizante". Crer em Deus é, sem dúvida, fonte de paz, consolo e serenidade, porém a fé não é somente um "salva-vidas" para os momentos críticos: "eu quando estou em apuros apelo à Virgem Maria". Crer é o melhor estímulo para lutar, trabalhar e viver de maneira digna e responsável.


A fé começa a desfigurar-se quando se esquece que, antes de tudo, ela é um encontro pessoal com Cristo. O cristão é uma pessoa que se encontra com Cristo e nele vai descobrindo a um Deus Amor que cada dia o convence e atrai mais. João o disse muito bem: "Nós conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nele. Deus é Amor" (1Jo 4,16).


Esta fé só dá frutos quando vivemos dia a dia unidos a Cristo, isto é, motivados e sustentados por seu Espírito e sua Palavra: "Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer[Jo 15,5].


Tradução de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.


Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - 01/05/2012 - 09h11 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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