«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 8 de dezembro de 2012

2º Domingo do Advento - Ano C - Homilia

Evangelho: Lucas 3,1-6

1 No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes administrava a Galileia, seu irmão Filipe, as regiões da Itureia e Traconítide, e Lisânias a Abilene; 
2 quando Anás e Caifás eram sumos sacerdotes, foi então que a palavra de Deus foi dirigida a João, o filho de Zacarias, no deserto.
3 E ele percorreu toda a região do Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados, 
4 como está escrito no Livro das palavras do profeta Isaías: 
“Esta é a voz daquele que grita no deserto: ‘preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas. 
5 Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. 
6 E todas as pessoas verão a salvação de Deus’”.

JOSÉ ANTONIO  PAGOLA
ABRIR CAMINHOS NOVOS

Os primeiros cristãos viram na atuação do Batista o profeta que preparou, decisivamente, o caminho para Jesus. Por isso, ao longo dos séculos, o Batista se converteu numa chamada que continua a nos urgir a preparar caminhos que nos permitam acolher Jesus entre nós.

Lucas resumiu sua mensagem com este grito tomado do profeta Isaías: “Preparai o caminho do Senhor”. Como escutar esse grito na Igreja hoje? Como abrir caminhos para que os homens e mulheres do nosso tempo possam encontrar-se com ele? Como acolhê-lo em nossas comunidades?

Primeiramente, tomando consciência de que necessitamos de um contato muito mais  vivo com sua pessoa. Não é possível alimentar-se somente de doutrina religiosa. Não é possível seguir a um Jesus convertido numa sublime abstração. Necessitamos sintonizar-nos vitalmente com ele, deixar-nos atrair por seu estilo de vida, contagiar-nos de sua paixão por Deus e pelo ser humano.

Em meio ao “deserto espiritual” da sociedade moderna, temos de entender e configurar a comunidade cristã como um lugar onde se acolhe o Evangelho de Jesus. Viver a experiência de reunirmos os crentes, os menos crentes, os pouco crentes e, inclusive, os não crentes em torno do relato evangélico de Jesus. Dar-lhe a oportunidade de penetrar, com sua força humanizante, em nossos problemas, crises, medos e esperanças.

Não podemos nos esquecer que nos evangelhos não aprendemos uma doutrina acadêmica sobre Jesus, destinada, inevitavelmente, a envelhecer ao longo dos séculos. Aprendemos um estilo de viver realizável em todos os tempos e em todas as culturas: o estilo de viver de Jesus. A doutrina não toca o coração, não converte nem apaixona. Jesus sim!

A experiência direta e imediata com o relato evangélico nos faz nascer para uma fé nova, não por via de uma “doutrinação” ou de uma “aprendizagem teórica”, mas pelo contato vital com Jesus. Ele nos ensina a viver a fé, não por obrigação, mas por atração. Faz-nos viver a vida cristã não como dever, mas como contágio. No contato com o evangelho recuperamos nossa verdadeira identidade de seguidores de Jesus.


Percorrendo os evangelhos, experimentamos que a presença invisível e silenciosa do Ressuscitado adquire traços humanos e recobra voz concreta. De imediato, tudo muda: podemos viver acompanhados por Alguém que traz sentido, verdade e esperança à nossa existência. O segredo da “nova evangelização” consiste em nos colocarmos em contato direto e imediato com Jesus. Sem ele não é possível produzir uma fé nova.

Preparai o caminho do Senhor...


O NOVO GRITO DO DESERTO

Ao narrar o nascimento de Jesus, o evangelho vai enumerando a imponente série de personagens importantes da época. Homens que ocupam os mais altos poderes civis, administrativos e religiosos.
Sem dúvida, é um homem pobre do deserto o único que escuta a palavra de Deus que deve ser ouvida por todo o povo. Um homem que não pertence a nenhuma  hierarquia e não possui poder, dinheiro nem autoridade alguma.

As pessoas deveriam escutar o chamado à mudança e à transformação, não na corte do imperador nem nos círculos seletos dos governadores romanos ou dos sacerdotes judeus. É a um homem do deserto para onde devem ir.

É sempre assim. É ao pobre que se deve escutar para poder ouvir no mais profundo de nosso ser um apelo à mudança e à salvação.

Quando uma pessoa sincera é capaz de aprender a olhar a vida a partir da perspectiva do pobre e do indefeso, sente-se chamado a renovar sua vida. Escutar o ser humano que  nos grita do deserto de sua pobreza, é sempre escutar um chamado à conversão

Quem sabe, se aprendêssemos a ver a vida a partir da necessidade do pobre e aceitássemos compartilhar suas aspirações, suas lutas e sua fome por viver numa sociedade mais humana, começaríamos a entender a existência de uma maneira qualitativamente distinta. Não seria este o melhor caminho para escutar com nitidez o chamado para abrir novos caminhos em nossa vida pessoal e em nossa conduta social? 

Um grito estridente e doloroso se escuta hoje em nossa sociedade contemporânea. É a voz dos marginalizados, dos indefesos, dos abatidos, dos anciãos, dos humilhados, dos manipulados, dos desprovidos de toda defesa diante das injustiças e dos mais poderosos. 

É uma voz que nos interpela a “socializar” mais nossa vida e a nos empenharmos em novos caminhos que nos conduzam a uma sociedade distinta, organizada não em função dos interesses de uns privilegiados, mas das necessidades dos débeis e indefesos. 

A salvação vem sempre de uma palavra de Deus. E esta palavra é dirigida incessantemente aos homens também hoje, ainda que, raramente, encontre alguém que a escute em seu coração.

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 3 de dezembro de 2012 - Internet: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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