Abusos na Igreja: é hora de agir!
Reação à carta do
Papa:
palavras bonitas, mas
chegou a hora de agir
Christopher White e Inés San
Martín
Crux
21-08-2018
MARIE COLLINS Irlandesa que sofreu abuso por parte de um clérigo e integrou comissão do Vaticano para a proteção dos menores |
Embora o Papa Francisco
tenha recebido elogios de sobreviventes por boas intenções depois de lançar uma
carta na segunda-feira sobre a crise dos abusos [para ler esta carta do Papa,
clique aqui],
na qual confessou que «a Igreja não mostrou nenhum cuidado para com as
crianças», a reação geral talvez pudesse ser resumida em «já ouvimos
isso antes».
«Declarações do Vaticano
ou do Papa devem parar de nos dizer como o abuso é terrível e passar a como
todos devem ser responsabilizados»,
disse no Twitter a irlandesa Marie Collins, sobrevivente de abuso.
“Nos fale o que você está
fazendo para responsabilizá-los. É isso que queremos ouvir. “Trabalhar
nisso” não é uma explicação aceitável para décadas de “atraso”», Collins
twittou.
Falando ao Crux um dia
antes da carta papal dirigida ao Povo de Deus, Collins disse que quando
Francisco for à Irlanda de 25 a 26 de agosto, em vez de «mais desculpas», ela
quer ouvir explicações e passos concretos para garantir que os bispos que
acobertaram abusos sejam responsabilizados.
Em sua carta, Francisco se
referiu à «dor de cortar o coração» das vítimas de abuso sexual por
padres e bispos, «que clama ao céu», e que foi «por muito tempo
ignorada, mantida em silêncio».
«Mas seu grito foi mais
forte do que todas as medidas que tentaram silenciá-lo ou, inclusive, que
procuraram resolvê-lo com decisões que aumentaram a gravidade caindo na
cumplicidade», ressaltou o Papa.
O sobrevivente chileno Juan
Carlos Cruz vem denunciando seu agressor, Padre Fernando Karadima,
há mais de uma década. No início do ano, Cruz estava no Vaticano, junto
com outros dois sobreviventes dos agressores de Karadima, onde eles se
encontraram com Francisco.
«Fico feliz que o Vaticano
e o Papa estejam usando uma linguagem de “crime, delinquência, ir à justiça
civil, encobrir”», disse Cruz ao Crux
sobre a carta.
JUAN CARLOS CRUZ Um dos muitos chilenos abusados pelo padre Fernando Karadima |
Sistemas de justiça civil e
católicos comuns usam essa linguagem há algum tempo, disse Cruz, e «como de
costume, os que estão ficando para trás são os bispos».
Recentemente, o Ministério
Público do Chile entrou nos arquivos de várias dioceses e da sede da
Conferência Episcopal e convocou o Cardeal Ricardo
Ezzati, de Santiago, para ser interrogado por suspeita de encobrimento. O interrogatório do cardeal estava programado para
terça-feira, mas, a pedido da defesa, foi adiado.
«Eu tenho muita esperança
nesta carta, mas o dano causado é irreparável, e não devemos deixar de
ajudar as vítimas. Os bispos que continuam tentando se proteger acusando as vítimas
de atacar a Igreja deveriam partir, porque esses dias acabaram», disse
Cruz.
Menos
conversa e mais ação, por favor
Sobreviventes não foram os
únicos a reagir. Vários membros da hierarquia também se pronunciaram à carta do
Papa, incluindo o arcebispo Mark Coleridge, presidente da Conferência
dos Bispos da Austrália.
«Compartilhamos a
determinação do Santo Padre de proteger os jovens e adultos vulneráveis», escreveu Coleridge em nome dos bispos australianos.
«Estas são palavras
importantes do Papa Francisco, mas as palavras não são suficientes. Agora é a
hora de ação», escreveu.
DANIEL DINARDO Cardeal-Arcebispo de Galveston-Houston e Presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos |
Nos Estados Unidos, o cardeal
Daniel DiNardo, de Galveston-Houston e presidente da Conferência dos
Bispos, divulgou uma declaração em nome de todo o corpo dizendo que as palavras
do Papa «devem provocar ação, especialmente pelos bispos».
Entre os leigos, muitos
demonstraram sentimentos semelhantes.
A atriz Patricia Heaton,
por exemplo, conhecida - entre outras atividades - por seu papel em Everybody
Loves Raymond e que no ano passado foi mestre de cerimônias de um jantar
oferecido pelo cardeal Timothy Dolan de Nova York, um herói do movimento
católico pró-vida por sua franqueza contra eugenia de bebês em gestação com
Síndrome de Down, foi ao Twitter para expressar sua frustração.
«Esta é a última vez que vou
comentar sobre a Igreja - não me prendo a isso - eles parecem encontrar novas
maneiras de causar raiva. Finalmente, recebemos uma carta do @Pontifex, que
não oferece medidas contra os criminosos e seus facilitadores», escreveu ela.
William Bradford Wilcox, diretor do National Marriage Project da
Universidade da Virgínia, também ressaltou sua frustração, dizendo: «A menos
que seja acompanhada por sanções reais pelos fracassos na liderança entre os
bispos dos EUA (ou seja, a renúncia dos bispos), isso significa muito pouco
@Pontifex: Nós precisamos ver uma disciplina real para aqueles no Vaticano
que não fizeram nada depois de serem avisados sobre McCarrick».
ANNE BARRET DOYLE Co-diretora do bishopaccountability.org |
«Eu estava esperando um
plano de ação e não o encontrei. Senti como se estivesse lendo um “recorta
e cola” de cartas anteriores. Não é que ele não possa se repetir, pois
pensamentos importantes merecem repetição, mas acho que foi uma profunda
leitura equivocada do que o povo católico esperava e desesperadamente anseia
- que é um plano para acabar com isso», disse Anne Barret Doyle,
co-diretora do BishopAccountability.org.
«Com a situação chilena
fiquei impressionada com o que ele estava dizendo e fazendo. Pensei, estamos à
beira de uma reforma sistêmica. Pela primeira vez, acreditei. Achei que
iríamos ver um novo mecanismo para punir bispos e superiores religiosos,
mas com essa carta parece haver uma falta de reconhecimento de seu próprio
poder e responsabilidade», disse Doyle ao Crux, na terça-feira.
As
crianças antes de tudo
A comissão do Papa para a
proteção de menores divulgou um comunicado na terça-feira, um dia após a carta,
no qual o grupo se intitula como «encorajado» pelas palavras de Francisco e pela
promessa de responsabilização por encobrimento.
A professora Myriam
Wijlens, membro da comissão e especialista em direito canônico, elogiou
a decisão do Papa de vincular abuso sexual a abuso de poder e abuso de
consciência.
«A resposta de pedir perdão e
procurar reparação nunca será suficiente. Uma resposta voltada para o futuro
implica pedir uma mudança radical de cultura, em que a segurança das
crianças é prioridade máxima», disse Wijlens.
«Proteger a reputação da
Igreja implica a segurança das crianças em primeiro lugar. Só o clero não
será capaz de provocar uma mudança tão radical, nos diz o Papa Francisco em sua
carta: através da humildade eles terão que pedir e receber ajuda de toda a
comunidade».
Traduzido do inglês por Victor D. Thiesen.
Acesse a versão original deste artigo, clicando aqui.
Fonte: Instituto Humanitas
Unisinos – Notícias – Quarta-feira,
22 de agosto de 2018 – Internet: clique aqui.
PROPOSTA DE UM
TEÓLOGO
“A Igreja não terá
solução se não mudar
o clero”
José María Castillo
Teólogo
espanhol
Religión
Digital
21-08-2018
Teólogo
discute duas saídas para a atual crise da Igreja:
“1º)
Eliminar o clero, da forma como ele hoje está
organizado e gerido;
2º)
Recuperar as ordenações "invitus" e "coactus" da Igreja
antiga”
JOSÉ MARÍA CASTILLO Teólogo espanhol |
O papa Francisco acaba de
publicar uma carta dirigida ao «povo de Deus», na qual denuncia os abusos
sexuais que não poucos clérigos vêm cometendo contra menores de idade há vários
anos. «Um crime que gera profundas e dolorosas feridas», sobretudo nas vítimas,
disse o papa.
Este assunto é gravíssimo,
como bem sabemos. Grave para as
vítimas. Grave para aqueles que o cometem. Grave para a sociedade e para a
Igreja. Por isso já foram escritos centenas de artigos e muitos livros
alertando sobre o perigo que tudo isso implica. E oferecendo soluções de todo
tipo. Não irei discutir agora quem tem razão – e quem não tem – na análise e
solução deste enorme problema. Quem sou eu para isso?
Só acredito que posso (e
devo) dizer algo que me parece fundamental. O papa Francisco não hesita em dizer que o «crime», que são os
mencionados abusos sexuais, foi cometido «por um notável número de
clérigos e pessoas consagradas». Mas, quando se refere às consequências, o
próprio papa afirma que «o clericalismo,
seja favorecido pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, gera uma cisão no
corpo eclesial». Ou seja, o clericalismo partiu a Igreja, destruiu-a. E
uma Igreja quebrada, acaba rompendo até as consciências dos culpados e a vida
dos mais frágeis.
Falar de «clero» não é a
mesma coisa que falar de «clericalismo». O dicionário da RAE [Real
Academia Espanhola] diz que «clericalismo» é a «intervenção excessiva do
clero na vida da Igreja, que impede o exercício dos direitos dos demais membros
do povo de Deus». O papa faz bem em responsabilizar, não tanto ao «clero»,
mas mais propriamente ao «clericalismo». E digo que o papa tem razão, ao
utilizar esta distinção linguística, porque sabemos muito bem que, se
falamos de «clero», não se pode generalizar. Pelo mundo todo, há «homens de
Igreja» (clérigos) que são pura e simplesmente exemplares e até heroicos.
Outra coisa é se falamos de «clericalismo».
Porque a teologia e o direito eclesiástico são pensados e geridos de forma
que «inevitavelmente» todo «homem de Igreja», que não seja um santo ou um
herói, acaba exercendo o mais refinado e talvez brutal «clericalismo». Pela
simples razão de que, se cumpre com o que a «teologia» e o «direito» da Igreja
lhe impõem, não tem alternativa a não ser «impedir o exercício dos direitos dos
outros». Por exemplo, tem que impedir que as mulheres tenham os mesmos
direitos que os homens. E assim, tantas e tantas outras coisas.
Isso tem solução? Claro que
tem. O termo «clero» significa «sorte», «herança»,
«benefício». Segundo o Evangelho, Jesus não fundou nenhum «clero», nesse
sentido. Pelo contrário. O que mandou a seus apóstolos é que fossem os «servidores»
dos demais. Até os proibiu que, para difundir o Evangelho, levassem
dinheiro, mochila ou economias.
Tinham que seguir pela
vida lavando os pés dos outros, como se sabe que faziam os escravos. Tornar-se padre não é fazer carreira, não é subir na vida e
na sociedade. Tornar-se padre é viver o Evangelho tal e como Jesus
mesmo viveu. Ou seja, é assumir uma forma de presença na sociedade, como a que
Jesus assumiu. Uma forma de vida que lhe custou a própria vida.
Então, isso
tem conserto?
Claro que
tem. Mas supõe e exige dois passos, que são (ou seriam) muito difíceis de
assumir:
1º)
Eliminar o clero, da forma como ele hoje está organizado e gerido.
2º)
Recuperar as «ordenações» «invitus» e «coactus» da Igreja antiga.
Estes dois termos latinos
significam que eram «ordenados» ministros da comunidade cristã, não aqueles
que desejavam ou pediam, mas os que não queriam. Ou seja, os que
eram eleitos pelo povo, em cada diocese e em cada paróquia.
Isso é o que mandavam os
sínodos e concílios. E foi uma
prática que durou séculos. De maneira que inclusive os grandes teólogos
escolásticos dos séculos XII e XIII discutiam ainda sobre este assunto. Assim
demonstrou, com ampla e séria documentação, o professor Yves Congar (em Revue
des Sciences philosophiques et théologiques, vol. 50 [1966] 161-197).
Primeira página do artigo de Yves Congar citado pelo autor |
Já estou terminando. Mas não
posso me calar diante disso: Enquanto «se tornar
padre» significar «fazer carreira», a Igreja continuará partida. E,
além disso, continuará perdendo espaço na sociedade. E o que é mais grave: uma
Igreja, na qual seus padres são homens que buscam (talvez sem se darem conta do
que fazem) um «status social» elevado e, sobretudo, buscam ter uma sólida «segurança
econômica», a Igreja continuará quebrada, nela se seguirão cometendo abusos
(não só sexuais) e, para completar, o inevitável clericalismo continuará
ocultando o mundo obscuro do clero que, como os sacerdotes e mestres da lei
do tempo de Jesus, continuará vivendo na «hipocrisia» que tão duramente
denunciou o próprio Jesus de Nazaré.
Traduzido do espanhol por Graziela Wolfart.
Acesse a versão original deste artigo, clicando aqui.
Fonte: Instituto Humanitas
Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 22
de agosto de 2018 – Internet: clique aqui.
PROPOSTA DE UMA
TEÓLOGA
Mudança real contra
abuso começa com estrutura dos leigos e clero da Igreja
Mary E. Hunt*
Teóloga norte-americana
National Catholic Reporter
21-08-2018
O suposto e reiterado abuso
de poder de Theodore McCarrick sobre os subordinados (não esquecendo um
caso de abuso de menor, mas concentrando nos casos relacionados ao trabalho no
momento) aumenta o espectro do clericalismo e clama por mudança.
O teólogo e padre Bryan
Massingale concorda com o cardeal de Chicago Blase Cupich que o
sentimento de ter direitos que prevalece entre alguns homens ordenados poderiam
levar a comportamento de exploração. Ambos concordam que a questão não é se
os homens são gays ou hetero (ou, devo acrescentar, algo além desse quadro
binário), mas se têm, em virtude de seu status clerical, acesso a privilégio
e poder dentro da comunidade eclesiástica que podem livrá-los de prestar contas.
Massingale e Cupich citam que
o clericalismo é o problema. Eu concordo até certo ponto, mas acho
que o problema é mais profundo, na verdade está localizado na base, enraizado
na bifurcação entre clérigos e leigos que embasam a instituição Católica Romana.
Esta estrutura de cima
para baixo, dividida entre clero e leigos, condiciona relacionamentos e funções
na Igreja. O Catecismo da Igreja
Católica diz que a ordenação «confere um caráter espiritual indelével» a um
padre que «não pode ser repetido nem conferido para um tempo limitado», que «fica
para sempre» (n. 1583). O padre é considerado ontologicamente diferente do
leigo. Seu lugar na estrutura hierárquica reflete essa diferença.
Seus papéis como celebrante sacramental e tomador de decisões são contingentes.
Além disso, em dioceses e
ordens, a instituição que paga, alimenta e inclusive o enterra é construída
para manter o bem-estar da instituição e de si próprio; espera-se que tenha
lealdade semelhante à instituição.
Não admira que os bispos e
superiores tenham transferido, acobertado e protegido os criminosos do clero. É simplesmente assim que o sistema funciona, não
é um caso raro e anormal como eu esperaria que algum participante honesto
poderia dizer. O desastre da Pensilvânia é prova disso. Mas é possível mudar.
Mesmo que todos os bispos dos Estados Unidos renunciassem (ou tivessem de sair)
e fossem substituídos por outros clérigos, prevejo que pouco melhoraria. A
estrutura é o problema, não apenas os indivíduos que cometem erros, e
estruturas podem mudar.
A ordenação é a linha
vermelha brilhante de divisão deste esquema. Imagine uma pirâmide com uma linha
um pouco abaixo do topo, que é onde está o clero no sistema eclesiástico. Os
números estão bem abaixo de 1% dos bilhões de católicos, mas este sistema acaba
dividindo a comunidade em estratos muito desiguais.
ELISABETH SCHÜSSLER FIORENZA Teóloga bíblica feminista norte-americana |
A teóloga bíblica feminista Elisabeth
Schüssler Fiorenza convenientemente chamou isso de «kiriarcado» para
sinalizar as muitas formas de "domínio" dos que têm privilégios de
raça, gênero, classe, entre outros, e também, nesse caso, clerical. O que está
em questão é a estrutura e não apenas o abuso; o sistema clerical/leigo, não
apenas o clericalismo.
O caso McCarrick deixa isso
muito claro. Como observou o padre jesuíta Thomas Reese, «a punição
eclesial normal para sacerdotes que abusam de crianças é a expulsão
(excomunhão) do sacerdócio».
Em outras palavras, o pior
que pode acontecer a McCarrick é ser excomungado, ou seja, ter de deixar o
pedestal clerical.
Sendo claro, por suas muitas
e variadas acusações de transgressão, o pior que pode acontecer é ele passar a
ser como a maioria de nós, devendo viver de forma decente sem o status
clerical. Ele será de novo o que era quando foi batizado: leigo.
Ouso dizer que há destinos
piores e punições mais severas.
Claro que para os sacerdotes
excomungados há outras consequências, principalmente de questões econômicas e
reputação. Mas as raízes de todos estão na mesma estrutura.
A linguagem usada pela
Congregação para a Doutrina da Fé não é ao acaso na redação das normas para «redução
[ênfase nossa] ao status de leigo, dispensando das obrigações ligadas à
ordenação sagrada». É para isso que serve. Tenho certeza de que é assim que
seria recebido por pessoas como McCarrick, cujas décadas de acesso irrestrito
às crianças, presunção de virtude pessoal sem provas e incontáveis
oportunidades de se envolver em discurso religioso, político e social os
condiciona a sentidos irrealistas de si mesmos.
Mas quando tudo isso acabar,
em círculos religiosos, grande parte dos crimes hediondos e dos terríveis atos
de má fé dos sacerdotes farão com que voltem ao status de leigos, com o
qual o resto das pessoas vive a vida inteira. Algo está muito errado neste
panorama.
THEODORE McCARRICK Ex-cardeal e arcebispo de Washington - Estados Unidos |
Não é a minha intenção acusar
e condenar Theodore McCarrick (agora cuidadosamente chamado «arcebispo»
em vez de «cardeal» pelos colegas eclesiásticos, um lembrete sutil de que
perdeu apenas o título a que renunciou, não seu privilégio eclesiástico, como o
direito a vale-refeição). Pelo contrário, quero indiciar todo o sistema
eclesiástico que cria as condições para tal desigualdade. O sistema é
injusto para todos, embora de forma diferente dependendo da posição,
incluindo até mesmo McCarrick na velhice.
A boa notícia é que não
começamos do zero a construir o catolicismo pós-moderno. Muitos grupos — de
base e/ou comunidades eucarísticas, grupos religiosos de mulheres, capítulos do
Dignity, entre outros — têm experimentado novas formas de ser Igreja
por décadas. A teologia sacramental e a eclesiologia necessárias para
desmantelar o sistema hierárquico e substituí-lo por estruturas igualitárias,
globalmente conectadas e com bases funcionais de acordo com o Evangelho já
consta na literatura.
Esses novos modelos suprem
as necessidades dos católicos da atualidade e, se houver algum, dos católicos do futuro. Seria um legado digno dos
melhores momentos de McCarrick como ser humano sem apagar seus pecados como
clérigo. E poderemos verdadeiramente receber a todos cantando «All Are
Welcome» [tradução: Todos são Bem-Vindos].
Traduzido do inglês por Luísa Flores
Somavilla. Acesse a versão original deste artigo, clicando aqui.
* MARY E. HUNT é teóloga feminista e co-fundadora e co-diretora da Women's
Alliance for Theology, Ethics and Ritual (WATER), em Silver Spring,
Maryland.
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