«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Cuidado, eleitor ! ! !


A democracia ferida pelos eleitos

Roberta Paduan e Edoardo Ghirotto

Os regimes livres não morrem mais a golpe de bazuca.
O ataque é insidioso e tanto mais eficiente em países
polarizados e em crise política e econômica como o Brasil
STEVEN LEVITSKY

O cientista político Steven Levitsky, autor do livro Como as Democracias Morrem, a ser lançado em português em setembro pela Editora Zahar, escrito em conjunto com o também cientista político Daniel Ziblatt, falou a VEJA sobre os riscos envolvidos na eleição de políticos autoritários, entre os quais inclui o deputado Jair Bolsonaro, que, segundo ele, “rejeita as regras do jogo democrático”.

O que tem minado os pilares da democracia? 

Steven Levitsky: Até os anos 1990, a forma dominante era o golpe militar, como aconteceu no Brasil, em 1964. Mas, com o fim da Guerra Fria, as democracias passaram a ser desmanteladas por políticos eleitos, que chegam ao poder prometendo destruir a classe política. É preciso preocupar-se quando cidadãos começam a expressar sua desconfiança das instituições democráticas e de políticos democratas, ou quando um candidato que abertamente rejeita as normas democráticas cresce. Também é preocupante se a polarização, geralmente entre a esquerda e a direita, chega a um nível em que um lado começa a identificar o outro como seu inimigo ou como uma ameaça existencial. Vimos isso na Venezuela, com Hugo Chávez, no Peru, com Alberto Fujimori, e, mais recentemente, em países como Hungria, Polônia e Turquia.

Como perceber que uma democracia está em risco? 

Levitsky: A morte se dá de formas diferentes. Mas um fator preponderante é a eleição de uma figura política que, às vezes, tenta se diferenciar da política tradicional e não tem compromisso pleno com os valores democráticos. Tais políticos parecem democratas, e em algum momento o foram, porque venceram eleições. Em 2011, mais de dez anos depois de Hugo Chávez ter chegado ao poder, a maioria dos venezuelanos ainda acreditava que estava vivendo numa democracia, porque o governo havia sido eleito.
JAIR BOLSONARO
Exemplo de autoritário que rejeita as regras do jogo democrático - exalta a ditadura

É possível identificar um AUTORITÁRIO antes de elegê-lo? 

Levitsky: Não há fórmula exata. Em alguns casos, como o do húngaro Viktor Orbán, que teve comportamento bastante democrático no passado, o autoritarismo apareceu apenas quando ele chegou ao poder. Mas era possível dizer que o argentino Juan Perón era autoritário antes de ele assumir. O mesmo pode ser dito de Chávez, Recep Erdogan, da Turquia, além de Rafael Correa, do Equador. É possível dizer isso também de Jair Bolsonaro, que é candidato no Brasil. Esse tipo de candidato dá mostras, por exemplo, de que:
* rejeita as regras do jogo democrático;
* põe em dúvida o processo eleitoral, como se estivesse dizendo que só perderá se o pleito for fraudado;
* tenta deslegitimar oponentes e a imprensa, por não aceitar críticas; e
* apoia ou não condena a violência contra seus opositores.
Bolsonaro, por exemplo, exaltou repetidamente a ditadura durante sua carreira, apoiou violações de direitos civis e abusos de direitos humanos, incluindo o uso de tortura. [Alguém, ainda, duvida do autoritarismo dele?!]

A democracia brasileira está em risco? 

Levitsky: Ela é uma das mais fortes e estáveis da América Latina. Mas, desde a redemocratização, é a primeira vez que apresenta uma combinação terrível de crise econômica e política, além de polarização crescente entre direita e esquerda. E, para completar, há o surgimento de um candidato autoritário.

A democracia vive uma crise global? 

Levitsky: Acho exagero dizer isso. A maioria das democracias continua sobrevivendo. Não estamos assistindo a um colapso. Mas vejo razões para alarme. Nota-se o crescimento de forças nos Estados Unidos e na Europa que não estão comprometidas com a manutenção da democracia. Nos anos 1990, se em algum lugar o Exército tomasse o poder ou tentasse destruir instituições, a comunidade internacional responderia de forma veemente, o que levaria ao isolamento desse país. Hoje, há uma permissividade maior. Quando os militares tomam o controle, como vimos em Honduras, por exemplo, encontram um cenário internacional muito mais permissivo do que há alguns anos. O mundo está menos empenhado em manter um projeto global de democracia.

A ERA DOS AUTOCRATAS

Em Como as Democracias Morrem, Levitsky e Ziblatt descrevem os autocratas modernos e como eles minam regimes democráticos:

Vladimir Putin, Rússia
O líder russo usou acusações de ordem financeira para perseguir empresários simpáticos à oposição, deixando partidos adversários sem recursos, o que levou muitos à extinção. Também prendeu o dono de uma rede de TV independente e condicionou sua liberação à entrega do canal.

Donald Trump, EUA
Iniciou o mandato, em 2017, lançando ataques verbais contra oponentes, chamou a imprensa de “inimiga do povo”, questionou a legitimidade de juízes e intimidou diretores de serviços de inteligência que conduziam investigações contra ele, incluindo o próprio FBI, a polícia federal americana.


Recep Erdogan, Turquia
Processou um conglomerado de mídia simpático a opositores, de forma que os proprietários foram obrigados a desfazer-se de boa parte dos veículos para pagar uma multa de 2,5 bilhões de dólares. Após perder a maioria no Parlamento, ampliou seus poderes no governo, sob a justificativa de que o país enfrentava uma crise de segurança.

Rafael Correa, Equador
Classificou a imprensa de “grave inimigo político” que “precisa ser derrotado” e mandou prender jornalistas. Em 2011, ganhou 40 milhões de dólares em um processo contra o jornal El Universo, que o chamara de ditador. Decidiu perdoar os proprietários, mas a ameaça de processos milionários amenizou o tom das críticas a seu governo.

Viktor Orbán, Hungria
Depois de conquistar dois terços do Parlamento, usou a maioria para reescrever a Constituição e as leis eleitorais. As mudanças viabilizaram o aumento do número de assentos do partido governista. Também limitou a propaganda eleitoral e deu a aliados cargos que anteriormente gozavam de autonomia.

Fonte: VEJA – Brasil/Política – Edição 2594 – Ano 51 – Nº 32 – 8 de agosto de 2018 – Págs. 41-42 – Internet: clique aqui.

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