«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 22 de dezembro de 2019

A vez de um capitalismo responsável

“Nunca mais lucros sem uma ética”

Ettore Livini, Holger Zschaepitz e Pierre Veya
Jornal «La Reppublica» – Roma – Itália
18-12-2019

Entrevista especial com Klaus Schwab
Engenheiro alemão, fundador e diretor do Fórum Econômico Mundial

Surge uma forte reação ao neoliberalismo extremo e
o impulso aos máximos lucros que deixaram por trás de si
“uma sensação de falta de justiça social”
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KLAUS SCHWAB

Os populismos europeus e as revoltas na América do Sul são "uma contrarreação ao neoliberalismo extremo e o impulso aos máximos lucros" que deixaram por trás de si "uma sensação de falta de justiça social". E para combater as desigualdades é necessário abrir a era do "capitalismo responsável". Um sistema em que as empresas "não são apenas um fator econômico, mas organismos sociais". Julgadas não apenas por seus lucros, mas também "medindo os efeitos negativos e os custos externos de seus produtos para incentivar investimentos responsáveis que respeitem o meio ambiente e a coesão social".

As palavras de Klaus Schwab têm um peso específico importante. O engenheiro alemão de 81 anos é o fundador e diretor do Fórum Econômico Mundial. E há meio século é o organizador e a alma do "Fórum de Davos", em que os políticos e empresários mais poderosos do mundo convergem a cada ano para fazer uma avaliação sobre o estado de saúde do mundo.

Eis a entrevista.

Como o mundo mudou desde que, há 50 anos, se iniciaram os encontros de Davos?

Klaus Schwab: Hoje é muito mais perigoso e imprevisível. Em 1971, convivíamos com a Guerra Fria e um sistema bipolar em uma espécie de conflito congelado. Agora, vivemos em um planeta frágil, com muitas tensões onde pequenos centros de poder - estados e outros - são capazes de usar a força de maneira mais assimétrica, causando muito mais dano com meios relativamente limitados. Basta pensar nos últimos mísseis lançados pelo Irã na Arábia Saudita.

É um mundo também caracterizado por fortes tensões sociais, pelo retorno de populismos e dos protestos de rua como na França e na América do Sul. Quanto pesa o problema das desigualdades sobre esses fenômenos?

Klaus Schwab: Existe uma sensação evidente de falta de justiça social, acentuada pelo boom das mídias sociais. É uma reação ao liberalismo extremo e ao impulso para a maximização dos lucros. No passado, era possível justificar a globalização sem limites, alegando que produzia mais vencedores que vencidos. E, de fato, é preciso ser dito, arrancou milhões de pessoas da pobreza. Mas hoje o pêndulo está voltando. Graças à web, existe uma nova consciência de que o acesso à saúde, escolas e condições de vida decentes para todos é fundamental. Ninguém pode ser deixado para trás. E aqueles que ficam para trás têm a capacidade de se mobilizar facilmente, como mostram os coletes amarelos.

Qual é a vossa resposta a essas tensões?

Klaus Schwab: É o “stakeholder capitalism” [trad.: capitalismo das partes interessadas] de que falamos no novo manifesto de Davos. As empresas não são apenas realidades econômicas, mas também organismos sociais. E não devem ser julgadas apenas pelos lucros, mas também medindo os efeitos negativos e os custos externos de seus produtos. Calculando os danos ambientais que criam ou quanto promovem de inclusão e a justiça social.

É possível encontrar uma fórmula contábil para diferenciar empresas "boas" daquelas menos atentas ao mundo ao seu redor?

Klaus Schwab: Estamos tentando. Não vai ser fácil, vai levar anos. Mas o objetivo é ter essa ferramenta para permitir aos investidores apoiar apenas empresas e projetos que se comportem de maneira socialmente responsável. Inclusive os países individuais não deveriam ser julgados apenas pelo PIB. Para entender melhor o desempenho de uma nação, é necessário adicionar parâmetros que considerem o bem-estar de seus cidadãos.
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CRISE ECONÔMICA DE 2008 - COMO ACONTECEU

O mundo aprendeu a lição da crise de 2008?

Klaus Schwab: Não, é uma das minhas principais preocupações. Desde a década de 1970, bancos e finanças perderam todo contato com a economia real. Evitamos o pior, mas ainda não pagamos por completo a conta pela salvação do mundo da quebra global. As dívidas mundiais dobraram, temos taxas negativas. E não sabemos como sair dessa armadilha. Se aumentarmos as taxas, corremos o risco de explodir uma avalanche de títulos societários. A chuva de liquidez dos bancos centrais não aumentou a rentabilidade, que permaneceu estável. O mesmo discurso vale para o estímulo fiscal do Japão ou os impostos mais baixos de Donald Trump, que não incentivaram os investimentos, mas aumentaram os buy-back no mercado de ações. Estamos caminhando em direção a um futuro nebuloso para as políticas econômicas.

O Fórum Econômico Mundial é considerado o templo da globalização. O que você acha da guerra de impostos?

Klaus Schwab: Eu nunca fui favorável de uma globalização aberta e sem coração. Precisamos encontrar um equilíbrio entre a abertura do mercado e a necessidade de salvaguardar a coesão social. Sem coesão social, não há democracia.

Davos celebrará seu 50º aniversário em 2020. O lema do Fórum Econômico Mundial é "tornar o mundo um lugar melhor". Vocês conseguiram?

Klaus Schwab: É importante ter objetivos ideais para enfrentar situações específicas. Trabalhamos para reduzir o plástico nos oceanos, para promover a igualdade de gênero. E temos um impacto. A Aliança Gavi, por exemplo, nascida há 20 anos em Davos, permitiu vacinar 700 milhões de crianças, salvando 14 milhões de vidas.

Traduzido do italiano por Luisa Rabolini.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quinta-feira, 19 de dezembro de 2019 – Internet: clique aqui.

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