«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 29 de dezembro de 2019

Solenidade da Sagrada Família – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 2,13-15.19-23

13 Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: «Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo.»
14 José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito.
15 Ali ficou até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: «Do Egito chamei o meu Filho.»
19 Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito,
20 e lhe disse: «Levanta-te, pega o menino e sua mãe, e volta para a terra de Israel; pois aqueles que procuravam matar o menino já estão mortos.»
21 José levantou-se, pegou o menino e sua mãe, entrou na terra de Israel.
22 Mas, quando soube que Arquelau reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir para lá. Por isso, depois de receber um aviso em sonho, José retirou-se para a região da Galileia,
23 e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelos profetas: «Ele será chamado Nazareno.»
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José Antonio Pagola
Biblista e Teólogo espanhol

As características de uma família aberta ao projeto de Deus

Os relatos evangélicos não oferecem dúvida alguma. Segundo Jesus, Deus tem um grande projeto: construir no mundo uma grande família humana. Atraído por este projeto, Jesus dedica-se inteiramente a que todos sintam Deus como Pai e todos aprendam a conviver como irmãos. Este é o caminho que conduz à salvação do gênero humano.

Para alguns, a família atual está se arruinando porque perdeu-se o ideal tradicional de «família cristã». Para outros, qualquer novidade é um progresso para uma sociedade nova. Porém, como é uma família aberta ao projeto humanizador de Deus? Que características poderíamos destacar?

1. Amor entre os esposos. É a primeira coisa. O lar está vivo quando os pais sabem amar-se, apoiar-se mutuamente, compartilhar dores e alegrias, perdoar-se, dialogar e confiar um no outro. A família começa a desumanizar-se quando cresce o egoísmo, as discussões e os mal-entendidos.

2. Relação entre pais e filhos. Não basta o amor entre os esposos. Quando pais e filhos vivem enfrentando-se e sem quase comunicação alguma, a vida familiar torna-se impossível, a alegria desaparece, todos sofrem. A família necessita de um clima de confiança mútua para pensar no bem de todos.

3. Atenção aos mais frágeis. Todos devem encontrar em seu lar acolhida, apoio e compreensão. Porém, a família torna-se mais humana, sobretudo, quando nela se cuida com amor e carinho dos mais pequenos, quando se ama com respeito e paciência aos mais idosos, quando se atende com solicitude os enfermos ou deficientes, quando não se abandona a quem está passando mal.

4. Abertura aos necessitados. Uma família trabalha para um mundo mais humano quando não se encerra em seus problemas e interesses, mas vive aberta às necessidades de outras famílias: lares desfeitos que vivem situações conflitivas e dolorosas, e que necessitam de apoio e compreensão; famílias sem trabalho nem renda alguma, que necessitam ajuda material; famílias de imigrantes que pedem acolhida e amizade.

5. Crescimento da fé. Na família se aprende a viver as coisas mais importantes. Por isso, é o melhor lugar para aprender a crer nesse Deus bom. Pai de todos; para ir conhecendo o estilo de vida de Jesus; para descobrir sua Boa Notícia; para rezar juntos ao redor da mesa; para tomar parte na vida da comunidade de seguidores de Jesus.

Estas famílias cristãs contribuem para construir esse mundo mais justo, digno e feliz desejado por Deus. São uma bênção para a sociedade!
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José María Castillo
Teólogo espanhol

Família é fundamental, mas que família?

A Igreja celebra a festa da família no domingo seguinte ao Natal. A instituição familiar é de importância capital para a estabilidade da sociedade. Quando, em um país, a família se desintegra, o tecido social se decompõe. A consequência é a violência em todas as suas formas. Sobretudo, a violência contra os mais fracos: as crianças, as mulheres, os idosos, os deficientes etc.

Não existe um «modelo cristão» de família. Porque a família, antes de ser um «fato religioso», é um «fato cultural». Por isso, o modelo de família depende, sobretudo, da cultura em sua totalidade, não da dimensão religiosa da cultura. O Magistério da Igreja se empenha em defender que existe um único modelo de família, deduzido de uma pressuposta «lei natural», a família patriarcal, uma vez que, segundo os teólogos católicos, o matrimônio heterossexual e monogâmico teria sido instituído por Cristo, fiel a essa pressuposta lei natural.

Porém, não existe argumento teológico algum que possa demonstrar que isto seja assim e tenha de ser assim. No mundo, sempre tem havido tantos modelos de família quanto os modelos de cultura. Não nos esqueçamos que a família tradicional não era uma unidade religiosa, mas uma unidade econômica, que se regia e se regulava por interesses econômicos, segundo as leis usos e costumes do direito romano e, mais tarde, do direito civil. Há de se esperar até o Concílio de Latrão II (ano 1139), para se ouvir falar do «caráter religioso» do matrimônio.

Jesus foi muito crítico com a família. Com a sua (Mc 3,21; 6,1-6 paralelos; Mt 12,46-50 paralelos; Jo 7,1-5) e, sobretudo, com a família em geral (Mt 10,34-42; Lc 12,51-53; 14,26-27; Mt 8,21-22; Lc 9,57-62). Para Jesus, as relações comunitárias, baseadas na fé, se antepõem às relações de parentesco, baseadas nos laços de sangue. As relações de parentesco são obrigatórias. As relações de fé são livres e fonte de liberdade. O ideal é a «relação pura» baseada na comunicação emocional, no respeito, na delicadeza extrema e na transparência, que centra seus esforços em entender o ponto de vista do outro.

Traduzido do espanhol por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fontes: PAGOLA, José Antonio. La Buena Noticia de Jesús – Ciclo A. Boadilla del Monte (Madrid): PPC, páginas 28-31; CASTILLO, José María. La religión de Jesús: comentario al evangelio diario – Ciclo A (2013-2014). Bilbao: Editorial Desclée De Brouwer, 2013, páginas. 60-61.

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