«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Conversando sobre ansiedade

Ansiedade nos lembra que não há controle sobre o futuro

 Rodrigo de Almeida Ramos

Psiquiatra e mestre em Medicina pela Santa Casa de São Paulo, diretor e Sócio Fundador do Núcleo Paulista de Especialidades Médicas – NUPEM 

Ansiedade na medida certa é preciosa, em excesso, é insalubre

RODRIGO DE ALMEIDA RAMOS

Com a revolução agrícola, há cerca de 12 mil anos, a organização social montou a civilização orientando-se por preceitos que diminuiriam a probabilidade de um amanhã ruim. Charles Darwin, a partir da Teoria da Seleção Natural, coloca como critério fundamental para a sobrevivência a capacidade de se adaptar ao ambiente. 

O neurocientista português Antonio Damasio, em seu livro A Estranha Ordem das Coisas, reflete sobre a necessidade de sentimentos humanos para a preservação da homeostase, a situação de equilíbrio químico do mundo interno. Quando a homeostase opera no que ele chama de faixa positiva, a pessoa experimenta uma sensação de alegria e bem-estar que reflete em sua saúde, ajudando a mantê-la. Nas situações em que ela atua, no entanto, numa faixa negativa, como ocorre por exemplo em situações de estresse, há a emergência de sentimentos como tristeza, desconforto e, em alguns casos, até dores no corpo. 

E é aqui que entra a ansiedade. Antes de mais nada é importante que se esclareça que há uma relação íntima entre ansiedade e medo. Se este é a representação emocional de um perigo iminente detectada pelo organismo, a ansiedade é um aviso de que precisamos nos empenhar se quisermos garantir a sobrevivência futura. 

Quer ir bem em uma prova? Estude. Seu desejo é perder peso para manter sua saúde? Organize sua dieta e rotina de exercícios físicos.

E o que garante que você se esforçará adequadamente? A ansiedade!

Aquele estado de humor de valor negativo e altamente desconfortável que funciona como um conselheiro que toda hora sopra em seu ouvido “você está bem-preparado para o evento de amanhã?”. 

Não é à toa que a ansiedade sobreviveu na linhagem humana da seleção natural. Indivíduos com uma ansiedade saudável tendem a ser mais adaptados porque apresentam uma probabilidade aumentada de ter um futuro mais organizado. 

Então a ansiedade é uma dádiva? Muita calma nessa hora! Porque como tudo que depende de uma regulação química do nosso corpo, a ansiedade pode sair do controle e se tornar uma doença. Imagine um desequilíbrio tamanho em nossa homeostase que faça você acreditar que o futuro está completamente comprometido e que a você nada resta a não ser sofrer a expectativa da desgraça. 

A doença ansiedade não se baseia em fatos. Ela é apenas uma espécie de contaminação do pensamento que compromete a vida da pessoa.

Como reação ao hipotético destino miserável, o corpo responde com medo.

Há a liberação interna de substâncias como a adrenalina, que promovem taquicardia, falta de ar, palidez, sudorese, diarreia, tremores e sensação de desmaio. 

E por que a pandemia piora a ansiedade?

Ela promove uma situação de estresse ao comprometer todas as ideias de futuro. O emprego não está mais garantido. A vida de pessoas que amamos, ao menos no curto prazo, é incerta. Nossa sobrevivência também não é tão segura. É a hostilidade do ambiente se somando a uma hostilidade do mundo interno, que pode ocorrer em pessoas vulneráveis para o problema. 

A ansiedade na medida certa é preciosa. Em excesso é insalubre. E no fundo ela sempre nos lembra uma coisa: que por mais que tentemos, nosso controle sobre o futuro nunca será pleno. “Como será o amanhã? Responda quem puder”. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Cultura – Quarta-feira, 22 de setembro de 2021 – Pág. H1 – Internet: clique aqui (Acesso em: 28/09/2021). 

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