«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Será este o nosso futuro?

 Tecnologia pode promover o pior regime totalitário da história

 Henrique Artuni

Jornalista 

YUVAL NOAH HARARI

Autor de best-sellers como “Sapiens” e “Homo Deus” espera que governos se preparem para a ameaça global das big techs

Um dos primeiros best-sellers da história, o «Malleus Maleficarum», ou Martelo das Feiticeiras, publicado em 1487, foi um manual que impulsionou as perseguições da Inquisição. Longe de ser um tratado científico, este trabalho é classificado pelo professor israelense Yuval Noah Harari, hoje, como uma "teoria da conspiração" e como uma prova de que as fake news [= notícias/informações falsas] não são novidade. 

De lá para cá, «Sapiens: Uma Breve História da Humanidade», no qual Harari esmiúça a evolução da espécie humana em uma linguagem acessível, vendeu mais de 35 milhões de cópias pelo mundo, ganhou versão em quadrinhos e completa dez anos em 2021. Ainda assim, a desinformação segue presente e trazendo malefícios. 

Publicado no Brasil, primeiramente, em março de 2015, pela editora L± agora, ele é publicado pela Companhia das Letras, desde novembro de 2020, com tradução nova de Jorio Dauster. Sapiens é leitura essencial para entender quem somos, de onde viemos e o que nos distingue das demais espécies. 

Mas fake news e propaganda já foram bem piores no passado, da Idade Média aos nazistas e comunistas, argumentou Harari em conferência do Fronteiras do Pensamento, nesta quarta-feira, entrevistado por Ronaldo Lemos, professor da Faculdade de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. 

«As big techs são uma ameaça [pela difusão de fake news], mas criar um novo meio de comunicação não nos traz mais verdade. A novidade é que, pela primeira vez na história, é possível seguir todo mundo todo tempo e saber mais das pessoas do que sabemos sobre nós mesmos», diz Harari, sobre esse que seria o maior sonho dos grandes autocratas da história. 

«Se [nossos dados pessoais] caírem nas mãos erradas, de um Stálin do século 21, teremos o pior regime totalitário da história», alerta o professor, que também escreveu «Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã», em que tenta entender nossa espécie hoje e quais as possibilidades de futuro. 

Enquanto o professor acredita que a humanidade tem a tecnologia para fazer da Covid-19 a última pandemia da história, não há sabedoria política para isso. Sua avaliação é de que esta crise sanitária foi «como assistir a um acidente de trem em “slow motion” [= câmera lenta]». «Ninguém tomou as rédeas, parece que foi um desastre descontrolado.» 

Segundo ele, a falta de cooperação e de um plano global para combater o vírus só alerta para os perigos ainda maiores, como o aquecimento global. 

Publicado, no Brasil, pela editora Companhia das Letras, em novembro de 2016. Outra obra de leitura obrigatória e essencial para aqueles que desejam compreender o mundo de hoje e de amanhã

Alguns sérios alertas! 

«A Covid-19 não pode nos destruir, ela é terrível, mas a humanidade sobreviverá. Com as mudanças climáticas não será assim. Elas vão destruir a civilização humana, e o perigo é o mesmo se deixarmos a inteligência artificial sair do controle», afirma.

O professor, que leciona no departamento de história da Universidade Hebraica de Jerusalém, acredita que o próximo evento catastrófico global vai envolver um enorme ataque cibernético que derrube grande parte da infraestrutura digital do mundo. «E pode ser bem pior do que o vírus, pois a Covid-19 nos permitiu recuar para o mundo digital. Se a internet cair por uma semana, ou mesmo um mês, seria um caos completo», aponta. «Espero que os governantes estejam se preparando melhor para isso do que eles se prepararam para a pandemia.» 

Em paralelo, Harari vê o fenômeno dos metaversos — isto é, universos virtuais, que estão sendo cotados como o futuro da internet— como um caminho natural da humanidade, imitando o que religiões teriam feito nos últimos séculos. Caminhamos ainda, segundo ele, para um ponto de virada, onde poderemos usar a tecnologia para mudar nossos corpos, criar novas entidades e mesmo seres completamente inorgânicos. "É algo que nem dá para imaginar, até nossa imaginação é orgânica", diz. 

Se o assunto parece muito afastado da realidade, basta notar como o conceito de animismo — que entende que mesmo objetos inanimados possuem algum tipo de espírito — se expandiu recentemente para vários dispositivos ao nosso redor. Afinal, inteligências artificias já são capazes de coletar dados para conhecer até mesmo a emoção das pessoas. 

«Podemos chegar a um ponto em que esses aparelhos, desde uma televisão até uma geladeira, nos entendam melhor que nossos familiares», conta, lembrando que...

... nós mesmos pagamos pelas tecnologias que nos vigiam sem interrupção e aos poucos também vão tomando o lugar dos humanos no mercado de trabalho.

Fonte: Folha de S. Paulo – Ilustrada – Quarta-feira, 10 de novembro de 2021 – 21h55 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (Acesso em: 11/11/2021).

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