«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 1 de novembro de 2021

A hora é de equilíbrio

 Pânico não é solução para o clima

 Editorial

Jornal «O Estado de S. Paulo» 

A longo prazo não há conflito entre preservação e prosperidade. A curto prazo, é preciso ponderar custos e benefícios

Como todas as Conferências Climáticas da ONU (COP), a 26.ª, que começa hoje, parte de um consenso: o dióxido de carbono aquece o planeta e degrada recursos da natureza, ameaçando a prosperidade da humanidade. Para que o planeta resista, é preciso que os combustíveis fósseis sejam abandonados. O dilema é que eles são letais para o futuro, mas vitais para o presente. 

A pandemia foi uma advertência dos desequilíbrios entre o mundo humano e o natural. O aquecimento global é essa catástrofe em câmera lenta. Mas a escalada dos preços da energia indica uma crise na produção e no fornecimento. Políticas energéticas mal calculadas podem acelerar essa crise. 

É mais fácil para os ricos exigirem fontes limpas, mas ainda caras. A energia é só uma fração de seus gastos. Para os países ricos, abrir mão de fontes fósseis custa menos. Obrigar os pobres a adotar tecnologias custosas pode drenar recursos de sua subsistência. Uma transição energética precipitada pode empoderar petroestados como a Rússia, a Arábia Saudita, a Venezuela e outras autocracias do cartel da Opep, e depreciações econômicas podem despertar revoltas populares contra a causa ambiental. 

A precificação do carbono é a estratégia do Acordo de Paris para pressionar a descarbonização, minimizando impactos econômicos. A degradação das emissões e o combate a ela têm custos, que precisam ser incorporados ao custo dos produtores e repassados aos consumidores, incentivando-os a buscar soluções limpas. Os governos podem ou fixar um imposto sobre as emissões, e os produtores então competiriam para reduzi-las, ou estabelecer tetos, e quem emitir acima compraria créditos de quem emitir abaixo. 

Uma tributação progressiva promoveria uma pressão contínua e homogênea. Mas sua eficácia depende de uma coordenação global ainda distante. Um mercado de carbono é mais factível, mas depende de uma atualização recorrente dos tetos e de fiscalizações custosas para evitar disparidades e encargos pesados ou leves demais. Possivelmente um sistema híbrido será a melhor solução. A COP deve avançar nas negociações, mas um acordo é improvável. Previsivelmente, as manchetes manifestarão frustração. 

Uma mudança de clima emocional é outro desafio para um ambientalismo sustentável. Quando, há três gerações, os ambientalistas lançaram seus alertas, precisavam vencer o descaso e o desconhecimento. Mas, justamente quando engajaram a maioria da população e das lideranças políticas, econômicas e civis, a sua retórica se tornou mais extrema e apocalíptica. Não surpreendem as pesquisas que mostram que para metade da população as mudanças climáticas devem extinguir a humanidade – embora a ciência assegure que os riscos são grandes, mas manejáveis –, e para a maioria o mundo está piorando – quando os indicadores mostram as últimas gerações menos desiguais e mais sadias, prósperas e escolarizadas do que nunca. 

Crescidos nessa atmosfera de catastrofismo, para muitos jovens o aquecimento global é uma obsessão que não conseguem enfrentar com outros recursos senão medo, raiva ou culpa, nem com a razoabilidade com que encaram outros desafios vitais como guerras, fome ou doenças. O pânico não trará soluções ao grande desafio de nosso tempo. Uma das missões da COP deveria ser dissipar a polarização entre negacionistas e alarmistas. A maioria das pessoas está apta a fazer concessões na prosperidade pela preservação e vice-versa, mas não a sacrificar uma pela outra. 

O caso do Brasil exemplifica esses dilemas e distorções dos desafios climáticos. O estrago reputacional de seu presidente antiambientalista é incalculável.

Mas o Brasil é maior que o governo. O País tem uma agricultura produtiva e sustentável, matrizes energéticas mais limpas, dois terços de cobertura nativa, quatro quintos da Amazônia intactos, e se nos últimos dois anos o desmatamento cresceu, nos últimos 20 caiu expressivamente.

O País precisa fazer compromissos ambiciosos como todos, mas tem conquistas como poucos; muito o que ser cobrado, e muito a cobrar; muito a aprender, mas muito mais a ensinar. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas & Informações – Domingo, 31 de outubro de 2021 – Pág. A3 – Internet: clique aqui (Acesso em: 01/11/2021).

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