«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 5 de março de 2023

Estejamos atentos

 Principal mensagem do papa Francisco

 Fareed Zakaria

The Washington Post – Estados Unidos 

PAPA FRANCISCO

Pontífice não tenta propor novo sistema político ou econômico, mas destaca que ser humano deve ser bom e generoso

Não sou cristão. Mas, como fui criado na Índia, vivi por muito tempo em um ambiente religioso. Dos 5 aos 18 anos estudei em escolas católicas e anglicanas, onde costumávamos cantar hinos, rezar e estudar as Escrituras.

As palavras e as ações do papa Francisco me lembraram que eu, embora não siga nenhuma destas religiões, sempre admirei profundamente o cristianismo, e sua mensagem simples e poderosa: “Sede bons para com os pobres”.

Quando cheguei aos Estados Unidos, nos anos 1980, lembro que fiquei surpreso ao ver o que os “valores cristãos” tinham passado a significar na cultura e na política americana, onde se sucediam os debates acalorados sobre o aborto, a abstinência, a contracepção e os gays.

Nos 13 anos nos quais me dediquei às minhas leituras, orações e estudos da Bíblia, não lembro de ter visto muito sobre esses assuntos. Como Garry Wills destaca em seu livro mais recente, O Futuro da Igreja Católica com o Papa Francisco:

“Muitos dos mais destacados e contestados princípios defendidos pelas autoridades católicas (a maioria dos quais diz respeito ao sexo) não têm nada a ver com o Evangelho”.

A Igreja chegou a tais posições mediante certas interpretações da “lei natural”, que não têm como base o conteúdo da Bíblia. Mas como estas justificativas lhes pareciam fracas, o clero conservador procurou respaldá-las com a sanção bíblica. Portanto, a contracepção foi condenada pelo papa Pio XI com base numa interpretação tortuosa de algumas linhas do Gênesis, onde se afirma que Onan “desperdiçou sua semente no chão”, pois isso envolve a ejaculação sem o propósito da concepção.

A proibição do ingresso das mulheres no clero católico lança mão de um estratagema semelhante. Quando os anglicanos decidiram ordenar mulheres sacerdotes, em 1976, o papa Paulo VI apresentou uma razão teológica para não seguirem tal caminho. As mulheres não poderiam ser sacerdotes porque Jesus nunca ordenou uma mulher. “É verdade”, escreveu Wills. “Mas tampouco ordenou homens. Não há sacerdotes (além dos judeus) nos quatro Evangelhos. Pedro e Paulo e seus seguidores não se definem sacerdotes.”

Wills refere-se ainda ao aborto, ao qual alguns católicos consideram fundamental opor-se. “É estranho, pois esta questão não é mencionada em nenhuma parte do Antigo Testamento, nem do Novo, nem nos credos primitivos. Entretanto, algumas pessoas estão convencidas de que Deus deve odiar um mal tão grande e deve ter expresso este ódio em alguma parte da sua Bíblia”, escreveu. Na realidade, destaca, a proibição tem como base uma complexa extrapolação de uma vaga afirmação contida em um versículo do Salmo 139,13.

GARRY WILLS

Se vocês querem compreender a mensagem principal de Jesus Cristo, não precisam buscar pesquisar as Escrituras. Ele a menciona repetidamente: “Bem-aventurados os pobres, porque deles é o Reino dos Céus”. Jesus nos ensina especificamente como devemos nos comportar em relação aos pobres: “Trata-os como o Cristo os trataria”. “Quando você der um banquete, não convide os ricos e poderosos, na esperança de que eles retribuam o favor e o recompensem. Ao contrário, convide os despossuídos e será recompensado por Deus”, disse Jesus.

Vivemos em uma era meritocrática e acreditamos que as pessoas bem-sucedidas são mais admiráveis, em certo sentido, do que todas as outras.

Mas a Bíblia observa que:

“a carreira não é dos mais rápidos, nem a batalha dos fortes, nem o pão dos prudentes, mas o tempo e a oportunidade ocorrem a todos”.

No Reino dos Céus, adverte: “Os últimos serão os primeiros, e os primeiros, os últimos”. Em outras palavras, sejamos agradecidos por nosso sucesso, mas não pensemos que isso nos torna superiores em algum sentido profundo.

Os comentadores usaram os discursos de Francisco e seus ditados e o atacaram de muitas maneiras ou qualificaram de marxista, de sindicalista e até de ambientalista radical. Não acho que o papa esteja propondo um sistema político ou econômico alternativo. Ele simplesmente lembra a cada um de nós que temos a obrigação moral de sermos bondosos e generosos com os pobres e os despossuídos, principalmente se formos afortunados.

Se tivermos algum problema com esta mensagem, é porque temos um problema não com o papa Francisco, mas, na realidade, com Jesus Cristo.

 Traduzido do inglês por Anna Capovilla. 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional / Colunista – Sábado, 23 de dezembro de 2022 – Internet: clique.

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