«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Obra-prima de Heidegger tem primeira edição no Brasil


Diego Viana
Valor
15-10-2012

Uma obra das mais difíceis da filosofia, "Ser e Tempo" (Sein und Zeit) (coedição Unicamp e Vozes, 1.200 p., R$ 160), de Martin Heidegger, foi a público pela primeira vez na Alemanha em 1927 e recebe agora a primeira edição bilíngue no Brasil. O volume foi traduzido pelo professor Fausto Castilho, num esforço cuja complexidade está em linha com a tarefa autoimposta do filósofo alemão.

A tradução, conta o professor, começou em 1949, quando Castilho vivia em Paris e estudava na Sorbonne. O trabalho só terminou 30 anos mais tarde, no início dos anos 1980. Outras três décadas foram necessárias para que a publicação fosse levada a cabo, entre negociações com a editora alemã responsável pelas obras de Heidegger e a preparação do volume.

Nesse meio tempo, o filósofo, tradutor e professor se formou e também seguiu um seminário de Heidegger na Universidade de Friburgo, em 1952, que mais tarde seria publicado como "O Que Significa Pensar?". A tradução de "Ser e Tempo" foi feita aos poucos, relata o professor, de acordo com a necessidade em aulas e seminários.

Castilho considera que a tradução dos textos que estuda é uma obrigação "permanente e rotineira" de um professor de filosofia. "Meus alunos dispõem em aula ou em seminário de textos bilíngues traduzidos por mim", relata. "Razão para que me pergunte se, só por ter sido publicada, a tradução de 'Ser e Tempo' pode ser considerada como o 'resultado final' desse meu interminável trabalho de traduzir."

Prof. Fausto Castilho - tradutor da obra
A presença do alemão ao lado da versão portuguesa ajuda o leitor no acesso a um texto que explora em profundidade o idioma no trabalho conceitual. Esse traço da filosofia de Heidegger força os tradutores a lançar mão de neologismos, segundo Castilho, não só de termos, mas de locuções. A leitura do alemão é considerada importante pelo professor, que defende também o aprendizado de línguas clássicas (grego e latim) pelos jovens postulantes a filósofos.

Quando um processo dura toda a vida de um tradutor, a passagem dos anos tem influência em suas escolhas de tradução. Mas Castilho prefere salientar as mudanças na vida do próprio autor. "Ser e Tempo" é um projeto incompleto, segundo o programa exposto na introdução. Mas os temas que comporiam a segunda parte da obra se encontram em textos posteriores.

"A cada momento da evolução do filósofo, 'Ser e Tempo' era ressituado em relação às outras obras da bibliografia, não somente de Heidegger, mas inclusive de seus mais importantes intérpretes", afirma Castilho. "Modificou-se a relação com o pensamento, mas nunca a ponto de invalidar o trabalho realizado."

MARTIN HEIDEGGER - filósofo
Nascido em 1889 e morto em 1976, Heidegger é um dos principais filósofos do século XX. Sua biografia, porém, foi manchada pela adesão ao nazismo, que lhe valeu a reitoria da Universidade de Friburgo em 1933. Edmund Husserl, seu mentor intelectual, foi defenestrado no período - ele era judeu. A dedicatória a Husserl foi eliminada da edição de "Ser e Tempo" publicada na Alemanha nazista. Foi a primeira edição a que Castilho teve acesso, quando vivia em Paris, e que ainda guarda.

Livros recentes, como "Heidegger: A Introdução do Nazismo na Filosofia", de Emmanuel Faye, buscam vincular a obra do filósofo a essa adesão. Mas o episódio não comprometeu a influência do pensador sobre movimentos posteriores, como o existencialismo de Jean-Paul Sartre (1905-1980).

Para Castilho, a adesão ao partido de Adolf Hitler foi o fruto do arrivismo de um "tipo rústico de montanhês" sem perspectivas de ascensão social ao sair da universidade. Mas, assim como a também filósofa Hannah Arendt, que era judia e foi aluna de Heidegger, Castilho considera o momento nazista como só um episódio em sua vida. Nas palavras do tradutor, "sua reflexão é de tal amplitude e profundidade que ultrapassa as dimensões da prática. Pouco importa que o menino criado como coroinha da aldeia não consiga libertar-se da aversão a tudo que pertence ao 'mundo moderno'".

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Quarta-feira, 17 de outubro de 2012 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/514577-obra-prima-de-heidegger-tem-primeira-edicao-no-brasil

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